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Análise microscópica:

No documento Síndrome vestibular em canídeos (páginas 123-130)

Contagem diferencial de leucócitos: Em amostras de LCR normal, há predomínio de células mononucleares. Linfócitos pequenos, bem diferenciados, constituem geralmente 60 a 70% da contagem celular diferencial; monócitos grandes constituem cerca de 30 a 40%;

neutrófilos ou eosinófilos são observados raramente, e deverão representar menos de 2% do total de leucócitos.

Podem também ser observadas, ocasionalmente, células do epêndimo, células dos plexos coróides, ou células do revestimento das meninges (Terlizzi & Platt, 2009).

Pleocitose linfocítica: Com uma pleocitose linfocítica (figura B.1), a concentração de proteínas do LCR está, tipicamente, aumentada e a contagem de leucócitos é superior a 5 leucócitos/µL, sendo mais de 50% linfócitos.

Esta pleocitose pode ser observada em diferentes processos patológicos, mas é mais frequentemente associada a meningite viral. Em cães, esta inclui meningite provocada pelo vírus da raiva e pelo vírus da esgana. Em cães de raça Pug, Maltês, Yorkshire Terriers e de outras raças toy, uma pleocitose linfocítica moderada a marcada (mais de 80% linfócitos) é consistente com a meningoencefalite necrosante. O linfoma do SNC pode também provocar pleocitose linfocítica. Os linfócitos podem ser atípicos (linfoblastos) (figura B.1) ou bem diferenciados. Apesar de tipicamente associadas com uma pleocitose de células mistas, animais com toxoplasmose, neosporose, ou erliquiose, podem também apresentar uma pleocitose linfocítica (Terlizzi & Platt, 2009; Wamsley & Alleman, 2004).

Pleocitose de células mistas: Com uma pleocitose de células mistas, a concentração de proteínas do LCR está, tipicamente, aumentada e a contagem de leucócitos é superior a 5 leucócitos/µL. A população de células nucleadas é uma mistura de linfócitos e monócitos/ macrófagos, com um número variável de neutrófilos.

A doença que mais frequentemente provoca pleocitose de células mistas é a meningoencefalite granulomatosa canina (figura B.2).

Outras doenças que podem causar pleocitose de células mistas incluem: criptococose, blastomicose e aspergilose, erliquiose, toxoplasmose, e neosporose.

Figura B.1 - Pleocitose Linfocítica (adaptado de Terlizzi & Platt, 2009).

Líquido céfalo-raquidiano de um Retriever do Labrador com linfoma. Podem ser observados vários linfoblastos imaturos de grandes dimensões, com citoplasma basófilo e com vacúolos.

A maioria das condições acima referidas resulta numa pleocitose moderada a grave (50 a 500 leucócitos/µL). Uma pleocitose de células mistas ligeira (<50 leucócitos/µL) pode ser provocada por necrose ou inflamação secundária a várias doenças, como doença do disco intervertebral, hemorragia, mielomalácia, isquémia ou enfarte (Terlizzi & Platt, 2009; Wamsley & Alleman, 2004).

Pleocitose neutrofílica: Com uma pleocitose neutrofílica (figura B.3) a concentração de proteínas do LCR está, tipicamente, aumentada e a contagem de leucócitos é superior a 5 leucócitos/µL, com predominância de neutrófilos.

Em cães, a meningite-arterite responsiva a esteróides está geralmente associada a pleocitose neutrofílica. Nesta doença, a contagem leucocitária é usualmente superior a 50 leucócitos/µL, os neutrófilos são não-degenerados ou hiper-segmentados, e as culturas bacterianas são negativas. Cerca de 98% dos cães com meningite bacteriana apresentam pleocitose neutrofílica (Terlizzi & Platt, 2009). Contudo, em pacientes com meningite bacteriana ou fúngica submetidos a antibioterapia durante mais de uma semana, os monócitos/macrófagos podem ser o tipo celular predominante. Para além disso, os meningiomas estão, também, frequentemente associados a uma pleocitose neutrofílica.

Figura B.2 - Pleocitose de células mistas (adaptado de Terlizzi & Platt, 2009).

Líquido céfalo-raquidiano de um cão com meningoencefalite granulomatosa. Pode ser observada uma mistura de neutrófilos (seta longa), monócitos/macrófagos (ponta de seta) e linfócitos (seta curta).

Pleocitose eosinofílica: Com uma pleocitose eosinofílica (figura B.4), a concentração de proteínas do LCR está tipicamente aumentada e a contagem de leucócitos é superior a 5 leucócitos/µL, com predominância de eosinófilos.

Foi descrita em cães uma meningoencefalite responsiva a esteróides associada a uma pleocitose eosinofílica. Esta doença é mais prevalente em cães da raça Golden Retriever e Rottweiler. É uma doença rara, associada a uma pleocitose grave com mais de 80% de eosinófilos. A pleocitose eosinofílica foi também reportada em migrações parasitárias aberrantes e, muito raramente, em infecções pelo vírus da raiva e vírus da esgana (Terlizzi & Platt, 2009; Wamsley & Alleman, 2004).

Figura B.3 - Pleocitose Neutrofílica (adaptado de Wamsley & Alleman, 2004).

Líquido céfalo-raquidiano de um cão com meningite responsiva a esteróides. Os neutrófilos não-degenerados são o tipo celular predominante. Um menor número de macrófagos pode ser também observado.

Coloração de Wright-Giemsa; ampliação de 250x.

Figura B.4 - Pleocitose Eosinofílica (adaptado de Wamsley & Alleman, 2004).

Líquido céfalo-raquidiano de um Golden Retriever com meningoencefalite responsiva a esteróides. Podem ser observados vários eosinófilos. Coloração de Wright-Giemsa; ampliação de 250x.

Anexo C - Etiologias infecciosas de meningoencefalite em cães.

Viral Fúngica

Esgana Criptococose

Raiva Blastomicose

Pseudoraiva Histoplasmose Herpesvírus canino Coccidioidomicose Parainfluenza canina Aspergilose

Parvovírus canino Feohifomicose Hepatite infecciosa canina Hialohifomicose Encefalite transmitida por carraça da Europa

central Parasitária

Vírus da Doença de Borna Cuterebra

Protozoária Dirofilaria immitis

Toxoplasmose Toxocara canis

Neosporose Ancylostoma caninum

Encefalitozoonose Angiostrongylus cantonensis

Amebíase Causada por Algas

Organismos do tipo sarcocistos Prototecose

Tripanossomíase Idiopática

Babesiose Menigoencefalomielite Granulomatosa

Parasitoses transmitidas por Ixodídeos Menigoencefalomielite Necrosante Erliquiose Polioencefalomielite

Febre das Montanhas Rochosas Meningoencefalomielite piogranulomatosa

Bacteriana Meningoencefalite eosinofílica Aeróbios Encefalite periventricular Anaeróbios

Leptospirose

Tabela C.1 - Exemplos de causas infecciosas e organismo responsáveis por meningoencefalite clínica, em cães (adaptado de Muñana, 2004).

Anexo D - Escala de Glasgow Modificada

Tabela D.1 - Escala de Glasgow modificada (adaptado de Platt & Olby, 2004).

Actividade motora Classificação

Marcha normal; reflexos espinhais normais. 6 Hemiparésia; tetraparésia ou rigidez descerebrada. 5 Decúbito; rigidez extensora intermitente. 4 Decúbito; rigidez extensora constante. 3 Decúbito; rigidez extensora constante, com opistótono. 2 Decúbito; hipotonia muscular; Reflexos espinhais diminuídos ou ausentes 1

Reflexos do tronco cerebral

Reflexo pupilar à luz normal; reflexos oculo-cefálicos normais. 6 Reflexo pupilar à luz diminuído; reflexos oculo-cefálicos normais a

diminuídos. 5

Miose bilateral, não responsiva; reflexos oculo-cefálicos normais a

diminuídos. 4

Miose extrema; reflexos oculo-cefálicos diminuídos a ausentes. 3 Midríase unilateral, não responsiva; reflexos oculo-cefálicos diminuídos a

ausentes. 2

Midríase bilateral, não responsiva; reflexos oculo-cefálicos diminuídos a

ausentes. 1

Nível de consciência

Períodos ocasionais de alerta; responsivo a estímulos. 6 Depressão ou delírio; capaz de responder a estímulos, mas resposta

pode ser inadequada. 5

Semi-comatoso; responsivo a estímulos visuais. 4 Semi-comatoso; responsivo a estímulos auditivos. 3 Semi-comatoso; apenas responsivo a estímulos dolorosos repetidos. 2 Comatoso; não-responsivo a estímulos dolorosos repetidos. 1

No documento Síndrome vestibular em canídeos (páginas 123-130)