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CAPÍTULO 5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

5.5 Análise geral: os Institutos

Ao buscar analisar e compreender as práticas e produções teóricas contemporâneas que, apoiadas no Pensamento Sistêmico Novo-paradigmático, possuem uma concepção do social da qual se deriva um clínica como ação transformadora, conforme delineado em meus objetivos, trilhei um caminho de forma muito interessada em conhecer mais de perto este universo, mas também carregada de expectativas e esperanças relativas às possíveis descobertas de respostas ao que compreendo como novas demandas da Psicologia no mundo contemporâneo, especialmente nos contextos de vulnerabilidade social. Encontrei belas e promissoras respostas.

A travessia pelos Institutos participantes trouxe como movimento significativo, por trás de suas ações, a busca por ampliar o campo de ação da Psicologia, que associo à clínica em função das referências à necessidade de levar a “escuta clínica” para outros contextos, ampliando seu campo de ação. Assim o “além clínica”, compreendido dentro das práticas aqui analisadas, ficou avaliado como um além que significa extensão e não uma negação.

Para compreender esta busca por ampliação considero as influências motivacionais de dois fatores: a adesão aos pressupostos do Pensamento Sistêmico Novo-paradigmático com todas as suas implicações; e a inserção dos psicólogos nos serviços ligados às instituições, governamentais ou não. Para ambos os fatores o papel não foi apenas motivacional, e sim também de constante contribuição nas reflexões a serviço da construção das práticas, pois sendo Institutos com mais de 20 anos de existência, pode-se afirmar que foram construindo seu perfil de ações junto com o desenvolvimento do Pensamento Sistêmico, culminando com as abordagens pós-modernas – Construtivistas e Construcionistas - e com a construção do novo lugar dos psicólogos junto às instituições públicas e privadas. Um lugar construído no espaço aberto pelo avanço das leis, concretizado na Lei Orgânica de Assistência Social (Brasil, 1993), ainda que mais como direção, do que implementação efetiva.

Na história dos institutos ficou evidente a força do encontro com o Pensamento Sistêmico, tendo como consequência um sentimento de inevitabilidade de um movimento cada vez mais amplo na direção dos fenômenos relacionais, indo do indivíduo para as famílias, para as comunidades, para a sociedade e seus diferentes setores. E, no movimento circular, voltando para o indivíduo, agora com uma escuta e um olhar que o distingue dentro de suas histórias relacionais e linguísticas. A adesão a este pensamento provocou o movimento de busca por ampliação e extensão, configurando, também inevitavelmente, um convite para romper as barreiras disciplinares, fazendo com que os participantes se questionassem sobre ser ainda possível o alinhamento com as práticas psicológicas, referindo-se, na verdade, como pude distinguir em seus relatos e depoimentos, às práticas construídas até então, ainda atreladas ao modelo médico, voltado para diagnósticos e tratamentos, e não para a prevenção e promoção da saúde.

Avalio que o encontro da Psicologia com o Pensamento Sistêmico veio potencializar sua vocação transdisciplinar, como já apontava Figueiredo (2004), provocando ainda certa inquietação com as designações, e apontando para a necessidade de uma reorganização, ou até de uma flexibilização em suas fronteiras, para assim estender-se para o diálogo e trabalho conjunto com outras disciplinas, sabendo que os problemas humanos não são propriedade de nenhuma delas e que muitas vezes só podem ser enfrentados em um movimento que as transcende. A participação dos psicólogos, junto com profissionais de outras áreas, nas práticas aqui analisadas, em seus respectivos institutos, em intervenções inter e transdisciplinares, trouxe, como principal colaboração, como se pode ver, sua habilidade em cuidar dos contextos conversacionais, construindo, maior aproximação dos fenômenos e dos significados já construídos naquele contexto.

Para o desenvolvimento dessas habilidades os três institutos revelaram a adesão, dentro dos enfoques sistêmicos pós-modernos, a abordagens que, a partir da crença na construção relacional do conhecimento e dos significados que organizam uma forma de viver e se relacionar, posicionaram o profissional como um cuidador do contexto do diálogo, entendendo o processo clínico como “conversação terapêutica”. Houve um reposicionamento do psicólogo, muito bem definido por Anderson; Goolishian (1993), não mais como um especialista baseado em um conjunto teórico e técnico que pautava sua compreensão do outro, e sim como um especialista em construir um contexto de conversação reflexivo e colaborativo,

estando junto com o cliente para uma “exploração mútua” de suas experiências e descrições, na busca de alternativas viáveis para dar novos rumos as suas vidas.

A vivência deste reposicionamento parece ter alimentado para os institutos aqui analisados, uma série de práticas, que foram denominadas como “reflexivas”, as quais, ao dar voz e legitimação para as construções de todos, e a partir daí buscar conjuntamente, novos significados que não mais sustentem problemas ou sintomas, revelando seu poder transformador, advindo da inclusão de todos no processo, possibilitando a almejada vivência da igualdade de direitos na prática relacional. A atuação por meio dos processos reflexivos veio favorecer, portanto, a realização dos propósitos declarados de empoderamento dos indivíduos, famílias e comunidades atendidos, que vivem em situação de vulnerabilidade social, entendido aqui não como aquele que se dá ou se institui, mas como o empoderamento que se coconstrói nos encontros reflexivos.

Vê-se aqui uma forma de atuação que, ao contemplar a intersubjetividade na construção de conhecimentos, incluindo significados e recursos, dá voz ao social entendido como em interconstituição com o individual, ao social compreendido de tal forma que não só pode devolver aos clientes o lugar de especialistas em suas próprias histórias, como aumentar as chances de retirá-los de condições associadas à pobreza (como vem sendo compreendida, em seus déficits), de invisibilidade, como “subcidadãos” (SOUZA, 2007, p. 08) ou de “seres desditados”, objetos de tratamento, como há muito nos alertou Freire (1987, p. 23), ou seja, não mais o lugar de “almas penadas” (BARRETO, 2010, p. 20), vagando sem serem ouvidos legitimamente em suas demandas, podendo estar ativos e implicados em seus tratamentos, isto é, na busca de soluções para suas dificuldades.

É este o social que transformou o compromisso ou a Responsabilidade Social vivenciada pelos participantes em suas ações e reflexões, em “Responsabilidade Relacional”, conceito utilizado por eles ao se referirem à forma como concebiam suas relações com as questões sociais, deixando claro tratar-se de uma consequência da crença na construção relacional do conhecimento na linguagem, ou seja, não como uma escolha de um contexto de trabalho que exigiria um compromisso social, e sim como uma implicação de suas adesões teóricas e éticas, que estaria presente, ou atuante, em qualquer contexto de trabalho. Ao se referirem às suas consequências inclusivas (todos implicados!) emergiu uma pergunta que pode ser avaliada como um norteador desta posição: Qual o discurso que não os

deixa de fora? Além do cuidado constante com a efetiva inclusão de todos nos processos, emergiu também, como fruto do comprometimento com os processos reflexivos, a responsabilidade por nossas palavras, ações e atitudes, como profissionais, um cuidado ético com as possíveis consequências de nossas ações, veiculado pela pergunta: Para que fim sua ação está servindo?

Ao social compreendido pela intersubjetividade e pela interconstituição, se juntou a metáfora da rede, também usada de forma frequente pelos institutos, dando lugar para o “sujeito complexo”, definido por Najmanovich (1998) como aquele que “advém como tal na trama relacional da sociedade” (p. 64), e ao consequente sentimento de responsabilidade advindo de nos perceber em rede. A atuação com a Rede Social, do indivíduo, da família e da comunidade com suas redes de serviços, ganhou lugar central nas descrições feitas pelos institutos, de forma a marcar tanto seu potencial terapêutico, como advoga Sluski (1997), como seu potencial instrumental na construção de estratégias e ferramentas.

A atuação com as Redes Sociais, ganhou especial importância nas ações em contextos de vulnerabilidade, nos quais, como afirma Sarti (2007), se podem distinguir famílias funcionando não como núcleo, mas como rede, fato que incrementa o potencial de ajuda, de ações “na e com” as redes, na resolução de impasses ou conflitos. Barretos (2010) aponta também como ponto positivo para essa ação em rede, o fato de, ao se “perceber o homem e seu sofrimento em rede relacional”, verem-se aumentadas as chances do grupo “acreditar em si mesmo e na sua competência” (p. 20). Até mesmo o economista Yunus (2010) percebeu, para o funcionamento do projeto de micro créditos, a importância da ajuda sistemática do que chamou de “pequena rede social”, classificada por ele como exercendo a função de uma “pressão social positiva” (p. 74).

Para Sen (2010), outro economista que se preocupa com as questões de desenvolvimento social, as ações que contemplam nossa “existência social” ou “nossa condição humana comum” (p. 359) favoreceriam mais do que o bom desempenho de um projeto, ou mesmo mais do que a almejada promoção da saúde, por vislumbrar o papel constitutivo deste tipo de ação. Ao atrelar desenvolvimento social com a “expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam” (p. 55), destaca o “exercício de escolha” necessário, deixando clara a importante associação de “liberdade individual como comprometimento social” (p. 354). Vê-se nesta construção de Amartya Sen uma grande contribuição para um trabalho que almeje

ajudar simultaneamente o desenvolvimento social, o empoderamento e responsabilização individual.

As práticas e reflexões dos institutos aqui analisados contribuíram com uma concepção do social que constrói, a meu ver, a responsabilidade de todos perante o coletivo – o desenvolvimento social, assim como perante o desenvolvimento pessoal. Uma concepção que permite a inclusão que empodera e responsabiliza, favorecendo a atuação do psicólogo em ações de ressonâncias sociais e políticas, de uma forma que se configurou como mais colaborativa, não mais puramente assistencialista, ou apenas interpelativa. Uma forma que construiu práticas constitutivas do sujeito, do sujeito colaborativo, envolvido, implicado, não o que espera passivamente por ajuda ou apenas protesta ou denuncia.

Ao se tratar da constituição do sujeito em ações desenvolvidas fora do contexto da clínica psicológica exercida em consultórios, talvez se esteja dando voz para a clínica adjetivada como “ampliada” pelos participantes. O movimento dos institutos neste sentido apresentou uma ampliação que não se referia apenas à inclusão de mais gente no processo terapêutico, ou o uso de diferentes espaços ou contextos, ou ainda o compromisso com questões sociais. De forma coerente com a visão sistêmica, novo-paradigmática, a ampliação por eles vivida, considerando a inter-relação entre todos os fenômenos, construiu práticas em que as ações, descrições, comunicações, foram consideradas como sendo de caráter social, sem perder de vista o individual.

Vê-se aqui presente a clínica definida por Campos (2001) como ampliada, por ser a que trata do sujeito, incluindo, além da doença, pois “a doença nunca ocupa todo o lugar do sujeito” (p. 102), “os riscos sociais e a subjetividade”. Destaca-se aqui o fato de a autora considerar como sendo “também” objeto da ação clínica “os desejos construídos socialmente”. Há uma abertura para o construído socialmente, embora não da forma como concebida pela abordagem Construcionista Social, segundo a qual todos os desejos, significados, conhecimentos, seriam construídos socialmente, dando lugar para a intersubjetividade nesta construção. Penso ser justamente o conceito de intersubjetividade que contribuiu para a “passagem”, apontada por Féres-Carneiro e Lo Bianco (2003) do sujeito “compreendido só na realidade intrapsíquica” para o sujeito “que é sujeito em sociedade” (p. 108).

A pergunta que me mobiliza perante este movimento é: O que ganha a clínica quando abre para o social, quando se amplia? Ou, melhor seria dizer: O que ganha

a clínica psicológica quando concebe o individual como interconstituído no social? Uma primeira resposta seria relativa às críticas que vinham sendo feitas à Psicologia, tanto pelos participantes desta pesquisa ao falar de suas motivações iniciais, quanto por autores incluídos em seu embasamento teórico, quanto às limitações ou restrições de uma Psicologia vista como alienada das questões sociais e presa ao modelo médico de clínica, com foco nos sintomas e doenças, compreendidos apenas a partir da realidade intrapsíquica. Um dos ganhos com essa abertura seria, portanto a possibilidade de romper com as limitações de um modelo que restringia a abrangência das questões sociais.

Um segundo ganho relaciona-se às declarações sobre o caráter clínico das práticas como associado à intenção de se levar a “escuta clínica” para diferentes contextos de atuação, inclusive os de formação interdisciplinar. Foi justamente para “alargar o campo da Psicologia clínica para além da dimensão intrapsíquica” que Macedo (2004) propôs uma conceituação própria de clínica para a Psicologia, usada como norteadora desta pesquisa, vista como uma postura, uma atitude diante do objeto de estudo, que poderia ser levada a diferentes contextos de intervenção.

A escuta, para os três institutos aqui analisados, foi oferecida nas práticas descritas, como estando a serviço do diálogo reflexivo, com a intenção de favorecer a legitimação e efetiva inclusão das descrições e significados construídos pelos participantes, em um contexto colaborativo no qual a postura do terapeuta ficou definida tal como a definem Anderson; Goolishian (1993, p. 12), como a de “juntar-se ao cliente numa exploração mútua de sua experiência e compreensão”. Uma estratégia de ação que pode ser observada em ações dos profissionais envolvidos, nas diferentes condições delineadas por seus propósitos, quais sejam, as de terapeuta, formador, agente comunitário ou articulador em redes, marcando papéis ou lugares diferentes, mas a mesma postura.

A postura reflexiva, almejada tanto para terapeutas como para clientes, nesta concepção de ação clínica ou terapêutica, foi apresentada como favorecedora de práticas que ajudam a romper com a criticada alienação da Psicologia com relação às questões sociais, gerando comprometimentos e posicionamentos perante questões ligadas à justiça, à desigualdade e ao desenvolvimento social. Depara-se aqui com a força potencial destas práticas para serem avaliadas como ações transformadoras.

Ficou, portanto, evidente o potencial do social como aqui concebido e vivenciado, para alimentar ações, práticas, intervenções ou simplesmente encontros, cujo “modo de estar juntos” pode construir uma clínica que carrega em si a ação transformadora, a qual, por ser fruto da construção de uma nova postura – a reflexiva –, possui também um potencial multiplicador.

A maior aproximação das práticas desses institutos levou-me a distinguir aqui um importante e significativo movimento na direção da Clínica Psicológica contemporânea, que vejo como transformada, ampliada e mais efetiva em suas intenções de colaboração com a sociedade. Uma clínica que pode ser compreendida como uma resposta perante as demandas da Pós-Modernidade, ao fazer uso de “artifícios sociais para um exame reflexivo da vida” (PAKMAN, 2003, p. 21).

Uma possível resposta também para os autores que revelaram preocupações com as práticas desenvolvidas com a população pobre, assim como Yamamoto (2010, p. 109), quando ao tratar dos limites da Psicologia para avançar nestas práticas, apontou a necessidade de “produção de conhecimentos” que embasassem essas práticas. Uma boa resposta vem do conhecimento construído a partir do Pensamento Sistêmico, para além do reducionismo positivista, de acordo com o novo paradigma aqui descrito, assim como da abertura para os conhecimentos de outras disciplinas. Um conhecimento que, como se viu nos institutos aqui apresentados, permitiu ir além da “mera adaptação de técnicas e teorias” como temia Yamamoto (2010, p. 105), vivendo uma abertura que criou espaços ocupados por profissionais que passaram a se formar para o “estar com” de forma reflexiva e colaborativa, evitando o possível esvaziamento de sentido desses novos espaços, conforme temia Campos (2001, p. 106), ao ser conduzido por pessoas sem formação.

A prática dos institutos analisados, a partir destes recortes, deixou claro, desde a apresentação de seus propósitos e objetivos, até a revelação de suas estratégias e ferramentas, que seu caminho se deu com o auxílio do trabalho com “o sentido, o significado e a singularidade”, dos indivíduos em seus contextos de pertencimento, diferentemente do risco ainda apontado por Campos (2001) no sentido de que as ações na saúde pública, se transformassem em “espaços de produções”, em detrimento do sentido.

Perante as reflexões construídas no caminho aqui percorrido, é possível afirmar que a clínica não precisa ser esvaziada ou “negada” (CAMPOS, 2001, p.

132) quando se amplia para ações institucionais ou comunitárias. E sim, renovada, vivendo as ressonâncias da ampliação de seu campo de atuação. Assim, desde o posicionamento de Macedo (2004), a respeito da necessidade de uma clínica própria para a Psicologia, a qual deveria ser vista como uma postura ou atitude, que se leva a diferentes contextos, vivem-se os benefícios e os desafios desta necessária abertura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Calçada prá favela, avenida prá carro, Céu prá avião, e pro morro descaso. Cientista social, Casas Bahia e tragédia. Gostam de favelado mais que Nutella. Quanto mais ópio você vai querer?

(Música: Sucrilhos. Autor: Criolo)

As reflexões desenvolvidas ao longo deste trabalho levam-me inicialmente a considerar que o apego a uma clínica psicológica tradicional, tal como foi construída nas primeiras décadas de existência da Psicologia no Brasil, pode, em tempos atuais, dificultar, ou até mesmo impedindo a construção de uma clínica possível e eficaz quando suas ações se voltam para a comunidade, por meio de suas instituições públicas ou privadas, principalmente para contextos de vulnerabilidade. Visto que os institutos aqui analisados demonstraram, ao abrir para novas formas de conceber a prática e para novos contextos, a partir das contribuições do Pensamento Sistêmico, ser possível contribuir efetivamente com o desenvolvimento social, com o consequente empoderamento pessoal, de forte potencial terapêutico.

Assim, contribuíram, a meu ver, para um avanço, dando passos significativos na direção de uma maior abrangência e extensão do campo de atuação da Psicologia Clínica. Embora os participantes em alguns momentos colocassem em questão a adequação de se continuar qualificando como clínica ou até como Psicologia suas ações, avalia-se que vivemos em nossos tempos atuais uma importante mudança na Psicologia, mas não sua descaracterização. Esclareço que não insisto em avaliar o tipo de atividades aqui apresentadas como parte ou próprias da Psicologia Clínica, por uma vaidosa posição de defesa de território ou de fronteiras disciplinares. E sim para que se possibilite a almejada ampliação de nosso campo de atuação, assim como o trânsito e o diálogo com outras disciplinas, por acreditar ser este um movimento que pode ampliar nosso poder de ajuda ao ser humano, em todos os seus níveis de relações.

Vê-se aqui a construção de um novo lugar para as práticas psicológicas, que além de potencializar sua vocação transdisciplinar, possui a capacidade de nos conectar a princípio, e depois nos entrelaçar, para definitivamente nos implicar com

as questões sociais e com as Política Públicas, como consequência de um novo posicionamento que se constrói com profissionais e clientes, agora todos como cidadãos. Um movimento que, ao levar sua postura ou escuta clínica para diferentes contextos, com propósitos reflexivos e colaborativos, favoreceu a emergência de um

social que não mais acompanha nossas ações apenas para dar ênfase ao trabalho

com as questões próprias da vida em situação de vulnerabilidade, e sim para dar ênfase à responsabilidade compartilhada quando os fenômenos são concebidos como construções sociais na relação.

Avalia-se que é o social compreendido como em interconstituição com o individual, dando lugar para a dimensão da intersubjetividade e para a pluralidade do

self, que favoreceu um grande passo na direção da emergência do sujeito

colaborativo, não mais o da passividade e submissão e nem o da luta sem implicação pessoal ou coletiva. Uma concepção do social que transformou a clínica psicológica que ganhou em amplitude, abrangência e eficácia, não mais se enquadrando na forma de uma Clínica Social que assim se designava apenas para