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Foi utilizada a estatística descritiva, para caracterização da amostra, nas variáveis: idade, estatura, massa corporal e percentual de gordura. Para verificar a normalidade dos dados, foi realizada uma análise exploratória, mediante observação de histograma e skewness. Como todas as variáveis apresentaram

distribuição normal, foram utilizados procedimentos estatísticos paramétricos. Para comparar, separadamente, as três análises realizadas pelo software e

por dois técnicos, referentes a três exames de AXDE, tanto da coluna lombar quanto do fêmur, foi utilizada a análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas, com ajuste de Bonferroni. O teste t de Student para amostras

dependentes e correlação de Pearson foram utilizados para verificar a

possibilidade de erro intratécnicos nas duas análises (antes de depois de 30 dias) da DMO a partir de um único exame em cada região. Além disto, o coeficiente de variação (CV) foi calculado para analisar a precisão das medidas dos técnicos. Quanto menor o CV mais homogêneo é o conjunto de dados.

Já para verificar a possibilidade de erro e intertécnicos (incluindo o software)

Em todas as análises o nível de significância adotado foi de p ≤0,05. Todos os dados foram computados no Statistical Package for the Social Sciences - versão

14.0 (Chicago: USA), com licença de uso para a UCB-DF.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo, em um primeiro momento, serão apresentados os dados referentes às características descritivas da amostra, dentre eles a idade, estatura, massa corporal e percentual de gordura, divididos por sexo (Tabela 1). Na seqüência, serão apresentados os dados de acordo com os objetivos estabelecidos, na seguinte ordem: comparação, separada, das três análises (software e dois

técnicos) dos três exames; comparações intra e intertécnicos.

Observando-se a descrição das características físicas da amostra deste estudo, composta por 18 homens (45%) e 22 mulheres (55%), encontrou-se grande amplitude em todas as variáveis mensuradas. Este fato condiz com a heterogeneidade necessária e pré-estabelecida para realização deste estudo.

Tabela 1. Características descritivas da amostra (n= 40) quanto à idade, estatura, massa corporal e o percentual de gordura, por sexo.

Variáveis Homens (n=18) Mulheres (n=22) Amplitude

Idade (anos) 31,9 ± 11,6 43,9 ± 15,2 22,0 - 73,0

Estatura (cm) 173,6 ± 8,8 156,2 ± 7,7 140,0 - 188,5

Massa corporal (kg) 76,6 ± 10,1 62,6 ± 12,5 45,0 - 96,3

Percentual de gordura (%) 19,0 ± 8,0 34,7 ± 8,3 6,9 - 46,2

De acordo com a classificação para o percentual de gordura estabelecido por Lohman (1992), observa-se que o valor médio desta variável para os homens do presente estudo (19,0 ± 8,0%), fica acima da média (16 - 24%), indicando excesso de gordura corporal. Já as mulheres (34,7 ± 8,3%), em média, estão com o percentual de gordura classificado como muito alto (>32%), o que acarreta risco de doenças associadas à obesidade, como cardiopatias, hipertensão, diabetes mellito, entre outras (BOUCHARD et al., 1990, DESPRÉS et al., 1990, HIRANI; ZANINOTTO; PRIMATESTA, 2007).

As comparações feitas, separadamente, entre as três análises realizadas pelo

Os exames foram feitos na região da coluna lombar (Tabela 2) e do fêmur (Tabela 3). Para verificar se os valores de DMO destas análises diferiram entre si, foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas. É importante salientar que o técnico experiente realizou suas três análises, referentes aos três exames, de cada voluntário, em um só dia e o técnico inexperiente procedeu da mesma forma.

Conforme Tabela 2, pode-se observar que não houve diferença (p > 0,05) na DMO em nenhuma das porções da coluna lombar, nos três exames analisados tanto pelo software quanto pelos técnicos experiente e inexperiente.

Tabela 2. Comparação das análises realizadas, separadamente, pelo software, pelos técnicos experiente e inexperiente, dos três exames na região da coluna lombar.

Densidade mineral óssea Vértebras

lombares Análise dos exames (software) F p

1 2 3 L1 1,044 ± 0,148 1,051 ± 0,158 1,049 ± 0,156 0,282 0,755 L2 1,108 ± 0,169 1,109 ± 0,190 1,098 ± 0,181 0,747 0,477 L3 1,170 ± 0,180 1,147 ± 0,200 1,142 ± 0,204 2,914 0,085 L4 1,146 ± 0,189 1,139 ± 0,189 1,145 ± 0,190 0,289 0,715 L1-L4 1,118 ± 0,128 1,105 ± 0,143 1,103 ± 0,147 1,138 0,304

Análise dos exames (técnico experiente) F p

L1 1,081± 0,208 1,082± 0,203 1,090 ± 0,214 1,037 0,348

L2 1,189 ± 0,218 1,196 ± 0,227 1,197 ± 0,237 0,776 0,464 L3 1,227 ± 0,223 1,217 ± 0,230 1,237 ± 0,239 1,620 0,211 L4 1,161 ± 0,205 1,168 ± 0,197 1,171 ± 0,207 1,309 0,274 L1-L4 1,168 ± 0,205 1,172 ± 0,206 1,176 ± 0,216 1,677 0,198

Análise dos exames (técnico inexperiente) F p

L1 1,082 ± 0,202 1,091 ± 0,207 1,095 ± 0,212 2,584 0,096 L2 1,189 ± 0,218 1,110 ± 0,232 1,195 ± 0,232 1,951 0,149 L3 1,229 ± 0,221 1,231 ± 0,231 1,238 ± 0,236 0,304 0,677 L4 1,166 ± 0,203 1,176 ± 0,195 1,171 ± 0,204 1,216 0,297 L1-L4 1,170 ± 0,203 1,177± 0,207 1,176± 0,213 1,938 0,160

Sendo: F= valor da variância, p= valor da significância, 1= análise do primeiro exame, 2= análise do segundo exame, 3= análise do terceiro exame.

Os valores de variância encontrados na análise do software, para cada

porção da coluna lombar foram: L1 [F (2; 44) = 0,282; 0,755]; L2 [F(2; 78) = 0,747; 0,477]; L3 [F (1,261; 49,188) = 2,914; 0,085]; L4 [F (1,706; 66,515) = 0,289; 0,715]; L1-L4 [F (1,120; 24,645) = 1,138; 0,304]. Na análise do técnico experiente (exp) e do

inexperiente (inexp), os valores de variância para cada porção foram,

respectivamente: L1exp [F (1,630; 63,568) = 1,037; 0,348]; L1inexp [F (1,573; 61,337)

[F (1,422; 55,446) = 1,620; 0,211]; L3inexp [F (1,510; 58,884) = 0,304; 0,677]; L4exp [F

(1,713; 66,802) = 1,309; 0,274]; L4inexp [F (1,679; 65,466) = 1,216; 0,297];L1-L4exp [F

(1,698; 66,222) = 1,677; 0,198]; L1-L4inexp [F (1,601; 62,429) = 1,938; 0,160].

Nos resultados da Tabela 3, também não foi detectada diferença (p > 0,05) na DMO das porções da região do fêmur, nos três exames analisados pelo software e

também pelos técnicos experiente e inexperiente.

Tabela 3. Comparação das análises realizadas, separadamente, pelo software,

pelos técnicos experiente e inexperiente, dos três exames na região do fêmur.

Densidade mineral óssea Porções

do fêmur Análise dos exames (software) F p

1 2 3 Colo 1,052 ± 0,177 1,053 ± 0,181 1,072 ± 0,220 1,025 0,320 Wards 0,931 ± 0,196 0,932 ± 0,192 0,954 ± 0,253 0,817 0,375 Trocânter 0,917 ± 0,169 0,916 ± 0,168 0,919 ± 0,169 0,346 0,708 Eixo 1,278 ± 0,201 1,276 ± 0,202 1,278 ± 0,204 0,312 0,733 Inteiro 1,092 ± 0,171 1,090 ± 0,172 1,092 ± 0,173 0,670 0,515

Análise dos exames (técnico experiente) F p

Colo 1,072 ± 0,183 1,076 ± 0,196 1,076 ± 0,193 0,839 0,436

Wards 0,924 ± 0,196 0,925 ± 0,197 0,924 ± 0,200 0,028 0,972 Trocânter 0,916 ± 0,169 0,915 ± 0,167 0,919 ± 0,168 0,918 0,404

Eixo 1,275 ± 0,200 1,273 ± 0,203 1,276 ± 0,202 0,277 0,759

Inteiro 1,094± 0,171 1,093 ± 0,172 1,095 ± 0,172 0,375 0,688

Análise dos exames (técnico inexperiente) F p

Colo 1,045 ± 0,180 1,052 ± 0,179 1,050 ± 0,185 1,521 0,225

Wards 0,931 ± 0,192 0,930 ± 0,192 0,931 ± 0,198 0,020 0,981 Trocânter 0,918 ± 0,168 0,915 ± 0,167 0,919 ± 0,169 1,209 0,304

Eixo 1,279 ± 0,200 1,274 ± 0,201 1,277 ± 0,203 1,147 0,318

Inteiro 1,092 ± 0,170 1,090 ± 0,171 1,092 ± 0,173 0,607 0,547

Sendo: F= valor da variância, p= valor da significância, 1= análise do primeiro exame, 2= análise do segundo exame, 3= análise do terceiro exame.

Os valores de variância encontrados para as porções da região do fêmur, a partir das análises do software, foram: colo [F (1,033; 40,274) = 1,025; 0,320]; wards

[F(1,030; 40,189) = 0,817; 0,375]; trocânter [F (2; 78) = 0,346; 0,708]; eixo [F (2; 78) = 0,312; 0,733]; inteiro [F (2; 78) = 0,670; 0,515]. Já para as análises dos técnicos experiente e inexperiente, os valores de variância foram, respectivamente: coloexp [F

(2; 78) = 0,839; 0,436]; coloinexp [F (2; 78) = 1,521; 0,225]; wardsexp [F(2; 78) = 0,028;

0,972]; wardsinexp [F(2; 78) = 0,020; 0,981]; trocânterexp [F (2; 78) = 0,918; 0,404];

trocânterinexp [F (2; 78) = 1,209; 0,304]; eixoexp [F (2; 78) = 0,277; 0,759]; eixoinexp [F

78) = 0,607; 0,547].

Estes achados (Tabelas 2 e 3) evidenciam que, independentemente do nível de experiência do técnico, os valores de DMO da região da coluna lombar e do fêmur não sofreram alteração (p > 0,05) nas três análises referentes aos três exames.

A partir da Tabela 4, pode-se observar o CV entre as análises dos exames 1 e 2 (com reposicionamento) e entre 2 e 3 (sem reposicionamento) das regiões da coluna lombar e fêmur, para cada técnico (incluindo o software).

Tabela 4. Coeficiente de variação de cada técnico (incluindo o software) encontrado

entre as análises dos três exames das regiões lombar e fêmur.

Coeficiente de variação (%)

Regiões Software Técnico experiente Técnico inexperiente

1x2 2x3 1x2 2x3 1x2 2x3 L1 3,16 1,31 2,42 1,66 1,94 1,25 L2 2,09 2,44 2,43 1,81 1,64 1,65 L3 3,28 1,70 2,23 1,33 2,01 1,21 L4 3,38 2,14 2,16 1,62 1,93 1,48 L1-L4 1,87 1,00 1,67 0,97 1,24 0,83 Colo 0,86 1,82 2,08 1,38 1,25 1,14 Wards 1,35 2,69 1,84 1,70 1,23 1,53 Trocanter 1,08 0,95 0,97 0,94 0,91 0,95 Eixo 0,97 0,80 0,99 0,88 0,85 0,71 Inteiro 0,81 0,67 0,78 0,72 0,69 0,68

Sendo: L1, L2, L3 e L4= vértebras lombares 1, 2, 3 e 4, respectivamente; 1x2= coeficiente de variação entre os exames 1 e 2 (com reposicionamento); 2x3= coeficiente de variação entre os exames 2 e 3 (sem reposicionamento).

Mediante observação dos resultados nas Tabelas 2, 3 e 4, constata-se que o reposicionamento realizado entre os exames 1 e 2 não afetou a medida de DMO (p > 0,05), para quaisquer das análises (software, técnico experiente e inexperiente).

Considerando ambas as regiões investigadas, os CV (Tabela 4) entre os exames com reposicionamento (1x2) variaram de 0,81 (inteiro) a 3,38 (L4) para as medidas do software, de 0,78 (inteiro) a 2,43 (L2) para o técnico experiente e de 0,69 (inteiro)

a 2,01 (L3) para o inexperiente. Já para os exames sem reposicionamento (2x3), os CV das medidas do software e dos técnicos experiente e inexperiente ficaram,

respectivamente, entre 0,67 (inteiro) e 2,69 (wards); 0,72 (inteiro) e 1,81 (L2) e entre

0,68 (inteiro) e 1,65 (L2).

As análises realizadas pelo software, por não terem sofrido interferência de

nenhum dos técnicos, apresentou importantes erros de análise, como, por exemplo, o não lançamento dos valores de DMO da vértebra L1. Desta forma, esta análise

registrou os CV mais altos, como já era esperado. Os demais CV estão de acordo com aqueles encontrados na literatura (citados abaixo), para exames em duplicata e triplicata, com e sem reposicionamento.

Em um estudo que buscou verificar a precisão e validade da AXDE na mensuração da composição corporal de ratos, Nagy e Clair (2000) também realizaram exames em triplicata, com reposicionamento entre todas as medidas. O CV entre os três exames, para a variável DMO total foi de 0,84%. Ainda com exames realizados em triplicata, Koo, Hockman e Hammami (2004) encontraram erros de medida de 1,0 a 2,2% para DMO de porcos pequenos, dependendo do instrumento e software utilizados. Koo, Hammami e Hockman (2004) realizaram outro estudo,

também com porcos, e encontraram que nos exames realizados em duplicata, o erro de medida para a DMO foi de 1,2%. Resultados semelhantes foram obtidos por Shepherd et al. (2006), que realizaram exames em duplicata, com reposicionamento,

na região lombar e fêmur e encontraram CV de 1,8% para o fêmur direito e de 1,0% para a região lombar.

Kastl et al. (2002) realizaram medidas repetidas (seis vezes, com e sem

reposicionamento) de DMO em úmeros de ratos e encontraram que, sem reposicionamento, o CV variou de 0,63 a 1,01%. Já com o reposicionamento este valor aumentou um pouco, variando de 0,71 a 1,14%. Os autores afirmaram que, mesmo com o aumento do erro das medidas, com reposicionamento, o efeito no valor da DMO foi pequeno. Semelhante a estes achados, os CV do presente estudo também foram maiores, de um modo geral, após o reposicionamento.

Considerando-se os baixos CV encontrados pelos técnicos (Tabela 4) e, a ausência de diferença significativa entre as medidas (Tabelas 2 e 3), pode-se inferir que exames de AXDE realizados no mesmo dia e analisados por um mesmo técnico apresentam elevado grau de precisão. Isto independente do nível de experiência do técnico e da ocorrência de reposicionamento.

O erro intratécnico na análise da DMO, antes e após 30 dias, a partir de um único exame está apresentado na Tabela 5. Para tanto, foi usado o teste t dependente, CV e correlação de Pearson. A partir dos resultados, constata-se que

ocorreram diferenças significativas (p ≤ 0,05) nas análises de três porções da coluna lombar (L1, L4 e L1-L4) e duas porções do fêmur (colo e inteiro) feitas pelo técnico experiente. Já para o técnico inexperiente, as diferenças (p ≤ 0,05) ocorreram nas análises de todas as vértebras investigadas e em apenas uma porção do fêmur

(trocânter).

Tabela 5. Comparação, correlação e coeficiente de variação (CV) das duas análises (antes e depois de 30 dias) realizadas pelos técnicos experiente e inexperiente, a partir de um único exame das regiões da coluna lombar e do fêmur.

Densidade mineral óssea (um único exame)

Regiões Técnico experiente

Antes Depois 30 dias t r a CV (%)

L1 1,081 ± 0,208 1,067 ± 0,196 2,404* 0,985 1,55 L2 1,189 ± 0,218 1,185 ± 0,206 0,525 0,976 1,65 L3 1,227 ± 0,223 1,217 ± 0,213 1,745 0,987 1,48 L4 1,161 ± 0,205 1,150 ± 0,195 2,392 * 0,990 1,35 L1-L4 1,167 ± 0,205 1,157 ± 0,195 2,200 * 0,990 1,19 Colo 1,072 ± 0,183 1,089 ± 0,205 -2,251 * 0,980 1,93 Wards 0,924 ± 0,196 0,919 ± 0,193 1,125 0,990 1,38 Trocânter 0,916 ± 0,169 0,917 ± 0,170 -1,585 1,000 0,33 Eixo 1,275 ± 0,200 1,279 ± 0,204 -1,870 0,998 0,55 Inteiro 1,094 ± 0,171 1,099 ± 0,175 -0,690 * 0,999 0,39 Técnico inexperiente L1 1,082 ± 0,202 1,093 ± 0,207 -2,311 * 0,989 1,09 L2 1,189 ± 0,218 1,198 ± 0,223 -3,029 * 0,997 0,92 L3 1,229 ± 0,221 1,237 ± 0,225 -2,224 * 0,995 0,98 L4 1,166 ± 0,203 1,181 ± 0,205 -4,078 * 0,994 1,21 L1-L4 1,170± 0,203 1,178 ± 0,207 -4,983 * 0,998 0,75 Colo 1,045 ± 0,180 1,043 ± 0,179 0,790 0,996 0,77 Wards 0,931 ± 0,193 0,932 ± 0,194 -0,381 0,999 0,52 Trocânter 0,918 ± 0,168 0,916 ± 0,169 2,040 * 1,000 0,24 Eixo 1,279 ± 0,200 1,278 ± 0,200 0,766 0,999 0,29 Inteiro 1,092 ± 0,170 1,092 ± 0,171 -0,152 1,000 0,20 Sendo: t= valor da comparação; r= valor da correlação; L1, L2, L3 e L4= vértebras lombares 1, 2, 3 e 4, respectivamente; *= p ≤ 0,05, a= p < 0,0005.

Com relação às análises do técnico experiente, o valor de t, para cada porção da coluna lombar foi de: L1exp [t (39) = 2,311; 0,026]; L2 exp [t (39) = 0,525; 0,602]; L3 exp [t (39) = 1,745; 0,089]; L4exp [t (39) = 2,392; 0,022]; L1-L4exp [t (39) = 2,200;

0,034]. Já para as porções do fêmur, o valor de t foi: coloexp: [t (39) = -2,251; 0,030];

wardsexp: [t (39) = 1,125; 0,267]; trocânterexp: [t (39) = -1,585; 0,121]; eixoexp: [t (39) =

-1,870; 0,069]; inteiroexp: [t (39) = -3,690; 0,001]. Mediante aplicação da correlação

de Pearson, constatou-se que todas as variáveis apresentaram correlação forte (r=

0,976 a 1,000) e significativa (p < 0,0005) indicando alta consistência entre as análises feitas antes e depois de 30 dias.

O valor de t, das análises do técnico inexperiente, para cada porção da coluna lombar foi de: L1inexp [t (39) = 2,311; 0,026]; L2inexp [t (39) = 3,029; 0,004]; L3inexp [t

(39) = 2,224; 0,032]; L4inexp [t (39) = 4,078; 0,000]; L1-L4inexp [t (39) = 4,983; 0,000].

Para a região do fêmur, o valor de t para cada porção foi: coloinexp: [t (39) = 0,790;

0,434]; wardsinexp: [t (39) = -0,381; 0,705]; trocânterinexp: [t (39) = 2,040; 0,048];

eixoinexp: [t (39) = 0,766; 0,448]; inteiroinexp: [t (39) = -0,152; 0,880]. A correlação de

Pearson indicou alta consistência em todas análises, oscilando de 0,989 a 1,000 (p <

0,005).

À semelhança do segundo objetivo do presente estudo, dois estudos de Glaner e Silva (2006 a, b) objetivaram, respectivamente, verificar a existência de diferenças na DMO da região lombar (L1 a L4) e do fêmur (colo, wards, trocânter e eixo), obtidas em duas análises feitas, em dias distintos, a partir de uma única mensuração. Em ambos os estudos, as análises foram realizadas por um técnico experiente. No primeiro (2006a), os resultados apontaram diferenças significativas (p ≤ 0,05) entre a DMO das vértebras L1, L2 e L2-L4, sendo maiores as médias da segunda análise. No presente estudo, as diferenças encontradas nas análises do técnico experiente também foram em três vértebras (L1, L4 e L1-L4). No entanto, as médias da primeira análise foram maiores que as da segunda. As diferenças nas análises do técnico inexperiente foram em quatro vértebras: L1, L2, L3 e L4 e as médias da primeira análise foram menores do que as da segunda.

No segundo estudo citado anteriormente (2006b), além de não serem encontradas diferenças significativas (p > 0,05) na DMO de nenhuma porção da região do fêmur, foi observada alta correlação (0,937 a 0,999; p < 0,0005) entre as duas análises. Isto indica que houve consistência entre as análises nesta região. No entanto, no presente estudo foram encontradas diferenças (p ≤ 0,05) entre as duas análises do técnico experiente, nas porções colo e inteiro do fêmur. Já para o técnico inexperiente, as análises apresentaram diferença (p ≤ 0,05) apenas para uma porção, o trocânter. A partir da Tabela 5, pode-se observar que o CV e a quantidade de ocorrência de diferenças, entre as duas análises, foram maiores na região lombar quando comparadas às da região do fêmur. Isto pode ser explicado pelo fato de que o fêmur apresenta menos acidentes ósseos do que as vértebras lombares, possibilitando, deste modo, uma delimitação mais acurada da região a ser analisada.

Considerando que se trata de um único exame de AXDE, seria totalmente impossível a existência de alterações entre as duas análises. Assim, os valores de DMO seguramente deveriam ser os mesmos, no entanto, no presente estudo estas

diferenças foram verificadas. Isto leva a inferir que o fato das análises (realizadas em dias diferentes) serem feitas manualmente, usando comandos no teclado do computador para eliminar (limpar) os tecidos que estão em torno das vértebras ou do fêmur, interfere no resultado da análise.

Neste sentido, Watts (2004) comenta que, para a diferenciação em osso ou tecido mole, os aparelhos da marca Lunar buscam, ao longo de um exame, áreas de grandes diferenças de atenuação de fóton. Watts (2004) afirma ainda que uma

rápida mudança nesta atenuação pode alterar a definição dos limites entre osso e tecido mole. Esta pode ser a explicação para as diferenças nas análises encontradas neste estudo, já que qualquer alteração na delimitação da área analisada pode afetar a medida da atenuação do fóton, modificando os valores de

DMO.

Uma questão que poderia surgir, frente a este achado, é com relação ao nível de experiência do técnico que analisou os exames, já que se este não tiver bom conhecimento e vivência prática da técnica, obviamente as análises poderiam ser afetadas. No entanto, este estudo mostrou que o nível de experiência tem pouca influência no resultado das análises. Conforme os resultados mostrados na Tabela 5, o número de diferenças encontrado entre as análises realizadas pelo técnico inexperiente foi 6 (todas vértebras lombares e trocânter), apenas um a mais do que o técnico experiente (5: L1, L4, L1-L4, colo e inteiro). Além disto foram encontrados CV menores nas análises do técnico inexperiente, cujo valor mínimo foi de 0,20% para a porção inteiro da região do fêmur e o valor máximo foi de 1,21% para L1-L4. Já,para o técnico experiente, os CV oscilaram de 0,33% (trocânter) a 1,65% (L2). É importante salientar que, quanto menor o CV, maior precisão tem a medida. Portanto, encontrou-se, no presente estudo, que as medidas do técnico inexperiente foram mais precisas, de um modo geral, do que as do técnico experiente.

Ao relembrar os achados das Tabelas 2, 3 e 4 deste mesmo estudo, pode-se observar que, quando realizadas no mesmo dia, pelo mesmo técnico, as análises de AXDE apresentam um erro que não chega a ser significativo e, conseqüentemente, não afeta os valores de DMO. No entanto, destaca-se que isto só vale se as análises forem feitas no mesmo dia. Já quando as análises, derivadas de um único exame, são realizadas em dias distintos (antes e após 30 dias, dados apresentados na tabela 5) diferenças significativas são encontradas. Assim, se análises de AXDE forem realizadas em dias distintos, pelo mesmo técnico, há possibilidade de

ocorrerem erros de análise, mascarando, desta forma, possíveis perdas ou ganhos reais de DMO.

Na Tabela 6 está evidenciada a comparação entre as análises dos técnicos (incluindo o software), tanto da região da coluna lombar quanto do fêmur. Para

verificar se os valores de DMO das análises feitas pelo software, pelo técnico

experiente e inexperiente, do exame 1 da região da coluna lombar e do fêmur, diferiam entre si, foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas. Uma vez detectada diferença significativa (p ≤ 0,05), utilizou-se o ajuste de Bonferroni, com o intuito de localizar tais diferenças. Assim, foi encontrada diferença (p ≤ 0,05) para todas as variáveis, exceto para as porções L4, inteiro e trocânter.

Tabela 6. Comparação entre as análises feitas pelo software e pelos técnicos

experiente e inexperiente, a partir de um único exame em cada região: lombar e fêmur.

Densidade mineral óssea

Regiões Software Experiente Inexperiente F p

L1 1,027 ± 0,149 a 1,056 ± 0,190 a 1,058 ± 0,186 a 4,325 0,031 L2 1,108± 0,167a 1,189 ± 0,218 b 1,189± 0,218 b 30,341 0,000 L3 1,170 ± 0,180 a 1,227 ± 0,223 b 1,229 ± 0,221 b 30,029 0,000 L4 1,146 ± 0,189 a 1,161 ± 0,205 a 1,167 ± 0,203 a 1,676 0,203 L1-L4 1,107 ± 0,149 a 1,150 ± 0,180 b 1,154 ± 0,180 b 26,066 0,000 Colo 1,052 ± 0,177 a 1,072 ± 0,183 b 1,045 ± 0,180c 31,707 0,000 Wards 0,931 ± 0,196 a 0,924 ± 0,196 b 0,931 ± 0,193 a 8,969 0,001 Trocânter 0,917 ± 0,169 a 0,916 ± 0,169 a 0,918 ± 0,168 a 2,740 0,071 Eixo 1,278 ± 0,201 ab 1,275 ± 0,200 a 1,279 ± 0,200 b 3,620 0,031 Inteiro 1,092 ± 0,171 a 1,094 ± 0,171 a 1,092 ± 0,170 a 2,450 0,093 Sendo: F= valor da variância; L1, L2, L3 e L4= vértebras lombares 1, 2, 3 e 4, respectivamente; médias com mesma letra não diferem (p > 0,05).

A diferença indicada pela ANOVA não foi localizada pelo ajuste por Bonferroni na porção L1 [F (1,394; 47,380) = 4,325; 0,031]. Enquanto que nas porções L2 [F (1,188; 46,332) = 30,341; 0,000], L3 [F (1,365; 53,235) = 30,029; 0,000] e L1-L4 [F (1,291; 43,882) = 26,066; 0,000], as análises dos técnicos foram iguais entre si (L2exp= 1,189 ± 0,218; L2inexp= 1,189 ± 0,218; L3exp= 1,227 ± 0,223; L3inexp= 1,229 ±

0,221; L1-L4exp= 1,150 ± 0,180; L1-L4inexp= 1,154 ± 0,180) e significativamente

maiores que a análise do software.

Com relação à região do fêmur, as três análises da porção colo [F (1,618; 63,120) = 31,707; 0,000] diferiram entre si. No entanto, na porção wards [F (1,593;

62,128) = 8,969; 0,001], a análise do software (0,931 ± 0,196) e do técnico

do técnico experiente (0,924 ± 0,196). Na porção eixo foi constatada diferença significativa apenas entre as análises dos técnicos experiente (1,275 ± 0,200) e inexperiente (1,279 ± 0,200).

Diante do exposto, infere-se que diferentes técnicos podem encontrar diferentes valores de DMO, mesmo se tratando de um único exame. Levando para o campo prático, se análises de AXDE forem realizadas por técnicos diferentes, existe a possibilidade de que as diferenças encontradas não sejam devidas a uma real alteração na DMO, mas sim uma conseqüência de erros de análise. Esta situação poderá mascarar possíveis perdas ou ganhos reais de DMO.

Os achados do presente estudo contrariam os de Glickman et al. (2004), no

qual três técnicos analisaram 43 exames de AXDE, determinando a coluna lombar como região de interesse. De acordo com estes autores (GLICKMAN et al., 2004),

não foram encontradas diferenças significativas (p = 0,24) na DMO entre as análises, levando-os à conclusão de que esta medida é altamente reprodutível e independente de erros dos técnicos.

Já Watts, (2004) em seu estudo de revisão cita, além da análise, outros fatores que podem interferir nos resultados de AXDE. Dentre eles, os erros na informação demográfica, posicionamento inadequado do paciente e falhas de interpretação.

Além dos erros encontrados neste estudo, outras limitações técnicas da AXDE já foram encontradas, como, por exemplo, o cálculo da DMO basear-se em uma área bidimensionalmente projetada e a forma dos ossos investigados (LU et al., 1996, PEEL; EASTELL, 1994). Erros de medida também foram encontrados quando se tratava de diferentes aparelhos (SHEPHERD et al. 2006) e softwares (KOO;

HAMMAMI; HOCKMAN, 2004), bem como os erros humanos na análise de um exame de DMO (GLANER; SILVA, 2006 a, b). Com relação às limitações da AXDE, foi ainda encontrado que a validade da medida da composição corporal pela AXDE pode ser influenciada pela idade, pelo sexo e estatura (WILLIANS et al., 2006).

Mesmo com os erros e limitações já relatados na literatura, muitas constatações relativas à alteração da DMO (ABRAHAM et al., 2006, KEMMLER et al., 2006; MESQUITA, 2005; SAIRANEN et al., 2000), decorrente de intervenções

(atividade física, medicação, nutrição), são realizadas baseadas nas medidas da AXDE. Deste modo, as alterações da DMO constatadas nos estudos anteriormente

mencionados, ao invés do resultado de intervenções, podem ser conseqüência dos erros e limitações apontados no presente estudo.

Portanto, pretende-se que os achados deste estudo sirvam como alerta para que os profissionais da área da saúde, especialmente os da Educação Física, levem sempre em consideração os possíveis erros/limitações da AXDE, e que tenham maior cautela ao afirmarem que intervenções, como programas de atividade física, realmente geram alterações na DMO.

5 CONCLUSÃO

A partir dos objetivos estabelecidos e mediante os resultados obtidos, pode- se concluir que aparentemente, para a amostra em questão, os valores de DMO, tanto da região lombar quanto do fêmur, não sofreram alteração (p > 0,05) em exames realizados em triplicata (com e sem reposicionamento), independentemente do nível de experiência do técnico.

Além disto, foi constatada a existência de erros inter e intratécnicos nas análises realizadas antes de depois de 30 dias, derivadas de um único exame.

Finalmente, pretende-se que os achados deste estudo sejam de grande valia para os profissionais da área da saúde, especialmente para os da Educação Física. Recomenda-se, portanto, que tais profissionais tenham maior cautela quando, com base em exames de AXDE e sem levar em conta os erros/limitações desta técnica citados anteriormente, fizerem inferências de que programas de intervenção realmente geram alterações na DMO.

REFERÊNCIAS

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BEZERRA, L.M.A. Efeitos da ioga na densidade mineral óssea e marcadores bioquímicos ósseos em idosas. [Dissertação de mestrado – Programa de Pós-

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