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4 METODOLOGIA

4.7 ANÁLISES DOS DADOS

Na análise dos dados de um estudo de caso, Yin (2010) apresenta várias estratégias e técnicas analíticas. Nesta pesquisa utilizamos como estratégias analíticas a proposição teórica e o uso de dados quantitativos. Como técnica analítica, utilizamos a construção da explanação. O uso

de mais de uma estratégia e técnica analíticas, de acordo com Yin (2010, p. 158), não se excluem mutuamente, “podendo ser usado qualquer número delas em qualquer combinação”.

Os objetivos originais de um projeto para estudo de caso, conforme Yin (2010), estão baseados, presumidamente, em alguma proposição teórica que, por sua vez, reflete um conjunto de questões de pesquisa e a revisão da literatura. Assim foi nesta pesquisa quando apresentamos a proposição teórica: difusão de conhecimentos e a mobilização social são fundamentais para adoção da política pública de educação ambiental.

O uso de dados quantitativos nesta pesquisa, como segunda estratégia analítica, serviu para corroborar com a proposição teórica, permanecendo os dados qualitativos centrais a todo estudo de caso, conforme recomenda Yin (2010). Essas estratégias deram forma ao plano de coleta dos dados, não se constituíram na análise em si, apenas guiaram a análise do estudo de caso através da técnica analítica de construção da explanação.

Para os dados quantitativos, foi utilizada uma análise multivariada de dados categóricos em que foram calculadas as médias das respostas do questionário com escala Likert, as associações existentes e o seu grau conforme Paulino e Singer (2006). As associações foram consideradas a um nível de significância de 5%, denominado de p-valor, ou seja, o valor da probabilidade de se obter o efeito observado, dado que a hipótese nula é verdadeira. Outra medida utilizada foi o coeficiente Phi, que equivale a uma medida de associação que avalia a “força” da associação significativa entre categorias de variáveis nominais. (PAULINO; SINGE, 2006). Foi utilizado para essas análises o SPSS, soft aplicativo para ciências sociais (SPSS, 2014).

Com relação a técnica analítica de construção da explanação, Yin (2010, p. 170) considera que, “explicar um fenômeno é estipular um conjunto presumido de elos causais sobre ele, ou „como‟ ou „por que‟ algo aconteceu, sendo complexos e difíceis de medir”. Como na maioria dos estudos de caso, essa explanação ocorre através de uma narrativa, dessa forma, não pode ser precisa, mas deve refletir proposições teoricamente significativas, permitindo

recomendações para futuras ações.

Considerando o que é postulado por Yin (2010, p. 61), no que diz respeito às generalizações de estudos de caso, a generalização estatística relacionada a populações e universos não deve

ser a generalização dos resultados do caso, mas sim “a generalização analítica, em que uma teoria previamente desenvolvida é usada como um padrão, com o qual são comparados os resultados empíricos do estudo de caso”. Os estudos de caso, segundo o autor, são generalizáveis às proposições teóricas e não às populações e universos. O pesquisador não procura casos representativos de uma população para a qual pretende generalizar os resultados, mas a partir de um conjunto particular de resultados, ele pode gerar proposições que seriam aplicáveis a outros contextos (YIN, 2010).

Nesse sentido, os resultados obtidos através de todas as técnicas de coleta utilizadas nesta pesquisa miraram em direção à generalização analítica, em que o alvo foi as inferências de Nível Dois. Esse tipo de inferência, segundo Yin (2010), corresponde à generalização analítica, enquanto as inferências de Nível Um são aquelas relacionadas às generalizações estatísticas.

Como utilizamos quatro fontes de evidências (grupos focais, questionários, observações diretas e documentos), a triangulação dos dados colhidos a partir dessas fontes foi uma ferramenta essencial para avaliar os eventos do estudo. Para tanto, a confecção das questões do questionário com escala Likert e do roteiro do grupo focal guarda uma relação entre si de modo que as informações colhidas em ambos puderam ser convergidas, em muitos casos, para corroborar os resultados. Da mesma forma, pretendeu-se buscar na observação direta e análise dos documentos, a mesma convergência. Embora articuladas, cada uma dessas técnicas de coleta dos dados foram projetadas com propósitos específicos, conforme recomenda Minayo (2005).

O conceito de triangulação, de acordo com Minayo (2005, p. 29), “vem do interacionismo simbólico [...], significando a combinação e o cruzamento de múltiplos pontos de vista; a tarefa conjunta de pesquisadores com formação diferenciada; a visão de vários informantes e o emprego de uma variedade de técnicas de coleta de dados”.

Minayo (2005) utiliza muito a expressão triangulação de métodos, mas suas abordagens sobre o assunto não se limitam apenas ao conceito de método em si. Até porque, salienta a autora, existe uma imensa controvérsia entre diversos outros autores sobre o que são métodos e o que são técnicas, não sendo fácil delimitar essas diferenças de maneira consensual. Dessa forma, a autora refere-se à triangulação de métodos, triangulação de dados, triangulação de fontes,

triangulação entre achados qualitativos e quantitativos, triangulação de abordagens metodológicas, triangulação de pesquisadores. Portanto, de acordo com esse conceito de triangulação, várias fontes e técnicas de coletas de dados podem ser combinadas, visando produzir um conhecimento mais aprofundado da realidade, conforme foi adotado nesta tese.

O estudo de caso conforme Yin (2010) exige também várias fontes, consequentemente, demanda várias técnicas de coleta de dados, dessa forma, vem corroborar com a triangulação como estratégia de análise de dados nesta tese. De acordo com Minayo (2005), boa parte dos pesquisadores sociais hoje propõem a triangulação como reconhecimento dos limites de modelos fechados. As técnicas tanto estatísticas quanto qualitativas, segundo a autora não são instrumentos válidos em si mesmos, dependem, em parte, do nível de análise que se pretende realizar. Umas são mais úteis para dimensionar, outras para compreender crenças, valores e representações. Assim, Minayo (2005, p. 99) resume o sentido dessa discussão dizendo que:

[...] os diferentes métodos, técnicas e estratégias são vistos aqui como „grades‟ por meio das quais se pode observar e compreender a realidade. Devem ser triangulados com precisão científica, ou seja, levando-se em conta as especificidades e a adequação de cada um ao processo de avaliação, de forma distinta e ao mesmo tempo combinada.

Nesta tese, a técnica de construção da explanação permeada pelas estratégias analíticas permitiu construir nosso próprio repertório analítico através dos dados colhidos nos grupos focais, questionários, observações diretas e documentos. Os resultados foram agrupados em cada uma dessas fontes de modo a identificar os elos causais dos fenômenos estudados durante a pesquisa e triangulados entre si, identificando-se a ocorrência de resultados semelhantes em mais de uma fonte, até que as idéias acerca das questões da pesquisa começaram a se repetir, conforme recomenda Minayo (2005) para esse tipo de análise. Este procedimento serviu também para reforçar a confiabilidade do método, evitando ameaças a

validade interna, inerente a forma como os dados foram colhidos.

Por fim, a essência dos resultados foi analisada à luz da proposição teórica adotada, buscando perceber a existência de algum alinhamento à mesma.

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