• Nenhum resultado encontrado

Evolução da duração via z-score suavizado

4. ANÁLISE ESTATÍSTICA

O total de Unidades VV etiquetadas e medidas para o sujeito 1 pré e pós-intervenção foi de 3240 unidades e para o sujeito 2 foram medidas e etiquetada 3340 unidades VV. Para a análise dos dados obtidos após a análise das unidades VV pré e pós-intervenção foram aplicados os seguintes testes estatísticos: a) Teste T para variáveis independentes para os valores de duração normalizada para toda leitura, que foi não significativo para α = 5% e b) Teste T pareado, que foi realizado considerando posições específicas ao longo do texto. Em algumas dessas posições foram observadas diferenças estatisticamente significativas para locais de proeminência.

O primeiro teste estatístico realizado, Teste T para variáveis independentes, teve como objetivo avaliar as médias dos valores de duração normalizada de todo o texto narrado, comparando os momentos pré e pós-intervenção. A hipótese nula para esse tipo de teste é que as médias dos dois grupos são iguais (Dowdy, et. al. 2004). Após a realização do teste para os dados dos dois sujeitos estudados, adotou-se α = 5% e conclui-se que não houve diferença entre os valores normalizados (z-score suavizado) entre pré e pós-intervenção fonoaudiológica. Isso significa que, globalmente, considerando as leituras como um todo, as durações são estatisticamente indiferenciadas. Isso não impede diferenças em trechos específicos.

Na tentativa de verificar mudanças dentro do texto que poderiam ser realizadas pelos sujeitos no momento de narrar o texto em cada situação de análise, foi realizado o segundo teste estatístico (Teste T pareado). Percebeu-se que existem muitas situações em pontos específicos do texto para as quais os sujeitos realizam mudanças da condição pré-intervenção para a condição pós-intervenção. Sendo assim, o teste T pareado foi realizado comparando um ponto pré- intervenção com o mesmo ponto correspondente na pós-intervenção. O α adotado para o teste foi de 5% e as posições estatisticamente significantes ocorreram em sua grande maioria em posições

28

de proeminência. Em alguns pontos das narrações foi observado que as posições de duração normalizada que eram significativas ocorriam em sequência, ou seja, ocorriam em alguns trechos inteiros como em “corre-corre” para o sujeito 1. Quando esse fato ocorria, o α adotado para significância foi menor, sendo o cálculo para o novo α a divisão de 0,05 pelo número de unidades VV comparadas. Para exemplificar, no trecho “corre-corre” existem cinco unidades VV e todas essas unidades se incluem no valor adotado de α = 0,05. Para dizermos que o trecho todo (“corre- corre”) é significante, a conta feita foi:

α = 0,05÷5 = 0,01

Assim, ao dividirmos o valor de α (0,05) pelo número de unidades VV no trecho (5) obtemos um novo valor de α = 0,01, que deve ser adotado para dizermos que o trecho inteiro é estatisticamente significante na condição pós-intervenção.

É importante ressaltar que, mesmo que o Teste T pareado tenha revelado diferenças significativas ao longo do texto, comparando as durações ponto a ponto nas duas condições, não podemos dizer que a duração normalizada (z-score) para toda a leitura foi significativo, visto que o primeiro teste realizado, Teste T para variáveis independentes não foi significativo para α = 5%. Essa diferença se dá pelo contributo dos trechos não proeminentes, que são majoritários e, nos quais, não há diferença significativa em termos de duração normalizada. Ou seja, os dois sujeitos mudaram suas estratégias duracionais em pontos específicos do texto.

29

5. RESULTADOS

5.1- Estudo de produção (duração)

Com a aplicação do Teste de Student pareado que foi globalmente não significativo para alfa = 5%, observamos que as diferenças estatisticamente significativas ocorrem em sua grande maioria em posições de acento frasal. Pode-se observar, no Gráfico 4, que as posições de acento frasal são aquelas que correspondem aos locais de pico de duração.

Nessas posições específicas as unidades VV pertencem a palavras cujas durações de cada unidade VV, como um todo, são maiores na condição pós-intervenção, para os dois sujeitos estudados.

Para melhor visualização dos resultados obtidos foram construídos gráficos que comparam os valores das médias e desvio padrão de z-score nas condições pré e pós-intervenção fonoaudiológica para os participantes estudados.

30

Gráfico 4: Comparação dos valores médios de z-score normalizado e desvio-padrão no trecho “No camarim, ansiedade e corre-corre. Do lado de fora”; pré e pós-intervenção; sujeito 1. S representado no gráfico diz respeito a pausas silenciosas. Picos são representados pelas setas em “camarim”,“corre-corre”e“fora”.

O trecho 1 do sujeito 1 corresponde à sentença “no camarim, ansiedade e corre-corre. Do lado de fora...”. O gráfico nos mostra dois pontos em que o valor de z-score é negativo, o que significa estar à esquerda da média, nas duas primeiras unidades: [uk] e [am]. Pelo gráfico, podemos observar três locais de proeminência, que são marcados por picos no gráfico e apontados pelas setas, nas sílabas finais de camarim, corre-corre e fora. Após as três palavras houve realização de pausa silenciosa nas duas condições estudadas. As mesmas posições de proeminência seguidas de pausas silenciosas (nas duas condições estudadas) em corre-corre e fora, podem ser visualizadas no gráfico seguinte, no mesmo trecho analisado para o sujeito 2.

-2 0 2 4 6 8 10

Trecho 1

Pré- Intervenção Desv Pad Pré Pós - intervenção Desv pad pós S S S

31

Gráfico 5: Comparação dos valores médios de z-score normalizado e desvio-padrão no trecho “No camarim, ansiedade e corre-corre. Do lado de fora”; pré e pós-intervenção; sujeito 2. A letra S representada no gráfico diz respeito à pausas silenciosas. Picos são representados pelas setas em “camarim”,“corre-corre”e“fora”.

Podemos perceber com a análise dos gráficos 4 e 5, pertencentes ao primeiro trecho estudado, que no gráfico 4, referente aos dados do sujeito 1, ocorre ligeira diminuição na duração das unidades VV no momento pós-intervenção em grande parte do trecho, enquanto que no gráfico 5, referente ao sujeito 2, observa-se aumento significativo (resultados estatísticos informados antes)da duração das unidades VV. Nos gráficos 4 e 5 podemos perceber que os picos de duração existentes ocorrem na proximidade das sílabas tônicas na condição pós-intervenção e, nesses locais, ocorre também aumento do desvio-padrão, fato que demonstra que os sujeitos variaram bastante a produção das sílabas tônicas no discurso. A maior duração das pós-tônicas em “corre- corre” e “fora” é devida às pausas silenciosas que as seguem, fato que indica fronteira prosódica forte. Segundo Barbosa (2006) diferentemente das sílabas tônicas, as sílabas átonas funcionam

-4 -2 0 2 4 6 8 10

uk am aR iN aNs ied ad ik ohr Ik ohr Id ul ad Ud if ohR A

Trecho 1

Pré- Intervenção Desv Pad Pré Pós- intervenção Desv Pad Pós S S S

32

como um marca-passo, sem grandes variações duracionais, fato que também podemos observar nos gráficos nas curvas de desvio-padrão.

A partir da análise dos dados podemos perceber que os sujeitos dispõem de estratégias semelhantes no momento pós-intervenção que não são utilizadas no momento pré-intervenção, como o prolongamento de sílabas. Nos gráficos, o prolongamento das sílabas é observado quando a duração das unidades VV aumenta de uma condição para a outra.

As marcações com a letra S nos gráficos representam o uso de pausas silenciosas que foram adotadas como estratégia pelos sujeitos na condição pós-intervenção. Em determinados trechos do enunciado, como podemos ver no gráfico 5, as pausas silenciosas ocorrem nos picos de duração das unidades VV mostrados pelas setas. Pausas silenciosas também ocorrem na condição pré- intervenção, realizadas pelos dois sujeitos, porém, as pausas silenciosas nesta condição são as que ocorrem entre final e início de frase. Nos gráficos 4 e 5, observamos que os sujeitos realizam uma pausa silenciosa na condição pós-intervenção entre as palavras “camarim” e “ansiedade”, e nesse caso, a pausa silenciosa foi utilizada como uma estratégia de narração. Para o ouvinte as pausas silenciosas podem causar a sensação de expectativa para o que o narrador irá dizer depois, além de servirem como tempo para que o ouvinte possa interpretar a mensagem já passada pelo narrador.

O trecho 4 corresponde à sentença “tendências da moda outono-inverno apresentadas” e apresenta proeminência na palavra inverno, tanto no gráfico 6, correspondente ao sujeito 1, como no gráfico 7, correspondente ao sujeito 2.

33

Gráfico 6: Comparação dos valores médios de z-score normalizado e desvio-padrão no trecho “tendências da moda outono-inverno”, pré e pós-intervenção; sujeito 1

Gráfico 7: Comparação dos valores médios de z-score normalizado e desvio-padrão no trecho “tendências da moda outono-inverno”, pré e pós-intervenção ; sujeito 2

No gráfico 6 percebemos diferença entre as duas condições (pré e pós-intervenção) desde o início do trecho estudado, porém esta diferença se torna estatisticamente significativa ao final do

-2 -1 0 1 2 3 4

eNd eNs IASd am ohd oUt on iNv ehRn UapR

Trecho 4

Documentos relacionados