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Capítulo 4 Atividades Desenvolvidas no Estágio

4.1. Análise do Exercício do Primeiro Trimestre de 2017 da CCAM do Fundão e

4.1.1. Análise da Margem Financeira

A partir da Demonstração de Resultados do primeiro trimestre de 2017 da CCAM do Fundão e Sabugal, constante do anexo I, verifica-se que a margem financeira, diferença entre os juros cobrados pelos créditos concedidos (juros/proveitos das operações ativas) e os juros pagos aos depositantes pelos montantes que estes confiam aos bancos (juros/custos das operações passivas), desce 8,32% face à média trimestral de 2016. Entretanto, a partir do Balanço do primeiro trimestre de 2017, o crédito a clientes regista uma subida de 2,59% face à média trimestral de 2016 do mesmo agregado, peça contabilística também presente no anexo I. A priori estes dois valores sinalizam uma contradição, rapidamente dissipada pelo facto de as taxas de juro estarem em níveis muito baixos e estar-se face a um rácio de transformação (relação entre os depósitos e os empréstimos) abaixo da média. Para ajudar à compreensão e à justificação desta ocorrência segue-se um estudo das rubricas, Crédito e Recursos de Clientes, a partir do Balanço.

4.1.1.1. Evolução do Crédito a Clientes

Através do estudo do Balanço, especificamente da rubrica de “crédito a clientes” integrada na categoria do ativo, observa-se que no 1º trimestre de 2017 há uma inversão na tendência de crescimento da mesma face ao que acontece em 2016. Na verdade, regista-se um crescimento de 2,59% contrariando as variações negativas registadas entre 2016 e 2015 e entre 2015 e 2014, respetivamente -1,64% e -5,34%, de acordo com tabela 2. A explicação pode residir no esforço de melhorar as condições de acesso ao crédito, com taxas de juro mais competitivas e com condições mais adequadas de financiamento, em que o nível de risco é considerado bom, apesar da fraca procura, do excesso de oferta

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impulsionada pela política monetária desenvolvida pelos bancos centrais e do nível cada vez mais elevado de exigências de controlo.

Juntamente com o crédito concedido, há a existência de crédito vencido, indicador importantíssimo, pois quanto menor este for, melhor será para a instituição. Observando a tabela 3, o valor do 1º trimestre de 2017 comparado com de dezembro de 2016, tem-se €5.054.088 (valor bruto) contra €4.799.906, mais cerca de 5,3%, e o montante de provisões / imparidades acumuladas para crédito vencido e de cobrança duvidosa era de €4.179.272, ficando assim com uma taxa de cobertura de 82,5% da totalidade de crédito vencido.

dez/16 4 799 906,00 € 3 921 698,00 €

mar/17 5 054 088,00 € 4 170 272,00 € 82,51% 5,30%

Crédito Vencido Provisões / Imparidades acumuladas p'ra crédito Tabela 2: Evolução do Crédito Concedido a Clientes, de 2015 a 31 de março de 2017

Tabela 3: Evolução do Crédito Vencido, de 31 de dezembro de 2016 a 31 de março de 2017

dez/15 71 761 981,12 € -5,34% dez/16 70 585 621,99 € -1,64% mar/17 72 415 263,84 € 2,59% Crédito Concedido Crescimento do Crédito Concedido

Relativamente o aumento do crédito vencido, observa-se um aspeto negativo, o que por sua vez faz com que os rácios de cobertura de crédito registem um pequeno aumento. Desagregando os valores de “provisões / imparidades acumuladas para crédito”, num total €4.170.272, como ilustrado na tabela 4, tem-se para crédito vencido, €2.404.812 e para cobrança €1.765.460.

Recorrendo a alguns rácios que auxiliam no estudo do crédito, observamos que no final deste trimestre o crédito a clientes vencido há mais de noventa dias ascendia os €5.054.088, o que correspondia a 6,6% da carteira de crédito bruta. Por outro lado, quando falamos em crédito a clientes em risco, isto é, vencido há mais de trinta dias, obtêm-se valores a rondar os €5.596.476, representando este 7,3% do crédito concebido a clientes (bruto). Importa, também, salientar que o montante existente no crédito a clientes superior a trinta dias é coberto em 74,5% por provisões/imparidades acumuladas e o valor de crédito a clientes em incumprimento (superior a noventa dias), é coberto por 82,5%. Quanto ao valor de “ativos não correntes detidos para venda”, rubrica do ativo constante do Balanço do primeiro trimestre de 2017, presente no anexo I, aumentou cerca de 5%, passando o valor deste de €1.372.458,38 para €1.441.154,19, sendo a mesma a designação de móveis e imóveis recebidos por recuperação de crédito. Uma entidade deverá registar um ativo não corrente ou um grupo para alienação como detido para venda, se a sua quantia escriturada for recuperada através de uma venda e não através do

mar/17 2016 2015

Crédito a Clientes 71 287 537 69 670 738 70 835 428

Juros a receber 208 025 214 886 280 473 Outras receitas com rendimento diferido -104 678 -240 073 -171 864

103 347 -25 188 108 609

Crédito Vencido

Capital Vencido 5 192 559 4 839 708 6 462 297

Juros Vencidos 2 093 22 062 60 421

5 194 652 4 861 770 6 522 718

Valor antes de provisões 76 585 535 74 507 320 77 466 755

Provisões

Para crédito vencido -2 404 812 -2 895 668 -4 807 472 Para crédito de cobrança duvidosa -1 765 460 -1 026 030 -897 301

-4 170 272 -3 921 698 -5 704 773

Valor líquido 72 415 264 70 585 622 71 761 981

Montantes expressos em euros.

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uso continuado. Ou seja, o elemento ativo deve estar imediatamente disponível para venda e a mesma ser altamente exequível.

4.1.1.2. Evolução dos Recursos de Clientes

Abordando agora a evolução dos recursos captados de clientes durante o 1º trimestre de 2017 face aos valores de anos transatos, a partir do Balanço constante do anexo I, integrados na categoria do passivo, verifica-se que os mesmos tiveram uma diminuição de cerca de 3% contra um aumento na ordem dos 6% no ano de 2016, tabela 5. Observa- se que o decrescimento foi mais acentuado na sub-rubrica de “depósitos à ordem”, com cerca de 6% abaixo do valor obtido anteriormente. Em relação aos Depósitos de Poupança e a Prazo, foi mais modesto, isto é, houve um decréscimo de cerca de 2% em relação a 2016. mar/17 2016 2015 Depósitos À ordem 62 104 153 65 804 570 57 963 079 A prazo 45 732 990 49 623 691 51 687 616 De poupança 63 527 947 61 730 522 57 544 808

Cheques visados a clientes 204 652 126 527 2 088

Outros 4 700 750 2 840

171 574 444 177 286 060 167 200 431

Juros a pagar 84 808 97 491 268 783

171 659 251 177 383 551 167 469 214 Montantes expressos em euros.

No gráfico 1 pode observar-se a tendência de evolução dos depósitos acima descrita.

Os valores médios trimestrais de 2016 face aos valores de 2015 registam uma ténue subida, contrariada com a quebra registada no 1º trimestre de 2017.

A rubrica “juros a pagar” (taxas de juro dos recursos de clientes), sendo outro facto que importa observar, tem revelado uma tendência a diminuir ao longo do tempo. Esta tendência de baixa progressiva de juros a pagar não são, apenas, reflexo do movimento dos depósitos revelado acima, mas estão correlacionadas com a descida generalizada das taxas de juro da zona Euro, onde vigoram taxas historicamente baixas.

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