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Tema 4 Deformação do espaço-tempo: a inércia segundo a Teoria da Relatividade Geral Inserção: semana

6.1 Análise dos livros didáticos do PNLD

A estratégia de pesquisa utilizada para a análise dos livros didáticos que compõem o PNLD 2015 foi a pesquisa documental. Segundo Martins e Theóphilo (2007, p. 55), essa estratégia guarda semelhanças com a pesquisa bibliográfica. Contudo, sua principal diferença está na utilização de fontes primárias, assim considerados os materiais compilados pelo próprio autor, que ainda não foram objeto de análises.

Desta forma, tal estratégia foi utilizada na seleção e identificação do material, buscando neles conteúdos que pudessem evidenciar a abordagem dos temas de FMC nos livros didáticos, o que também foi possível pela utilização da técnica Análise de Conteúdo.

De acordo com Martins e Theóphilo (2007, p. 95), a análise de conteúdo presta-se tanto para fins exploratórios, quanto para fins de verificação, confirmando ou não, proposições e evidências. Sendo assim, tornou-se possível atender ao objetivo específico seguinte: avaliar como os conteúdos de FMC são abordados nos livros didáticos do Ensino Médio, especificamente, no caso, conteúdos referentes à Teoria da Relatividade.

Os livros didáticos analisados constam no Guia de Livros Didáticos PNLD 2015 ensino médio – Física (BRASIL, 2014). Das 14 coleções constantes no guia, obteve-se acesso às 11 coleções indicadas no Quadro 3 a seguir, que foram então analisadas.

Quadro 3 – Coleções de livros didáticos do PNLD 2015 analisados

Autores9 Título Edição

Alysson Ramos Artuso

Marlon Wrublewski Física Positivo, 1ª ed. Curitiba, 2013

Maurício Pietrocola Alexander Pogibin Renata de Andrade Talita Raquel Romero

Física: Conceitos e Contextos: Pessoal, Social, Histórico

FTD, 1ª ed. São Paulo, 2013 Guimarães Piqueira Carron Física Ática, 1ª ed. São Paulo, 2014 Benigno Barreto

Cláudio Xavier Física Aula por Aula FTD, 2ª ed. São Paulo, 2013 Antônio Máximo

Beatriz Alvarenga Física: Contexto & Aplicações

Scipione, 1ª ed. São Paulo, 2011 Bonjorno, Clinton, Eduardo

Prado, Casemiro Física

FTD, 2ª ed. São Paulo, 2013 Aurélio Gonçalves Filho

Carlos Toscano Física: Interação e Tecnologia

Leya, 1ª ed. São Paulo, 2013

Newton, Helou, Gualter Física Saraiva, 2ª ed. São Paulo, 2013

Edições SM (organizadora) Ângelo Stefanovits (editor responsável)

Ser Protagonista: Física Edições SM, 2ª ed. São Paulo, 2012

Glória Martini Walter Spinelli Hugo Carneiro Reis Blaidi San‟anna

Conexões com a Física Moderna, 2ª ed. São Paulo, 2013

Carlos Magno A. Torres Nicolau Gilberto Ferraro

Paulo Antonio de Toledo Soares Paulo Cesar Martins Penteado

Física: Ciência e Tecnologia Moderna, 3ª ed. São Paulo, 2013

Fonte: autoria própria

9 Respeitou-se o formato de nomes indicado nas capas dos livros, que representam melhor como os autores e as

Longe de efetuar uma análise detalhada e criteriosa das obras, procedeu-se com uma abordagem mais focada em dois aspectos: (1) avaliação de estratégias empregadas para abordar temas de FMC no ensino médio; (2) busca por potenciais insumos para a elaboração do produto educacional proposto neste trabalho, tais como textos e propostas de atividades. Nesse sentido, devido às características do professor aplicador do produto e dos alunos da rede pública de ensino do Distrito Federal, onde a aplicação ocorreu, mostrou-se mais útil ao presente trabalho a abordagem mais histórica e conceitual demonstrada por algumas obras, como as de Pietrocola et al (2013), de Máximo e Alvarenga (LUZ e ÁLVARES, 2012) e de Artuso e Wrublewski (2013). Embora não conste na lista do PNLD, outra obra consultada que apresenta uma abordagem eminentemente conceitual da Física é a de Hewitt (2002). A influência dessas obras no produto educacional será esclarecida na descrição da metodologia de elaboração do mesmo, logo a seguir.

Convém ressaltar que, nas obras analisadas, há carência de insumos ao professor interessado em abordar a Teoria da Relatividade ainda no 1º ano do ensino médio. Nesse aspecto, destaca-se a obra de Antonino Máximo e Beatriz Alvarenga (LUZ e ÁLVARES, 2012), que propõe duas excelentes inserções. A primeira ocorre após a discussão do tema “velocidade relativa” (clássica). O texto apresenta uma breve discussão sobre os limites de validade da Mecânica Clássica e apresenta a expressão relativística para o cálculo da velocidade relativa. Sem muitas pretensões matemáticas, essa expressão é usada em cálculos sobre alguns exemplos para aprofundar a compreensão sobre os limites da Mecânica Clássica. A segunda inserção ocorre dentro do tema “energia”. Apresenta-se uma discussão eminentemente conceitual da relação massa-energia, levando muito em conta as o trabalho de Osterman e Ricci (2004).

Em ambos os casos, as inserções dos temas relativísticos na obra de Máximo e Alvarenga (LUZ e ÁLVARES, 2012) se dão ao longo do texto principal do livro, dentro das discussões sobre “velocidade relativa” e “energia”. Não é o que se observa na maioria das outras obras analisadas que, em geral, quando fazem alguma inserção fora do 3º volume, a espremem em quadros anexos, separados dos textos. Portanto, nessas obras, há uma clara diferenciação de importância entre os conteúdos “clássicos” e “relativísticos”, onde os primeiros são importantes e obrigatórios, e os últimos opcionais.

Apesar dessa qualidade no texto de Máximo e Alvarenga (LUZ e ÁLVARES, 2012) frente a muitos dos outros autores, a obra ainda peca na desproporção entre exercícios sobre os temas clássicos (mais presentes) e relativísticos (em menor quantidade). Essa ausência suscita uma interpretação, à luz da Teoria da Transposição Didática. Por estarem a mais tempo no currículo e na prática dos professores, já se exercitou mais a criatividade didática dos temas clássicos. Portanto, há grande diversidade de exercícios disponíveis ao professor e aos autores de livros. Essa diversidade de exercícios e atividades acaba conferindo também maior terapêutica para esses temas: cada professor encontra uma gama de opções de atividades e exercícios, ao seu gosto. O contrário ocorre com os temas relativísticos. Embora o tema, por si só, possua criatividade didática, ela ainda não foi tão exercida. Não há tantos exercícios ou atividades disponíveis. A consequência vem no prejuízo à terapêutica. Essa análise só reforça a necessidade do presente trabalho.