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possibilidade de aplicação a qualquer tipo de usucapião (OLGADO, 2015, p. 10, apud BARROSO; PASSAMANI, 2017).

Na fase de ajuizamento pode-se adotar o reforço da Advocacia da Ativa da OAB para auxiliar a Defensoria para superação deste entrave, porém, na justiça do Estado, averigua-se poucas chances de avanço na criação de novas varas judiciais devido os ajustes fiscais que vem sofrendo os Estados e a União.

4.5.2 Proposta de fluxo extrajudicial diretamente no registro de imóveis.

Em uma perspectiva mais otimista em relação a regularização fundiária e objetivando destacar a relevância do Cadastro Rural, destacado como principal ferramenta de gestão fundiária hoje no país, propõem-se elevar o uso do CCIR pelo posseiro como documento passível de registro de imóvel.

Como disto anteriormente, no momento em que se realiza a atualização cadastral na Unidade Municipal de Cadastramento ou por meio de Declaração Eletrônica para imóveis já cadastrados o proprietário/posseiro obterá o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), o que lhe permitirá desmembrar, remembrar, hipotecar, hipotecar, vender ou prometer em venda o imóvel rural e para homologação de partilha amigável ou judicial “sucessão causa mortis”, de acordo com a lei 4.947, de 06 de abril de 1966.

No entanto, em uma situação contraditória as permissões descritas acima, este mesmo certificado não gera direitos possessórios e condições de comprovar domínio sobre o imóvel, conforme se encontra no paragrafo único do artigo 3 da Lei 5.868 de 12 de setembro de 1972:

Art. 3º ...

Parágrafo único. Os documentos expedidos pelo INCRA, para fins cadastrais, não fazem prova de propriedade ou de direitos a ela relativos.

Todos os proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores a qualquer título de imóvel rural, deverão de acordo com a Lei n.º 5.868/1972, realizar seu cadastro no SNCR, conforme descritos: Proprietário, Enfiteuta ou Foreiro, Superficiário, Usufrutuário, Nu-

proprietário, Posseiro a Justo Título, Posseiro por simples ocupação, Arrendatário, Parceiro, Comodatário.

Assim, para que o CCIR tenha efeito necessário em produzir comprovação a justo título com fins de regularidade junto ao Registro de Imóveis aos posseiros, propõem-se alteração do parágrafo único do artigo 3º, da citada lei com a seguinte redação:

Art. 3º ...

Parágrafo único. Os documentos cadastrais expedidos pelo INCRA, acompanhados de declaração de posse mansa e pacífica com fins de comprovação de propriedade, cumpridos os prazos legais, podem fazer prova para obtenção de usucapião junto ao registro de imóveis.

Para comprovação desta posse junto ao INCRA e emissão do CCIR para fins de regularização fundiária deverá ser preenchida uma declaração, conforme APÊNDICE 3, com as informações pessoais do ocupante, com dados do imóvel e data de ocupação, pois deverá constar o tempo de posse para fins de utilização do pedido de usucapião, deverá ainda constar assinatura do Prefeito do Município, ou um técnico da Emater, de um representante do sindicato Rural ou pela EMBRAPA. Deverá também constar assinatura e identificação dos confrontantes, que servem como prova de ocupação mansa e pacifica do imóvel e do técnico ou servidor público que aferiu as informações em campo.

Ao apresentar esta declaração acompanhada dos documentos pessoais, será realizada a inclusão do Imóvel com a vinculação ao posseiro no Cadastro do INCRA com respectiva emissão do CCIR em seu nome.

Para se que seja possível a aceitação do documento cadastral produzido pelo INCRA com fins de regularização fundiária e aceita como passível de registro, também se faz necessário alterar a redação do Inciso V do art. 221 da lei 6015/73 da modalidade de aceitação contratos no registro de imóveis, conforme descrito:

V- contratos ou termos administrativos, assinados com a União, Estados, Municípios ou o Distrito Federal, no âmbito de programas de regularização fundiária e de programas habitacionais de interesse social, dispensado o reconhecimento de firma; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 700, de 2015).

Da mesma forma, para que o documento produzido pelo INCRA tenha o efeito como a justo título no momento do registro, propõem-se a seguinte mudança na redação do art. 221 da Lei 6015/1973.

V- contratos, termos administrativos ou reconhecimento de posse mansa e pacífica cumpridos os prazos legais, assinados com a União, Estados, Municípios ou o Distrito Federal, no âmbito de programas de regularização fundiária e de programas

habitacionais de interesse social, dispensado o reconhecimento de firma; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 700, de 2015)

Observa-se neste fluxo proposto que o posseiro poderá apresentar logo na abertura do processo a declaração de posse, assim como a planta e memorial descritivo do imóvel se já tiver realizada a medição com a assinatura dos confrontantes e o devido apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica -ART do profissional que realizou os trabalhos.

Após juntada a documentação, será procedido um levantamento ocupacional a ser realizado pelo técnico do ITCG ou da Prefeitura, com a coleta de um par de coordenadas, para facilitar a identificação de terras particulares ou públicas. Onde será identificado a situação fundiária e jurídica do imóvel. Essas informações quando validadas em uma vistoria de agente público, são essenciais para comprovação de ocupação mansa e pacífica da posse para efeitos da ação de usucapião.

A documentação será remetida ao ITCG para análise das peças técnicas e validades com objetivo de encaminhar a medição do imóvel para produção da planta e memorial descritivo conforme fluxo anterior para instrução processual.

A fim de preparar o pedido junto cartório o ITCG fará uma última análise e emitir parecer técnico, acompanhado dos seguintes documentos:

a) Declaração de posse assinada pelos confrontantes e servidor público; b) cópia de documentos pessoais dos posseiros;

c) CCIR atualizado em nome do posseiro; e

d) planta e memorial descritivo do imóvel a ser regularizado produzidos pelo Estado (ITCG), INCRA ou Universidades.

Toda essa documentação será encaminhada à Defensoria Pública ou OAB conforme proposto pelos agentes públicos para realizar o pedido de usucapião direitamente no registro de imóveis da comarca de localização do imóvel.

Esse fluxo está resumidamente descrito no Fluxograma 6, trazendo uma proposição de agilidade no processo, dispensando assim o trâmite no Tabelionato de Notas, onde se lavra a ata notarial para comprovar a posse pelo requerente posseiro, documento que será substituído pela Declaração de Posse. O prazo também é semelhante ao fluxo anterior, com tempo de 6(seis) meses, podendo chegar até a 1(um) ano, dependendo da correta instrução do processo.

Fonte: elaborado pelo autor considerando mudanças na legislação cartorial e cadastral.

Assim, os agentes públicos autorizados a atuarem nas UMC’s operando o Cadastro Rural do INCRA no município, passarão, caso implementado este fluxo, a ser uma alternativa para acelerar o processo de regularização das posses até o registro de imóveis. São agentes públicos que trabalham diretamente com os posseiros, conhecendo sua realidade e que podem contribuir para acelerar o programa.

Outro entrave também a ser superado está no ajuizamento das ações, pela visão dos agentes públicos pode-se ser resolvida com a participação da OAB com um Acordo de Cooperação para incluir a Advocacia da Ativa no apoio dos ajuizamentos.

Por sua vez, os agricultores serão beneficiados com a documentação de regularidade dos imóveis, o que facilitará o acesso ao crédito rural para fomentar a produção e gerar renda e outras políticas públicas para desenvolvimento econômico das famílias e do município.

Fluxograma 6 - Proposta de Fluxo para regularização fundiária com uso de declaração de posse com