• Nenhum resultado encontrado

4. RESULTADOS

4.2. Análise fatorial exploratória

A utilização do comportamento empreendedor dos docentes e da auto avaliação do comportamento empreendedor teve como intuito considerar e contribuir com a Teoria do Comportamento Planejado (AJZEN, 1991), principalmente em relação a duas das três variáveis independentes utilizadas no modelo de Ajzen (1991), quais sejam: normas subjetivas (comportamento empreendedor dos docentes) e percepção de controle individual (auto avaliação do comportamento empreendedor e dos soft skills). A intepretação que se propõe neste estudo é de que o comportamento empreendedor do docente possa gerar no aluno uma pressão favorável ou não para que sua intenção de empreender aumente. E que a autoavaliação do comportamento empreendedor esclareça um determinado comportamento relativo à percepção de dificuldade ou facilidade para desenvolvê-lo. Neste sentido, se torna fundamental o controle das diferenças entre tratados e controles nas variáveis comportamento empreendedor dos docentes e auto avaliação sobre o comportamento empreendedor.

Duas escalas foram utilizadas para mensurar as variáveis supracitadas. A primeira teve o objetivo de mensurar o comportamento empreendedor dos docentes. Foi solicitado aos alunos que respondessem para os doze itens listados no Quadro 2 a seguinte pergunta: “O quanto as seguintes características estão presentes nos PROFESSORES da sua Universidade?”. As opções de resposta variaram de pouco presente (1) a muito presente 5).

Quadro 2 - Itens da escala comportamento empreendedor dos docentes

Código da variável Descrição da variável Fonte CE_PDOC_Inconform Inconformada com a realidade e disposta a

transformá-la Brasil Jr.

CE_PDOC_Visão Com visão para oportunidades Brasil Jr. CE_PDOC_Pinov Que tem pensamento inovador Brasil Jr. CE_PDOC_Crealiza Capacidade de realização Brasil Jr. CE_PDOC_Criscos Com coragem para tomar riscos Brasil Jr.

CE_PDOC_Curi Curiosa Brasil Jr.

CE_PDOC_Comun Com facilidade para comunicar ideias Brasil Jr.

CE_PDOC_Socia Sociável Brasil Jr.

CE_PDOC_Criat Criativa Brasil Jr.

CE_PDOC_Planej Que planeja suas atividades Brasil Jr. CE_PDOC_Experi Com experiência de Mercado Brasil Jr. CE_PDOC_ApoiaIn Que apoia iniciativas empreendedoras Brasil Jr. CE_PDOC_MetodApr Inovar nas metodologias de aprendizado Brasil Jr.

Já a segunda escala, teve o objetivo de mensurar a auto percepção dos alunos quanto ao seu próprio comportamento empreendedor. Foi solicitado aos alunos que respondessem

para os doze itens listados no Quadro 3 a seguinte pergunta: “O quanto você se considera uma pessoa”. As opções de resposta variaram de concordo pouco (1) a muito (5).

Quadro 3 - Itens da escala auto percepção quanto ao comportamento empreendedor dos discentes

Código da variável Descrição da variável Fonte CE_PDISC_AU_Inconform Inconformada com a realidade e disposta a

transformá-la

Brasil Jr CE_PDISC_AU_Pinov Que tem pensamento inovador Brasil Jr

CE_PDISC_AU_Criat Criativa Brasil Jr

CE_PDISC_AU_Curi Curiosa Brasil Jr

CE_PDISC_AU_Visão Com visão para oportunidades Brasil Jr CE_PDISC_AU_ApoiaIn Que apoia iniciativas empreendedoras Brasil Jr CE_PDISC_AU_Criscos Com coragem para tomar riscos Brasil Jr CE_PDISC_AU_Comun Com facilidade para comunicar ideias Brasil Jr CE_PDISC_AU_Crealiza Capacidade de realização Brasil Jr CE_PDISC_AU_Experi Com experiência de Mercado Brasil Jr

CE_PDISC_AU_Socia Sociável Brasil Jr

CE_PDISC_AU_Planej Que planeja suas atividades Brasil Jr

A técnica de análise fatorial exploratória foi utilizada para a mensuração das variáveis latentes descritas acima. A qualidade da mensuração foi avaliada pela análise dos critérios de validade convergente, confiabilidade e validade discriminante. Como critério de validade convergente, todas as cargas fatoriais associadas a um fator (correlação entre os indicadores e a variável latente extraída) devem ser superiores a 0,6. O cálculo do alfa de Cronbach permitiu avaliar a confiabilidade (consistência interna) dos construtos. Valores do alfa superior a 0,6 indicam adequada confiabilidade do construto. Por fim, o critério de Fornell e Larcker (1981) foi utilizado para avaliar a validade discriminante dos construtos. Por esse critério, raiz quadrada da AVE (fração da variância extraída) deve ser maior do que qualquer correlação envolvendo a variável latente analisada.

O resultado da estimação do modelo de análise fatorial encontra-se nas Tabela 4 e Tabela 5.

Tabela 4 - Matriz de correlação das variáveis latentes

Dimensão Código da variável Descrição da variável Carga

Fatorial Indicadores

Docentes - Comportamento empreendedor

CE_PDOC_Inconform Inconformada com a realidade e disposta a

transformá-la 0,81

AVE = 0,60; Alfa de Cronbach=

0,94 CE_PDOC_Visão Com visão para oportunidades 0,82

CE_PDOC_Pinov Que tem pensamento inovador 0,84 CE_PDOC_Crealiza Capacidade de realização 0,73 CE_PDOC_Criscos Com coragem para tomar riscos 0,81

A extração de três fatores ao invés de dois, conforme o esperado, se mostrou mais adequada.

Dois fatores foram extraídos com base nos indicadores da dimensão auto percepção dos discentes de seu comportamento empreendedor. O primeiro conjunto de indicadores está relacionado as características dos discentes, tais como sociabilidade, facilidade de comunicar ideias, etc. Este fator é denominado soft skills dos discentes. Já o segundo conjunto de indicadores está diretamente relacionado ao comportamento empreendedor do discente (Tabela 4). Por apresentarem cargas fatoriais menores que 0,6, foi necessário excluir dois indicadores “Que planeja suas atividades” do construto soft skills e “Curiosa” do construto comportamento empreendedor dos discentes.

Por fim, a extração de um fator comportamento para mensurar o comportamento empreendedor dos docentes se mostrou adequada.

Tabela 5 - Matriz de correlação das variáveis latentes

1 2 3

Docentes - Comportamento empreendedor (1) 0,77

Discentes – Soft skills (2) 0,11 0,70

Discentes - Comportamento empreendedor (3) 0,10 0,59 0,69

Nota: A raiz quadrada da variância média extraída (AVE) é mostrada na diagonal principal da matriz.

Dimensão Código da variável Descrição da variável Carga

Fatorial Indicadores

Docentes - Comportamento empreendedor (cont.)

CE_PDOC_Comun Com facilidade para comunicar ideias 0,77

CE_PDOC_Socia Sociável 0,75

CE_PDOC_Criat Criativa 0,82

CE_PDOC_Planej Que planeja suas atividades 0,70 CE_PDOC_Experi Que apoia iniciativas empreendedoras 0,62 CE_PDOC_ApoiaIn Com experiência de mercado 0,76 CE_PDOC_MetodApr Inovar nas metodologias de aprendizado 0,80

Discentes – Soft skills

CE_PDISC_AU_Comun Com facilidade para comunicar ideias 0,79

AVE=0,49; Alfa de Cronbach =

0,64 CE_PDISC_AU_Crealiza Capacidade de realização 0,68

CE_PDISC_AU_Experi Com experiência de mercado 0,58

CE_PDISC_AU_Socia Sociável 0,72

CE_PDISC_AU_Planej Que planeja suas atividades -

Discentes - Comportamento empreendedor

CE_PDISC_AU_Pinovador Que tem pensamento inovador 0,80

AVE = 0,48; Alpha de Cronbach=0,78

CE_PDISC_AU_Criat Criativa 0,65

CE_PDISC_AU_Curi Curiosa -

CE_PDISC_AU_Visão Com visão para oportunidades 0,74 CE_PDISC_AU_Inconform Inconformada com a realidade e disposta a

transformá-la 0,61

CE_PDISC_AU_ApoiaIn Que apoia iniciativas empreendedoras 0,65 CE_PDISC_AU_Criscos Com coragem para tomar riscos 0,68

Com estas alterações realizadas, os critérios de validade discriminante, validade convergente e confiabilidade apresentaram valores adequados. Assim, os escores fatoriais (variáveis padronizadas) foram utilizados para representar as variáveis latentes mensuradas.

Os construtos mensurados aqui foram utilizados no pareamento dos grupos de tratamento e controle.

As Figuras 3, 4 e 5 apresentam a relação entre os construtos mensurados e a variável de tratamento. Percebe-se que existem diferenças entre os grupos de tratamento e controle quando se avalia a percepção dos discentes quanto ao comportamento empreendedor dos docentes, conforme apresentado na Figura 2. Os alunos que participaram da EJ apresentaram uma média inferior quando comparado ao grupo de controle (Mtr=-0,16 x Mctrl=0,18, t=10,8,

p<0,001). Isso pode ser explicado pelo fato de os alunos de EJs, por já adotarem um comportamento mais empreendedor, são mais criteriosos em avaliar o comportamento de seus professores. Além disso, os alunos das EJs apresentam uma média superior nas dimensões comportamento empreendedor do discente (Mtr=0,03 x Mctrl=-0,03, t=-2,11, p<0,05) e soft

skills (Mtr=0,10 x Mctrl=-0,11, t=-6,7, p<0,001), como evidenciado na Figura 3 e Figura 4

respectivamente.

Este resultado reforça a necessidade do pareamento entre os grupos de tratamento e controle para que estas diferenças não influenciem nos resultados da inferência causal que se pretende estabelecer.

Figura 3 - Distribuição da percepção sobre o comportamento empreendedor de docentes -2 -1 0 1 2 C o mp o rt a me n to e mp re e n d e d o r d o ce n te s

Figura 4 - Distribuição da percepção sobre o comportamento empreendedor discente

Figura 5 - Distribuição da percepção sobre soft skills dos discentes

-4 -2 0 2 C o mp o rt a me n to e mp re e n d e d o r d isce n te

Não participou da EJ Participou da EJ

-4 -2 0 2 so ft ski lls d o s d isce n te s

Documentos relacionados