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A fim de analisarmos o conteúdo publicado nas edições supracitadas, devemos enunciar aqui, o método que será usado para tal.

Na década de 1970, ainda que em pequena quantidade, os periódicos já eram meio de pesquisa para validação de fatos históricos acontecidos em nosso país. Na busca pela verdade incorruptível, deve-se elucidar e ponderar o papel dos periódicos, contrastando com os documentos, antes fontes de pesquisa única, uma vez que a publicações feitas nas páginas dos jornais poderiam trazer informações não fidedignas à realidade.

Não se pode desprezar o peso de certa tradição, dominante durante o século XIX e as décadas iniciais do XX, associadas ao ideal de busca da verdade dos fatos, que se julgava atingível por intermédio dos documentos, cuja natureza estava longe de ser irrelevante. Para trazer à luz o acontecido, o historiador, livre de qualquer envolvimento com seu objeto de estudo e senhor de métodos de crítica textual precisa, deveria valer-se de fontes marcadas pela objetividade, neutralidade, fidedignidade, credibilidade, além de suficientemente distanciadas de seu próprio tempo. Estabeleceu-se uma hierarquia qualitativa dos documentos para qual o especialista deveria estar atento. Nesse contexto, os jornais pareciam pouco adequados para a recuperação do passado, uma vez que essas “enciclopédias do cotidiano” continham registros fragmentários do presente, realizados sobre o influxo de interesses, compromissos e paixões. Em vez de permitirem captar o ocorrido, deles forneciam imagens parciais, distorcidas e subjetivas (LUCA; Histórias dos, nos, e por meio dos periódicos, 2006, p. 112)

No campo historiográfico, é seguro afirmar que os jornais são, sim, fontes de transmissão de ideais, como os já descritos neste trabalho de conclusão de curso, no capítulo de abordagem da história do periódico por nós analisado.

José Honório Rodrigues, historiador, expôs em dois parágrafos de seu livro, denominado Teoria da História do Brasil (1968), o fato de que “nem sempre a independência e exatidão dominam o conteúdo editorial”, alegando que as publicações são um misto de imparcial e tendencioso, visto que não há possibilidade de imparcialidade nestas condições.

O questionável, nessa situação, não é a falta de objetividade, mas sim a ingenuidade em identificar os jornais como apenas um transmissor de informações, sem que tenham sofrido em nenhum aspecto com influências externas como interesses próprios do jornalista responsável por redigi-las, da linha editorial, ou de outrem.

É legítima a discussão em torno do que se é publicado na imprensa, tornando-a objeto de amplo debate. A pergunta que devemos nos fazer é: há neutralidade, ou toda notícia é objeto de interpretação?

O pesquisador dos jornais e revistas trabalha com o que se tornou notícia, o que por sí só já abarca um espectro de questões, pois será preciso dar conta das motivações que levaram à decisão de dar publicidade a alguma coisa. Entretanto, ter sido publicado implica atentar para o destaque conferido ao

acontecimento, assim como para o local em que se deu a publicação: é muito diverso o peso do que se figura na capa de uma revista semanal ou na principal manchete de um grande matutino e o que fica relegado às páginas internas. Estas, por sua vez, também são atravessadas por hierarquias: trata- se, por exemplo, da seção “política nacional” ou da “policial”? (Já se mostrou como greves e movimentos sociais são sistematicamente alocados na última.) O assunto retorna à baila ou foi abandonado logo no dia seguinte? Em síntese, os discursos adquirem significados de muitas formas, inclusive pelos procedimentos tipográficos e de ilustração que os cercam. A ênfase em certos temas, linguagem e a natureza do conteúdo tampouco se dissociam do público que o jornal ou revista pretende atingir (LUCA; Histórias dos, nos, e por meio dos periódicos, 2006, p. 140).

Portanto, para a investigação da suposta imparcialidade imputada pelo próprio jornal acerca de suas publicações, é necessário avaliarmos sua construção na história. Entendamos que o conceito é utópico, uma vez que as influências se iniciam ainda mesmo na escolha do conteúdo que será publicado. Ademais, observemos também a forma como as notícias foram dispostas na edição, a frequência da publicação do assunto debatido, os termos utilizados, o posicionamento defendido e tantas outras características. Todos esses índices nos preparam para questionar o que nos é proposto nesta monografia: a imparcialidade nas publicações.

Tratando-se de um jornal que discute amplamente assuntos como políticas governamentais, é importante salientar uma possível inclinação tendenciosa aos interesses desse nicho ou, em outra possibilidade, a aversão ao apoio dado pelo governo à decisão de mudanças nas leis trabalhistas que abrangem a redefinição do trabalho análogo à escravidão.

Em suma, buscaremos nesta análise indícios de imparcialidade e apontaremos as características que apontam o favorecimento de uma ou outra vertente acima citada.

Análise do conteúdo publicado no jornal Folha de São Paulo

Em busca pelo tema “Trabalho Escravo” nas 15 edições analisadas por nós nesse trabalho de conclusão de curso, encontramos os seguintes dados: A palavra aparece 44 vezes em geral, 26 vezes no Primeiro Caderno, 6 vezes no caderno Ilustrada, 4 vezes no Cotidiano e Esportes – Edição Nacional, 1 vez no caderno de Turismo, 1 vez no Esporte- Especial, 1 vez no Guia – Mostra Internacional de Cinema e 1 vez no caderno Ilustríssima.

Começamos analisando a edição do dia 09 de outubro de 2017. O tema não foi mencionado em nenhuma das 62 páginas do jornal.

Na publicação do dia 10 de outubro, o tema “trabalho escravo” foi assinalado no Primeiro Caderno, integrando o painel da coluna Poder, escrito por Daniela Lima. Em letras

menores, no fim da página, no canto direito, podemos ler o que foi escrito sobre a temática que por nós será analisada, mencionada por duas vezes na mesma coluna: “O cargo de André Roston, chefe da Divisão para a Erradicação do Trabalho Escravo, entrou na lista de demandas de parlamentares que denunciam votos para barrar a nova denúncia”; e, logo abaixo: “Em recente audiência pública, Roston revelou que a fiscalização contra o trabalho escravo estava parada por falta de recursos. A fala irritou alas do governo federal”. Apesar da menção, o assunto predominante na página não é esse. Em destaque, vemos uma notícia com o seguinte título: “Temer pressiona aliados na véspera de votos de delator”.

No dia 11 de outubro, o trabalho escravo é mencionado em 3 cadernos distintos. Em letras minúsculas, como parte de um trecho da Ata de Reunião do Conselho de Administração, realizada no dia 20 de setembro de 2017, localizada na página A19, do caderno Mercado; podemos ver um dos registros sobre o tema. Em apenas uma linha, o assunto é abordado no sentido de lembrar que é passível de punição qualquer infração à legislação que trata do combate ao trabalho escravo. Novamente, a notícia de destaque nesta página é outra. Em letras garrafais, lemos o título: “Se passar, reforma da previdência deve ser ‘coisa chocha’”.

A próxima menção ao tema é encontrada no Primeiro Caderno, em forma de informe publicitário feito pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINTAIT). Em nota, o sindicato repudia a dispensa do Auditor-fiscal do trabalho, André Roston, de sua função na Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho. Ronston foi responsável pela declaração, feita em audiência pública, que foi comentada pela jornalista Daniela Lima, no parágrafo analisado a cima.

A terceira menção vêm, novamente, da coluna Poder, sessão Painel, escrita pela jornalista Daniel Lima. Desta vez, a publicação divulga o nome do ministro Ronaldo Nogueira, responsável pela demissão de Ronston, e acrescenta que o MPT fará uma ofensiva contra o ministro. A publicação também não é o destaque de sua página.

Nos dias 12 e 13 de outubro, nenhuma notícia sobre o tema escolhido para a análise desta monografia foi abordado no jornal Folha de São Paulo.

A edição do dia 14 de outubro finalmente traz uma matéria de destaque sobre o trabalho escravo. Na página B4, no caderno Cotidiano, lemos o título em letras garrafais: Mulher é face oculta na cadeia da moda. Na linha fina: Mão de obra feminina é maioria nas oficinas de costura onde imigrantes são presa fácil para o trabalho escravo.

Com 5 colunas e ocupando metade da página, a publicação, escrita por Leandro Nomura traz dados sobre a incidência de mão de obra escrava e enfatiza que a reforma

trabalhista, responsável também pela mudança das leis de terceirização, podem precarizar os trabalhos nas oficinas de costura. Apesar de não discorrer unicamente sobreo assunto, a matéria é a primeira a mencionar a reforma trabalhista, responsável pela portaria 1.129/2017.

No dia 15, nenhuma matéria com o tema “trabalho escravo” foi publicada no jornal Folha de São Paulo.

Na edição do dia 16 de outubro de 2017, data da assinatura da portaria 11.29/2017, responsável por regulamentar as normas do trabalho escravo no Brasil, nenhuma matéria mencionando a temática foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo.

No dia 17 de outubro, um dia após a assinatura da portaria 1.129/2017, a página A19, do Primeiro Caderno, foi inteiramente designada para a discussão sobre a mudança das leis de fiscalização. Com o título “Governo dificulta definição e autuação de trabalho escravo” e linha fina mencionando a alteração de critérios para acesso à “Lista Suja”, a matéria escrita por Natália Cancian traz, de uma forma explicativa, as alterações feitas e os conceitos que caracterizam o trabalho escravo contemporâneo. Com a foto do ministro Ronaldo Nogueira, defensor da redefinição de trabalho escravo, a matéria relata, além da opinião contrária do MPT à portaria, por meio de citações de Tiago Muniz, membro da Coordenadoria de Erradicação do Trabalho Escravo; a opinião favorável da bancada ruralista, maiores interessados e beneficiados com a alteração nas leis trabalhistas. Apesar da enorme mudança na forma como o trabalho escravo é identificado e, consequentemente, punido pelos órgãos à qual essa função compete, a matéria, ainda que ocupando uma folha inteira, não teve nenhum destaque e sequer apareceu na primeira página do jornal dessa edição, mesmo abordando, em sua maioria, assuntos políticos.

Também no dia 17 de outubro, novamente na coluna Poder, sessão Painel, o assunto é brevemente mencionado.

Ainda na edição do dia 17, no Primeiro Caderno, no espaço destinados aos editoriais, Bernardo Mello Franco alegou, muito francamente, que a assinatura da portaria tratava-se de uma barganha do atual presidente Michel Temer para ganhar o apoio da Câmara e, principalmente da bancada ruralista que, por esse motivo, prometeram votar em peso para arquivar quaisquer denúncias contra Temer.

Na edição do dia 18 de outubro de 2017, na coluna Poder, sessão Painel, foi publicada a seguinte frase de João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical: Para diminuir o número de desempregados, o governo agora decidiu inovar: Passa por cima da OIT e formaliza o trabalho escravo”.

Ainda no dia 18, no Primeiro Caderno, página A22, somos apresentados ao seguinte título: “O que é um escravo, segundo Temer?”. A matéria relata que as características de definição do trabalho escravo foram prejudiciais aos trabalhadores, mas, em contrapartida, ótima para a bancada ruralista da câmara, que é a única beneficiada. Com a exposição de dados de resgate e menção à dificuldade de acesso à “Lista Suja”, a publicação deixa claro as dificuldades que serão enfrentadas pelos trabalhadores que vivem em situação análoga à escravidão.

Na mesma página supracitada, logo abaixo da matéria mencionada, outra matéria sobre trabalho escravo foi publicada. Com o título: “Novas regras de trabalho escravo gera críticas”. A publicação se estende até a metade da página e, novamente, vêm repleta de críticas de órgãos como a OIT, sobre a alteração das leis trabalhistas.

A temática continuou sendo abordada no dia 18 de outubro, dessa vez na coluna Opinião, do Primeiro Caderno. No Painel do Leitor, o jornal Folha de São Paulo publica o texto de uma mulher de Botucatu, em São Paulo, criticando veementemente a decisão do então presidente Michel Temer de assinar a portaria 1.129/2017. Para a autora, a manobra política para livra-lo da cassação é inexplicável e gera revolta no povo brasileiro.

No dia 19 de outubro, o Jornal Folha de São Paulo traz em seu caderno de Cotidiano, na página 4B, uma reportagem, de página inteira, sobre servidão por dívida, uma das características do trabalho escravo contemporâneo que é inclusive mencionado no decorrer da publicação. Com o depoimento de dois ribeirinhos da região Amazônica que trabalham no ciclo da extração de palha para a fabricação de vassouras, as situações de trabalho degradante são expostas, mencionando, inclusive, o nome dos empregadores responsáveis. A matéria é crítica e repleta de denúncias.

Ainda no dia 19 de outubro, outras três matérias ocupando quase uma página inteira foram publicadas. Falta de verbas, o que mudou e efeitos negativos causados pela assinatura da portaria são os assuntos abordados, inclusive por entrevista feita com o Embaixador Rubens Ricupero, ex-Ministro da Fazenda e do Meio Ambiente.

Continuando as análises do dia 19 de outubro, no caderno Mercado, página A17, outra matéria expõe o quão prejudicial pode ser a revisão do trabalho escravo para o exportador.

O assunto também foi abordado, na mesma data, nos cadernos de Opinião, no Painel do Leitor e, pela primeira vez desde o início das publicações analisadas, foi incluído na capa da edição; não como manchete, mas em uma posição bem visível, logo no início da página.

No dia 20 de outubro, entrevista de página inteira foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo com uma crítica à portaria, feita pela Secretária de Cidadania da gestão do então

presidente Michel Temer. Logo abaixo, na mesma página, uma matéria carregada de ironia traz o ministro do Superior Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Na publicação, o ministro afirma que realiza um trabalho exaustivo, mas que não considera como trabalho escravo e, traz de maneira escancarada a opinião de Mendes sobre o assunto. Segundo o ministro, a fiscalização e a autuação de casos envolvendo o trabalho escravo são relativas. Acredita inclusive que, dependendo do fiscal, alguns funcionários e servidores do STF também poderiam ser considerados trabalhadores em situação análoga a de escravos. Ao analisarmos, notamos claramente a passividade do ministro com relação à mudança das normas de fiscalização e, é perceptível um certo deboche feito pelo periódico pela comparação descabida levantada por Gilmar Mendes.

Ainda no dia 20, o tema foi abordado no caderno de Opinião, no Painel do Leitor. Na edição do dia 21 de outubro de 2017, após várias críticas, uma matéria revelando que o então presidente Michel Temer admitira que a portaria de trabalho escravo poderia sofrer mudanças foi publicada, mas, o jornal enfatiza que Temer não pretende revogar a portaria. Essa publicação, que saiu no Primeiro Caderno, também teve seu espaço na capa da edição. Pela segunda vez, o tema, mesmo que não ocupando a manchete, aparece na capa do jornal Folha de São Paulo.

No dia 22 de outubro de 2017, 5 matérias relacionadas ao trabalho escravo contemporâneo e à assinatura da portaria 1.129/2017 foram publicadas, ultrapassando as 4 publicações feitas no dia 19 do mesmo mês. Como podemos analisar, 22 de outubro foi o dia com mais publicações relacionadas ao tema de nossa pesquisa.

A primeira publicação, feita no caderno Cotidiano, página B8, traz a frase dita por Gilmar Mendes sobre a comparação feita entre seu trabalho como ministro do STF e trabalhadores em situação de escravidão contemporânea.

A segunda publicação, também no caderno Cotidiano, o colunista Antonio Prata relembra a assinatura da portaria de número 1.129/2017.

O Primeiro Caderno, na coluna Mercado, traz a informação de que juízes e procuradores da República e do Trabalho fazem frente e se manifestam conta as novas regulamentações do trabalho escravo.

Na quarta e na quinta matéria, publicadas também no Primeiro Caderno, menciona-se o tema em uma mesma página, na coluna Poder, página A8.

Apesar de apresentar um número maior de citações, a edição do dia 22 de outubro não aborda o tema com a acuidade que havia tido nas publicações anteriores.

Em 23 de outubro de 2017, última edição por nó analisada, fala-se pouco sobre o assunto. Um parágrafo no caderno Ilustrada cita a Secretária de Direitos Humanos, Flávia Piovezan, lembrando ela que mostrou surpresa com medidas do presidente sobre o trabalho escravo. O tema é citado novamente no Primeiro Caderno, na coluna Poder, muito brevemente. O assunto integra uma crítica ao, à época, possível livramento de Michel Temer de se tornar réu da denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra ele.

Resultados obtidos pela análise

Em todas as edições analisadas percebemos que, o trabalho escravo já era, mesmo que superficialmente, discutido desde o dia 10 de outubro, exatamente 7 dias antes da assinatura da portaria 1.129/2017.

De 15 edições do jornal Folha de São Paulo analisadas, 11 trouxeram informações, ou histórias de trabalho escravo contemporâneo no Brasil.

Após a assinatura da portaria, no dia 16 de outubro, que muda as regras de fiscalização e divulgação de empresas ou pessoas que fazem uso de mão-de-obra escrava; todas 7 edições seguintes abordaram o tema.

As edições dos dias 19 e 20 de outubro abordaram o assunto na capa, não como manchete, mas em uma localização de extrema importância.

Com matérias explicativas, reportagem, opinião de colunistas e leitores a Folha de São Paulo não deixou, em nenhuma das vezes, de citar o nome de ministros envolvidos, bancadas beneficiadas e, acima de tudo, expos a verdadeira intenção por trás da assinatura da chamada “portaria do trabalho escravo”. Por diversas vezes somos informados de que a mudança nas leis é apenas uma manobra política executada pelo então presidente da República, Michel Temer, para agraciar os membros da bancada ruralista, fazendo com que eles, por fim, defendam Temer de qualquer possível acusação ou denúncia que por ventura viessem a aparecer.

Com uso de deboche e sarcasmo, o periódico publicou, em destaque, a comparação, sem conexão alguma com a realidade, feita pelo ministro Gilmar Mendes entre o cumprimento de suas funções e o trabalho escravo contemporâneo. Páginas inteiramente designada para a discussão sobre a mudança das leis foram publicadas, acusando o governo de dificultar a fiscalização que determina se trabalhadores estão vivendo em condições análogas à escravidão.

Figura 1: Recorte de matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, dia 20 de outubro de 2017, na coluna Mercado, página A25.

O jornal distribuído no dia 19 de outubro de 2017, com o maior número de páginas de todas as edições por nós analisadas, 148 no total; mencionou a temática escolhida por 4 vezes distintas, inclusive, em uma reportagem redigida com maestria mostrando ao leitor o conceito de escravidão por dívida.

Figura 2: Reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo, dia 19 de outubro de 2017, na coluna Cotidiano, página B4.

Com o uso de infográfico e extremamente didático, o periódico foi além. Explicou como a assinatura prejudicaria, além das próprias vítimas da situação; o setor empresarial e o exportador brasileiro, mostrando o impacto negativo que a decisão causaria em diversas instâncias da economia.

Figura 3: Recorte de matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, dia 19 de outubro de 2017, na coluna Mercado, página A19.

Em posse de todo o material analisado durante as 23 edições do jornal Folha de São Paulo, podemos afirmar que o assunto “trabalho escravo contemporâneo” foi amplamente debatido e visibilizado.

Por meio de estudo das edições e matérias publicadas, é correto afirmar que o jornal Folha de São Paulo não exerceu sua função de informar com imparcialidade, conceito utópico já discutido neste trabalho de conclusão de curso.

Com conteúdo crítico, uso de palavras enfáticas e apontamento de consequências desastrosas ao mencionar as mudanças provenientes da assinatura da portaria de número 1.129/2017, o periódico demostra a posição favorável ao trabalhador e à economia, expondo o quão prejudicial é a alteração feita nas leis trabalhistas e suas consequências.

Considerações Finais

Durante este trabalho de monografia discorremos sobre o trabalho escravo e suas características, desde meados do século XIX até os dias atuais. Podemos afirmar, diante da pesquisa por nós elaborada, que os moldes do escravismo contemporâneo pouco divergem dos praticados nas casas dos senhores de engenho de séculos passados.

As atrocidades cometidas se assemelham, apesar de centenas de anos à parte, na forma

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