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Mapa 3: Relevância de concentração econômica e social das Regiões do Paraná com destaque

4.3 ANÁLISE SOBRE A RELAÇÃO DA FALTA DE REGULARIDADE DO IMÓVEL

Em uma análise de contratação do PRONAF no Paraná no ano de 2017, conforme destacado no Figura 14, observa-se que os níveis mais baixos de contratos desta modalidade de financiamento, recaem sobre os territórios do programa PRÓ RURAL, regiões prioritárias para regularização fundiária, devido uma série de dificuldades para os agricultores, entre elas a falta de acesso a crédito, que pode fomentar a unidade geradora de renda para família.

Verifica-se que no Vale do Ribeira, próximo ao município de Colombo, aparece o município de Cerro Azul com um bom nível de contração do PRONAF, se colocando entre municípios do Estado com bom índice de acesso ao programa entre 700 a 900 contratos. Isso pode estar relacionado ao baixo número de posses por simples ocupação no município. Mas em comparação aos outros municípios da região coloca-se muita acima, pois não ultrapassam os 240 contratos, e ainda, com um evidente contraste com oeste e sudeste paranaense que tem em média 1500 contratos do PRONAF por município.

As regiões circuladas na Figura 15, representam aquelas regiões com número considerável de imóveis rurais sem titulação, impactando diretamente no desenvolvimento em de suas regiões rurais, por isso, foram selecionadas no programa PRÓ-RURAL para entrarem no caminho da competitividade e geração de renda.

Fonte: MDA. sitio http://nead.mda.gov.br/politicas, consulta em 10/09/2019, elaborado pelo autor.

Os resultados demonstram que há uma grande necessidade de se dar continuidade ao trabalho de regularização nestes territórios, como tem sido realizado pelo programa PRÓ RURAL, no entanto, deve-se procurar entender a peculiaridade de cadas região dentro do Estado, assim poderá ser gerado um desenvolvimento adequado para cada realidade.

O Vale do Ribeira está inserido em uma região que apresenta um baixo índice de desenvolvimento humano, como a saúde, renda e educação, com uma forte dependência de programas sociais, devido a sua geografia de terrenos acidentados e montanhosos, não se desenvolvendo atividades produtivas como em outras regiões do Paraná com áreas mecanizáveis.

De certo modo, para este público da agricultura familiar deve-se observar na seleção da concessão de créditos do PRONAF, critérios sociais que buscam o desenvolvimento econômico e social de uma parcela dos que vivem no campo, exploram o imóvel que deve ter no máximo 4 módulos fiscais e que tenham a renda advinda minimamente da unidade de produção. Mas conforme Tabela 15, o número contratos no Estado do Paraná tem caído a cada ano, muito provável como visto até aqui, o nível de exigências nas garantias para

Figura 15 - distribuição de contratação do PRONAF por município no Estado Paraná no ano de 2017

Áreas prioritárias de atuação do Programa PRÓ RURAL Número de contratos do PRONAF em unidades

concessão do crédito tem aumentado ao longo dos anos.

Fonte: Banco Central

De acordo com as informações da tabela acima, é nítida a diminuição nas celebrações de deste contratos do PRONAF no Banco do Brasil que é um Banco oficial do Governo, com redução de praticamente 50% entre o que era contratado em 2013 e o ano de 2018, o que pode representar, conforme descrito anteriormente, o aumento na burocracia no acesso ao crédito nas instituições financeiras. Por outro lado, nota-se um leve aumento de 9% na contratação junto as Cooperativas, com aumento de quase 100% nos valores contratados. Isso pode representar uma proximidade do agricultor com a Cooperativa, onde se tem mais confiança para se realizar os empréstimos, além da busca por juros mais baixos em relação aos bancos comerciais.

Segundo dados do MDA em janeiro de 2015 os investimentos na agricultura familiar para o programa específico do público nos municípios do Vale do Ribeira/PR, representada no Tabela 16, somam pouco mais de R$ 12 milhões um valor baixo considerando o contingente de agricultores da região.

Em pesquisa realizada por Bianchini (2010), foram detectados diversos problemas enfrentados pelos agricultores familiares da região do Vale do Ribeira, entre eles, a regularização fundiária, dificuldades de acesso a políticas públicas como o crédito rural e a assistência técnica. Além de se ter uma importância do autoconsumo do que é produzido, encontra dificuldade também no acesso ao mercado consumidor na comercialização dos excedentes devido aos atravessadores.

Tabela 15 - Evolução do Crédito anos 2013 à 2019 – Contratos por instituição financeira no Paraná – Valores em R$

FONTE: BANCO CENTRAL DO BRASIL (JAN/2015); SRA/MDA(NOV/2015); PBSM/MDA(MAR/2015); PAA DATA/SAGI/MDS(SET/2014); FNDE (SET/2012)

Os programas de crédito com finalidade agrícola, são os principais motores de desenvolvimento nos municípios, com ancoragem em juros baixos, seguro safra e facilidade de pagamentos.

O número de estabelecimentos rurais nos municípios do Vale do Ribeira com acesso à Declaração de Aptidão ao PRONAF, segundo Tabela 17, pode ser considerado muito bom, com cerca de 76 %, considerando a unidade familiar.

Fonte: SAF/MDA(jan/2015);IBGE, Censo Agropecuário 2006.

No entanto, quando se compara as Tabelas 16 e 17, percebe-se que os valores aplicados, quando divididos pelo número de estabelecimentos, encontramos a quantia de pouco mais de R$ 2.700 (dois mil e setecentos reais) por família, valores que são considerados muito baixos, levando-se em conta as necessidades de fomento e infraestrutura para geração de renda necessária em uma propriedade rural.

E analisando os dados de regularização fundiária do programa PRÓ-RURAL e do

Tabela 17: Relação entre pessoas ocupadas na agricultura familiar e aos que possuem DAP Tabela 16 - Políticas Públicas para agricultura familiar no Município de Vale do Ribeira

programa de titulação do ITCG é possível ver o esforço do Governo do Estado em promover o desenvolvimento dos agricultores familiares. No entanto, devido aos baixos resultados do programa, ficam mais distantes as metas de um meio rural sustentável no aspecto socioeconômico.

É possível relacionar que a falta de titulação ou regularização fundiária tem impactos sobre o acesso ao crédito rural, especialmente o PRONAF, conforme visto no mapa temático apresentado pelo NEAD, onde as áreas com menor número de contratos estão localizados nos territórios com mais problemas de documentação precária do imóvel, dificultando assim o acesso ao financiamento agrícola.