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3. Dimensionamento do mercado de trabalho em ABS

3.2. Análise ocupacional da composição do mercado de trabalho da ABS

Do ponto de vista ocupacional, como mostram a Tabela 3 e a Figura 3, de dezembro de 2010 e março de 2014, todas as ocupações principais sofreram incremento no número de trabalhadores em estabelecimentos de saúde, em estabelecimentos de ABS e nas equipes de ESF. Exceção aos AEN que sofreram queda em todas as dimensões – ao longo da série, as atividades de assistência direta à saúde deixaram de empregar quase 30 mil profissionais (de 313.253 para 284.845; queda de 9,1%). Estes foram substituídos por técnicos, os quais, além disso, expandiram sua oferta em quase 90 mil pessoas, passando de 197.422 para 315.610 indivíduos, com incremento de 59,9%.

Analisando todas as ocupações e cenários, o maior crescimento foi de TEN na ESF, 74,1%, destacando o peso da política de saúde da família para a reconfiguração do mercado de trabalho de pessoal de enfermagem de nível médio. Outras profissões com forte aumento dos estoques foram os Médicos e Enfermeiros, os quais receberam algo em torno de 50 mil profissionais a mais, cada. Os primeiros apresentaram incremento na ESF muito próximo ao observado no total de estabelecimentos, 20,7% contra 17,3%. Por outro lado, o número de Enfermeiros avançou muito mais no total (40%) do que na ESF (17,9%). Por fim, os ACS e os ocupados em profissões da Saúde Bucal apresentaram acréscimos pequenos, em termos absolutos, relativamente aos demais grupos profissionais. Os TSB, especificamente, apesar de registrarem os menores números de pessoas, variaram, na ESF, de 36,9% para 44,1%, em relação ao total.

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Ressalta-se, ainda em relação à Tabela 3, que todas as oito profissões mantiveram ou diminuíram sua participação na ABS, relativamente ao conjunto do núcleo do Macrossetor Saúde representado pela totalidade do CNES, a despeito dos cenários de aumentos absolutos no número de pessoal, como destacado acima. A mesma situação de redução da participação em relação ao total foi verificada para a ESF, com exceção dos TSB, que passaram de 36,9% para 44,1%, e dos ACS, de 76,7% para 80,9%. Por outro lado, a participação da ESF, em relação à ABS, aumentou em todas as ocupações, mesmo entre os AEN, que reduziram os estoques absolutos de profissionais ao longo da série. Em março de 2014, as profissões com maior representatividade eram os ACS (81,6%), ASB (72,4%) e TSB (63,8%), as quais são demandadas predominantemente na ESF.

Tabela 3 – BRASIL, dez-10 e mar-14: Nº de trabalhadores em estabelecimentos de saúde, em estabelecimentos da ABS e na ESF, segundo ocupações principais e período.

Período Profissão N de trabalhadores %

ABS/Total

% ESF/Total

% ESF/ABS

Total ABS ESF

DEZ-2010 Médicos 276.802 77.317 33.289 27,9 12,0 43,1 Enfermeiros 128.813 53.281 32.435 41,4 25,2 60,9 Cirurgiões-dentistas 98.989 40.145 21.403 40,6 21,6 53,3 Técnicos de enfermagem 197.422 40.824 15.454 20,7 7,8 37,9 Auxiliares de enfermagem 313.253 88.910 28.284 28,4 9,0 31,8

Técnicos em saúde bucal 5.139 3.567 1.895 69,4 36,9 53,1

Auxiliares de saúde bucal 38.085 29.935 21.495 78,6 56,4 71,8

Agentes Comunitários de Saúde 269.531 267.283 206.837 99,2 76,7 77,4

MAR-2014 Médicos 324.723 81.861 40.186 25,2 12,4 49,1 Enfermeiros 180.290 61.340 38.241 34,0 21,2 62,3 Cirurgiões-dentistas 115.641 42.369 25.006 36,6 21,6 59,0 Técnicos de enfermagem 315.610 60.168 26.899 19,1 8,5 44,7 Auxiliares de enfermagem 284.845 73.456 25.642 25,8 9,0 34,9

Técnicos em saúde bucal 6.602 4.563 2.909 69,1 44,1 63,8

Auxiliares de saúde bucal 42.937 33.246 24.059 77,4 56,0 72,4

Agentes Comunitários de Saúde 284.080 281.586 229.784 99,1 80,9 81,6

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Figura 3 – BRASIL, dez-2010 e mar-14: Incremento bruto no número de profissionais em estabelecimentos de saúde, em estabelecimentos de ABS e na ESF, por profissão.

Fonte: EPSM a partir do CNES/MS.

As Figuras de 4 a 10 ilustram a composição do número de profissionais ocupados em estabelecimentos de saúde segundo sua situação em relação à ABS. Comparativamente, os grupos profissionais com as menores proporções de trabalhadores exclusivos da ABS (com um único ou todos os vínculos em estabelecimentos do tipo) são os Médicos e os TEN. Este comportamento foi observado ao longo de toda a série estudada. Note que os trabalhadores das oito profissões diminuíram sua participação relativa nesta situação, exceto Médicos, que ampliaram de 22 para 34 mil trabalhadores, o que representava de 8,0% a 10,1% da força de trabalho médica registrada no CNES. Os Enfermeiros e Cirurgiões-dentistas foram os que mais diminuíram a exclusividade com a ABS, ainda que tenham registrado incremento no número de indivíduos, de 43 para 50 mil e de 28 para 30 mil, respectivamente. As categorias com as maiores proporções de exclusividade são os ASB, com algo em torno de 74% e 32 mil pessoas, e os TSB, com 64% e 4 mil profissionais.

MED ENF CD TEN AEN TSB ASB ACS

Total 17,3 40,0 16,8 59,9 -9,1 28,5 12,7 5,4 ABS 5,9 15,1 5,5 47,4 -17,4 27,9 11,1 5,4 ESF 20,7 17,9 16,8 74,1 -9,3 53,5 11,9 11,1 -40,0 -20,0 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 Inc re m e nt o br ut o (% )

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Os estoques de ocupados na ABS, mas com vínculos em estabelecimentos de outro tipo, decaíram, proporcionalmente, entre Médicos, Enfermeiros, Cirurgiões-dentistas e TEN. Para as demais profissões se mantiveram praticamente os mesmos. Em termos absolutos, tal queda ocorreu apenas no estoque de Médicos, de 55 para 52 mil pessoas, e no de AEN, de 15 para 14 mil. Apesar desses movimentos, a categoria médica permaneceu com as maiores proporções de ocupação concomitante na ABS e fora dela (variação entre 20% e 15,6%). Os Cirurgiões-dentistas também mantiveram valores significativos nesta opção, em torno de 11%. Por fim, a proporção de pessoas não ocupadas na ABS, isto é, sem qualquer vínculo em estabelecimentos do tipo, cresceu para todas as categorias, sobretudo Enfermeiros, que passaram de 58,2% para 65,9%, ou de 75 para 122 mil trabalhadores. Também aumentaram de forma significativa os Cirurgiões-dentistas, de 59 para 74 mil pessoas (59,4% a 63,4%).

Figura 4 – BRASIL, dez-2010 a mar-14: Composição do número de Médicos (em milhares) em estabelecimentos de saúde segundo situação em relação à ABS e ESF.

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Figura 5 – BRASIL, dez-2010 a mar-14: Composição do número de Enfermeiros (em milhares) em estabelecimentos de saúde segundo situação em relação à ABS e ESF.

Fonte: EPSM a partir do CNES/MS.

Figura 6 – BRASIL, dez-2010 a mar-14: Composição do número de Cirurgiões-dentistas (em milhares) em estabelecimentos de saúde segundo situação em relação à ABS e ESF.

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Figura 7 – BRASIL, dez-2010 a mar-14: Composição do número de Técnicos de Enfermagem (em milhares) em estabelecimentos de saúde segundo situação em relação à ABS e ESF.

Fonte: EPSM a partir do CNES/MS.

Figura 8 – BRASIL, dez-2010 a mar-14: Composição do número de Auxiliares de Enfermagem (em milhares) em estabelecimentos de saúde segundo situação em relação à ABS e ESF.

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Figura 9 – BRASIL, dez-2010 a mar-14: Composição do número de Técnicos de Saúde Bucal (em milhares) em estabelecimentos de saúde segundo situação em relação à ABS e ESF.

Fonte: EPSM a partir do CNES/MS.

Figura 10 – BRASIL, dez-2010 a mar-14: Composição do número de Auxiliares de Saúde Bucal (em milhares) em estabelecimentos de saúde segundo situação em relação à ABS e ESF.

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