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As análises de sensibilidade mostraram a relevância de dois parâmetros de rigidez,

espessura e módulo, para cada camada de um pavimento flexível. Assim, essas análises

demonstraram que uma pequena variação na capacidade estrutural das camadas de

revestimento, base, sub-base ou subleito, pode ocasionar uma considerável variação nos

esforços atuantes.

A análise do comportamento estrutural do pavimento flexível com subleitos fracos

constatou que o módulo de resiliência do subleito (ESL) é o parâmetro de rigidez mais sensível

no comportamento de um pavimento flexível. Isso significa que a mudança do ESL reflete

diretamente nas respostas estruturais: deflexão na superfície (D0) e deformação de compressão

no topo do subleito (v. No entanto, a v depende do parâmetro HREF,e D0 depende de HREV

para sua redução. Portanto, a redução de sua rigidez, em termos de espessura, compromete a

proteção do subleito, afetando o desempenho e, consequentemente, a vida útil do pavimento.

Nesse contexto, primeiramente, foram apresentados os pavimentos considerados de

baixa resistência, tais como: subleitos fracos e dimensionados com espessuras mínimas nas

camadas para atender um tráfego projetado para 10 anos. E, verificou-se que os pavimentos

frágeis podem ser melhorados por meio da camada de reforço do subleito com espessura

adequada. Essa espessura deve ser definida em função do seu suporte (ESL), pois essas camadas

de reforço redistribuem as deflexões recuperáveis em todas as camadas constituídas do

pavimento.

Observou-se que se a camada de reforço do subleito atende a uma deflexão, medida

no topo, de 150 (x 10-2 mm) associada à v próxima a 2,00 (x 10-4). Pode-se afirmar que esse

pavimento apresenta durabilidade, em termos de deformação proveniente do subleito, pois o

valor se aproxima do limite estabelecido em pavimentos de longa duração (LLAP). Os manuais

e estudos internacionais como ALIANCE (2010) e SETRA/LCPC (2013) estabelecem limites

para v, de modo a obter um pavimento de longa duração. Com base nestes limites, realizou-se

uma análise das respostas estruturais de uma estrutura de pavimento flexível, apoiada em um

subleito fraco, a fim de se obter uma vida útil prolongada.

As análises apresentaram também as estruturas de pavimento que atendem o limite

estabelecido em pavimentos de longa duração (LLAP): são os pavimentos com subleitos fortes

e as estruturas com HREF entre 0,40 e 1,00 m associadas à HREV mínima, entre 0,13 e 0,20 m,

conforme o tipo do subleito. Por outro lado, a deformação de tração do revestimento asfáltico

(t) atuante nesse pavimento não alcança períodos superiores a 20 anos. Esse último fato pode

ser explicado pela divergência com a proposta do pavimento flexível de longa duração, uma

vez que este é resistente por ser constituído de espessas camadas asfálticas sobre uma sub-base

granular delgada.

Desta forma, a alteração da estrutura de referência para um pavimento com suporte

adequado de HREF de 0,80 m e um HREV de 0,20 m, significa que as camadas asfálticas exercerão

suas respectivas funções, de modo a atender a um período de projeto mais longo (30 anos),

necessitando apenas de recuperação das condições funcionais do pavimento ao longo dos anos.

Os módulos do Revestimento (EREV) e da base (EB) se mostraram sensíveis à

deformação de tração horizontal da camada asfáltica (t). Embora nesta pesquisa os esforços t

tenham apresentado pouca sensibilidade na redução da espessura das camadas granulares, os

estudos citados na revisão bibliográfica evidenciaram a importância de considerar o estado de

tensões em camadas granulares, principalmente quando estas são espessas.

As variações das espessuras das camadas de revestimento (HREV), base (HB) e sub-

base (HSB) se mostraram sensíveis a resposta estrutural v, evidenciando mais uma vez a

necessidade de se proteger o subleito para o pavimento estudado. Para as estruturas de

pavimento analisadas notou-se que não há ganhos estruturais significativos em se adotar

espessuras de reforço do subleito acima de 1,00m.

O reforço do subleito é uma solução de reforço estrutural, pois altera todo o estado

de tensões do pavimento flexível, amenizando principalmente as deformações verticais do

subleito. Os resultados deste estudo mostraram que pavimentos com baixa capacidade de

suporte e dimensionados com espessuras mínimas em todas as camadas são considerados

frágeis. Desta forma, para pavimentos com módulos de subleito inferiores a 80 MPa, deve-se

prever, no mínimo, um reforço do subleito de 0,60 m de espessura. No entanto, o reforço do

subleito para ESL inferiores a 30 MPa não é viável, pois seria necessária grande espessura para

o reforço. Para esta situação, deve-se seguir a sugestão internacional, a de tratamento com

aditivos para estabilização química que produza mistura estabilizada, como por exemplo a

incorporação de cal e/ou cimento com desempenho superior à das camadas com ESL

correspondente a 50 MPa.

Este estudo também desenvolve uma análise comparativa dos resultados obtidos

por meio das equações de fadiga da camada asfáltica mais utilizadas atualmente a fim de

demostrar como o uso de um modelo inadequado pode afetar o desempenho esperado para o

pavimento ao longo da sua vida útil, principalmente quanto à mudança do tipo de tráfego e às

propriedades dos materiais utilizados.

A maior parte dos modelos de fadiga nacionais e internacionais disponíveis são

antigos, tendo em vista a evolução dos materiais e das metodologias experimentais e teóricas.

Apesar disso, conhecer seus fatores condicionantes é importante para uma aplicação compatível

com os dados pré-estabelecidos no projeto, a fim de prever as mudanças que se espera em um

determinado pavimento flexível. Portanto, finalidade do empreendimento, tipo de via, tráfego

e questões ambientais devem determinar o modelo mais aceitável, de modo a obter um

pavimento com qualidades desejáveis e espessuras adequadas.

As novas espessuras do reforço do subleito, adequadas para atender um tráfego

projetado para 10 e 30 anos, assim como o LLAP foram comparadas às obtidas pelos dois

métodos de dimensionamento brasileiros. Nota-se que o método da resiliência se aproxima da

proposta obtida neste estudo, apesar de apresentar pouca espessura de reforço do subleito.

Portanto, conclui-se que as sugestões apresentadas nesse trabalho contribuem para um processo

de dimensionamento que torne a estrutura de pavimento mais resistente, durável e sustentável.

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES