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Terminada a execução da simulação dos custos e proveitos que este projeto de cogeração teria no enquadramento aqui tomado em consideração, e de forma a compreender se esta possibilidade apresentava ou não algum valor acrescentado, a abordagem seguida passou pela determinação do sLCOEnesta situação. Desta forma, recorrendo novamente a este indicador económico, foi anali- sada a viabilidade de um sistema de autoconsumo industrial com cogeração num cenário em que o cliente aceitasse remunerar a eletricidade fornecida por um sistema deste tipo de igual forma

face à que atualmente remunera a eletricidade que adquire. A apresentação de apenas este es- tudo em detrimento da consideração de uma situação mais realista que albergasse por exemplo um desconto relativamente ao preço ao qual o industrial adquiria eletricidade da rede residiu no facto de que numa fase prévia do presente documento ter sido observado que quer na tradicional modalidade geral do DL n.o 23/2010, quer na modalidade especial do referido decreto-lei e da nova legislação, a atividade de cogeração em condições semelhantes às descritas, e mesmo con- siderando a valorização da energia térmica, se apresentava como sendo muitíssimo pouco viável. Desta forma tornou-se interessante proceder à elaboração de um estudo que demonstrasse se nesta situação concreta, correspondente ao melhor cenário possível dentro deste regime, a atividade de cogeração se tornaria ou não uma atividade com um índice de viabilidade mais apelativo.

De forma a atingir este objetivo o primeiro passo consistiu novamente na determinação do sLCOEem função do número de horas de funcionamento, tal como havia sido realizado no subca- pítulo4.12. No entanto, e uma vez que nesta modalidade a cogeração estaria sujeita ao pagamento das tarifas de uso global de sistema e de comercialização, a expressão utilizada teve de ser li- geiramente adaptada para que albergasse estes custos. Desta forma, e aplicando a equação5.17, tornou-se exequível a determinação para cada possível número de horas de funcionamento do sL- COE, ou seja, de qual seria o valor de proveito mínimo que seria necessário para que mantendo o regime de funcionamento adotado, a central apresentasse no final do seu tempo de vida útil um valor atual nulo.

sLCOE = Custo de Investimento×Custo de Capital HF × PmedHF

+ CGN+ OC + TU GS + TC

EEPL (5.17) Nesta equação:

• TUGS corresponde aos encargos anuais com a tarifa de uso global do sistema. [e] • TC corresponde aos encargos anuais com a tarifa de comercialização. [e]

Conhecido então o valor do sLCOE em função do número de horas de funcionamento foi possível, mais uma vez, traçar a sua curva. No entanto, de forma a conseguir atingir o objetivo pretendido, tal não se revela suficiente e, por isso, o procedimento implementado consistiu em determinar para cada tipo de hora qual seria a tarifa média recebida pelo cogerador. De forma a atingir este objetivo o procedimento seguido passou pela implementação de uma condição que, em primeiro lugar, verificava se na hora em consideração a unidade de cogeração se encontrava ou não em funcionamento. Em caso negativo, a tarifa que seria recebida pelo cogerador caso a central passasse a funcionar corresponderia simplesmente à soma da tarifa que o cliente pagaria à rede, com exceção do termo de potência, com o prémio de participação em mercado. No entanto, em caso afirmativo, a determinação do valor da tarifa que seria recebida pelo cogerador não pôde ser realizada de forma tão elementar, sobretudo nas horas onde se verificavam excedentes. Assim

Tarifa Cogeração HFh =

Tarifa Cogeraçãoh×Venda Clienteh+ Tari f a de Vendah× Excedenteh

Venda Clienteh+ Excedenteh

(5.18) Nesta equação:

• Tarifa Cogeração HFh corresponde à tarifa que seria recebida pelo cogerador na hora de

funcionamento "h", do mês "m", de 2014 [e/MWh]

• Tarifa Cogeraçãohcorresponde à tarifa que seria paga ao cogerador pela eletricidade entre-

gue de forma direta ao cliente na hora "h", do mês "m", de 2014. [e/MWh]

• Venda Clientehcorresponde à quantidade de energia elétrica que seria diretamente entregue

do cliente na hora "h", do mês "m", de 2014. [MWh]

• Tarifa de Vendah corresponde à tarifa que seria paga ao cogerador pela eletricidade exce-

dente que seria entregue à rede na hora "h", do mês "m", de 2014. [e/MWh]

• Excedenteh corresponde à quantidade de energia elétrica em excesso que seria entregue à

rede na hora "h", do mês "m", de 2014. [MWh]

Aplicando então esta equação, e tal como havia sido efetuado aquando da apresentação da ta- bela4.12, de forma a determinar o proveito nesta situação recorreu-se à função "média.se" através da qual foi possível determinar, para cada um dos quatro períodos horários existentes, qual seria a tarifa média que seria recebida pela central de cogeração neste enquadramento. Os resultados obtidos podem ser vistos na tabela5.8, podendo através da mesma ser concluído que, em virtude quer dos elevados encargos que o cliente industrial apresenta com a energia elétrica que consome em horas de ponta e quer da contemplação legal da receção do prémio de participação em mer- cado, nesta hipótese a tarifa recebida em horas de ponta apresenta-se como sendo a mais elevada das estudadas até esta fase do trabalho.

Tabela 5.8: Proveitos provenientes da venda de energia elétrica em cada período horário no caso do cenário em estudo.

Conhecidos os proveitos elétricos em cada um dos diferentes tipos de período horário, e tendo novamente em consideração o exposto na fase final do subcapítulo4.12, existiu a necessidade de

proceder à aplicação das equações4.16, 4.17e4.18de forma a proceder à necessária adaptação dos referidos proveitos em função do número de horas de funcionamento da central em considera- ção. No entanto, tendo em consideração que neste enquadramento também se encontra previsto o fornecimento de energia térmica por parte do cogerador ao cliente, de forma a elaborar uma com- pleta análise de viabilidade apresenta-se na figura5.14duas situações de viabilidade distintas. A primeira, representada na curva a vermelho corresponde a uma situação de consideração exclusiva como proveito daquele que resulta da comercialização de energia elétrica. Por sua vez, a curva a verde corresponde a um cenário com um maior grau de aproximação à realidade ao considerar o proveito que resulta da totalidade da produção térmica e elétrica que é facultada pela instalação de cogeração. Neste último caso deve apenas ser realçado novamente que se considerou que tanto na energia elétrica como na energia térmica o cliente aceitaria remunerar o cogerador numa situação de indiferença, correspondendo os resultados obtidos ao cenário que na anterior legislação, e num cenário próximo de autoconsumo, maior valor apresentaria para a cogeração.

Figura 5.14: Viabilidade de um sistema de cogeração em função do número de horas de funcio- namento aquando do seu enquadramento na situação mais próxima de autoconsumo passível de suceder ao abrigo da modalidade geral do Decreto-Lei n.o23/2010.