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Análises dos níveis de espiritualidade no trabalho e suas dimensões

4.1 ANÁLISE DOS NÍVEIS DE ESPIRITUALIDADE NO TRABALHO

4.1.3 Análises dos níveis de espiritualidade no trabalho e suas dimensões

A partir dos resultados obtidos, utilizou-se a padronização dos escores de Lopes (2016), onde a mesma é obtida a partir da seguinte operação matemática: soma-se os valores válidos subtraídos da menor soma possível, o resultado e dividido pela maior soma possível subtraído da menor soma possível, multiplicado por 10 ou 100 (valor em percentual), os quais são convencionados nas três categorias (Baixa, Moderada e Alta). Logo a padronização ocorreu da seguinte forma: Alta para média de 66.67% a 100%, moderada para média entre 33,33% e 66,66% e baixa para média de 0 a 33,32%. O cálculo Escore Padronizado (EPI) é representado através da seguinte formula:

Frente ao exposto, 87,5% dos respondentes apresentaram alto nível de espiritualidade no trabalho (figura 5), ou seja, quase maioria dos gerentes de empresas que atuam nos Parques Tecnológicos do Rio Grande do Sul, percebem possui uma “vida interior que nutre e é nutrida por um trabalho significativo que ocorre no contexto da comunidade” (ASHMOS; DUCHAN, p. 137).

Figura 5 – Frequência de espiritualidade no trabalho

Fonte: Dados da pesquisa, 2019

Frente ao exposto, percebe-se que dos gerentes participantes deste estudo, a maioria 84,40%, apresentam nível alto de trabalho significativo. Esse resultado indica que esses trabalhadores possuem profundo senso de significado e propósito em seu trabalho. Essa dimensão da espiritualidade no trabalho representa como os funcionários interagem com o trabalho e seus desejos de estarem envolvidos em atividades que dão maior significado à sua vida e as vidas de outros (ASHMOS; DUCHON, 2000; MILLIMAN; CZAPLEWESKI; FERGUSON, 2003).

Já a dimensão senso de comunidade apresentou um resultado positivo, obtendo um alto índice na padronização (figura 6), demonstrando que 93,80% dos gerentes percebem haver um sentido de pertença e conexão em seu trabalho. Millman, Czaplewski e Ferguson (2003) acreditam que a essência do senso de comunidade é que isso envolve conexão entre as pessoas, incluindo suporte, liberdade de expressão e cuidados genuínos, havendo empresas que parecem ter desenvolvido fortes culturas organizacionais que o enfatizam. um senso de comunidade entre os trabalhadores (MILLIMAN; CZAPLEWSKI; FERGUSON, 2003). Esse alto índice de senso de comunidade em ambientes inovativos é um dado que corrobora com o processo de inovação, pois segundo DANIEL (2010), esses sentimentos espirituais ajudam os indivíduos a se envolverem em processos cognitivos criativos relevantes, bem como em esforços extra de persuadir, comunicar, interagir e ajudar os outros na implementação de novas ideias (AFSAR; REHMAN, 2015).

87,50% 12,50%

Figura 6 – Frequência das cinco dimensões de espiritualidade no trabalho

Fonte: Dados da pesquisa, 2019

A dimensão de alinhamento com os valores organizacionais obteve 84,40% dos respondentes com alta percepção de que seus princípios ou crenças estão alinhados com os modelos de comportamento esperado e com as ações organizacionais. Nos estudos de Porto e Tamayo (2005) confirma-se que valores organizacionais predizem comportamento de autonomia, o qual retrata atributo de organizações que estimulam a inovação e a criatividade, encaixando-se perfeitamente no ambiente inovativo em que os gerentes respondentes estão inseridos.

Contudo a questão “Eu sinto que meu local de trabalho está preocupado com os necessitados da nossa comunidade”, obteve a menor média 3,72 e desvio padrão de 1,08, sendo um indicador preocupante, por se tratar de gestores de empresas residentes em parques tecnológicos que une empresa/ ensino/ governo/ comunidade.

Em contraposição as demais dimensões, apenas 54,80% obtiveram alto nível de senso de transcendência, enquanto nível moderado apresentou 42, % e baixo 3,20%. Umas das razões para tal resultado é que essa dimensão envolve uma variedade de sentimentos e experiências inspiradoras, misteriosas ou sagradas, podendo, conforme o perfil dos respondentes, não compartilhar de parte delas. Este conjunto complexo que formam a dimensão de transcendência são os sentimentos como alegria, vitalidade, felicidade (PETCHSAWANG; DUCHON, 2009), excitação, bem-estar (KINJERSKI; SKRYPNEK, 2004; 2006), prazer (REGO; SOUTO; PINA-CUNHA, 2007), e experiencias inspiradoras, misteriosas ou sagradas, manifestadas

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

Trabalho significativo Senso de comunidade Alinhamento com os valores organizacionais Senso de transcendência 84,40% 93,80% 84,40% 54,80% 15,60% 6,30% 15,60% 42,00% 3,20%

quando o trabalhador tem suas escolhas influenciadas por valores espirituais (ASHMOS; DUCHON, 2000; KINJERSKI; SKRYPNEK, 2004; 2006; PRADHAN; JENA; SOTO, 2017).

Neste sentido, na tabela 8 são apresentados os cruzamentos do perfil dos gestores e espiritualidade no trabalho. Considerando que 87,5% dos gestores apresentam alto nível de espiritualidade no trabalho, as categorias de análise geração e crença religiosa, não apresentam diferenças expressivas. Já com relação ao gênero, escolaridade, tipo de vínculo com a propriedade da empresa houve diferenças significativas: gerentes autodeclarados pertencentes ao gênero feminino (66,7%) apresentaram reduzida espiritualidade no trabalho em relação ao gênero masculino (92,0%); com relação a escolaridade, gerentes com ensino médio (66,7%) apresentaram reduzida espiritualidade no trabalho em relação aos que possuem ensino superior (99,90%) e pós graduados (85,7%); já com relação a propriedade da empresa, os gerentes que são funcionários apresentaram (71,4%), enquanto os gerentes que são proprietários obtiveram o score máximo (100%) possuem alta espiritualidade no trabalho.

Tabela 8 – Cruzamento do perfil dos gestores e espiritualidade no trabalho

Dados do Perfil dos Gestores Espiritualidade no trabalho Total Alta Moderada Geração Y 18 3 21 85,7% 14,3% 100,0% X 10 1 11 90,9% 9,1% 100,0% Gênero Feminino 4 2 6 66,7% 33,3% 100,0% Masculino 23 2 25 92,0% 8,0% 100,0%

Prefiro não dizer 1 0 1

100,0% 0,0% 100,0%

Escolaridade Ensino médio 2 1 3

66,7% 33,3% 100,0% Ensino superior 20 2 22 90,9% 9,1% 100,0% Pós-Graduado 6 1 7 85,7% 14,3% 100,0% É um dos proprietários da empresa Não 10 4 14 71,4% 28,6% 100,0% Sim 18 0 18 100,0% 0,0% 100,0%

Possui crença religiosa Não 11 2 13

84,6% 15,4% 100,0%

Sim 17 2 19

89,5% 10,5% 100,0%

Total 28 4 32

87,5% 12,5% 100,0%

Os vínculos religiosos dos gerentes também foram cruzados com as dimensões e não apresentaram diferença significativa, surpreendendo por seu conceito ser vinculado a experiências inspiradoras, misteriosas ou sagradas, manifestadas quando o trabalhador tem suas escolhas influenciadas por valores espirituais (ASHMOS; DUCHON, 2000; KINJERSKI; SKRYPNEK, 2004; 2006; PRADHAN; JENA; SOTO, 2017). Não obstante, na dimensão transcendência os gerentes obtiveram 54,8% de alto nível de senso de transcendência, dados semelhantes aos gestores que manifestaram possuir uma religião (52,6%) e dos que não possuem religião (53,8%). Dados esses que confirmam que espiritualidade no trabalho não é religião (ASHMOS; DUCHON, 2000; MILLIMAN; CZAPLEWESKI; FERGUSON, 2003; REGO, SOUTO; PINA-CUNHA, 2007; SIQUEIRA et al., 2014; MILLIMAN; GATLING; KIM; 2018).

Tabela 9 – Cruzamento do perfil das empresas em que os gestores atuam e espiritualidade no trabalho dos gestores

Perfil das empresas em que os gestores atuam Espiritualidade no trabalho Total Alta Moderada

Setor que a empresa em que trabalha atua Comercial 5 0 5 100,0% 0,0% 100,0% Industrial 4 1 5 80,0% 20,0% 100,0% Prestação de Serviço 18 3 21 85,7% 14,3% 100,0% Rural 1 0 1 100,0% 0,0% 100,0%

Porte da empresa em que trabalha Grande 2 1 3

66,7% 33,3% 100,0% Média 5 2 7 71,4% 28,6% 100,0% Micro 19 1 20 95% 5% 100,0% Pequena 2 0 2 100,0% 0,0% 100,0%

Você trabalha com TI Não 11 1 12

91,7% 8,3% 100,0%

Sim 17 3 20

85% 15% 100,0%

Total 28 4 32

87,5% 12,5% 100,0% Fonte: Dados da pesquisa, 2019

Na tabela 9 são apresentados os cruzamentos do perfil das empresas e espiritualidade no trabalho. Considerando que 87,5% dos gestores apresentam alto nível de espiritualidade no trabalho, o setor em que a empresa atua e trabalha com TI, não apresentam diferenças significativas. A única variável que apresentou diferença significativa foi com relação ao porte da empresa. Gestores que trabalham em empresas de porte médio (71,4%) e grande (66,7%)

apresentaram reduzida espiritualidade no trabalho com relação ao que trabalham em empresas com porte micro (95%) e em pequena (100,0%). Este dado pode estar relacionado ao fato de que todos os gerentes de empresas de porte pequeno e 95% das micro são proprietários das mesmas, ou seja, essa diferença pode resultar do vínculo de propriedade com a empresa.

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