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Um dos aspectos fundamentais ao entendimento dos fenômenos no contexto estudado refere-se às condições de cobertura, uma vez que são determinantes no comportamento hidrogeomorfológico. Na área de estudo identificam-se condições variadas, parte em função dos usos da terra que ali se verificam e parte associada a diferentes graus de degradação ambiental. A Carta de Cobertura e Uso da Terra, portanto, possibilita o estabelecimento de uma série de correlações com os demais atributos físicos já apresentados

A definição das classes de cobertura e uso da terra, adotadas no mapeamento em questão, foi pautada nas observações de campo acerca das condições existentes em cada setor. Desse modo, individualizaram-se 13 classes. Segue-se, portanto, uma listagem contendo cada classe adotada e as características que a definem.

1) Área urbana – porção de urbanização consolidada. Na área de estudo se verifica a predominância de bairros residenciais, com área que varia de 500 m² a 1500 m². Ocorrem também alguns lotes institucionais, tais como escolas, igrejas e pequena área de uso militar;

2) Área ocupada – restrita à pequena porção ocupando setor de cabeceira do córrego Tucum, esta área se caracteriza por ocupação irregular (favela), no qual se dá ausência de infraestrutura urbana;

3) Tecnogênico 1 – nesta classe foram inseridas as áreas de depósito de entulho e áreas adjacentes nas quais, após a deposição, houve algum uso por parte da administração municipal;

4) Tecnogênico 2 – áreas em que se deu a deposição de resíduos em períodos pretéritos e que na atualidade encontram-se colonizadas por vegetação, embora contenham artefatos e lixo em superfície;

5) Solo exposto – são identificadas expressivas porções em que o solo encontra-se sem cobertura, fato em geral associado a operações recentes ou pretéritas por parte da administração municipal em obras de controle de erosão e manutenção de estruturas de microdrenagem. Incluem-se nessa categoria os terrenos erodidos (taludes de voçorocamento);

6) Capim 1 – incluem-se nessa classe as coberturas por gramíneas com baixo adensamento, ou seja, ocorrem pequenos agrupamentos de capim entremeados de solo exposto; 7) Capim 2 – áreas de cobertura por gramíneas com maior adensamento;

8) Pastagem – ocorrendo em setor restrito da área (vertente norte do córrego Tucunzinho), tem-se área coberta por gramíneas adensadas de baixo porte, utilizada como pastagem para pequeno rebanho leiteiro (produção familiar);

9) Eucalipto 1 – cobertura por silvicultura de eucalipto (fazenda particular). Adensamento arbóreo regular com indivíduos de médio porte;

10) Eucalipto 2 – cobertura por silvicultura de eucalipto (fazenda particular). Adensamento arbóreo irregular com indivíduos de baixo a médio porte. Restrita ao setor do lixão municipal aterrado;

11) Lavoura – ocupa pequena porção da área de estudo (setor sul), compondo-se inteiramente de cultura de mandioca (fazenda particular);

12) Mata – remanescente florestal (cerradão) relativamente degradado. Nessa categoria se inserem terrenos com vegetação mista, de médio a alto adensamento;

13) Várzea – restrita ao leito da voçoroca do córrego Tucunzinho ocorre área expressiva de deposição, compondo várzea com médio adensamento por gramíneas e espécies aquáticas. Eventualmente sofre soterramento devido à maiores cargas de montante associadas a eventos chuvosos de maior magnitude.

O Mapa 5, portanto, apresenta a Carta de Cobertura e Uso da Terra. Tal como os demais documentos cartográficos, este é delimitado em função da área periurbana, sendo, contudo, acrescido de uma representação da área da alta bacia em sua totalidade, em escala reduzida.

202400 202600 202800 203000 203200 203400 203600

224 33' 2781" S474 52' 5584" W 224 33' 689" S

474 53' 3384" W

Classes de Cobertura e Uso da Terra

ÁREA URBANA SOLO EXPOSTO ÁREA OCUPADA TECNOGÊNICO 1 TECNOGÊNICO 2 CAPIM 1 CAPIM 2 PASTAGEM EUCALIPTO 2 EUCALIPTO 1 LAVOURA MATA VÁRZEA

Convenções Cartográficas

Hidrografia

APOIO:

Elaborado por:

DENER TOLEDO MATHIAS

Limite da área

Periurbana

CARTA DE COBERTURA E

USO DA TERRA DA

ÁREA PERIURBANA DA

ALTA BACIA DO CÓRREGO

TUCUM - SÃO PEDRO (SP)

Contendo área total da alta bacia

em escala reduzida

DATUM: SIRGAS 2000 - UTM Zona 23S

±

200 100 0 200

A análise do documento cartográfico apresentado permite a constatação de que a porção urbanizada da área de estudo é a que têm maior expressão. Nesse sentido vale a menção de que o meio urbano vem a representar fator de notável pressão ambiental, dado que os setores de cabeceira, também referidos como áreas de manancial, são aqueles em que os impactos negativos da ação antrópica de processam com maior intensidade.

É possível identificar que, à exceção das áreas de silvicultura, boa parte das coberturas que compõem o setor periurbano são de solo exposto e capim de baixa densidade. Tais condições são fortes potenciais ao desencadeamento erosivo, vindo a intensificar o quadro de degradação já existente.

No decorrer do período em que se deu o presente estudo foi possível a constatação de que as citadas áreas vêm sendo ocupadas irregularmente por moradias de baixa renda, compondo uma comunidade em favela, fato atribuído ao abandono das terras. A comunidade em questão concentra-se no setor 3A da área, tendo-se expandido nos primeiros meses do ano de 2015 para o setor 2B.

Acerca dos terrenos nos quais ocorre a categoria denominada “Eucalipto 2”, cabe frisar que possuem como característica marcante, averiguada em campo, a exposição da cobertura superficial (solos/coberturas tecnogênicas), sob o dossel das árvores. Uma vez que os eucaliptos dessa classe são de baixa densidade e porte pequeno a médio, há condições propicias à maior suscetibilidade erosiva nessa área. De igual modo, embora a área classificada como “Lavoura” se caracterize por ampla cobertura vegetacional, a mesma representa um fator pouco significativo na proteção do solo, por tratar-se de vegetação de baixo adensamento, e também por se constituir efêmera, dado que após a colheita ocorre sua completa retirada, gerando com isso mais áreas de solo exposto.

Conforme já mencionado, a reclassificação da Carta de Cobertura e Uso da Terra para sua incorporação no cruzamento final dos dados foi orientada pelas observações de campo de forma que para cada uma das condições averiguadas atribuiu-se um valor de 0 a 5 obedecendo à lógica de maior ou menor proteção da cobertura pedológica/tecnogênica ao potencial erosivo das precipitações, de acordo com a densidade vegetacional, o porte e a distribuição das fitofisionomias.

Como dados complementares às análises deste trabalho, encontram-se adiante descritos os resultados de pluviosidade, obtidos a partir da leitura efetuada com pluviógrafo digital, conforme apontado no capítulo 5. A Figura 42 apresenta os dados referentes aos anos de 2014 e 2015, que podem ser visualizados através do gráfico de precipitação mensal relativo a cada ano.

Fig. 42 - Gráficos de precipitação mensal dos anos de 2014 e 2015

Fonte: Elaborado pelo autor.

A análise dos gráficos de precipitação mensal permite constatar que os meses de maior precipitação concentram-se no período correspondente ao verão (novembro a março). Algumas irregularidades na distribuição das precipitações se verificam entre setembro e outubro de 2014 e abril e maio de 2015, quando há uma situação que denota uma ruptura nas tendências. Os meses de junho e agosto são os que registram menores valores de precipitação (excetuando-se outubro de 2014, que representa um caso anômalo já no período de maior precipitação).

Tais dados apresentam forte correlação com o descrito na bibliografia tanto no que concerne à distribuição como na quantidade de precipitações. Para uma melhor apreciação da distribuição das chuvas ao longo do ano segue-se a Figura 43 contendo os gráficos da precipitação diária, conforme registrados.

Fig. 43 - Gráficos de precipitação diária dos anos de 2014 e 2015

Fonte: Elaborado pelo autor.

Estima-se que os períodos de maior concentração das precipitações são consoantes com a maior atividade dos processos erosivos na área de estudo, muito embora neste trabalho não tenham sido adotados procedimentos visando corroborar esta afirmação. Assim, os dados pluviométricos vêm a se constituir apenas um dado que complementa as análises propostas, auxiliando no entendimento da dinâmica dos processos.