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De acordo com os resultados, se uma empresa júnior fornecer conhecimento e inspiração adequados para o empreendedorismo, a possibilidade de escolher uma carreira empreendedora pode aumentar entre os universitários. Este resultado confirma o papel fundamental dos programas de educação no desenvolvimento da intenção empreendedora. Portanto, à luz do estudo atual, pode-se afirmar que o empreendedorismo pode ser promovido como resultado de um processo de aprendizagem com ênfase em atividades práticas.

Ainda que não haja consenso sobre o melhor conteúdo e a melhor estrutura dos programas de educação empreendedora, os resultados do estudo atual mostraram que as universidades devem, pelo menos, incentivar que as empresas juniores sejam cada vez mais uma opção para seus estudantes adquirirem competências e experiências que estimulem o empreendedorismo.

6.1. Implicações Acadêmicas e Práticas

Podemos afirmar de que, de certa forma, o estudo contribui para a teoria do comportamento planejado confirmando a relação atitude-intenção e testando o efeito de uma "influência exógena" (educação, adquirida pela participação na empresa júnior) sobre a intenção (vontade) em relação ao comportamento (trabalho por conta própria). O estudo também contribui para a pesquisa sobre educação para o empreendedorismo, revelando o efeito benéfico para os alunos participantes do programa de educação empreendedora (neste estudo, as empresas juniores). Há ainda que contabilizar a contribuição para algo que foi mencionado como uma lacuna na literatura por Nabi et. al. (2017), em que destacam a necessidade de avaliar diferentes tipos de programas de educação empreendedora de acordo com os variados contextos e seu objetivo, conteúdo, design e entrega.

Os resultados encontrados não são apenas interessantes do ponto de vista teórico, mas em termos práticos também contribuem para recorrentes desafios dos educadores e decisores políticos. Uma vez que as atividades empreendedoras estão se tornando vitais para o desenvolvimento econômico de um país, seria oportuno que os projetos de políticas educacionais se concentrassem no desenvolvimento de programas de educação empreendedora em que o conhecimento e os recursos poderiam aumentar a probabilidade de sucesso para aqueles que vão começar um novo empreendimento, ponto defendido nos estudos de Gorman e colaboradores (1997). Também sob o ponto de vista prático, o estudo aponta que para as instituições de ensino, que ainda não possuem uma empresa júnior este

tipo de programa possa ser uma alternativa para o desenvolvimento de uma educação que promova a intenção e o comportamento empreendedor. Enquanto que para as instituições que já adotam o modelo, há uma sinalização de que o investimento no preparo do corpo discente e na estrutura de suporte às empresas juniores seja benéfico sob o ponto de vista social, educacional e econômico.

6.2. Limitações da Pesquisa

Certamente este estudo apresenta limitações, sendo a principal delas relativas à variável dependente. Não foram consideradas as relações entre as empresas juniores e as variáveis que buscam predizer a intenção empreendedora conforme preconiza o modelo de Ajzen (1991), como: a atitude face ao comportamento, as normas subjetivas e a percepção de controle individual. Neste mesmo contexto, não foram consideradas as características das empresas juniores, mas somente o próprio fato de participar de uma ou não.

Outra limitação está relacionada ao questionário, em que a pergunta que buscou estabelecer a relação entre a variável independente (empresa júnior) e variável dependente (intenção empreendedora) não detém a mesma consistência frente aos modelos aplicados em estudos anteriores por uma limitação do processo de construção das perguntas.

A seleção do grupo de tratamento e de controle não foi aleatória (devido às dificuldades práticas comuns na pesquisa educacional). Em relação às características dos estudantes analisados, também não foram levantadas informações como idade, período do curso, tempo entre o ingresso na universidade e o ingresso na empresa júnior, que permitiriam análises adicionais e maior consistência nos resultados apresentados.

O tempo percorrido dentro da empresa júnior, também não foi coletado no trabalho e isto limita a capacidade de constatar que a aquisição de conhecimentos ao longo do programa, possa favorecer maior propensão ao comportamento empreendedor.

6.3. Recomendações para Trabalhos Futuros

Pesquisas futuras devem se concentrar em examinar as relações entre as empresas juniores e as variáveis aplicadas na teoria do comportamento planejado, assim como características específicas destas organizações que possam afetar o vínculo entre atitude e intenção e entre intenção e comportamento. Assim, a utilização de uma escala válida e confiável de vários itens do questionário seria útil para testes empíricos futuros.

Recomenda-se, também realizar estudo longitudinal que consiga avaliar se ex- membros das empresas juniores mantiveram ou não interesse em abrir o próprio negócio e principalmente se isto se reflete na manifestação do comportamento, para os variados cursos de graduação em que existam estas associações estudantis. A comparação dos efeitos destes programas em contextos e países distintos também poderia contribuir para que as universidades e governos locais avaliem a ideia de ampliar ou aperfeiçoar os modelos existentes.

Os governos que investem na área de educação precisam também investir na pesquisa que examina a educação empreendedora, a fim de melhorar a base de evidências, avaliar o impacto das intervenções e, portanto, ter uma ideia mais clara de quais políticas podem funcionar de forma mais eficaz e em que contextos. Recomenda-se, portanto, que seja realizado um estudo adicional sobre o papel da política das instituições de ensino superior e seu impacto na criação e no apoio à educação empreendedora. De forma complementar, seria oportuno que as pesquisas buscassem avaliar também os efeitos de programas de educação empreendedora focadas em empreendedorismo social na intenção e no comportamento empreendedor, a fim de identificar o vínculo entre as características específicas dos programas, como abordagem pedagógica, objetivo, perfil do professor, conteúdo, etc.

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