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4. Análise: Como se dá o Processo de Individuação Dentro do Presídio?

4.2 Análise do relato de um interno

“Relato não é retorno ao passado, é reconciliação” (Paulo Endo20)

D. está no presídio há 2 anos e 2 meses, segundo ele, e foi apresentado como freqüentador dos cultos da Associação PMs de Cristo. Houve diferença na relação estabelecida nas duas entrevistas feitas: na primeira houve a apresentação e poucas perguntas, sendo um contato rápido e mais pontual, na segunda já houve maior profundidade e tempo para o processo de entrevista.

Foi possível identificar muitos símbolos em sua fala, seu movimento em relação a religião e algumas mudanças em seu relacionamento com a família e consigo mesmo, levando em conta a concepção de homem de Jung. Para ele, o homem é um “ser que expressa uma individualidade ímpar e coletiva, cuja síntese envolve elementos comuns a toda humanidade e cada ato individual é visto como modificador de todo o conjunto de relações sociais”. (MORAES, 2006)

A aproximação de D. com a religião e sua transformação em um homem religioso, aconteceu a partir da entrada do mesmo no presídio; quando passou a valorizar sua relação com a família e buscar um lugar onde conseguisse diminuir sua angústia “Então essa aproximação foi numa hora que eu me senti desesperado e sem me pegar a alguém. Esse alguém eu achei que deveria ser alguém que eu sempre acreditei, que era Deus”.

Desde então, freqüenta os cultos das Igrejas Evangélicas e diz que se relaciona com Deus, quando se sente sozinho ou mal, lendo a Bíblia, buscando entender as passagens da mesma e conhecer o Testamento. Relata também a convivência com o demônio, que sente da mesma forma como sente Deus e Jesus. “Esse demônio rodeia o homem também, 24 horas por dia para que ele cometa o mal, cometa o mal, para que ele tenha pensamentos iníquos sob seus semelhantes, seja ruim. (...) Se você passa do limite você não se conduz, ai

20 Frase dita durante uma apresentação em mesa redonda , cujo nome era “Contexto de Vulnerabilidade”,

apresentada na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 03/10/2008 no 16o Encontro de Serviços-

você é conduzido, conduzido pelo quem? Pelo demônio e pelo vício, ai você não sabe o que faz”. Pode-se dizer que o demônio, Demonismo como Jung denomina, é, provavelmente, característica de um complexo.

Demonismo (demoniomania) caracteriza um estado peculiar da mente em que certos conteúdos psíquicos, os chamados complexos, assumem em lugar do eu, ao menos temporariamente, o controle de toda a personalidade, de modo a suspender a vontade livre do eu. Nestes estados a consciência do eu às vezes está presente, outras vezes ausente. O demonismo é um fenômeno psíquico primitivo e, por isso manifesta-se muitas vezes sob condições primitivas. Encontramos uma boa descrição do demonismo no Novo Testamento (Lucas 4,33; Marcos 1,23; 5,2, etc.). Nem sempre o fenômeno do demonismo é espontâneo; pode ser provocado deliberadamente como transe, por exemplo: no xamanismo, espiritismo, etc. (JUNG, 1998: 22621)

Além de relacionar essa relação entre Deus - demônio à relação ego – sombra, onde o demônio é uma imagem adequada para simbolizar a instância psíquica depositária dos aspectos relegados pela consciência, é possível constatar que, uma vez apartados do ego, tais aspectos são percebidos como uma força autônoma e maligna. “Uma vez que Deus é justo, nosso sofrimento, nossas dificuldades e transtornos devem ser punições por erros cometidos. Por sua vez, o sucesso e ascensão social devem ser vistos como sinais de graça, de recompensa pela bondade” (WHITIMONT, 1991: 114)

“Onde há fanatismo, intolerância, preconceito há unilateralidade, com a conseqüente projeção da parte excluída sobre os ‘outros’”. (MORAES, 2006: 19) No caso estudado, observa-se que Deus aparece como alguém que dá força, acalento, um pai, alguém que tem que ser obedecido; é algo sobrenatural que tem poder e o demônio como a figura projetada, a parte ruim. Por esses dados é possível dizer que os religiosos, como D., projetam algo deles no divino, atuando como se não fossem deles as forças usadas. Assim, a força maior vem de fora e não do íntimo. “Na hora da necessidade temos que orar a Deus e pedir que ele nos dê a mão, estenda sua mão para nós pegarmos e quando você ta pego na mão de Deus nada lhe acontecerá, porque Ele te sustentará. Que Ele é a mistura, a mistura que segura qualquer situação em qualquer momento então é isso que me fez eu pegar a Bíblia, a religião e orar a Jesus e conhecer o Testamento”.

21 In parágrafo 1473. Escrito em Julho de 1945 para o Schweizer Lexikon, Encylios Verlag, I. (Zurique, 1949)

Em seu discurso D. fala muito que recorre à Deus em seus momentos de tristeza, onde busca força ou ensinamento, como, também, através do Testamento, fala sobre a estória de Jó, para exemplificar que o homem nunca deve deixar de acreditar. “Jó era rico tudo ai o diabo falou ele tá cheio de riqueza por isso que ele te ama, tira tudo dele pra ver se ele ama. Então tá aí, tá ai na escritura sagrada, ai Deus tirou tudo, mas não toque nele, não deixe que Jó morra, vê se ele vai me negar. E Jó nunca negou pra Deus, sofreu tudo o que sofreu, isso tá nas parábolas do evangelho. Então tem que ser persistente, ser persistente, ter calma, serenidade e acreditar, ter credibilidade e saber também que o tempo passa”. Usa a simbologia da história de Jó para demonstrar a necessidade de ter fé e acreditar em Deus, nessa força maior que dá energia e, através da história que conta, mostra sua força que está projetada em Deus, no externo. É possível observar, então, que está acontecendo a vivência religiosa, que “permeia o processo de individuação uma vez que nos remete à experiências que facilitam a ampliação da consciência através do contato entre os aspectos individuais e coletivos, oriundos da psique”. (ZENI, 2005:23)

Em relação aos familiares D. conta que seu relacionamento melhorou, sente mais proximidade e diz que o valor à família só é dado quando se está distante dela, sendo possível perceber sua importância. “Quando você se sente aqui, ai você não vê a hora da sua família apontar no portão, você vê, vê aquele amor. Aquele amor de família que dá amor ao homem quando ele se encontra numa situação dessa de isolamento”. Provavelmente diz isso para demonstrar o valor que dá ao externo, a “fonte de amor” para, então, poder buscar esse sentimento em si mesmo.

Para falar melhor sobre essa situação usa um exemplo, e através do mesmo é possível perceber que este é usado como metáfora para falar dele mesmo, de suas questões. Através desses símbolos é possível identificar a presença do complexo paterno22 negativo, pois não foi vivenciado positivamente por ele. Seu pai, apesar de impor regras, não executou muito esse papel. Em sua fala, a mãe aparece fazendo um pouco das duas funções. Além das constatações relatadas, é possível identificar traços coletivos (anteriores aos que

estão sendo colocados hoje), onde o homem é o provedor da família e não executa muitas atividades em casa. “Faça de conta, eu vejo meu pai todo dia, então todo dia estou vendo meu pai. Minha mulher vê o marido todo dia, então você por ter aquela regalia de estar todo dia com a família, você abusa. Então você não cumpre os horários, bebe, é.. dá respostas más para mulher, talvez ela nem mereça, com os filhos também você dá respostas agressivas que talvez não mereciam. Então você se acha um vilão dentro da família, ai quando você é separado da família ai é que você sente o que é uma família, porquê gente estranha não vem, não vem ninguém vê você aqui na prisão, nem vem bebe com você (...) Então só quem dá valor na gente é quem nos ama de verdade, é única pessoa que ama, ama mesmo da família é a mãe do interno, a esposa do interno se ela te amar mesmo ela não te abandona, seus filhos e seu pai, sua família, só a família”.

Sobre seus pais diz que quando foi recolhido já os tinha perdido. Seu pai faleceu antes da prisão e sua mãe quando já estava preso, mas esta estava com Alzheimeir, em grau avançado, e por esse motivo não tomou conhecimento da situação. Relata que, quando criança, sua mãe era presente nas questões escolares, preocupava-se bastante com ele, e tinham (mãe e filho) uma relação afetuosa. Já com seu pai a relação era mais distante, não fala muito sobre a figura paterna e demonstra um certo distanciamento.

“O homem se ele não tiver um controle rígido sobre si ele se extrapola. Se extrapola, ele fala olha to bebendo uma cerveja vou pra seis, de seis vai pra doze, ta correndo a oitenta quer correr a cento e sessenta. Então ele tem que ter sempre uma lei em cima dele, se não ele se perde entendeu?! Assim mesmo é um filho da gente, se você não souber educá-lo, ele não vai te respeitar, então vai ser, vai virar um animalzinho ai. Então você tem que saber conversar, educar. E o homem tem que estar sempre sob domínio (fala forte e alto essa palavra) de alguém. Alguém superior a ele e tem que ter superior, até o presidente de república tem que ter superior”.

A partir do exposto é possível dizer que o arquétipo do pai está presente nessas relações, em alguns momentos de forma positiva e em outros de forma negativa, e que Deus, e agora o presídio, é que ditam regras, colocam limites e mostram o que é bom e o

que é mau. Nesse caso, o presídio tem função paterna e Deus passa a existir de forma única, imagem construída por D., correspondente ao modelo oferecido pela religião em que acredita. Ou seja, “entendemos que a experiência religiosa – através do seu simbolismo – possibilita uma maior apreensão do arquétipo que lhe dá energia. Sendo assim, o fator psíquico ao qual é dado um valor supremo atua psiquicamente como uma divindade à qual devemos obediência; a esse fator avassalador dá-se o nome de Deus” (ZENI, 2005: 24)

Outro aspecto em sua fala que evidencia a presença do arquétipo do pai é a escolha da profissão. D. escolheu ser policial porque serviu ao Exército quando tinha 18 anos. Conta que sente saudade dessa época, quando a corporação ainda era denominada Força Pública, como em sua cidade natal não havia possibilidade de seguir carreira, veio para São Paulo prestar a prova. Foi aprovado e estudou até se tornar Tenente. Em sua fala demonstra uma vontade de ter poder, lembrando que, quando detinha o cargo e a função de policial, sentia-se respeitado pelos outros. Exemplifica e cita que seus vizinhos de bairro chamavam- no de Tenente, mesmo depois de aposentado, quando seu prestígio era mantido.

Cada ato humano, nessa concepção [Junguiana], é a um só tempo individual, cultural e até mesmo cósmico. Um ato violento, por exemplo, expressa um possível desequilíbrio psíquico de quem o praticou, mas também denuncia uma certa forma de organização social favorecedora do ato; e ainda demonstra pela universalidade de sua ocorrência, que se trata da manifestação de um princípio universal (de destruição) do qual um determinado indivíduo foi porta-voz naquele momento. (MORAES, 2006: 17, grifo nosso)

Ao relatar o motivo que o levou à prisão, D. se refere ao ato de violência cometido por ele como um ato de legítima defesa, onde precisou tomar tal atitude para não morrer, e atribui o fato de estar no local da ocorrência como obra do destino. Ou seja, projeta no externo a causa do seu ato e, por causa desse “destino”, conclui que foi obrigado a suportar muitas mudanças em sua vida, mudanças essas não muito fáceis, pois passou da liberdade plena para uma vida de reclusão, o que, segundo ele: “o homem, quando ele sai da sua liberdade natural que ele vive, na companhia dos demais, então ele não sente nenhuma pressão”.

Essa pressão é colocada de forma ambígua por D., pois, ao mesmo tempo em que coloca as questões tais como: afastamento da família, falta de liberdade, perda de prestígio,

também diz que a prisão é local de transformação (“o homem que é tirado da liberdade e colocado no isolamento se transforma”) e de aprendizado, pois no momento em que você é colocado no presídio precisa aprender a se adaptar ao regime para não se prejudicar ainda mais. Diz que é preciso tomar cuidado com as amizades feitas dentro do presídio, para não se deixar levar, de forma a não receber a influência do demônio, pois: “ninguém daqui persegue ninguém, estão aqui só para orientar, te servir e te instruir para o amanhã, pra uma vida melhor. É, reformar a pessoa, reformar a pessoa para quando ele sair está em outra vida, numa vida melhor que, para ele não errar mais. Então isso, aqui que é o presídio Romão Gomes é pra ajudar, é pra ajudar os militares né?!”, mostrando um lado positivo do trabalho do presídio em questão, que, também, é relatado pelo Coronel, chefe da instituição, que ressalta a ressocialização, abordada como ato de reformar a pessoa. Apesar deste lado positivo visto por D. existe em sua fala e no funcionamento do presídio uma pressão, imposição de regras e comportamentos e não aceitação de desobediência e insubordinação. D. busca enxergar essa pressão, também, como positiva, a fim de poder lidar melhor com essas transformações em sua vida, mas, principalmente, porque acredita ser necessário existir alguém que determine regras – uma figura paterna. Além disso, é possível identificar que a religião nesse caso é a ponte que faz o indivíduo aceitar as regras dadas pelo presídio, pois deixa a impressão de que ser submisso é bom. Sendo assim, ouso dizer que dentro do presídio D. tem lidado melhor com seu complexo paterno, a figura do pai tem se mostrado positiva e necessária para que ele se re-organize.

No que diz respeito ao chamado processo de individuação de Jung, é possível dizer que este acontece de uma forma diferenciada dentro do presídio. No caso de D. são identificadas mudanças em seu comportamento e muitas atitudes projetadas em Deus. A relação com a religião foi muito importante para ele desde que adentrou no presídio e foi a partir da mesma que pôde se tranqüilizar e compreender algumas coisas, mesmo que para isso não tenha distinguido que, além da figura de Deus, existe uma força interna que o sustenta e ajuda em tudo isso, e que o demônio muitas vezes pode estar dentro dele, ser seu lado sombrio. “Em qualquer segundo, então você se torna assim, desprotegido. Quando você está desprotegido, você se sente bem humilde, bem humilhado, então... você entristece, você pensa em coisas que se você não estiver com Deus você faz. Pensa até em

suicídio, entra em desespero, ai você precisa tomar remédios. Remédios que pra fazer sua mente não estressar, remédio pra te auto-controlar”.

Além de ser o presídio um local onde algumas mudanças internas e externas precisam acontecer no sujeito, o fato de o mesmo se tornar, ou ser, religioso também tem forte influencia nesse processo. No caso do indivíduo religioso o contato com os conteúdos inconscientes aparece na relação com o sagrado, que só pode ocorrer satisfatoriamente quando não estiver focado somente no externo (mundo concreto). Segundo Zeni (2005), as religiões são vistas como formas de manifestações arquetípicas pela Psicologia Analítica, pois através de seus símbolos falam da própria psique, já que os significados dos mesmos podem ser diferentes de acordo com cada indivíduo; tendo a função de promover o processo de individuação através da manutenção da comunicação entre os mundos interno e externo em cada pessoa.

A atitude religiosa tem em si a relação entre interno-externo / ego-sombra, o demônio é responsável pelos aspectos negativos, como a sombra, e Deus pelos aspectos positivos. Por esse motivo, constata-se que as religiões proporcionam o desenvolvimento psíquico, ampliação da consciência como o processo de individuação, aumentando então, a confiança que cada um tem em si mesmo. (ZENI, 2005) As mudanças são possíveis de serem identificadas através dos símbolos na fala de D. e por ele mesmo, quando diz que está se transformando num novo homem. “E graças a Deus até hoje eu tô aqui esperando a minha vitória para ser transformado em outro homem, ser companheiro da minha mulher, ser bom amigo dos meus filhos, logo também eles vão se casar e terão um netinho pra alegrar o vovô”.

“Quando você está desprotegido, você se sente bem humilde, bem humilhado, então... você entristece, você pensa em coisas que se você não estiver com Deus você faz. (...) Então tem que saber de, de ser, se adaptar ao regime. Se adaptar ao regime para não, para não se auto-prejudicar por, através de pessoas que o trazem a palavra.” Através dessa fala de D. é possível identificar as peculiaridades do processo de individuação dentro do presídio. São muitos os momentos difíceis em que é preciso adaptar-se e reconhecer

comportamentos para conseguir conviver com a privação da liberdade, e mudanças que surgem com a mesma, além de identificar em si mesmo os sentimentos presentes. A religião ajuda, nesse momento, por ser um espaço que recebe o indivíduo, o faz pertencer a um grupo, compreender que outras pessoas estão passando por momentos parecidos, ao mesmo tempo que leva o indivíduo a “pensar”. Amplia sua consciência, pois segundo Zeni (2005), religião indica uma atitude do espírito humano, uma consideração minuciosa e uma observação cuidadosa de determinados fatores dinâmicos poderosos (deuses, demônios, espíritos), ou ainda, a vivência de uma experiência primordial que permite ao homem entrar em contato com o numinoso, que tem como conseqüência a modificação da consciência. (p 23)

A próxima etapa do processo de individuação seria o recolhimento da projeção que o indivíduo fez no externo para poder se apropriar da mesma e compreender suas mudanças, recolher suas questões. Nesse caso, D. “colocou” em Deus algumas questões, vontades e ações que eram próprias dele. Para o processo de individuação acontecer, é necessário que ele olhe para si e perceba que pode fazer aquilo que estava atribuído a Deus, pois através da projeção conseguiu conquistar muitas coisas. Assim sendo, pode-se dizer que o processo de individuação está acontecendo, o indivíduo está se tornando singular, pois terá ampliado sua consciência e o ego terá um maior número de possibilidades no mundo arquetípico e externo (cultural).

5. Considerações Finais

“Às vezes, ouve-se um tiro. Alguém rompeu o contrato. O que ocorreu? O crime nunca denuncia algo que acontece no tecido social e no indivíduo. O delito tem essa dupla face: é revelador da constituição do psiquismo e da instituição social”. (Teixeira, 199623) Através desse trabalho foi possível observar a hipótese comprovada no estudo feito pela autora em 2005, em relação ao apego à religião, sendo, também, possível uma reflexão sobre a ocorrência do processo de individuação em indivíduos religiosos, pois se sabe que quando a pessoa se encontra em um consultório para fazer acompanhamento psicoterápico, tal processo acontece de uma forma diferente do contexto apresentado.

Foi possível identificar que o sistema prisional elimina ou diminui as diferenças na medida em que todos usam a mesma roupa, crachá e, na maioria dos presídios, perdem sua identidade – seu nome, pois passam a ser um número. Nesse contexto, a religião busca o indivíduo, faz com este olhe para si, mesmo que seja através da projeção no divino. Ou seja, as duas instituições apesar de agirem de forma diferente sobre o indivíduo, de certo modo se completam, pois ao excluir o presídio apresenta uma forma de incluir e a religião se apresenta como uma saída, uma maneira de o indivíduo se redimir de sua culpa, encontrar respaldo para suas angústias e um grupo para pertencer, no qual acaba tendo um lugar e uma identidade, deixando de ser o interno para ser um filho de Deus.

Nesse aspecto, o Romão Gomes se diferencia, de certa forma, dos outros presídios. Pois, mesmo que os internos usem roupas iguais e tenham crachá, em alguns casos ainda existe uma identificação com o cargo que exerciam na corporação e por esse motivo são chamados por esse nome, como por exemplo “soldado”. O que muitas vezes pode causar

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