• Nenhum resultado encontrado

O objetivo da Análise Fatorial Exploratória (AFE) é avaliar a dimensionalidade de um conjunto de indicadores (variáveis observáveis) pela identificação do menor número de fatores (variáveis latentes ou dimensões) necessários para explicar a correlação entre esses indicadores (BROWN, 2006). A AFE costuma ser empregada nos estágios iniciais dos testes estatísticos do desenvolvimento e validação da escala de um constructo, com a finalidade de explorar os padrões de relacionamento entre as variáveis observáveis e as variáveis latentes. Na técnica, não são feitas especificação iniciais em relação ao número de variáveis latentes ou ao padrão de relacionamento entre essas e as variáveis observáveis. O pesquisador utiliza a AFE para estimar a quantidade adequada de fatores, bem como identificar quais variáveis observáveis são indicadores plausíveis e subjacentes aos diversos fatores. Dessa forma, a AFE não estabelece restrições prévias acerca da estimação dos fatores, nem sobre a quantidade de fatores a serem extraídos (HAIR JR et al., 2005; BROWN, 2006).

Cada constructo, individualmente, foi submetido a uma AFE utilizando a versão 17 do software estatístico SPSS. Previamente à estimação inicial dos fatores, verificou-se a fatorabilidade da matriz de correlação dos dados (matriz R) dos constructos por meio da (a) inspeção da matriz de correlação bivariada dos itens; (b) do teste Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de medida de adequação da amostra; e (c) do teste de esfericidade de Bartlett. No primeiro teste, espera-se que a maioria das correlações sejam significantes e iguais ou superiores à 0,30, no segundo teste é desejado valores próximos a 1, apesar de Hair Jr et al. (2005) recomendar valores superiores à 0,70 como adequados; no último teste, espera-se a rejeição da hipótese nula de que a matriz R seja uma matriz identidade. Segundo a Tabela 4, todos os constructos possuem a maioria das correlações significantes e iguais ou superiores à 0,30, mas, em Lealdade Atitudinal, 57,7 % das correlações atenderam essa condição. O teste KMO

apresentou-se adequado, contudo, Satisfação apresenta-se próximo ao mínimo considerado mediano; em todos os constructos rejeitou-se H0 do teste de Bartlett, com um nível de

significância de 1 %. Em conjunto, os testes apontam para a fatorabilidade da matriz R.

Tabela 4 - Indicadores da Fatorabilidade das Matrizes de Correlações dos Constructos Constructo Correlações ≥ 0,3 KMO Bartlett Gestão Ambiental 28 (100%) 0,95 0,00 Confiança 55 (100%) 0,96 0,00 Satisfação 3 (100%) 0,73 0,00 Lealdade Atitudinal 26 (57,7%) 0,86 0,00

Fonte: Elaboração própria.

Nota: Entre parênteses, percentual de correlações no constructo significantes e iguais ou superiores a 0,30.

As extrações das variáveis latentes fundamentaram-se no método da Análise dos Componentes Principais, com a rotação Varimax (ortogonal), quando houver a indicação de uma solução com pelo menos dois componentes (dimensões ou fatores). Nessas circunstâncias, a definição da quantidade de componentes considerou os autovalores (iguais ou maiores a 1) dos componentes, bem como o exame do gráfico ScreePlot.

Nos constructos Percepção de que um Banco é Ambientalmente Responsável, Satisfação e Confiança foram extraídos um componente, enquanto que, em Lealdade Atitudinal extraíram-se dois componentes. A Tabela 5 apresenta os principais indicadores da análise dos constructos com a indicação unidimensional; adiante, será discutida a solução bidimensional da Lealdade Atitudinal.

A primeira coluna, carga fatorial, refere-se à correlação entre o item e o componente (no caso constructo) e varia entre -1 e 1; quanto maior a carga, em módulo, mais o item é uma medida pura do componente. Tabachnick e Fidell (2007) ao citarem Comrey e Lee (1992) indicam o valor mínimo de 0,32 (10% da quantia total da variância do item é explicada pelo componente) para considerar o item com alguma utilidade ao componente, apesar de se considerado um desempenho “pobre”; entre 0,63 (40 % da variância é explicada pelo componente) e 0,70 é considerado muito bom, enquanto que, igual ou superior à 0,71 (50 % da variância é explicada pelo componente), trata-se de uma carga excelente. As cargas fatoriais variaram entre 0,68 (CON3) e 0,88 (SAT3), indicando uma adequada representação dos constructos pelos itens.

Tabela 5 - AFE e Alfa de Cronbach dos Constuctos Percepção de que um Banco é Ambientalmente

Responsável, Confiança e Satisfação

Item

Gestão

Ambiental Confiança Satisfação Carga Carga Carga

GA1 0,82 0,67 GA2 0,84 0,71 GA3 0,80 0,63 GA4 0,80 0,64 GA5 0,84 0,70 GA6 0,86 0,75 GA7 0,84 0,70 GA8 0,85 0,73 CON1 0,79 0,63 CON2 0,77 0,60 CON3 0,68 0,46 CON4 0,70 0,49 CON5 0,77 0,60 CON6 0,79 0,63 CON7 0,78 0,61 CON8 0,81 0,65 CON9 0,85 0,73 CON10 0,82 0,67 CON11 0,82 0,67 SAT1 0,87 0,75 SAT2 0,87 0,75 SAT3 0,88 0,77 VE (%) 69,18 61,20 75,19 AC 0,94 0,94 0,84

Fonte: Elaboração própria.

Nota: Carga – Carga fatorial; h² - Comunalidade; VE - Variância extraída; AC - Alfa de Cronbach.

A segunda coluna, comunalidade (h²), é a carga fatorial elevada ao quadrado e representa a quantia de variância do item explicada pela solução fatorial (HAIR JR et al., 2005).Tendo em vista a discussão precedente, tomou-se como referência para retenção do item o valor de 0,40 ou 40 % da variância do item explicada pelo componente; as comunalidades variaram entre 0,46 (CON3) e 0,77 (SAT3).

A Variância Extraída (penúltima linha) indica a proporção da variância explicada do conjunto dos itens pelo componente. O constructo Percepção de que um Banco é Ambientalmente Responsável explica 69,18 % da variância de seus oito itens, o constructo Confiança explica 61,20 % da variância de seus onze itens e por fim, Satisfação explica 75,19 % da variância dos seus três itens.

O Alfa de Cronbach (última linha) é um indicador da confiabilidade da escala. Para Malhotra (2001), a confiabilidade demonstra até que ponto uma escala produz resultados estáveis; utilizou-se como parâmetro de adequação o valo de 0,70 sugerido por Hair Jr. et al. (2005). O Alfa de Cronbach dos constructos foram superiores a 0,70, indicando uma

adequada consistência interna dos itens na medição dos constructos; a exclusão de qualquer um dos itens reduziria o valor do Alfa de Cronbach dos respectivos constructos. Considerando os resultados da AFE e do Alfa de Cronbach, todos os itens dos constructos Percepção de que um Banco é Ambientalmente Responsável, Satisfação e Confiança foram submetidos à Análise Fatorial Confirmatória, a qual será discutida na próxima subseção do capítulo.

Na AFE do constructo Lealdade Atitudinal foram extraídos dois componentes. O autovalor inicial do primeiro componente foi 4,05, do segundo componente, 1,78 e do terceiro componente até o décimo foram inferiores a 1. Esse teste sugeriu a formação de dois componentes, enquanto que o gráfico ScreePlot (Apêndice 11) indicou entre dois e três fatores. Apesar da divergência entre os dois testes, Hair Jr et al.(2005) pondera que como regra geral, o ScreePlot resulta entre um ou três fatores ou componentes a mais a serem considerados para inclusão em relação ao critério de autovalores.

Ao analisar as cargas fatoriais (Tabela 6), foi verificada a necessidade de proceder a rotação dos componentes, com o intuito de facilitar a interpretação dos mesmos; aplicou-se, pois, a rotação Varimax. Após a rotação, houve uma melhora na compreensão dos componentes, uma vez que as cargas dos itens carregaram de forma mais notável nos respectivos componentes. As cargas dos itens LA6 a LA10 carregaram no componente 1, enquanto que os itens LA1 a LA5 carregaram no componente 2. Alguns itens, como LA1 e LA5, carregaram nos dois componentes (itens complexos), contudo, nessas circunstancias, a maioria das cargas foram inferiores a 0,32; as cargas de LA3 no componente 1 (0,34) e LA7 no componente 2 (0,33) foram superiores, porém, próximas a esse ponto de corte.

No componente 1 as cargas variaram de 0,64 a 0,79 e as comunalidades, entre 0,47 e 0,64. As cargas dos cinco itens do componente 2 oscilaram entre 0,66 e 0,80, enquanto que as comunalidades variaram entre 0,47 e 0,74; a variância explicada pela solução fatorial foi de 58,31%. Testou-se a consistência interna dos itens nos seus componentes por meio do Alfa de Cronbach. O Alfa do componente 1 foi 0,81 e do componente 2, 0,79; nesse caso, a exclusão do item LA5 aumentaria o indicador para 0,82. Ao examinar detalhadamente o item, observou-se que o seu traço comportamental já estava sob avaliação no item LA2 (“Chance de manter a conta no Banco X nos próximos 6 meses”), quer dizer, a propensão do respondente em manter o relacionamento com o Banco. Decidiu-se por excluí-lo, de forma que o componente 2 passou a ser composto pelos itens LA1 a LA4 com um Alfa de Cronbach de 0,82.

Tabela 6 - AFE e Alfa de Cronbach do Constructo Lealdade Atitudinal Item

Antes da

Rotação Rotação Após a

Componente Componente 1 2 1 2 LA1 0,77 0,38 0,31 0,80 0,74 LA2 0,54 0,47 0,71 0,51 LA3 0,71 0,27 0,34 0,68 0,57 LA4 0,74 0,39 0,28 0,78 0,70 LA5 0,31 0,61 -0,18 0,66 0,47 LA6 0,59 -0,34 0,67 0,15 0,47 LA7 0,69 -0,19 0,64 0,33 0,51 LA8 0,61 -0,48 0,78 0,61 LA9 0,59 -0,51 0,78 0,61 LA10 0,68 -0,42 0,79 0,15 0,64 VE (%) 40,53 17,79 30,13 28,18 AC 0,81 0,79 (0,82)

Fonte: Elaboração própria.

Legenda: h² - Comunalidade; VE - Variância extraída; AC- Alfa de Cronbach.

Com a definição dos itens, procedeu-se a designação (nomeação) dos componentes considerando o padrão das cargas fatoriais. Hair Jr et al.(2005) recomendam que as variáveis com as maiores cargas tenham a prioridade na indicação do nome que representará o fator (componente).

O primeiro componente abarca itens atinentes às intenções de recomendação (LA1 e LA4), de permanência no Banco (LA2) e de preferência ao Banco (LA3). Tomando como referência sugestão de Hair Jr et al.(2005), o componente foi nomeado como Intenções de Recomendação e Permanência, pois refere-se aos três itens com as maiores cargas fatoriais, LA1, LA4 e LA2. O segundo componente (LA6 a LA10) abrange as intenções comportamentais associadas à aquisição de categorias de produtos financeiros, a saber, empréstimo, aplicação, seguro, previdência e título de capitalização; isto é, trata-se de intenções de realização de negócios específicos. Dessa forma, esse componente foi designado Intenções de Negócios.