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6.2 ANÁLISE

6.2.2 Análise Mesa-redonda

O segundo objeto de estudo, que segundo Souza (2004) corresponde à categoria informativa, ao gênero esportivo e ao formato de debate conforme foi apresentado nos capítulos 3 e 4, foi transmitida enquanto acontecia a Copa do Mundo de 2018, através do canal SporTV da TV segmentada.

A mesa-redonda possui o objetivo de apresentar, a partir de um tema pré- determinado, um debate entre os participantes do programa. Por isso, com base na primeira categoria estabelecida por Parker, verificou-se que a fala apresenta-se em primeira pessoa, não foi lida nem decorada, a fim de destacar opiniões e ideias dos apresentadores com o objetivo de gerar “discussões” entre a mesa. Esse formato é apresentado com frequência em programas esportivos, justamente para apresentar essa troca de opiniões.

O discurso utilizado por esse formato consiste em uma linguagem informal e, com isso, o programa deve acontecer baseado nas explanações, nos comentários, críticas e opiniões dos apresentadores.

Diferentemente do objeto abordado anteriormente, a mesa-redonda fez o uso implícito de adjetivos para apresentar Neymar, como pode-se perceber nos trechos da decupagem em que Pet diz: “é normal, a gente quer que ele chegue”, referindo-se ao posicionamento que ele quer que Neymar chegue ao patamar de Cristiano Ronaldo e Messi, deixando implícito que Neymar tem condições para isso. Outro momento em que os adjetivos aparecem implícitos pode ser notado quando André diz que “ele pode chegar”, deixando subentendido que Neymar é bom o suficiente para que isso aconteça; ou ainda quando os debatedores falam: “o próximo cara do alto nível”, “ele está no “bolo” dos grandes”, “é um jogador de muitas qualidades”, “jogador de vasto repertório”... estes momentos mostram que os adjetivos ou expressões referem-se ao jogador.

Este programa especificamente buscou apontar o terceiro melhor jogador do mundo. Para isso, foram apresentadas considerações sobre Neymar, a fim de defini- lo ou indicar outro nome para essa posição. Para que esse “julgamento” fosse concluído, não era responsabilidade dos integrantes da mesa discutir seus adjetivos, até mesmo porque foram apenas apontados diferentes posicionamentos, deixando para que o telespectador criasse seu “julgamento final” a partir do debate.

Pode-se inferir que esse formato possui um grande poder discursivo, pois o diálogo realizado entre os debatedores se assemelha a uma conversa que geralmente acontece entre amigos, como as conversas de bar. Isso contribui de tal forma que torna o programa “uma extensão” deste bate-papo. Por exemplo, quando Marcelo concorda com Pet e questiona: “Concordo, pra Salah já não foi né?” Neste momento, o telespectador pode se inserir nessa conversa e concordar ou discordar, tornando-o cada vez mais próximo do programa.

Analisando a segunda categoria, a qual trata dos sujeitos, apresentam-se os debatedores e seus posicionamentos diante do programa: Petkovic, ex-meio campista Iugoslavo, atuou em clubes como Real Madrid, Flamengo, Vitória, Vasco e ainda foi técnico do Criciúma antes de se aposentar e iniciar carreira como comentarista da TV Globo. Ele considera que Neymar é muito mais ajudado pela Seleção Brasileira do que Messi pela Seleção Argentina ou Cristiano Ronaldo pela Seleção Portuguesa. Ele acredita também quer se Neymar quer ser comparado a estes jogadores, deve render mais em campo. A Copa seria um momento ideal para o jogador mostrar o futebol que pode o colocar seu nome entre os três grandes. Dessa forma, implicitamente, Pet, não considera Neymar o terceiro melhor do mundo, apesar de concordar com as ideias de seus colegas. Por exemplo, quando mencionam as qualidades de Neymar, Ricardinho comenta: ”Eu acho que ele é um jogador decisivo, ele tem muitas qualidades, ele já provou isso em várias oportunidades: no Barcelona, na Seleção, enfim, agora, no Paris Saint-Germain onde ele está”, enquanto Pet confirma com a cabeça, fazendo sinal positivo.

André Rizek, jornalista que sempre trabalhou com esportes, apresenta durante o programa uma certa dúvida, achando uma crueldade comparar Neymar com Cristiano Ronaldo e Messi, segundo ele, Neymar “pode” chegar a ser comparado, mas no momento não deve. Dessa forma, esta é a posição mais próxima que Neymar, como um herói brasileiro, pode chegar em relação aos heróis consagrados (Cristiano Ronaldo e Messi), de acordo com o comentarista.

Ele ainda afirma que o jogador está no “bolo” dos “grandes”, mas o posto de terceiro ainda não está preenchido e concorda com Pet, quando o ex-jogador afirma que a Copa pode ajudar Neymar, da mesma forma que a Champions League ajudou a promover Salah. Assim como Petkovic, André não destaca Neymar como o terceiro

melhor do mundo, apesar de também concordar com Ricardinho através de afirmações com a cabeça quando seu colega de mesa elege Neymar como o terceiro.

Já Marcelo Barreto é jornalista de formação e desde o início de sua carreira atuou diante do jornalismo esportivo. Desde 2003 passou a fazer parte do quadro de funcionários do canal SporTV. O profissional se mantém em dúvida em relação aos demais, dizendo que a colocação de Neymar entre os três primeiros vai acontecer com o tempo, que Neymar pode ter um lugar quando Cristiano Ronaldo e Messi perderem um pouco de qualidade, aí sim, Neymar pode ser “o cara” do alto nível. O jornalista destaca que o terceiro lugar é o único em disputa no momento e que deve ser ocupado.

Alex Escobar, jornalista, apresentador de TV e comentarista da TV Globo desde 2008, se expressa dizendo que Neymar tem um projeto para se inserir no patamar de Cristiano Ronaldo e Messi.

Já Ricardo Luís Pozzi Rodrigues ou Ricardinho, como é conhecido, que se destacou no Corinthians, passou por clubes como Santos e São Paulo e foi campeão mundial com a Seleção Brasileira em 2002, foi o único entre os integrantes da mesa a se posicionar de maneira clara. Ele diz que para eleger o terceiro melhor deve-se analisar o que os jogadores já produziram e o que podem produzir, se referindo ao futebol apresentado em campo, além de ter equilíbrio nas decisões, por isso elege Neymar como terceiro da lista.

Pode-se notar, com base na terceira categoria, que analisa as entrelinhas do material, que, em alguns momentos, Petkovic tenta realizar ações comparativas entre Neymar, Cristiano Ronaldo e Messi, de modo que os coloca em um mesmo nível, mas ainda assim, não o destaca como o terceiro melhor do mundo.

Pode-se considerar ainda que a comparação com outros jogadores de um “nível” semelhante ao de Neymar, por exemplo, Mbappé, De Bruyne e Salah, contribuiu para que se estabelecesse uma relação de equilíbrio e de confronto entre os atletas, afinal para que se eleja o terceiro melhor, devem existir os concorrentes. Assim, se pode realizar um comparativo entre os que estão na disputa. Na mesa- redonda, o jogador foi representado como o terceiro melhor jogador do mundo, após diversos pontos de vista serem expostos.