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4. ESTUDO DE CASO: A CAMPANHA ELEITORAL BAIANA DE 2010 NAS

4.4. A atuação dos candidatos no YouTube

4.4.1. Análise quantitativa dos perfis principais no Youtube

É preciso compreender o volume total de publicações feitas pelos candidatos em seus canais no YouTube, mas haverá destaque especial à publicação de conteúdos feitos para a web ou, ao menos, adaptados para a rede.

No que se refere ao volume de vídeos postados na rede, os candidatos foram bastante ativos, apesar de haver uma grande desigualdade entre eles. Enquanto o democrata Paulo Souto publicou 82 vídeos em seu canal durante o período campanha, o petista Jaques Wagner publicou 134 vídeos, número quase duas vezes superior ao atingido por Geddel Vieira Lima, que publicou 69 vídeos em seu canal no YouTube.

Para todos os candidatos, setembro foi o mês com maior volume de atualizações, mas encontra-se em Geddel a maior concentração, em que 65% dos vídeos postados pelo candidato durante as eleições foram publicados no mês de setembro. Relaciona-se com isto, o fato de o dia da votação em 2010 ter sido 03 de outubro, o que configura setembro como, de fato, o último mês de campanha. Vale destacar que apenas Geddel usou vídeos de maneira tímida durante o primeiro mês de campanha. Apenas 5% de seus vídeos foram postados em julho de 2010, enquanto esta proporção foi de 15% no caso de Jaques Wagner e de 30% no caso de Paulo Souto, como mostra o GRÁFICO 15.

0 10 20 30 40 50 60 70

Julho Agosto Setembro Outubro

Jaques Wagner Paulo Souto Geddel Vieira Lima

GRÁFICO 15 – Evolução do volume de vídeos postados por candidato.

Fonte: O Autor.

Deve-se ter em mente, também, que o HGPE ocorreu entre 17 de agosto e 30 de setembro, de modo que o horário eleitoral atravessou todo o mês de setembro. Isso pode explicar a concentração de vídeos neste mês. Isso porque como houve produção audiovisual para a TV, ele pode ter alimentado o canal no YouTube.

Para averiguar isso, é preciso verificar a proporção de vídeos postados na web, através do YouTube, e que foram produzidos ou adaptados para serem publicados no YouTube. Nesta classificação entram os vídeos feitos originalmente para veiculação online, mas também os trechos que foram editados para que pudessem ir para a internet, mesmo que fizessem parte de um material outro que foi veiculado na TV. Assim, fica de fora desta classificação os comerciais de 15 ou 30 segundos, bem como os programas eleitorais.

Neste quesito, a atuação de Jaques Wagner difere da dos seus concorrentes ao se fazer uma análise relativa, ou seja, quando se considera os volume de vídeos para a web na produção total publicada na rede. Isso porque cerca de 40% dos vídeos postados pelo petista durante o pleito eleitora foram feitos para a web ou adaptados para a sua publicação. Para fins de esclarecimento, foram tratados como tal os vídeos que não integraram o HGPE ou, ainda, que apesar de terem sido exibidos na TV, receberam alterações antes de sua publicação na internet. No caso de seus concorrentes, esta proporção foi de 62%, tanto para o democrata quanto para o pmdebista.

Entretanto, numa análise absoluta, os números de todos os candidatos são muito parecidos, como mostra a TABELA 4.

TABELA 4 - Volume de Vídeos postados por candidato.

Volume de Vídeos Jaques Wagner Paulo Souto Geddel Vieira Lima

Total Publicado 134 82 69

Vídeos para a Web 53 51 43

Fonte: O Autor.

A TABELA 4 mostra que apesar de ter sido o candidato com menor proporção de vídeos para a web, Wagner foi aquele que mais fez vídeos para a internet. Estes dados aparentemente contraditórios mostram, na verdade, que o que impulsionou a publicação de vídeos do petista no YouTube foi sua produção para a TV. A quantidade de peças produzidas para a TV e publicadas na rede é que explica o volume de vídeos de Wagner ser bem maior que de seus adversários. No que tange a produção audiovisual para a web, os números entre os concorrentes são muito parecidos.

Como notado acima, setembro foi o mês mais ativo entre todos os candidatos. Isso pode ter ocorrido por conta da proximidade das eleições e por causa das atividades do HGPE, que provoca o aumento na produção audiovisual. Essa possibilidade pode ser provada se grande parte dos vídeos postados em setembro tenha sido originalmente feitos para a TV.

Isso é verificado claramente no caso de Paulo Souto, que produziu para a rede apenas 33% do que publicou no YouTube. Esta taxa é quase metade da média global da campanha, que para o democrata foi de 62%. No caso de Wagner, 28% dos vídeos postados no YouTube em setembro foi produzido para a rede, ou seja, de cada três vídeos publicados no YouTube em setembro, apenas um foi feito para a web. Entretanto, esta taxa é mais próxima da média geral da campanha, o que aponta para uma sazonalidade compreensível.

Geddel Vieira Lima tem um comportamento diferenciado. 68% dos vídeos publicados em setembro foram feitos ou adaptados para irem ao YouTube. Apesar

de ser uma média próxima à média global (62% para este candidato), mostra uma estratégia que difere de seus concorrentes, que privilegiaram em setembro a produção publicação na rede de conteúdos feitos para a TV. O GRÁFICO 16 apresenta os dados obtidos.

0% 20% 40% 60% 80% 100% Jul Set Jaques Wagner Paulo Souto Geddel Vieira Lima

GRÁFICO 16 - Taxa de vídeos para a web por candidato.

Fonte: O Autor.

De maneira geral, no que pode ser obtido por uma análise quantitativa, a atuação dos candidatos no YouTube foi satisfatória. A publicação de vídeos foi intensa, havendo destaque num mês específico, mas sem que se revelasse uma grande concentração. Além disso, o volume absoluto de vídeos produzidos para a web foi relevante, mesmo no caso de Wagner, que apresentou menor proporção, isso não se deu por conta de uma menor produção para a web. Ao contrário, este foi o candidato que mais fez vídeos para a rede. O que explica sua proporção menor que a de seus concorrentes, é o seu alto volume de vídeos publicados, volume este alcançado por conta da postagem de material feito para a TV.