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Determinação das tarifas de acesso às redes a pagar pelo cliente em cada

5.2 Simulação da fatura do cliente industrial sem cogeração

5.2.3 Determinação das tarifas de acesso às redes a pagar pelo cliente em cada

Tendo sido concluída a determinação horária do preço a que o cliente paga a energia que consome, o passo seguinte consistiu na determinação dos restantes encargos que o mesmo tem com essa energia e que correspondem às Tarifas de Acesso às Redes (TAR). Consultando o sítio da internet da ERSE foi possível encontrar a informação pretendida para os clientes enquadrados nos vários níveis de tensão e, tal como se pode observar na figura5.5, essas mesmas tarifas encontram- se dividas em parte de potência contratada, parte de potência tomada em horas de ponta, parte de energia ativa e parte de energia reativa. [115]

Figura 5.5: Tarifas de acesso às redes aplicáveis em 2014 a clientes alimentados em MT. [115] 5.2.3.1 Determinação do termo de energia ativa das tarifas de acesso às redes

Começando esta análise pelas tarifas de acesso às redes referentes à energia ativa, o primeiro passo consistiu em, tal como feito anteriormente, passar os valores correspondes a este termo de e/kWh para e/MWh, bastando para tal multiplicar os mesmos por 1000.

Obtidos os referidos valores na unidade pretendida, foi implementada numa outra coluna de- nominada por "termo de energia ativa TAR" uma condição que, para cada uma das horas do ano, identificasse quer o seu tipo, quer o trimestre a que pertence. Conhecido o resultado dessa verifica- ção era simplesmente colocado em cada uma das 8760 células qual o valor a pagar (eme/MWh), pela parte de energia ativa das tarifas de acesso às redes.

5.2.3.2 Determinação do termo de potência contratada das tarifas de acesso às redes Através da análise da figura 5.5é possível compreender que, para uma correta determinação do montante a ser pago em tarifas de acesso às redes, existe também a necessidade de proceder ao cálculo do valor a pagar pela potência contratada. Sendo a simulação implementada em base horária, e uma vez que era conhecido o valor deste termo eme/kW.dia, o mesmo foi transformado num valor horário através da simples aplicação do quociente entre o referido valor e o número de horas de cada dia 0.034824 , tendo sido obtido um valor de 0.00145e/kW.h.

No entanto, uma vez que este valor ainda não se encontrava em unidades que facilitassem os cálculos necessários à realização da pretendida simulação, existiu a necessidade de multipli- car, para cada hora, o valor obtido pela potência que seria contratada pelo cliente industrial em consideração. Uma vez que, aquando da disponibilização dos dados do seu consumo foi também disponibilizado o valor da potência contratada, para que se obtivesse um valor correto existiu a necessidade não só de multiplicar os 0.00145e/kW.h pelo valor de potência como também pelo fator multiplicativo utilizado que, tal como referido no subcapítulo5.1.1, foi de 4. Desta forma, e tal como se pode observar na tabela5.1, o industrial exemplo apresentava uma potência elétrica

instalada de 1632.15 kW e, uma vez que na simulação efetuada o seu consumo quadruplicou, a sua potência contratada teria logicamente de crescer na mesma proporção.

Tabela 5.1: Valores da potência elétrica instalada em cogeração, da potência realmente instalada no cliente industrial exemplo e da potência instalada que se assumiu.

Sendo conhecida então a potência contratada que o cliente apresentaria caso quadruplicasse o seu valor de consumo é então possível determinar, para cada hora, o valor a pagar pela potência instalada. Esse valor corresponde ao simples produto entre os 0.00145e/kW.h pelos 6528.6 kW totalizando assim em cada hora aproximadamente 9.47e.

5.2.3.3 Determinação do termo de potência em horas de ponta das tarifas de acesso às redes Completa a determinação quer do termo de energia ativa, quer do termo de potência contra- tada, um outro parâmetro relacionado com as tarifas de acesso às redes que necessitou de ser determinado foi o termo de potência tomada em horas de ponta. Consultando o Regulamento n.o 468/2012 da ERSE, e tal como se pode observar na figura5.6é possível compreender que, para proceder à determinação dos encargos com horas de ponta não basta identificar uma hora como sendo de ponta e multiplicar o seu consumo nessa hora pelo valor presente na figura5.5. [116]

Figura 5.6: Procedimento necessário ao cálculo dos encargos com a potência em horas de ponta. Adaptado de [116].

Seguindo então o procedimento explicitado na figura5.6foi construída a tabela5.2onde, tendo por base os dados de consumo horário do cliente afetados pelo fator multiplicativo considerado se determinou, em primeiro lugar e para cada mês de 2014, qual a quantidade energia consumida nas horas de ponta. Conhecendo o valor total da energia consumida mensalmente em horas de ponta, e de forma a determinar o valor mensal do parâmetro PP, o passo seguinte consistiu somente na

aplicação da equação5.1 tornou-se possível a determinação dos encargos mensais que o cliente apresenta com o termo de TAR correspondente à potência tomada em horas de ponta.

CustoHPm = PPm × ( 8.958 × 1000 ) (5.1)

Nesta equação:

• CustoHPm traduz o custo no mês “m” de 2014 com a potência tomada em horas de ponta.

[e/mês]

• PPm traduz a potência em horas de ponta no mês “m” de 2014. [MW]

• (8.958 × 1000) traduz o valor do custo com a potência tomada em horas de ponta. [e/MW.mês] Determinado este valor de custo, e de forma a facilitar a compreensão da simulação imple- mentada, a etapa seguinte passou pelo cálculo mensal do preço médio a pagar por cada MWh consumido em horas de ponta, podendo esse cálculo ser simplesmente realizado através da equa- ção5.2.

Pmédio energia HPm =

CustoHPm

EPm

(5.2)

Na expressão acima apresentada:

• Pmédio energia HPm corresponde ao preço médio da energia consumida em horas de ponta no

mês “m” de 2014. [e/MWh]

• EPm corresponde ao valor da energia consumida em horas de ponta no mês “m” de 2014.

[MWh]

Acerca dos cálculos apresentados nas equações 5.1 e 5.2, e cujos resultados se encontram apresentados na tabela5.2, importa realçar que os mesmos apenas foram realizados em base men- sal devido ao exposto no artigo n.o 164 do Regulamento n.o 468/2012 [116]. Desta forma, e tal como se pode compreender através da análise da figura5.6, o cálculo terá de ser realizado em base mensal em virtude do facto de as faturas energéticas dos clientes serem respeitantes a um período correspondente a um mês. Já o último cálculo, e cujos resultados se apresentam na última coluna da tabela seguinte, visa somente a obtenção de um valor (eme/MWh) que possa desta forma ser aplicado a cada hora de ponta no mês em consideração.

Tabela 5.2: Procedimento implementado na determinação do preço médio mensal da energia con- sumida em horas de ponta.

Encontrando-se concluída a implementação do procedimento presente no Regulamento n.o 468/2012, foi implementada mais uma etapa no procedimento de cálculo empregue. Nesta, basi- camente criou-se uma nova coluna e nela se implementou uma condição que, percorrendo as 8760 horas do ano identificava se cada uma delas era de ponta ou não. Em caso negativo, a célula res- petiva era preenchida com o valor 0. Já nos casos afirmativos, ou seja naqueles em que a hora em análise de facto era de ponta, a condição simplesmente colocava consoante o mês a que a referida hora pertencesse um dos 12 valores presentes na última coluna da tabela acima apresentada e que correspondem ao encargo médio que cada hora apresenta no mês em consideração.

5.2.3.4 Determinação do termo de energia reativa das tarifas de acesso às redes

Encontrando-se completa a descrição necessária à compreensão do procedimento implemen- tado no cálculo das várias parcelas das tarifas de acesso às redes, permanece apenas em falta a análise do termo de energia reativa. Este tipo de energia, apesar de ser necessária para que se produza o fluxo magnético necessário ao funcionamento de vários tipos de equipamentos, de que os motores e transformadores são exemplo, “ocupa espaço” no sistema, "espaço" esse que poderia ser utilizado para que fosse transportado um maior fluxo de energia ativa dado que esta é de facto aquela que é necessária para a produção de trabalho. Desta forma, e sabendo-se que o seu consumo aumenta as perdas nas redes e nas instalações dos clientes, o seu dispêndio deve ser controlado e, em caso de necessidade, essa energia deve ser produzida localmente. Cientes desta questão, a grande maioria das empresas que apresentam consumos deste tipo de energia têm nas suas instala- ções equipamentos de produção local de energia reativa, de que as baterias de condensadores são exemplo. Encontrando-se estes equipamentos presentes na instalação do cliente, além de serem reduzidas as perdas quer nas redes a montante, quer na própria instalação, são também evitados encargos com esta energia. [117]

termo, o mesmo é completamente desprezável face ao total da fatura. Para sustentar esta afirmação e, uma vez que como referido anteriormente através da empresa onde a presente dissertação foi realizada foi possível ter acesso a uma fatura elétrica do cliente industrial onde a unidade de cogeração utilizada no estudo se situa, apresenta-se na figura5.7um excerto dessa mesma fatura respeitante ao encargo com este termo sendo, através da análise da mesma, possível compreender a razão que levou ao desprezo deste termo.

Figura 5.7: Valor a pagar pelo termo de energia reativa das TAR. Adaptado da fatura de Outubro de 2014 do cliente industrial que se encontra mesmo local que a cogeração utilizada no estudo.

Como se pode observar nesta figura, retirada da fatura mensal do referido cliente MT, no mês a que a mesma respeita houve lugar a um pagamento de apenas 58.35e do termo de energia reativa das tarifas de acesso às redes. Conhecendo este valor e comparando-o com o total da fatura que, no referido mês, totalizou mais de 60000e, rapidamente se conclui que efetuando uma simulação que não o leve em consideração o impacto obtido na veracidade dos resultados não se apresentará como sendo significativo.