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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

2.7 METODOLOGIAS DE ANÁLISE DE VIABILIDADE

2.7.1 Análise de viabilidade econômica

A análise de viabilidade econômica é baseada no resultado econômico da empresa, para se realizar esta análise é necessário se estruturar a demonstração do resultado do exercício projetada para depois poder se aplicar os indicadores de lucratividade e rentabilidade.

2.7.1.1 Demonstração de resultado do exercício – DRE

A demonstração do resultado do exercício – DRE é um demonstrativo de extrema importância para a correta gestão da empresa, pois é através dela que se evidencia o resultado obtido pela entidade. Para Crepaldi (2003, p.200) “a demonstração do resultado do exercício (DRE) é uma demonstração financeira imprescindível para a elaboração do balanço patrimonial”. Ele ainda traz a concepção de que

A demonstração do resultado do exercício é um resumo que apresenta, dentro de certa ordenação, os saldos finais dos movimentos das contas do sistema de resultado. A DRE refere-se sempre a determinado período de apuração – em geral um mês ou um ano. É apresentada em colunas simples, iniciando com a receita bruta, demonstrando os custos e despesas incorridas e finalizando com o resultado do período em questão. (CREPALDI, 2003, p.200).

Basso (2005, p.275) define que “a demonstração do resultado do exercício é um relatório contábil que sintetiza as operações que deram origem ao resultado de um determinado exercício social”.

Na mesma linha de pensamento, mas em palavras mais resumidas, Ribeiro (2010, p.406) define a demonstração do resultado do exercício como “um relatório contábil destinado a evidenciar a composição do resultado formado em um determinado período de operação da

empresa”. Para um melhor entendimento da DRE pelos usuários das informações ela é estruturada de uma forma que seja de fácil compreensão, onde segue um modelo no quadro 2.

Quadro 2 - Modelo de uma demonstração do resultado do exercício - DRE DESCRIÇÃO EXERCÍCIO ATUAL EXERCÍCIO ANTERIOR R$ R$

1. RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Venda de Mercadorias e/ou prestação de serviços

2. DEDUÇÕES E ABATIMENTOS

Vendas Anuladas

Descontos Incondicionais concedidos

ICMS sobre vendas

PIS sobre faturamento

COFINS sobre faturamento

3. RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (1 -2)

4. CUSTOS OPERACIONAIS

Custos das Mercadorias Vendidas e dos serviços Prestados

5. LUCRO OPERACIONAL BRUTO (3 - 4)

6. DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas

Despesas Financeiras

(-) Receitas Financeiras

Despesas Gerais Administrativas

Outras despesas Operacionais

7. OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS

8. LUCRO OU PREJUIZO OPERACIONAL (5 - 6 + 7)

9. OUTRAS RECEITAS

10. OUTRAS DESPESAS

11. RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS DEDUÇÕES

(8 + 9 -10)

12. PROVISÃO PARA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O

LUCRO

13. PROVISÃO PARA O IMPOSTO DE RENDA

14. RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS AS DEDUÇÕES (11 -

12 - 13) 15. PARTICIPAÇÕES Debêntures Empregados Administradores Partes Beneficiárias

CONTR. P/ FUNDO AS. OU PREV EMPREGADOS

16. REVERSÃO DE JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO 17. LUCRO LÍQUIDO DO EXERCICIO (14 - 15 + 16)

18. LUCRO LÍQUIDO DO EXERCICIO OU PREJUIZO

A DRE além de ser um demonstrativo obrigatório nas empresas o Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2009) na resolução 1.185/09 que aprova a NBC TG 26 destaca no Item 82 que

A demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais:

(a) Receitas;

(b) Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos; (c) Lucro bruto;

(d) Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais;

(e) Parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial;

(f) Resultado antes das receitas e despesas financeiras (g) Despesas e receitas financeiras;

(h) Resultado antes dos tributos sobre o lucro; (i) Despesa com tributos sobre o lucro;

(j) Resultado líquido das operações continuadas; (k) Valor líquido dos seguintes itens:

(i) Resultado líquido após tributos das operações descontinuadas;

(ii) Resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional descontinuada;

(l) Resultado líquido do período;

Como visto, a DRE é estruturada em diversas fases para melhor evidenciar o resultado da entidade, segundo Basso (2005, p.275) a demonstração do resultado é “estruturada de forma a evidenciar as diversas fases do resultado”. O Conselho Federal de Contabilidade traz a concepção que “a demonstração do resultado, observado o princípio de competência, evidenciará a formação dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as receitas e os correspondentes custos e despesas” (CFC, 1990, NBC T 3).

A DRE é uma demonstração de extrema necessidade nas organizações e ela deve ser definida nos padrões legais para facilitar o seu entendimento. A DRE quando bem estruturado e a tempo hábil mostra como foi a situação de um determinado período e, com ela, os administradores podem decidir qual caminho seguir para melhorar o resultado dos próximos períodos.

2.7.1.1.1 Orçamento da demonstração do resultado do exercício – DRE

O orçamento da DRE é de muito valia na análise de projetos de investimentos, pois ele pode demonstrar um possível resultado que a empresa ira obter. Zdanowicz (2000, p.105) expressa os seus conceitos em vários termos, os quais podem ser considerados como:

a) Demonstrativo do resultado do exercício projetado é a demonstração financeira, que será estruturada com base nos orçamentos auxiliares (vendas, produção e despesas operacionais), constituindo-se em instrumentos de suma importância a tomada de decisão do comitê orçamentário, em termos econômicos, considerando os reflexos financeiros e patrimoniais na empresa;

b) Demonstrativo de resultado do exercício projetado será elaborado, a partir dos orçamentos operacionais de apoio, permitindo saber antecipadamente, se a empresa, no período orçado, ira operar com lucro ou prejuízo;

c) Demonstrativo do resultado do exercício projetado será a peça contábil, que possibilitará estimar o resultado econômico da empresa para o próximo período; d) Demonstrativo do resultado do exercício projetado será o instrumento gerencial que ira informar o desempenho econômico da empresa, no período considerado, bem como suas repercussões financeiras e patrimoniais.

Muito além de demonstrar o resultado de um período esperado, a demonstração do resultado do exercício projetada possui com os objetivos, na visão de Zdanowicz (2000, p.105):

a) Avaliar a eficiência do plano geral de operações, analisando-se as relações significativas entre as receitas, os custos e as despesas operacionais;

b) Comparar a situação econômica atual e futura da empresa;

c) Constituir-se em instrumento de planejamento e controle econômicos;

d) Informar aos atuais e novos acionistas sobre a provável remuneração dos capitais investidos na empresa;

e) Projetar as contas diferenciais resultantes ou não da atividade fim da empresa.

A demonstração do resultado do exercício projetada é de muita importância para poder se perceber se um investimento ira gerar retorno no período. Pode-se concluir que a DRE projetada é elaborada através das projeções das receitas, custos e despesas. Também cabe salientar que ela é instrumento base do planejamento econômico.

2.7.1.2 Índices de rentabilidade – IR

O índice de rentabilidade é um índice muito importante que deve ser abordado na análise econômica. Fonseca (2012, p.174) destaca que

A análise de rentabilidade começa com um exame da maneira pela qual os ativos foram empregados. Por meio do aumento da produtividade, eles são capazes de reduzir ou controlar as despesas. As taxas de retorno alcançadas por qualquer empresa são importantes se seus dirigentes pretendem atrair capitais e contratar financiamentos bem sucedidos para o crescimento da empresa.

Frezatti (2008, p.81) traz a concepção de que a taxa de rentabilidade “corresponde à divisão do resultado apurado no projeto pelo investimento feito. Quanto maior o percentual, melhor o projeto”.

Os autores Kassai et al. (2012, p.82) destacam que “a taxa de rentabilidade (TR%) de um investimento reflete o retorno desse investimento em termos relativos, ou seja, em porcentagem. É determinado a partir do índice de lucratividade (IL)”. Eles ainda complementam que para se localizar a taxa de rentabilidade é necessário se aplicar a seguinte formula:

TR% P (Fluxos de Caixa Positivos) P (Fluxos de Caixa Negativos)

Onde:

PV – Presente valor.

Em outra visão Gomes (2013, p.32-33-34) destaca que para se apurar a análise de rentabilidade mais detalhada devemos levantar os indicadores de

 Margem de lucro bruto: mede a porcentagem da receita que sobra após as deduções dos impostos sobre receita e do custo dos produtos vendidos. Essa margem deve ser suficiente para cobrir as despesas administrativas, comerciais e financeiras para que a empresa não tenha prejuízo.

 Margem de lucro líquido: esta margem indica a lucratividade da empresa, tendo em vista que ela mede o que sobra da receita após a dedução de todos os custos e despesas, inclusive o valor devido de imposto de renda.

 Retorno do ativo total: mede a lucratividade dos ativos empregados pela empresa, indicando qual é o percentual do lucro líquido sobre os ativos.

 Retorno do capital próprio: mede a relação entre o lucro disponível para os acionistas e o capital investido na empresa pelos mesmos.

Para a localização dos indicadores elencados Gomes (2012, p.32-33-34) descreve que para calcula-los devemos aplicar as seguintes fórmulas abaixo:

Margem de Lucro Bruto R I CP

R 100

Margem de Lucro Líquido í

R 100

Retorno do Ativo Total í

Retorno do Capital Próprio í

Patrimônio Líquido 100

Onde:

RV – Receita bruta de vendas I – Impostos sobre vendas

CPV – Custo dos produtos vendidos

Em outro dimensionamento Fonseca (2012, p.174-175-176) define que para a análise dos índices de rentabilidade devemos abordar as seguintes taxas

 Taxa de retorno sobre o investimento total: é um dos principais indicadores da capacidade econômica da empresa, pois indica o ganho da empresa.

 Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido: é considerada a mais importante de todas, pois indica a rentabilidade dos empresários.

 Margem de lucro sobre as vendas: indica o lucro para cada artigo (produto) vendido.

Para o cálculo das taxas tratadas acima Fonseca (2012, p.174) define a aplicação das seguintes fórmulas: TRSIT Ativo Médio TRS Médio ML

O método da taxa de retorno não é um método de uso muito aconselhável na análise de investimentos, onde Frezatti (2008, p.81) destaca que

Embora utilizados em algumas empresas, não deveria ser considerado para análise e decisão de investimentos. Ainda que o método seja adequado para acompanhar o desempenho, não é recomendável para análise de investimentos pelos seguintes motivos:

 Ignora o efeito do dinheiro no tempo;

 Os critérios contábeis de apropriação e diferimento afetam o resultado do projeto. Este argumento também impacta a utilização da EVA;

 Complexidade em se obter um referencial mínimo, já que não inclui o custo de oportunidade proveniente dos recursos próprios.

É possível chegar a conclusão que os índices de rentabilidade podem ser usados nas análise de investimentos, mas eles não devem ser utilizados como único indicador para a tomada da decisão. Com a taxa de rentabilidade constata-se apenas se o indicador condiz com os outros indicadores levantados no estudo do projeto.

2.7.1.3 Índice de lucratividade – IL

O índice de lucratividade é aquele que demonstra a lucratividade que ira ser obtida com o novo investimento na empresa. Frezatti (2008, p.80) argumenta que

Trata-se também de um método auxiliar e surge como demanda para ranqueamento de projetos. Corresponde à divisão do valor presente líquido do fluxo de caixa pelo investimento inicial. Quanto maior o percentual obtido, maior a eficiência do projeto.

Nesta mesma perspectiva Kassai et al. (2012, p.82) destacam que o índice de lucratividade “é medido por meio da relação entre os valores presente dos fluxos de caixa positivos (entradas) e o valor presente dos fluxos de caixa negativos (saídas), usando-se como taxa de desconto a taxa de atratividade do projeto (TMA)”. Ele ainda argumenta que para definir o índice de lucratividade deve-se aplicar a fórmula:

Para poder definir se através do índice de lucratividade é possível aceitar um projeto, Kassai et al. (2012, p.82) trazem a concepção de que “é considerado atraente todo investimento que apresente IL maior ou igual a 1,00. Os autores Bruni e Famá (2012, p.99) orientam que

Os critérios de aceitação de projetos de investimentos com base no índice de lucratividade são similares aos empregados para o valor presente líquido. Quando o valor do índice de lucratividade for maior que um, a soma na data presente de todos os capitais do fluxo de caixa gerados pelo investimento é maior que o valor investido.

Portando, pode-se concluir que o índice de lucratividade é uma ferramenta adicional para a análise de viabilidade. Para descobrir o índice de um investimento é necessário efetuar toda a comparação entre as entradas e saídas de caixa.

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