• Nenhum resultado encontrado

6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

6.5 Análise temática utilizando as categorias conceituais

A segunda fase de análise dos dados coletados, conforme comentado anteriormente, ocorreu fundamentalmente a partir das categorias conceituais pré-definidas pela pesquisadora, conforme objeto de estudo denominadas: a) categorias conceituais - Formação pedagógica docente e desenvolvimento profissional docente. A categoria empírica consiste em Programa de Formação Docente.

Reportando-nos às categorias conceituais, explicitamos o conceito de Garcia (1999, p. 26), sobre a formação de professores,

A Formação de Professores é a área de conhecimentos, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da; Didáctica e da Organização Escolar, estuda os processos através do quais os professores – em formação ou em exercício – se implicam individualmente ou em equipa, em experiências de aprendizagens através da qual adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições, e que lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da escola, com objectivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem.

Em relação ao processo de formação pedagógica de professores nas duas IES pesquisadas, evidenciamos que os docentes têm clareza da necessidade de uma formação pedagógica para a educação superior; reconhecem as limitações pedagógicas do professor bacharel para a educação superior, entretanto, existe a expectativa da IES ofertar essa formação; validam a troca de experiências como processo de aprendizagem e formação docente; têm a percepção de uma formação continuada.

Evidenciamos que existe comprometimento dos docentes que integram o Núcleo Docente Estruturante (NDE), com o processo de formação dos egressos e com o currículo do curso de Administração, embora seja destaque com a maior prevalência a necessária formação focada no aspecto pedagógico de ser professor e não para o NDE; entretanto, os componentes do NDE têm como uma das atribuições principais, o desenvolvimento do Projeto Pedagógico do Curso (PPC). Se não há necessidade de capacitação para essa área como lidar com os projetos pedagógicos, atualizações e reelaborações? Fica aqui a reflexão!

Para a categoria desenvolvimento profissional docente, temos como aporte os conceitos de Heidman (1990), referenciado por Garcia (1999) e Veiga (2010).

O desenvolvimento de professores está para além de uma etapa informativa; implica a adaptação às mudanças com o propósito de modificar as actividades instrucionais, a mudança de atitudes dos professores e melhorar o rendimento dos alunos. O desenvolvimento de professores preocupa-se com as necessidades pessoais, profissionais e organizacionais” (HEIDMAN, 1990 apud GARCIA, 1999, p. 138). A formação se insere como elemento do desenvolvimento profissional e de crescimento de docentes em seu trabalho pedagógico e em sua trajetória, integrando as dimensões pessoais, profissionais e sociais na constituição de sua identidade como professor autônomo, reflexivo, crítico e solidário (VEIGA, 2010, p. 16).

Esses dois conceitos são complementares no entendimento de que a formação faz parte do processo de desenvolvimento profissional e da visão mais ampla, holística, do que é o processo de um programa de formação docente para a educação superior. A linguagem comum nas IES pesquisadas é de formação docente, tanto entre os docentes como na equipe pedagógica; portanto, essa categoria não foi contemplada pelos interlocutores, embora as referências bibliográficas que a equipe pedagógica informa utilizar sejam pesquisadores que discutem o desenvolvimento profissional docente, compreendendo que a formação faz parte desse processo.

b) O Programa de Formação Docente – percepção dos professores do NDE do curso de administração – categoria empírica.

O programa de formação docente foi evidenciado na fala dos professores de forma espontânea, visto que na entrevista com a equipe pedagógica foi abordado diretamente pela pesquisadora no sentido de tratar a questão específica com a referida equipe.

As duas IES têm programa de formação docente, institucionalizados, com a área pedagógica estruturada com oferta sistemática de cursos semestralmente. Entretanto, foi observado que a percepção dos docentes é de que a formação pedagógica para a Educação Superior ainda deixa a desejar! Não existe! Não tem capacitação focada no ensino superior, entre outros. Realmente em nível de política educacional Nacional, não! Mas em relação às IES que estão vinculadas existem os programas de formação docente; é como se eles não percebessem o programa de forma sistêmica, compreendendo os seus objetivos, ao tempo em que parece terem a visão somente dos cursos isolados, como referenciado anteriormente. Fica aqui a reflexão: Como o projeto vem sendo divulgado junto aos professores? Como as IES identificam o engajamento e a percepção dos professores referente ao programa de formação?

Reportamo-nos a uma das dificuldades apontadas pela equipe pedagógica de que “A dificuldade é eles acreditarem que realmente com as metodologias ativas e com as questões contextualizadas interdisciplinares, os nossos alunos vão sair melhores porque eles aprenderam de outra maneira. Então a dificuldade está naquele que não teve a formação”. Então, será que eles compreendem realmente as diretrizes e bases filosóficas do programa de formação docente das IES?

Nesse sentido, destacamos algumas concepções acerca de como os professores veem, como se reportam ao programa, por meio das expressões verbais durante a entrevista, quais sejam:

N.3 - [...] mas assim, o que eu conheço são esses cursos que são divulgados, essa

formação que é oferecida. Não conheço o processo de formação docente. Foi passado um e-mail e foram colocados nos cartazes e foi comunicado que os professores teriam que fazer quarenta horas semestrais. Eu conheço o programa porque a faculdade coloca para nós as opções. Exige que a gente tenha essa carga horária de formação extra (40h), curricular e tudo. O professor tem que se adequar na rotina dele, nos dias dele, é fazer quarenta horas semestrais. Eu não vi, eu não tenho conhecimento que houve apresentação formal que haveria esse Programa, para que o intuito disso. Porque que o professor tem que fazer quarenta horas? Ele passa mais de quarenta horas fazendo prova, elaborando. Ele tem que vir para uma instituição fazer quarenta horas? Botaram alguns cursos. Qual é o fundamento desses cursos?[...] É uma carga pesada.

N.4 a faculdade tem uma comunicação, uma mídia, até forte de colocar os cartazes,

chamar por e-mail, avisa. O próprio coordenador ele sempre está cobrando da gente a inscrição nos curso[...]. A gente tem que fazer cursos, cumprir quarenta horas.

N.5 Participei dos treinamentos ofertados em EAD e participando desses momentos

foi que eu comecei a ver a dimensão e até a multidisciplinaridade que nós temos aqui e que muita gente não conhece. Programa de formação agora existe um programa de formação com 40 horas anual, apresentado em reunião de coordenadores. É importante sim, principalmente para os que estão iniciando na vida acadêmica; às vezes falta como conduzir melhor a sua aula.

N.8 [...] Em 2016 tiveram quatro capacitações, tanto com relação às metodologias

utilizadas que logo vêm com um olhar pedagógico porque são pedagogas que estão aqui presentes. Nós temos uma pedagoga que fica de plantão aqui para dar todo o assessoramento nas questões que os professores fazem.

Essas percepções apresentadas confirmam as nossas reflexões acerca do conhecimento efetivo do programa de formação das IES. Existe o programa, os cursos são ofertados, mas como está sendo a percepção dos docentes? Será que as percepções aqui apresentadas também se manifestam de forma oculta nos demais cursos das IES?