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Aposentadoria por tempo de contribuição no regime geral da previdência social: do fator previdenciário ao sistema de pontos

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GRANDE DO SUL

SABRINA OLIVEIRA DALA ROSA

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: DO FATOR PREVIDÊNCIÁRIO AO SISTEMA DE

PONTOS

Ijuí (RS) 2016

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SABRINA OLIVEIRA DALA ROSA

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: DO FATOR PREVIDÊNCIÁRIO AO SISTEMA DE

PONTOS

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso - TCC. UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS - Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: MSc. Nelci Lurdes Gayeski Meneguzzi

Ijuí (RS) 2016

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Dedico este trabalho à minha família, pelo incentivo, apoio e investimento em mim

depositados durante toda a minha

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, que estiveram presentes ao longo de minha jornada, me apoiaram em todas minhas decisões e sempre se dispuseram a fazer o melhor por mim. Sou imensamente grata por terem me dado à oportunidade de cursar uma graduação.

À minha orientadora Nelci Lurdes Gayeski Meneguzzi, que transformou minhas ideias em algo concreto, agradeço pela disponibilidade, atenção e por toda ajuda prestada, pois certamente não alcançaria o resultado deste trabalho sem sua excelente orientação.

À universidade, seu corpo docente, direção е administração que também tiveram importância, de forma direta ou indireta, na minha caminhada acadêmica e no desenvolvimento desta monografia.

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“A Previdência Social é patrimônio, talvez o maior, inalienável da sociedade brasileira. É, portanto, tarefa de cada um e de todos, lutar por um sistema cada vez mais universal, público e eficaz.” Álvaro Solon de França

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise sobre a prestação previdenciária na modalidade de benefício, ou seja, a aposentadoria por tempo de contribuição no Regime Geral da Previdência Social. Explora o contexto histórico da proteção social e sua evolução mundial. No contexto da legislação Brasileira, averigua os princípios legais. Analisa a Previdência Social, com ênfase no benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, com a aplicação do fator previdenciário e a sua relevância jurídico-social. Explora a Lei 13.183/2015 que inseriu o benefício da aposentadoria por tempo de contribuição pelo sistema de pontos. Faz uma breve análise do financiamento da Previdência Social, com dados estatísticos de receitas e despesas, entre outros. Investiga qual a modalidade é mais benéfica ao segurado, se o novo sistema de pontos ou a aplicação do fator previdenciário. Para essa pesquisa se utilizou de pesquisas bibliográficas, doutrinárias e estatísticas, sob o método hipotético dedutivo, uma vez que se parte da análise de uma proposição geral a fim de construir uma premissa a ser aplicada a casos práticos.

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ABSTRACT

This course conclusion work is an analysis of the social security provision on the benefit modality, in other words, retirement due to contribution time in the General Social Security System. It explores the historical context of social protection and its global development. In the context of Brazilian legislation, ascertains legal principles. It analyzes Social Security, with emphasis on the benefit of retirement due to contribution time, with the application of social security factor and its legal and social relevance. It explores the Law 13.183/2015, which added the benefit of retirement due to contribution time by the points system. It makes a brief analysis on the financing of Social Security, with statistics of income and expenses, among others. It investigates which modality is most beneficial to the insured, if it is the new points system or the application of social security factor. In this research, it was used literature searches, doctrinal and statistics under the hypothetical deductive method, since it commences analysing a general proposition to construct a premise to be applied to practical cases.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 PROTEÇÃO SOCIAL ... 12

1.1 Evolução histórica mundial ... 12

1.2 Evolução histórica e legislativa no Brasil ... 16

1.3 Princípios a partir da Constituição Federal de 1988 ... 22

2 BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NO RGPS ... 26

2.1 Benefício de aposentadoria por tempo de contribuição... 27

2.2 A incidência do fator previdenciário ... 30

2.3 O novo sistema de pontos ... 33

3 ANÁLISE DO MELHOR SISTEMA AO INTERESSE DO SEGURADO ... 36

3.1 Análise estatística ... 36

3.2 Qual a modalidade mais benéfica ao segurado ... 42

CONCLUSÃO ... 44

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INTRODUÇÃO

O objetivo desta pesquisa é analisar a aposentadoria que é uma prestação previdenciária, na modalidade de benefício. E assim, identificar dentro do Regime Geral da Previdência Social, qual modalidade para concessão de aposentadoria por tempo de contribuição é mais benéfica: se a incidência do fator previdenciário ou o novo sistema de pontos introduzido pela Lei nº 13.183/2015.

O Estado Contemporâneo tem como característica a inclusão dos Direitos Sociais, tendo uma preocupação no campo previdenciário de assegurar direitos mínimos que garantam o sustento quando diminuída ou eliminada a capacidade de prover o sustento para si mesmo e a seus familiares.

Ao longo da evolução histórica houve grande controvérsia a respeito da dimensão do Estado nas formas de proteção social. Embate que se perfaz até os dias atuais, tendo defensores de uma maior intervenção estatal como também aqueles que creem na liberalização econômica para se chegar ao bem comum. Independente de concepção ideológica é de suma importância se ter um equilíbrio no campo social, de modo que, o Estado deva ser eficiente no que se refere aos gastos públicos, mas nunca em detrimento do sucateamento dos sistemas de proteção social.

No Brasil, a Previdência Social é tratada dentro da Seguridade Social, que consiste na forma mais completa de proteção social, uma vez que engloba a Saúde, a Assistência Social e a Previdência Social. A Seguridade Social brasileira está fundamentada na Constituição Federal de 1988, e constitui um sistema de proteção

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inédito no país, consequência da luta dos trabalhadores por direitos sociais, e que reflete o alcance dos valores de justiça e bem-estar social.

A Previdência Social, que se encarrega do pagamento de benefícios para seus segurados ou seus dependentes, é um componente central do Estado de Bem-Estar Social, onde assegura futuramente uma vida tranquila para aquele que participa de seu sistema.

O pagamento de benefícios a um determinado indivíduo deve ser proporcional às suas contribuições ao sistema. Ocorre que grande parte da população brasileira ainda se obriga a continuar trabalhando após a aposentadoria para tentar manter um padrão de vida no mínimo próximo ao vivido na época de trabalhador ativo. Porém muitos trabalhadores, devido à idade ou doenças não conseguem mais exercer suas atividades e passam a depender da caridade ou da ajuda de parentes.

Ao tentar dar cobertura a maior parte da população possível, o sistema previdenciário precisou de diversas modificações ao longo dos anos, sempre com a justificativa de fatores econômicos, onde o Estado não teria mais como arcar com os benefícios concedidos, principalmente com a manutenção da classe de aposentados.

Considerando que além dos fatores de economia, há necessidade de enfrentar os desafios impostos pela dinâmica demográfica, assim houve a entrada da Emenda Constitucional nº 20 a qual introduziu relevante modificação no cálculo do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, e implantou o fator previdenciário. Uma expressão aritmética, de forma complexa, que revê estruturalmente o conceito matemático-financeiro do valor do benefício. Tal modificação veio de forma definitiva, prolongando o momento para o segurado requerer a concessão do benefício de aposentadoria, e trazendo relação de idade e sua expectativa de vida.

Passados anos dessa modificação, e novamente o sistema necessitando de uma reestruturação surge com advento Lei nº 13.183 de 2015, o novo sistema de pontos. Uma forma de manter por mais tempo o segurado contribuindo com o

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sistema de caráter solidário e menos tempo usufruindo do benefício de aposentadoria.

Levando em consideração os princípios constitucionais que tratam do custeio do sistema da Seguridade Social, unidos à análise estatística o presente trabalho tem o foco em averiguar qual das formas de aposentadoria – soma de pontos ou aplicação do fator previdenciário – é mais benéfica ao segurado.

A pesquisa é do tipo exploratório, utilizando a coleta de dados em fontes bibliográficas disponíveis em meios físicos e na rede de computadores. Na realização será utilizado o método de abordagem hipotético-dedutivo, selecionando bibliografia e documentos afins à temática e em meios físicos e na Internet, interdisciplinares, capazes e suficientes para construir um trabalho coerente sobre o tema em estudo, respondendo o problema proposto, corroborando ou refutando as hipóteses levantadas e atingindo os objetivos propostos na pesquisa.

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1 PROTEÇÃO SOCIAL

O Estado tem como uma de suas principais funções a proteção social dos indivíduos, quanto aos possíveis infortúnios que possam causar a redução ou até mesmo a perda da capacidade de subsistência por conta própria. A ausência de antevisão da impossibilidade do trabalhador executar seus serviços devido a sua incapacidade laborativa, temporária ou permanente, tem como consequência ser colocado ao alvedrio dos titulares dos meios de produção como alguém que não tenha mais utilidade. Se fazendo necessária uma intervenção estatal na relação entre os particulares, para assim assegurar o anteparo à parte mais frágil dessa relação.

A proteção social tem o fulcro de atender as necessidades dos indivíduos, não sendo essas atendidas haverá repercussão sobre os demais, tanto quanto na sociedade em geral. Havendo assim a obrigação da análise do todo, e não de cada pessoa de forma desligada. Como exemplo do assunto disserta Mozart Victor Russomano citado por Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari (2012, p. 39):

[...] o mundo contemporâneo abandonou, há muito, os antigos conceitos da Justiça Comutativa, pois as novas realidades sociais e econômicas, ao longo da História, mostraram que não basta dar a cada um o que é seu para que a sociedade seja justa. Na verdade, algumas vezes, é dando a cada um o que não é seu que se engrandece a condição humana e que se redime a injustiça dos grandes abismos.

O sistema de proteção social vem de uma evolução que perpassa da assistência prestada por caridade até o período em que se torna um direito subjetivo, o qual é garantido pelo Estado. Tornando um sistema igualitário, incorporando o maior número possível de riscos que a população possa estar exposta.

1.1 Evolução histórica mundial

O primeiro reconhecimento da proteção social veio com a assistência pública, conduzida pela caridade, através da Igreja. Ocorre que devido às guerras e crises

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político-religiosas, na Inglaterra, a Igreja perdeu muitos de seus bens tornando-se incapaz de praticar a caridade e o assistencialismo, fato agravado pelo êxodo rural da época, levando em consequência, ao aumento do número de pobres e carentes. Assim, no ano de 1601, surgiu a Lei dos Pobres, a qual prescrevia um auxílio financeiro ao necessitado sendo que o mesmo ficava obrigado a compensar através de serviços. Como explica a autora Marisa Ferreira dos Santos (2011, p. 27), tal lei consolida a ideia “que cabia ao Estado amparar os comprovadamente necessitados”.

Diante das desigualdades sociais, havia uma necessidade do Estado assumir um importante papel para combater tais injustiças e garantir o mínimo existencial para seus membros, não apenas fundado na caridade e no assistencialismo. Mas sim sob a forma de uma contraprestação paga para que garante um direito futuramente exigível.

Um importante passo é dado quando é reconhecida a obrigatoriedade de uma forma de seguro, para amparar aqueles que tenham alguma diminuição ou perda do sustento. Assim a preocupação prática com a proteção do povo, pelo Estado, está relacionada com grandes modificações ocorridas no mundo a partir da metade do século XIX, surgindo como efeito da pressão da classe trabalhadora urbana, sendo esse o motivo para que tenham sido os primeiros beneficiados.

A existência de sistema de proteção que se alinha ao bem-estar social é devido à influência de doutrinadores como o alemão Otto Von Bismark, o americano Franklin Roosevelt, o inglês William Henry Beveridge, e o brasileiro Eloy Chaves. Os quais foram os maiores responsáveis pela criação de leis que viessem de encontro às necessidades da sociedade como um todo, sem pensar em cada indivíduo em particular, mas sim no bem da coletividade.

A doutrina de Miguel Horvath Júnior (2011, p. 1) narra que surge na Alemanha, no ano de 1883, pela autoria de Otto Von Bismarck, o projeto de lei que foi denominado de seguro social. Trazendo a responsabilidade da proteção social para o Estado, e tendo como característica a proteção exclusivamente aos trabalhadores urbanos com um modelo contributivo tripartite, assim financiado entre

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trabalhadores, empregadores e Estado. Sendo que serviu como referência para países da Europa e muitos outros continentes, e perdurou longo período, por ter potencial pacificador. A partir das ideias de Bismarck o seguro social passou a não ser mais restrito aos trabalhadores da indústria, e a cobertura foi ampliada para riscos como doença, invalidez, acidente, velhice, desemprego, orfandade e a viuvez.

Diante desse modelo surge o conceito da prestação previdenciária como um direito público subjetivo. Onde o Estado determina o pagamento obrigatório de contribuição para o custeio de um sistema protetivo. Por tais fatos é que a ideia de Bismarck foi o marco da Previdência Social no mundo. Houve então a adoção, por diversos Estados, de regimes previdenciários, pelo fato de beneficiar a população em geral.

Surge então grande preocupação com as consequências trazidas pelo período posterior à Primeira Guerra Mundial, onde o Estado adquiriu o dever com os encargos das viúvas de guerra, os feridos de batalha e demais atingidos, tais fatores unidos com a inflação da época, por consequência o sistema não resistiu. Por conta disso, no ano de 1919 surge o Tratado de Versalhes, instituindo um regime universal de justiça social, e assim assinado por grandes potências europeias (SANTOS, 2011, p. 31).

A técnica protetiva ainda do modelo Bismarckiano espalhou-se pelo mundo atingindo um número cada vez maior de pessoas. Assim o então presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt criou o Comitê de Segurança Econômica,

instituindo a política do New Deal. Um programa de intervenção na economia americana, que vinha sofrendo sérios problemas em decorrência da crise de 1929, que assolava os Estados Unidos, devido à escassez de consumidores, culminando com demissões em massa nas indústrias e, consequentemente, ocasionando pobreza e miséria. O New Deal gerou obras de infraestrutura, criou o salário desemprego e assistência aos trabalhadores. Nas palavras de Fábio Zambitte Ibrahim (2015, p. 47):

(...) conhecido como a primeira citação feita à seguridade social em

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excluídos dos regimes previdenciários, defendendo a proteção de toda a população. Apesar do nome, o Social Security Act não correspondia à ideia atual de seguridade social, mas sim a algo próximo da previdência social, como a conhecemos hoje, isto é, uma forma evoluída de seguro social, a qual atende de forma mais ampla às demandas sociais da classe trabalhadora.

Durante esse período de evolução nota-se que os direitos sociais caminham conjuntamente com os direitos civis, assim as constituições em sua maioria tendem a não serem apenas políticas, mas sim políticas e sociais. Entretanto havia uma insuficiência de solidariedade social, pois ainda não era vista a participação total dos indivíduos, tanto como contribuintes ou como beneficiários.

Após a Segunda Guerra Mundial, coexistiram dois modelos de proteção social, sendo baseados na solidariedade e na intervenção do Estado. Diversificando-se em relação à parcela da população quais eram destinados e os limites em que o Estado agia no sistema. Um sistema, Bismarckiano, atuava como seguro social. Outro, Beveridgeano, tinha como objetivo a redução da pobreza (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 47).

O trabalho de William Beveridge tinha como propósito fazer com que a proteção social não fosse restrita ao trabalhador, mas sim universalmente a todo cidadão. Tal modelo visava garantir ao indivíduo proteção diante de certas contingências sociais, tais como a indigência e incapacidade laborativa. Assim colaciona André Studart Leitão e Augusto Grieco Sant’Anna Meirinho (2015, p. 32) que o “Plano Beveridge, considerado como a origem da Seguridade Social, na medida em que o Estado se responsabilizaria não apenas pela Previdência Social, mas também por ações de assistência e saúde”. Dessa forma, utilizando benefícios com valores divididos justamente e contribuições divididas em cotas justas, tendo uma responsabilidade administrativa unificada.

Contudo, é a partir da Declaração Universal dos Direitos do Homem que ocorre o reconhecimento dos direitos sociais como integrantes dos direitos fundamentais. Onde caracteriza a Seguridade Social como um sistema de proteção social em que o Estado garante aos seus integrantes, via políticas públicas, uma

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existência digna com garantias para os casos que acarretam a redução dos ganhos, devido ás possíveis enfermidades (LEITÃO; MEIRINHO, 2015, p. 32).

De modo geral, após grande evolução, as políticas sociais sofreram contração devido à problemática dos gastos públicos. Obviamente o Estado ao mesmo tempo em que crescia na questão da proteção social, encontrava dificuldade para suportar o custeio. Assim com despesas quase que insustentáveis haveria um retrocesso ao seu ponto de partida.

O Brasil não chega a atingir o mesmo nível de proteção social que os pioneiros dos modelos citados. Tal fato resulta em não atingir o bem-estar social, pela necessidade da redução das despesas públicas.

1.2 Evolução histórica e legislativa no Brasil

A proteção social no Brasil caminhou de forma similar aos acontecimentos internacionais. Sendo as primeiras formas de proteção social, que surgiram já no período colonial, tinham caráter beneficente e assistencial, como exemplo as Santas Casas de Misericórdia, fundadas em 1543 por Brás Cubas na Capitania de São Vicente em São Paulo, enquanto que na Bahia, a ordem da Santa Casa de Misericórdia, foi fundada no ano de 1549, durante o governo de Thomé de Souza (IBRAHIM, 2015, p. 54).

No período monárquico ocorrem as primeiras iniciativas protecionistas, com o Plano de Beneficência dos Órfãos e Viúvas dos Oficiais da Marina. Já o primeiro texto que tratou de matéria previdenciária foi expedido no ano de 1821, por Dom Pedro de Alcântara, referindo-se a um Decreto que concedia aposentadoria aos mestres e professores com trinta anos de serviço (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 66).

A demora brasileira em desenvolver políticas mais amplas quanto à proteção social em relação ao resto do mundo, se da pelo fato da economia brasileira no período do século XIX ser parcamente desenvolvida, além disso, debruçava-se na mão-de-obra escrava. Por isso, não se falava em prevenção contra os possíveis riscos sociais, nem mesmo em proteção a uma classe trabalhadora. Entretanto, no

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ano de 1824, surge a Constituição Brasileira dando início ao preceito de bem-estar e justiça social, incluindo direitos e garantias individuais, todavia sem citar benefícios sociais da Seguridade Social.

Através do entendimento de Fabiana Fernandes de Godoy (2011, p. 25) em continuidade surgem variados sistemas de proteção como MONGERAL (Montepio Geral dos Servidores do Estado), no ano de 1835, sendo a primeira entidade privada a atuar no Brasil. O qual era dotado de um sistema típico do mutualismo, onde várias pessoas associavam-se e cotizavam para a cobertura de determinados riscos através da repartição dos encargos com o grupo geral. No ano de 1850 o Código Comercial em seu artigo 79 já se visualizava a proteção para os acidentes imprevistos, de forma que os prepostos, inculpados, tivessem impedidos de exercer suas funções por um período inferior a três meses contínuos não teriam os vencimentos de seus salários interrompidos.

A assistência social vem da ajuda mútua, reunindo integrantes que contenham alguma compatibilidade, seja ela de cunho religioso, geográfico, profissional, entre outros. Dessa ideia surgem os Socorros Mútuos, pela Constituição Imperial de 1824. Como apanhado histórico traz o autor Fábio Zambitte Ibrahim (2015, p. 54):

(...) Socorro Mútuo Marquês de Pombal, criado pelo Decreto nº 8.504, de 29 de abril de 1882, visando, entre outras funções, a beneficiar seus sócios, quando enfermos ou necessitados (art. lº, § 2º) , mediante o pagamento da mensalidade fixada. Em 1875, foi criado um Socorro Mútuo chamado Previdência (Decreto nº5. 853, de 16 de janeiro de 1875). Curioso também o Socorro Mútuo Vasco da Gama, criado no Rio de Janeiro pelo Decreto nº 8.361, de 31 de dezembro de 1881.

Por meio das ideias de Ítalo Romamo Eduardo e Jeane Tavares Aragão Eduardo (2013, p. 30), no período do Império foi então criada a chamada Caixa de Socorro, através da Lei nº 3.397 do ano de 1888, para os trabalhadores das estradas de ferro estatais. E no ano de 1889 foi normatizado um montepio para os funcionários dos Correios, como também um fundo de pensões para os empregados das Oficinas da Imprensa Régia.

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A expressão aposentadoria aparece pela primeira vez na Constituição de 1891, qual determinava, em seu artigo 75, que aos funcionários públicos era dada aposentadoria em caso de invalidez no serviço da Nação. Cabe salientar a expressão “dada”, pois como não havia nenhuma forma de contribuição para custeio do benefício e mesmo assim era concebido. Outro ponto relevante é a pensão que foi concedida a partir da data de 15 de novembro de 1889, ao Imperador Dom Pedro de forma vitalícia, sendo fixada pelo Congresso Ordinário (GODOY, 2011, p. 26).

Negativamente a Constituição de 1891 fazia a exclusão de outras categorias profissionais, porém, analisando o lado positivo, nota-se a evolução da Seguridade Social cada vez mais em evidência. Passando da rudimentariedade das tentativas de políticas sociais da época e dando lugar a uma legislação mais direta e incisiva.

A doutrina majoritária considera o marco inicial da Previdência no Brasil a Lei Eloy Chaves, de 1923, qual trata das empresas ferroviárias que criaram caixas de aposentadoria e pensão. Sendo que nesse protótipo a proteção era em relação aos riscos de doença, invalidez, idade e morte. O modelo dotado por essa lei assemelha-se ao modelo alemão, de Bismarck, nas palavras de Fabio Zambitte Ibrahim (2012, p. 11):

A previdência social, no modelo bismarckiano, é seguro sui generis, pois é de filiação compulsória para os regimes básicos (RGPS e RPPS), além de coletivo, contributivo e de organização estatal, amparando seus beneficiários contra os chamados riscos sociais. Já o regime complementar tem como características a autonomia frente aos regimes básicos e a facultividade de ingresso, sendo igualmente contributivo, coletivo ou individual. O ingresso também poderá ser voluntário no RGPS para aqueles que não exercem atividade remunerada.

Após a implantação da Lei Eloy Chaves, como explica o autor Wladimir Novaes Martinez (2013, p. 305), surgiram outras caixas de aposentadorias e pensões, estendendo os benefícios constantes na norma para os empregados das empresas portuárias, dos serviços de telégrafos, água, energia, transporte aéreo, gás, mineração, entre outros, totalizando cento e oitenta e três caixas. Posteriormente essas foram unificadas e nomeadas como Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos.

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Após a Revolução do ano de 1930, com a entrada do governo de Getúlio Vargas, é visível a ampla reforma dos regimes previdenciários e trabalhistas, foi então que ocorreu a criação do Ministério do Trabalho, sendo seu primeiro ministro Lindolfo Collor. Tendo então um importante órgão para organização da Previdência, e, por conseguinte a criação de institutos que unificaram categorias profissionais, passando o controle para o Estado. Tal mudança veio oportunamente, uma vez que o país precisava de meios financeiros para suportar seu desenvolvimento.

Com a grande expansão da Previdência Social no Brasil, no ano de 1933 pelo Decreto nº. 22.872, foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, IAPM, qual foi considerado a primeira instituição brasileira de Previdência Social em âmbito nacional. Alicerçados ao IAPM foram criados outros Institutos de Aposentadorias e Pensões, IAPs, que foram organizados por categorias profissionais (LEITÃO; MEIRINHO, 2015, p. 37).

Os IAPs foram trazidos de diplomas legais distintos, sendo necessária a uniformização da legislação que era aplicada à Previdência Social, e a sua centralização administrativa. Com a entrada da Constituição Federal de 1934 foi definida a competência da União para fixar regras da assistência social, e competência do Congresso para propor normas sobre os benefícios de aposentadoria. A Constituição de 1934 também estabeleceu a forma tríplice de custeio do sistema, ou seja, o governo, empregado e empregador. Conjuntamente a obrigatoriedade da contribuição para o sistema (EDUARDO I.; EDUARDO J., 2013, p. 31).

Nessa época, Constituição de 1934, havia previsão para aposentadoria compulsória para os funcionários públicos que chegassem aos 68 anos de idade. Também havia previsão no texto legal da aposentadoria por invalidez com um salário integral como quem tivesse o mínimo de trinta anos de trabalho. Já o seu artigo 170 regrava que os proventos da aposentadoria não poderiam exceder os vencimentos da atividade. Foi então nesse Constituição que o Estado estabeleceu o amparo previdenciário. Assim destaque da obra de José Jayme de Souza Santoro (2001, p.17) onde redige que “a Previdência Social Brasileira, que já nascera em

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1923, a partir da Carta de 1934, foi promovida à condição de disposição constitucional, na qual permanece até os nossos dias”.

A primeira tentativa de regularização das normas de âmbito social foi na Constituição de 1946, onde obrigava o empregador a manter seguro de acidentes de trabalho. Foi então utilizada à expressão Previdência Social pela primeira vez em uma Constituição Brasileira (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 69).

A respeito do assunto leciona Hugo Medeiros Goes (2011, p. 3) em 1960, foram criadas normas uniformes para amparar todos os segurados dos diversos Institutos que existiam. Com a Lei nº 3.807, a Lei Orgânica da Previdência Social, LOPS, foram implantados novos benefícios como o auxílio-natalidade, auxílio funeral e auxílio reclusão, sendo muito significativa a criação dessa lei de forma que até hoje ainda são consultados seus decretos. No mesmo ano o Decreto nº 48.959-A/60, aprova o Regulamento Geral da Previdência Social.

Consolidando o sistema previdenciário brasileiro, conforme o autor Ivan Kertzman (2010, p. 42), descreve sobre o surgimento, em 1966, do Instituto Nacional de Previdência Social, INPS, da fusão dos principais institutos da época. E no ano de 1977, surge a previdência privada e também a importante criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, SINPAS, reorganizando a Previdência Social e assim compreendia entidades como: IAPAS, INAMPS, INPS, LBA, FUNABEM, CEME e DATAPREV.

Após uma gama de mudanças a Constituição Federal de 1988 insere o conceito de Seguridade social no Brasil, tornando o sistema mais amplo ao atingir, não mais apenas os trabalhadores, mas todos aqueles que integram a sociedade brasileira. Cuidando assim dos assuntos de Previdência Social, da assistência social e da saúde. Neste caso as contribuições sociais passaram a custear as ações do Estado nas três áreas e não unicamente em termos de Previdência Social (GOES, 2011, p. 6).

Foi à intenção de o constituinte criar um sistema protetivo que até então era inexistente no Brasil, sendo pela nova conceituação o Estado responsável por

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atender as exigências e necessidades de todos na área social. Assim leciona Fabio Zambitte Ibrahim (2012, p. 1):

A seguridade Social pode ser conceituada como a rede protetiva formada pelo Estado e particulares, com contribuições de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida.

A Seguridade Social é um sistema de tríplice composição, e dentro desse a Previdência Social trata do seguro social, onde se faz necessária a contribuição para gozar dos benefícios previdenciários. Já as outras duas áreas de atuação da Seguridade Social, a saúde e a assistência social, abrangem todo e qualquer cidadão indistintamente. Portanto visa à coletividade em diversas situações como de contingências, infortúnios, pobreza e riscos sociais, através de um sistema solidário com um financiamento integrado dos poderes públicos e da sociedade.

No ano de 1990 foi criado o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, uma autarquia federal que surgiu da fusão do IAPS (Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social) e INPS (Instituto Nacional de Previdência Social). Ficando responsável pela arrecadação, como também, o pagamento de benefícios e a prestação de serviços aos segurados e dependentes do Regime Geral da Previdência Social. No ano seguinte foram promulgadas as Leis 8.212/91 e 8.213/91 qual tratavam do custeio da Seguridade Social e também dos benefícios e serviços prestados pela Previdência Social (KERTZMAN, 2010, p. 43).

A Seguridade Social é um sistema amplo, que engloba todos os indivíduos que dela precisam. Sendo que cada órgão componente do sistema tem sua finalidade previamente definida. Direcionando agora para a Previdência Social, que se destina a atender os eventos relacionados ao trabalho.

A Previdência Social consiste numa instituição pública, sendo que sua finalidade é de assegurar direitos aos seus beneficiários. E, enquanto instituição quem organiza e administra o sistema público de proteção social, assegurando os direitos dos cidadãos que dela necessitam.

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1.3 Princípios a partir da Constituição Federal de 1988

A Constituição de 1988 utiliza a expressão “seguridade social” e logo em seguida a desdobra em três áreas de abrangência. A saber, a área da saúde elencada nos artigos 196, 200 da CF, a área da Previdência Social nos artigos 201, 202 da CF, e a área da assistência social qual se encontra nos artigos 203 e 204 da CF. Apesar de suas distinções compartilham do mesmo propósito, ou seja, visam à justiça e o bem-estar social, assegurando os direitos essenciais, após infortúnios e contingências, diminuindo assim as desigualdades sociais e mantendo a tranquilidade comunitária.

A proteção dos riscos sociais foi estendida a diversas outras categorias, chegando até o atual sistema de Seguridade Social, criado pela Constituição de 1988, que conforme prescrito no seu artigo 194 compreende:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento;

VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

Para um entendimento sobre valores de benefícios, custeio, financiamento e caráter administrativo, são necessários os destaques e maiores explicações para os artigos elencados nos incisos IV, V, VI e VII do artigo 194 da Constituição Federal.

O princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios significa que os proventos legalmente concedidos, não poderão ter redução de seu valor nominal,

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salvo exceções, muito menos serão objeto de desconto, arresto, sequestro ou penhora. Outrossim, terão reajuste periódico, com o objetivo de ter a manutenção do poder real de compra, sendo que o índice atualmente utilizado é o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), por força do artigo 41-A da Lei n. 8.213/91 (HORVATH JÚNIOR, 2011, p. 23).

Contudo, o que ocorre por muitas vezes é que não se consegue um mínimo necessário de subsistência, sendo que o resultado de cálculo do benefício possa reproduzir um valor insuficiente. Isso se dá pelo fato de que os benefícios tem relação direta com o salário de contribuição.

Com relação ao princípio da equidade na forma de participação de custeio, leciona Ibrahim (2012, p.24) que todos devem participar do custeio do sistema, uma vez que as cotizações sociais estão voltadas para a solidariedade entre o grupo. A sistemática, normalmente segue de forma análoga a cobrança de impostos, assim quem mais recebe mais contribui, valendo tanto para empregados e para empregadores.

Claramente tal princípio vem de encontro com a proporcionalidade, assim empresas de maior porte ou de condição estrutural, envolvendo maior risco de sinistro que suas atividades podem provocar maior será sua contribuição. Seguindo a lógica para o empregador, onde sua contribuição é proporcional ao seu salário. O que não resta de maneira clara é a proporcionalidade de contribuição do Estado dentro desse princípio.

Consequentemente, é visível que o princípio da equidade não se trata de uma regra concreta, na realidade o que se tem é uma meta, objetivo a ser alcançado, o que pode muitas vezes acarretar em um desequilíbrio no plano de custeio.

O custeio da Seguridade não vem de uma única fonte, assim trata o princípio da diversidade da base de financiamento. Tendo uma forma tríplice da base de custeio em sua essência, mas também envolvendo outras contribuições tais como as receitas de concursos de prognóstico e também do importador, com base legal no artigo 195 da Constituição Federal (GOES, 2011, p. 23).

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O objetivo principal com essa base de financiamento é diminuir o risco financeiro do sistema protetivo que é a Seguridade Social. Assim em caso de adversidade na arrecadação das contribuições, haverá mais formas para complementar sua escassez.

Baseado nesse princípio as palavras do doutrinador Fábio Zambitte Ibrahim (2012, p. 26):

Enfim, a ideia da diversidade da base de financiamento é apontar para um custeio da seguridade social o mais variado possível, de modo que oscilações setoriais não venham a comprometer a arrecadação de contribuições. Da mesma forma, com amplo leque de contribuições, a seguridade social tem maior possibilidade de atingir sua principal meta, que é a universalidade de cobertura de atendimento [...] no sentido de assegurar os mandamentos constitucionais, em especial, a garantia efetiva do bem-estar e justiça sociais.

Cabe também salientar, que conforme disposto no artigo 195, § 4º, da Constituição Federal, ainda poderão ser instituídas outras fontes para garantir a devida expansão e manutenção da Seguridade Social, nesse caso as contribuições residuais.

O último princípio trazido pelo artigo 194 da Constituição Federal é o caráter democrático e descentralizado da administração. Qual significa que a gestão dos recursos, programas, planos, serviços e ações da Seguridade Social devem ser discutidos com a participação da sociedade.

Deve haver a participação de todos que tem relação com a Seguridade Social, assim tanto governo, como trabalhadores, empregadores e aposentados. Para um melhor funcionamento e aplicabilidade desse princípio foram criados conselhos, em níveis nacionais e unidades descentralizadas. Tais conselhos tem competência para apreciar as decisões de políticas aplicáveis à Previdência Social, como avaliar sua gestão, dentre outras atividades possíveis (KERTZMAN, 2010, P.56).

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Assim, a Constituição Federal que regulamentou a Seguridade, abriu caminho para a legislação previdenciária. Sendo que então foram promulgadas as Leis 8.212/1991 e 8.213/1991, sendo que a primeira refere-se à Lei de Organização e Custeio da Seguridade Social, e a segunda a Lei de Benefícios da Previdência.

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2 BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NO RGPS

O principal objetivo da Seguridade Social é conceber a proteção social, proporcionando assim meios de subsistência a todos.

Após a Constituição de 1988 teve-se um grande aumento dos valores empregados com a Seguridade Social, por um lado o gasto com pagamento de benefícios previdenciários e assistenciais, por outro a tendência à quebra do sistema pelo fato do envelhecimento médio da polução em relação à capacidade contributiva da sociedade (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 74).

Diante da busca de um sistema equilibrado, que mantenha seu objetivo principal, várias reformas na concessão de diversos benefícios ocorreram historicamente e continuarão a ocorrer. Assim, atualmente o sistema de Previdência dispõe dos seguintes benefícios: aposentadorias, auxílio-doença, auxílio-acidente, pensão por morte, auxílio reclusão, salário família e salário maternidade.

Em especial a aposentadoria por tempo de contribuição é o benefício previdenciário que resulta do planejamento feito pelo segurado ao longo de sua vida laboral. Gerando a pretensão de permanecer em casa, ou seja, é o direito do trabalhador permanecer aposentado e sem continuar a laborar, se assim desejar, depois de um período longo de trabalho ou contribuições, para que assim possa deixar o mercado de trabalho e continuar recebendo uma remuneração que garanta sua subsistência.

Da mesma maneira a aposentadoria pode ser um meio de renovar o mercado de trabalho. Retirando de cena aqueles que já percorreram longo caminho na atividade laborativa e assim trazendo mão de obra jovem. Entretanto, na prática, o que se nota são beneficiários que se aposentam por tempo de contribuição e continuam trabalhando.

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Com isso a aposentadoria tem sido o foco das maiores alterações legislativas, por fim, ocorre que acaba por se assemelhar mais a benefícios de regime privado de capitalização.

2.1 Benefício de aposentadoria por tempo de contribuição

Existindo a preocupação com relação à falência do sistema, ao nível que se melhora a qualidade de vida e se tem uma população com uma expectativa de vida maior, acaba sobrecarregando a classe contributiva. Surge então no ano de 1995 uma proposta de emenda constitucional que visava alteração das normas do Regime Geral da Previdência Social e da Previdência Social dos servidores públicos. Após tramitação no Congresso Nacional, foi promulgada a Emenda n. 20 em 1998, ano que houve crise econômica e assim uma necessidade de conter o déficit público.

Em relação à reforma sofrida na época, cabe destaque para as palavras de Frederico Amado (2015, p. 73):

O Brasil não adotou uma reforma estrutural em seu regime previdenciário, ao contrário de vários países da América do Sul nas décadas de 1980 e 1990, que eliminaram o sistema público ou colocaram o sistema privado como regra geral. De efeito, pela Emenda 20/98, inúmeras alterações foram perpetradas em nosso regime previdenciário, mas a sua essência foi mantida, pois os planos básicos brasileiros continuaram a ser públicos e com o regime de repartição (fundo único).

As principais características da reforma previdenciária significaram que o tempo de contribuição aumentaria e a cada ano as exigências seriam maiores para a concessão de benefícios. Na realidade o projeto inicial da Emenda Constitucional nº 20, era extinguir a aposentadoria precoce, ou no mínimo diminuir seu impacto nas contas da Previdência Social.

Dessa maneira a Emenda n. 20 veio para modificar principalmente as aposentadorias que até então eram concedidas com base no tempo de serviço e assim passaram a ser com base no tempo de contribuição. Sobre a matéria tratam Castro e Lazzari (2012, p. 76):

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Todavia, a fixação desta nomenclatura dificilmente criará diferenças visíveis, em curto prazo, na concessão de benefícios. Explica-se: aqueles que obtiveram contagem de tempo de serviço para fins de aposentadoria sem contribuição correspondente têm direito adquirido à contagem; o tempo de serviço considerado pela legislação vigente, para fins de aposentadoria, cumprido até que lei venha a disciplinar a matéria, será contado como tempo de contribuição (art. 4º da Emenda n. 20). E, conforme seja o teor da lei regulamentadora, períodos de afastamento por motivo de doença ou acidente de qualquer natureza continuarão certamente a ser considerados como tempo a ser computado para fins previdenciários.

Foram necessárias regras diferenciadas para aqueles trabalhadores que já haviam ingressado no mercado de trabalho antes da mudança de 1998. Resultando em duas modalidades de aposentadoria por tempo de contribuição, a aposentadoria integral e a proporcional.

Os requisitos para o recebimento da aposentadoria, ficaram divididos entre os segurados filiados que já haviam, e aqueles que não haviam implementado os critérios para a aposentadoria à época da Emenda nº 20.

De melhor maneira explicitada pelos doutrinadores Wagner Balera e Cristiane Miziara Mussi (2014, p. 189), a aposentadoria para quem já teria preenchido os requisitos em 1998 ficaria sem a exigência de uma idade mínima para a concessão do benefício. Sendo de caráter proporcional, foram exigidos 25 anos de serviços para mulher e 30 anos para os homens, com uma carência de 180 contribuições mensais ou a tabela aplicável pelo artigo 142 da Lei 8.213/1991. E, no caso da aposentadoria integral se fazia necessário os 30 anos de serviços para mulheres e 35 para os homens.

Diferentemente, ocorre no caso de quem não havia implementado os requisitos para concessão de aposentadoria na época da alteração legislativa. Sendo que a exigência de anos de contribuição e carência de 180 contribuições era idêntica, o que se difere é a aplicação de pedágio e a instituição de idade mínima.

Dessa forma, para a concessão de aposentadoria proporcional foi exigido o pedágio de 40% do tempo que deveria ser cumprido a fim de que fossem atingidos

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os limites de anos de contribuição. Já nos casos de aposentadoria integral o pedágio seria de 20% para complementação dos anos de contribuição (AMADO, 2015, p. 392).

Outro ponto relevante foi que a idade mínima para o ingresso na condição de trabalhador passou a ser de 16 anos de idade, salvo em casos de aprendiz que ocorre a partir do 14 anos de idade. Assim tentando dar um equilíbrio ao sistema que passa a evitar filiação precoce no RGPS, e por consequência tende a reduzir também aposentadorias precoces.

Atualmente não há mais a possibilidade de aposentadoria por tempo de serviço proporcional se o segurado ingressou no RGPS após o ano de1998, ou seja, não existe aposentadoria proporcional nas regras permanentes. Como também, não há exigência de idade mínima para a concessão da aposentadoria, como preceitua a própria nomenclatura, o que se leva em consideração é o tempo de contribuição. Sua base legal está regulamentada nos artigos 52 a 56 da Lei nº 8.213/91 e 56 a 63 do Decreto nº 3.018/99.

Será devida a concessão de aposentadoria para o segurado que completar 35 anos de contribuição para homens e 30 para mulheres. Ademais também exigido critério de carência, ou seja, 180 contribuições mensais.

A exigência da carência pode parecer contraditória, pois 180 contribuições equivalem ao total de 15 anos, no entanto o requisito para a concessão do benefício é de 35 e 30 anos. Mas não há que se fazer confusão entre os critérios, uma vez que nem tudo que é considerado como tempo de contribuição pode ser aproveitado para efeito de carência. A respeito da matéria é importante apontar os ensinamentos de Ibrahim (2012, p. 355):

[...] Como já visto, o conceito de carência não se confunde com o tempo de contribuição. O segurado que efetua recolhimentos referentes a 20 anos de competências em atraso tem 20 anos de tempo de contribuição, mas zero de carência, a qual é o número de contribuições mensais.

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Importante ressaltar que o tempo de contribuição é contado da data de início até a data do requerimento ou desligamento de atividade abrangida pela Previdência Social, como também será descontado períodos de suspensão de contrato de trabalho e de interrupção de exercício. Assim caberá ao contribuinte individual comprovar tais períodos, isso porque não encerrando sua inscrição junto ao INSS, terá a presunção de que continua em labor, portanto estará devendo prestações à Previdência (SANTOS, 2011, p. 2010).

A data de início do recebimento do benefício de aposentadoria se dará a partir do desligamento do emprego ou do requerimento da concessão. Outro ponto importante é que a cessação se dará com a morte do segurado, pois se trata de um direito irreversível e irrenunciável a partir de seu recebimento.

Entretanto, tem se admitido a renúncia à aposentadoria do regime geral, para devido aproveitamento do respectivo tempo de contribuição em regime próprio de Previdência Social.

2.2 A incidência do fator Previdenciário

O fator previdenciário foi instituído com a argumentação de impor limite de idade mínima aos trabalhadores para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição.

É cediço que a sistemática de cálculos dos benefícios previdenciários sofreu sensível alteração com a edição da Lei nº 9.876/1999, que modificou a redação do art. 29, da Lei nº 8.213/1991, para que se apurasse o salário de benefício com base na média de aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição (desde julho de 1994), ressalvado o mínimo divisor. E com o Decreto nº 3.048/1999 foi instituído o fator previdenciário (GOES, 2011, p.208).

São elementos principais os fatores idade, tempo de contribuição e expectativa de vida. Com isso, a redução do tempo de contribuição e, consequentemente, da idade do segurado, aumentando a expectativa de vida,

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constituem elementos que gerarão fator previdenciário prejudicial com o condão de afetar, por redução, o valor do benefício recebido.

A expectativa de vida é um dos índices utilizados pelo INSS para calcular o fator previdenciário, assim adequa a contribuição do segurado ao longo da vida ao valor do benefício. Sendo assim quanto maior é a expectativa de vida, menor será o fator previdenciário.

Até o ano de 2002, o governo utilizava uma projeção com dados de expetativa de vida com censos de 1980 e 1991 do IBGE. Já no ano de 2003, utilizaram-se os números do censo de 2000, assim elevando a expectativa de vida em 20%, com isso o fator previdenciário teve uma queda média de 15%, reduzindo o valor do benefício na mesma proporção (MARTINEZ, 2013, p. 803).

Para atualização as tabelas de expectativa de sobrevida são divulgadas pelo IBGE, no mês de dezembro de cada ano, disponível para toda a população brasileira. Assim tendo respaldo no artigo 29, § 8º da Lei nº 8.213 de 1991:

§ 8o Para efeito do disposto no § 7o, a expectativa de sobrevida do segurado na idade da aposentadoria será obtida a partir da tábua completa de mortalidade construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos.

Assim, na visão dos gestores da Previdência Social, o coeficiente encontrado é uma maneira de gerar um equilíbrio financeiro e atuarial do sistema previdenciário, pois para que o mesmo sobreviva alega-se a necessidade da alteração dos métodos de concessão de certos benefícios de aposentadoria de modo a adequar a equação composta pelo tempo em que o segurado verte recolhimentos, o valor dessas contribuições e a idade da percepção da prestação.

Para o sistema, o fator previdenciário é uma forma de representar a realidade brasileira, tanto econômica como populacional. Ocorre que para a população em geral é visível que essa aplicação significa um rombo para os benefícios de aposentadoria.

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Para um melhor entendimento do funcionamento do fator, é necessária a discriminação de sua fórmula, qual é encontrada no anexo da Lei nº 8.213/91. Conforme abaixo:

Sendo números variáveis e pessoais de cada segurado a idade (Id), o tempo de contribuição (Tc) e a expectativa de vida (Es). Na fórmula também há uma constante, qual representa de grosso modo a soma da contribuição patronal mais a alíquota máxima da contribuição do empregado.

Assim, pela aplicação do fator, pessoas que contribuíram pelo mesmo período e sobre o mesmo salário-de-contribuição, porém com idades diferentes, obterão uma aposentadoria diferente. Sendo que, por óbvio, o segurado com maior idade receberá uma renda mensal inicial maior e com menor idade, por consequência, uma renda menor (HORVATH JÚNIOR, 2011, p. 48).

Dependendo da idade do segurado ao se aposentar, o complemento do número de aportes já não será mais suficiente para o deferimento da proteção necessária que seja com o mesmo quantum de antes. Dessa forma, obrigando o segurado, que deseja obter uma renda integral, a prosseguir contribuindo por mais alguns anos antes do requerimento do benefício.

Baseado nos princípios da Constituição Federal, já analisados no primeiro capítulo é interessante destacar trecho sobre o futuro do fator previdenciário, da obra de Martinez (2013, p. 807):

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É difícil prognosticar o futuro do fator previdenciário. Como produzirá

inconformidades e insatisfações, gerará divergências e

perplexidades. Pena não ter sido debatido no seio da sociedade e entre os especialistas. O projeto de lei transitou celeremente por noventa dias no Congresso Nacional, sem grandes discussões sobre sua propriedade ou busca de alternativas. Provavelmente, é semente no caminho da capitalização.

Ao introduzir o fator previdenciário o legislador não demonstrou interesse no valor do benefício a ser recebido, e sim uma tentativa de resgatar o limite de idade perdido com a entrada da Emenda Constitucional nº 20. Principalmente sem obedecer à participação da sociedade na discussão, obviamente resultou em uma insatisfação daqueles que se aposentam com a incidência do fator previdenciário.

2.3 O novo sistema de pontos

A eterna busca da Previdência Social brasileira é manter um sistema equilibrado. Por diversas vezes foram realizadas variadas reformas sempre implicando nos requisitos para concessão de benefício, como também sempre afetando o valor final a ser recebido.

Não diferente das anteriores mudanças foi sancionada a mais nova lei para dirimir o benefício de aposentadoria. As novas regras trazem uma mistura da soma de idade e o tempo de contribuição, a chamada regra 85/95 progressiva, tratada na Lei nº 13.183 de 2015.

O primeiro ponto, e que vem sendo muito destacado midiaticamente, é a retirada do fator previdenciário nesse novo sistema de concessão de aposentadoria. Ou seja, o trabalhador pode se aposentar com 100% do benefício.

As novas regras tratam que deverá ter uma soma mínima de idade e tempo de contribuição, e essa chegue a 85 pontos para mulheres e a 95 pontos para homens, sendo a contribuição mínima de 35 anos e 30 anos, respectivamente. Assim disposto no artigo 29-C da nova Lei nº 13.183.

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Divulgado em texto, que exemplifica de maneira mais prática, no site Portal Brasil: Novas regras para a aposentadoria estão em vigor; entenda as mudanças (2015):

(...) um exemplo prático para o melhor entendimento. Onde uma mulher de 55 anos de idade, por exemplo, poderá pedir a aposentadoria após ter contribuído por 30 anos com o INSS (a soma alcança 85 pontos). Já o homem precisaria ter contribuição de 35 anos para se aposentar aos 60 anos de idade, por exemplo (a soma chega a 95 pontos). A idade do aposentado, contudo, pode ser maior ou menor. Isso vai depender do tempo de contribuição previdenciária.

Ocorre que já levando em consideração sempre a expectativa de vida do trabalhador como também as mudanças de natalidade, e transição demográfica. O legislador já se adiantou e incorporou ao artigo 29-C, o § 2º da Lei 13.183/15. Conforme reproduzido abaixo:

§ 2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em:

I - 31 de dezembro de 2018; II - 31 de dezembro de 2020; III - 31 de dezembro de 2022; IV - 31 de dezembro de 2024; e V - 31 de dezembro de 2026.

A progressão tem como objetivo vincular o sistema de pontos à expectativa de vida, e evita que a discussão sobre os valores tenha que ser feita a cada tanto.

Importante destaque do mesmo texto, onde demonstra o motivo de que essa mudança se faz importante:

A nova fórmula é importante para evitar o gasto extra na Previdência Social e garantir acesso à aposentadoria ao trabalhador brasileiro. De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência Social, sem a fórmula esse déficit nas contas previdenciárias poderia atingir R$ 100 bilhões até 2026.

Não é novidade que a justificativa para alteração dos benefícios previdenciários é embasada no sentido de que a Previdência Social deve

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acompanhar as alterações da composição da sociedade, e assim manter um sistema mais equilibrado.

Os novos critérios de aposentadoria, dizem beneficiar os trabalhadores, pois receberão o valor integral de seus benefícios sem o temor da aplicação do fator previdenciário. Também haverá garantia que o sistema tenha uma continuidade para que no futuro, seus filhos e netos também terão garantidas as suas aposentadorias.

Ademais, as análises de dados estatísticos unidos com a aplicação dos princípios constitucionais, serão vistas no próximo capítulo desse trabalho.

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3 ANÁLISE DO MELHOR SISTEMA AO INTERESSE DO SEGURADO

Não basta confrontar a aplicação do fator previdenciário com o novo sistema de pontos para chegar a um resultado de qual modalidade cuida melhor do interesse do segurado.

Muito se trata de que a Previdência não tem mais números equilibrados. Ocorre que, apesar de forma minoritária, são encontrados defensores de que o déficit não passa de farsa e o fator previdenciário representa um atraso na história da Previdência. Nesse sentido importante parte retirada do texto Tributos e Previdência, preocupação eterna, da Revista de Seguridade Social de 2010, onde já naquele ano fazia referência à necessidade de uma reforma previdenciária efetiva, mas o embate da discussão não se baseava em conter gastos da Previdência, mas sim uma defesa para ocorrer uma auditoria nas contas da Previdência e demonstrar assim que ela é superavitária. Cabe destacar trecho do referido texto:

No ano passado, numa arrecadação de R$ 671 bilhões, 60% dizia respeito ao orçamento da Seguridade Social, composto de receita previdenciária, Cofins, CSLL, PIS/Pasep e concursos prognósticos. Mesmo sendo pagas todas as despesas com saúde, benefícios assistenciais, seguro-desemprego, LOAS e benefícios, ainda há uma sobra grande de recursos.

Perante os pontos de discussão é necessária uma análise, principalmente, estatística para encontrar a justificativa das diversas alterações nas regras da concessão de benefícios previdenciários, e assim ter uma resposta de qual modalidade pode beneficiar o maior interessado, e parte mais fraca também da relação, qual seja o segurado.

3.1 Análise estatística

As mudanças e reformas previdenciárias levam em consideração as alterações demográficas. Isso porque a população idosa tem crescido, e opostamente a população jovem diminuído, o que obviamente afeta diretamente a Seguridade Social brasileira, uma vez que é caráter solidário e fundo de cotização mútuo.

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Apesar da nova legislação, qual instituiu o novo sistema de pontos, entrar em vigor apenas no ano de 2015 sua discussão já decorre de tempos passados. Onde já no ano de 2008 o Senado havia aprovado um projeto de lei que dava fim ao fator previdenciário. De um lado visava dar a vantagem da retirada do então temido fator e de outro manter o segurado por mais contribuindo para o sistema.

Observa-se que a ideia de uma reforma previdenciária, leva em consideração o aumento da população idosa. Dados estatísticos trazidos no texto Reformas e o caixa da Previdência, do Caderno FUNPREV de Previdência Social do ano de 2008, da autora Rafaela Domingos Lirôa, conforme segue:

Segundo a Síntese de Indicadores Sociais de 2008, divulgada pelo IBGE, houve um crescimento de 47,8% da população idosa nos últimos dez anos, atingindo 20 milhões de pessoas com mais de 60 anos. No mesmo período, a população jovem, com menos de 14 anos, caiu de 30,8% para 25,4%.

Para uma melhor exemplificação dessa alteração do número de contribuintes e de beneficiários, cabe o gráfico retirado do site do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, conforme abaixo:

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Pelo gráfico exposto, fica visível a redução da população que labora e contribui para o fundo mútuo da Previdência Social, e mais notório ainda são as faixas acima dos 60 anos, mostrando que há uma sobrecarga do sistema, no sentido de taxa de natalidade e envelhecimento populacional.

Entretanto não se pode apenas analisar a alteração demográfica, mas também levar em consideração o tempo que cada um contribui e utiliza do sistema previdenciário.

Lembrando que a aplicação do fator previdenciário leva em consideração a expetativa de vida, é de extrema importância demonstrar algumas faixas da tabela que é utilizada para o cálculo. Para um melhor entendimento, abaixo segue tabela retirada do Anuário Estatístico da Previdência Social, do ano de 2014.

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A respeito dos números de expectativa de vida, é importante exemplificar que no caso daquele que obtêm a aposentadoria com a idade de, por exemplo, 51 anos, teria uma expectativa de vida, no caso dos homens, em média de 26 anos. Importante destacar que o homem que se aposenta com a idade de 51 anos, teria contribuído por 30 anos. Assim o tempo que ficaria em benefício de aposentadoria é menor que o tempo que contribuiu para o sistema, dessa forma a lógica seria que ainda haveria um saldo positivo de suas contribuições.

Obviamente o sistema previdenciário brasileiro não funciona de uma maneira privada, onde cada um usufrui daquilo que contribuiu. Mas o exemplo acima exposto serve para demonstrar que na imensa maioria dos casos de aposentadoria por tempo de contribuição o segurado sempre deixou um saldo positivo para o sistema, além daquele que utilizou em seu benefício.

Quando se fala em déficit previdenciário, logo se pensa no cálculo entre o que entra de contribuição e o que se paga de benefício. Usando essa matemática, sempre irá parecer que o sistema está insustentável. Ocorre que deve ser levando em consideração o princípio da base tríplice de custeio do sistema, onde não só entram os valores arrecadados com contribuição dos empregados, mas também dos empregadores e principalmente do Poder Público.

Com isso vem à necessidade de demonstrar a contabilidade total do INSS, conforme abaixo:

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Fonte: INSS (ÓRGÃO 37904, GESTÃO 57904), Coordenação de Contabilidade, SIAFI.

Obviamente os saldos são todos positivos nos anos apresentados, principalmente no ano de 2014 onde houve um saldo positivo de R$ 51.104.611,00 (cinquenta e um milhões cento e quatro mil seiscentos e onze reais), o que corrobora totalmente com a ideia de que a justificativa de um déficit da Previdência Social não existe de modo fático.

Para demonstrar melhor os valores, unindo receitas e despesas não só do INSS, mas também do FRGPS (Fundo do Regime Geral da Previdência Social), retirado trecho do Anuário Estatístico da Previdência Social, do ano de 2014, explicitando as principais rubricas:

O valor acumulado da receita total do INSS e do FRGPS, em 2014, foi de R$ 495,6 bilhões, o que correspondeu a um aumento

de 28,1% em relação ao ano anterior. Analisando, segundo as principais rubricas do INSS, a participação do repasse da União foi de 99,6% do total da receita. As principais rubricas de receita foram: INSS/Setorial Orçamentária, Contribuição para FINSOCIAL e Recursos Ordinários, cujas participações atingiram, respectivamente, 34,8%, 18,0% e 17,0% da receita total. Analisando, segundo as principais rubricas do FRGPS, a participação da receita de contribuições e do repasse da União foi, respectivamente, de 79,8% e 13,9% do total da receita. As principais rubricas de receita foram: Contrib. Prev. Segurado Obrig. Contri. Individual, Contribuição de Segurados - Assalariado e SIMPLES, cujas participações atingiram, respectivamente, 27,2%, 15,5% e 7,5% da receita total.

Em 2014, o valor da despesa total do INSS e FRGPS foi de R$ 444,5 bilhões, o que significou um aumento de 11,7% em relação ao

ano anterior. As rubricas do INSS com maior participação nas despesas foram Benefício ao Deficiente, Benefício ao Idoso e Pessoal e Encargos Sociais, cujas participações foram de 36,8%, 34,1% e 21,0%, respectivamente. As rubricas do FRGPS com maior participação nas despesas foram a Aposentadoria por Tempo de Contribuição, Aposentadoria por Idade e Pensão Previdenciária,

cujas participações foram de 26,7%, 25,3% e 24,1%,

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Depois de demonstrado o saldo positivo do INSS, ainda há o questionamento de porque as aposentadorias sempre são o alvo das reformas previdenciárias, mesmo que não sejam o benefício mais utilizado nem o que retira maiores valores do sistema previdenciário.

Nota-se abaixo o gráfico de gastos e concessões de benefícios, retirado do Boletim Estatístico da Previdência Social – BEPS, sendo uma publicação mensal da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, e elaborado pela Coordenação-Geral de Estatística, Demografia e Atuária da SP.

Restando cada vez mais comprovado que o saldo é sim positivo, como também o benefício de aposentadoria não é a maior despesa do INSS. O gráfico deixa claro que o maior gasto se dá com benefício de auxílio-doença, acima de 40%, sendo que aposentadoria por tempo de contribuição fica em média de 15%.

Sendo assim, não há justificativa para as modificações nas legislações previdenciárias pesarem tanto sobre o benefício de aposentadoria. Trazendo toda sobrecarga para o segurado.

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3.2 Qual a modalidade mais benéfica ao segurado

Quando uma pessoa contribui com determinada quantia à Previdência Social ela espera poder contar com o valor sob o qual contribuiu caso venha necessitar. Nos benefícios que não tem a incidência do fator previdenciário existe uma reciprocidade entre contribuição e prestação recebida em forma de benefício.

Para a Previdência Social é fundamental que haja efetiva fonte de custeio antes de se assumir qualquer prestação previdenciária, para que assim haja um equilíbrio atuarial e financeiro. Nada mais justo que o segurado veja respeitada a reciprocidade entre os valores de contribuição e de parcela de benefício no caso da concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, a fim de que o mesmo preserve sua dignidade e o sustento de sua família.

Ocorre que há muito tempo se fala nos gastos previdenciários, porém com uma justificativa muito contrária a realidade dos fluxos de caixa do INSS. Assim lecionam os autores Castro e Lazzari (2012, p. 117):

[...] ou seja, é importante salientar que grande parte das dificuldades financeiras da Previdência é causada pela má administração do fundo pelo Poder Público. E esta dívida interna não é assumida pelo Governo nas discussões sobre a questão da sustentabilidade do regime, acarretando um ônus desnecessário aos atuais contribuintes.

Claramente, ainda não se chegou a um modelo ideal de aposentadoria. Porém, a nova Lei 13.183 de 2015 tem um grande avanço, retirando a incidência do fator previdenciário, que o maior responsável pelo achatamento das parcelas recebidas como aposentadoria.

Por óbvio, manter o segurando em atividade laborativa por maior tempo, já que a nova legislação traz também a contagem da idade para requisito de concessão do benefício de aposentadoria, não é algo que a população brasileira desejava. Porém é um mal necessário para manter o sistema.

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A Previdência Social necessita ter condições de conceder as prestações previstas, sob pena de, em curto espaço de tempo, estarem os segurados sujeitos à privatização, em face da incapacidade do Poder Público em gerar mais receita.

Consoante todo explanado, a justificativa do déficit previdenciário é contrária aos princípios constitucionais e análises estatísticas. Sendo que foi transferida a responsabilidade para os contribuintes.

Contudo, atualmente, o segurado tem a opção de escolha entre duas aplicações para a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, sendo uma a incidência do fator previdenciário e a outra o novo sistema de pontos. Ficando assim evidenciada, que apesar do tempo maior em labor, a nova legislação da aplicação do sistema de pontos é sim a mais benéfica ao segurado, que verá uma relação melhor entre suas contribuições e seu valor de benefício de aposentadoria a ser recebido.

Referências

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