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5.1.4 Ressonância Magnética

No documento Síndrome vestibular em canídeos (páginas 44-48)

Devido à limitada disponibilidade e alto custo, a Ressonância Magnética é realizada com menor frequência do que a radiologia e a TAC no diagnóstico de doenças do ouvido. No entanto, as imagens obtidos por RM variam de acordo com a concentração tecidular de Hidrogénio, optimizando o detalhe dos tecidos moles e tornando a RM substancialmente mais sensível do que a TAC no estudo imagiológico de estruturas de tecido mole. A Ressonância Magnética providencia uma boa resolução entre ar, fluido, osso e tecido mole. O tecido fibroso pode ser diferenciado de tecido hipervascular ou edematoso, possibilitando

Figura 12 - Imagem de TAC de um cão com otite média / interna crónica esquerda. É visível esclerose óssea e radiodensidade de tecidos moles no

a diferenciação entre processos agudos e crónicos. A RM permite a identificação de alterações nos tecidos moles em fases precoces da doença, que poderiam não ser detectadas em radiografias ou TAC (Dvir, Kirberger & Terblanche, 2000).

A TAC apresenta, no entanto, maior definição do córtex do tecido ósseo do que a RM, sendo, por isso, benéfica no esclarecimento de lesões ósseas destrutivas (Sturges et al., 2006).

Na maioria dos pacientes, as alterações no ouvido interno (como otite interna) não produzem sinais radiográficos aparentes, apesar de evidências de otite média poderem suportar um diagnóstico de otite interna em cães com sinais vestibulares periféricos. A melhor definição de tecido mole da Ressonância Magnética permite uma melhor identificação de condições neoplásicas e inflamatórias, que resultam em doença vestibular (Bischoff & Kneller, 2004).

À semelhança da TAC, o paciente é colocado em decúbito esternal, com a cabeça em extensão e os membros anteriores puxados caudalmente. As capacidades de imagem multiplanar da RM permitem uma maior flexibilidade na obtenção de imagens no plano óptimo. Um estudo típico de RM consiste na obtenção de imagens transversais de T1, T2 e densidade de protões, realizadas antes da administração de meio de contraste. Imagens adicionais de áreas de interesse podem ser realizadas nos planos sagital e dorsal, após administração do agente de contraste (Bishoff & Kneller, 2004).

As estruturas do ouvido interno são extremamente pequenas e requerem imagens com espessura de corte muito fina, de modo a permitir a visualização de qualquer detalhe. A maioria dos protocolos padrão de RM para examinar o cérebro usa secções de 3,5 a 5 mm de espessura, nas quais as estruturas do ouvido interno podem não ser observáveis totalmente. Assim, as imagens de RM do ouvido interno deverão ser obtidas usando um procedimento de aquisição volumétrico com espessura de corte inferior a 2 mm. A aquisição volumétrica representa uma alternativa à obtenção de secções finas. Ao contrário de obter imagens individuais com 2 mm de espessura de corte, a totalidade do volume é examinada, e a informação resultante é reconstruída com número específico de imagens e espessura (Bischoff & Kneller, 2004; Garosi et al., 2001).

Imagens de T1 transversais, sagitais e dorsais podem ser realizadas após a administração IV de agente de contraste à base de gadolínio (e.g., gadolínio DTPA). O gadolínio DTPA é administrado por via endovenosa, na dose de 0,1 mmol/Kg de peso corporal (Bischoff & Kneller, 2004).

Os sinais compatíveis com otite média na RM incluem material de intensidade de sinal médio na bolha timpânica, em imagens de T1. Este material é hiperintenso em imagens de T2. Um outro sinal compatível com otite média é um aumento de sinal da margem interna da bolha timpânica em imagens de T1, após a administração do agente de contraste. As alterações ósseas da bolha timpânica são, como referido, mais difíceis de detectar na RM, especialmente quando as alterações são ligeiras ou moderadas (Bischoff & Kneller, 2004; Garosi et al., 2001).

Os sinais sugestivos de otite interna, na Ressonância Magnética, incluem ausência de intensidade de sinal do fluido intra-labiríntico em imagens de T2, que pode representar substituição do fluido por material fibroso. Um aumento de sinal das meninges, em imagens de T1 após administração de gadolínio, foi também descrito como secundário a otite interna (Bischoff & Kneller, 2004; Garosi et al., 2001).

Os sinais na RM compatíveis com neoplasias que envolvem o ouvido médio, incluem lise da bolha timpânica e da porção petrosa do osso temporal, com invasão local das estruturas adjacentes (Bischoff & Kneller, 2004).

De salientar que um paciente com doença vestibular central pode, inicialmente, apresentar- se com sinais vestibulares periféricos. Geralmente, isto é observado quando existem massas extra-axiais que comprimem o nervo craniano VIII no seu local de saída do tronco cerebral. Por esta razão, é recomendado que um paciente com aparente síndrome vestibular periférica seja submetido a testes diagnósticos para avaliação dos componentes centrais do sistema vestibular, se não houver melhoria sintomatológica significativa após 2 a 4 semanas de terapêutica (Garosi et al., 2001; Kaldrymidou et al., 2001; Muñana, 2004). A abordagem diagnóstica a um paciente com síndrome vestibular periférica está representada na figura 13.

5.2 - Doença Vestibular Central

O plano de diagnóstico de um paciente que se apresente com sintomatologia compatível com doença vestibular central, deve incluir testes de imagiologia avançada, como a Tomografia Axial Computadorizada e/ou a Ressonância Magnética, de forma a identificar quaisquer alterações estruturais. A recolha e posterior análise de líquido céfalo-raquidiano pode também ser útil. Contudo, se for identificada qualquer alteração nos exames imagiológicos sugestiva de aumento da pressão intracraniana, tal como efeito de massa, o LCR não deverá ser colhido devido ao risco de hérnia cerebral fatal (Muñana, 2004).

Figura 13 - Algoritmo do plano de diagnóstico a realizar a um paciente com síndrome vestibular periférica (adaptado de Lorenz & Kornegay, 2004a; Munãna, 2004).

História de administração de drogas ototóxicas?

Sim Não Descontinuar administração Ototoxicidade Sem melhoria após 48-72h Melhoria Avaliação otoscópica. Estudo radiográfico. Anormal Normal Miringotomia. Citologia / Cultura Bactérias; Supurativo; Inflamação Sem bactérias. +/- Inflamação

Otite Média / Interna Imagiologia Avançada

Neoplasia Pólipo Trauma

Perfil de função da tiróide

Anormal Normal

Hipotiroidismo Provavelmente Idiopática, se início

agudo.

Sem melhoria após 2-4 semanas: Imagiologia

avançada para descartar doença ótica

subjacente.

No documento Síndrome vestibular em canídeos (páginas 44-48)