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Os estudos de sobre as capacidades dinâmicas da empresa iniciam a partir da teoria de recursos da empresa (RBV) de Penrose (1959). A RBV foi apresentada por Wernerfelt (1984) e popularizado por Barney (1991). Sua essência reside na ênfase sobre recursos e capacidades internas da empresa, com objetivo de obter vantagens competitiva: os recursos são heterogêneos entre empresas concorrentes são imperfeitamente móveis que, por sua vez, faz com que essa heterogeneidade persista ao longo do tempo (PENROSE, 1959; WERNERFELT, 1984

BARNEY ,1991; MAHONEY; PANDIAN, 1992; WANG; AHMED, 2007).

Fundamentalmente, é o VRIN (valioso, raro, inimitável e não substituíveis) da empresa que permitem ou limitam a escolha dos mercados pode entrar, e os níveis de lucro que pode esperar (WERNERFELT, 1989; WANG; AHMED, 2007).

Um dos primeiros a estudar as capacidades dinâmicas foi Winter (1964), seguido de outros estudiosos no intuito de desenvolver um conceito sobre este tema (ZOLLO; WINTER, 2003; WANG; AHMED, 2007; TEECE, 2009). Não obstante, a partir dos anos 90 o termo

capacidades dinâmicas foi estudado e aprofundado por Teece e Pisano (1994), Teece, Pisano e Schuen (1997), Eisenhardt e Martin (2000) e Wang e Ahmed (2007).

O surgimento da teoria das capacidades dinâmicas ampliou a teoria da RBV, incluindo a natureza evolutiva dos recursos da empresa e as capacidades em relação as alterações e possibilidades do meio ambiente.Para Wang e Ahmed (2007) o uso misto e a dificuldade na interpretação das terminologias ligadas a capacidades dinâmicas ainda precisam ser esclarecidos, no entanto sustentam capacidades dinâmicas como comportamento constante da empresa para integrar, reconfigurar, renovar e recriar seus recursos e capacidades e, atualizando e reconstruindo suas principais capacidades em resposta ao ambiente em mudança, de forma a atingir e sustentar a vantagem competitiva

Teece, Pisano e Schuen (1997) definem capacidades dinâmicas como sendo a capacidade da empresa para integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas, de forma a atuar dinamicamente em ambientes de mudanças rápidas. Neste contexto, Eisenhardt e Martin (2000) definem capacidades dinâmicas como um processo em que a empresa utiliza dos recursos, especialmente dos processos de integrar, reconfigurar e gerir esses recursos, as rotinas organizacionais e estratégicas, de forma a criar conexão, emergir, colidir, dividir, evoluir ou morrer.

As capacidades dinâmicas não são simplesmente processos, mas processos incorporados (WANG; AHMED, 2007). Os autores ainda diferenciam processo como sendo estruturas explícita ou codificável e combinação de recursos e, portanto, transferíveis facilmente dentro da empresa ou entre empresas, de capacidade, que é a combinação de processos explícitos e tácitos, e a possibilidade de implantação de uma empresa, ou seja, processos incorporados que incluem elementos como know-how e liderança.

Segundo Wang e Ahmed (2007) os recursos podem ser uma fonte de vantagem competitiva ao demonstrar traços VRIN. No entanto, considerando ambientes de mercado dinâmicos, os recursos do VRIN podem não persistir ao longo do tempo e, portanto, não podem ser uma fonte de vantagem competitiva sustentável. Os autores classificam esses recursos capazes de melhora o desempenho da empresa e alcançar objetivo desejado em recursos de primeira ordem. Assim, as capacidades principais são segunda ordem, e são uma combinação de recursos e capacidades de uma empresa estrategicamente importantes para a sua vantagem competitiva. E as capacidades dinâmicas de terceira ordem são a busca constante da empresa pela renovação, reconfiguração e recriação de recursos, capazes de tratar as mudanças ambientais.

As capacidades dinâmicas são divididas, a partir dos estudos de Wang e Ahmed (2007) em três dimensões principais: capacidades adaptativas, capacidades absortivas e capacidade inovativa. Este estudo terá como foco a capacidade inovativa, sendo apenas apresentada a ideia principal das demais dimensões.

Capacidade adaptativa é definida como a capacidade de uma empresa de identificar e capitalizar as oportunidades de mercados emergentes. As capacidades são refletidas através da capacidade de adaptação de uma empresa em termos de flexibilidade estratégica de recursos e alinhamento entre os recursos da empresa, sua forma organizacional e mudanças constantes de necessidades estratégicas (RINDOVA; KOTHA, 2001; WANG; AHMED, 2007)

Capacidade absortiva é a capacidade de uma empresa em reconhecer o valor de novas informações externas, assimilá-la e aplicá-la, capacidade de avaliar e utilizar conhecimento externo, ou seja, capacidade de aprender de parceiros, integrando informações externas e transformando-as em conhecimento incorporado (COHEN; LEVINTHAL, 1990; WANG; AHMED, 2007).A capacidade inovativa das empresas é um fator crítico para a evolução e sobrevivência das empresas à luz de concorrência externa e mudança, quanto mais uma empresa possuir capacidade inovativa, mais ela possui capacidades dinâmicas (WANG; AHMED, 2007).

Valladares, Vasconcellos e Di Serio (2014) apresentam a capacidade inovativa como uma estrutura multidimensional composta de liderança transformadora, intenção estratégica de inovar, gestão de pessoas para inovação, conhecimento do cliente e do mercado, gestão estratégica da tecnologia, organicidade da estrutura organizacional, e gestão de projetos, que ocasionam inovação em produtos e processos.

Iniciando-se pelas teorias de Schumpeter (1934), a inovação na organização é possível que ocorra por meio do desenvolvimento de novos produtos ou serviços, métodos de produção mercados, descobrindo novas fontes de oferta e desenvolvimento de novas formas de organização. Miller e Friesen (1983) ampliam para quatro dimensões: inovação de novos produtos ou serviços, métodos de produção ou prestação de serviços, tomada de riscos por executivos e busca de novas soluções. Já Capon et al. (1992) adota três dimensões de inovação organizacional: inovação de mercado, estratégia tendência a ser pioneira.

Os estudos de Wang e Ahmed (2004) enfatizaram diferentes combinações das dimensões de capacidade inovativa, sendo que os mesmos autores identificaram na literatura sobre inovação, cinco dimensões recorrentes que determinam a capacidade geral de inovação organizacional (quadro 3).

Quadro 3 – Dimensões de capacidade inovativa organizacional

Autor Produto Mercado Processo Comportamental Estratégico

Schumpeter (1934) X X X Miller e Friesen (1983) X X X X Capon et al. (1992) X X Avlonitis et al. (1994) X X X X Subramanian e Nilakanta (1996) X Hurley e Hult (1998) X Rainey (1999) X X Lyon et al. (2000) X X North e Smalbone (2000) X X X X

Fonte: Wang e Ahmed (2004)

Wang e Ahmed (2004) definem a capacidade inovativa organizacional como a propensão ou a probabilidade de uma empresa produzir resultados inovadores, refere-se à capacidade de uma empresa de desenvolver novos produtos e / ou mercados, através do alinhamento da orientação estratégica inovadora com comportamentos e processos inovadores. Os mesmos autores subdividem a capacidade inovativa em cinco dimensões interligadas: produtos, mercados, processos, comportamental e estratégicos.

As inovações de produto e mercado além de serem entrelaçadas, são centrados no exterior. As inovações comportamental e de processos são ambas focadas no interior da organização. Já a inovação estratégica, é a capacidade da organização de identificar oportunidades e combinações internas e externas de oferecer produtos inovadores e explorar novos mercados ou setores de mercado.

Wang e Ahmed (2004) definem inovação de produtos como novidade de significado de produto introduzido no mercado em tempo hábil, sendo a capacidade inovativa de produto tema de grande interesse (ZIRGER, 1997; MASSAKI; SCOTT, 1995; SCHMIDT; CALANTONE, 1998), sendo amplamente associado ao sucesso empresarial sustentável (HENARD; SZYMANSKI, 2001).

A capacidade inovativa de produtos representa, para as empresas, oportunidades de crescimento e expansão em novas áreas (WANG; AHMED, 2004). Permitindo que empresas consigam oportunidades ou se posicionem em mercados competitivos (DANNEELS; KLEINSCHMIDT, 2001).

A inovação do produto é mais frequentemente referida como uma novidade ou originalidade (HENARD; SZYMANSKI, 2001). Danneels e Kleinschmidt (2001) dividem em duas perspectivas as inovações de produtos: na ótica dos clientes são considerados inovadores

produtos com novos atributos, riscos ao adquirir e que alteram os padrões comportamentais estabelecidos; na ótica empresarial, ajuste ao projeto-empresa; mudanças tecnológicos e de marketing são dimensões inovativas de produto.

Os fatores determinantes da inovação em produtos e processos são orientação e apoio, e eles compreendem o estilo da liderança, valores organizacionais, missão, estratégia, estrutura, recursos e sistemas operacionais, sendo o comportamento e a gestão do conhecimento determinantes da capacidade inovativa organizacional (TANG, 1998).

Capacidade inovativa de mercado estão inevitavelmente entrelaçadas a capacidade inovativa de produtos (WANG; AHMED, 2004). Os mesmos autores também deixam claro que os dois componentes, são fatores distintos, e que a inovação de mercado são novas abordagens que as empresas utilizam para entrar e explorar o mercado alvo.

Se para Schumpeter (1934) a inovação do mercado está intimamente ligada à inovação do produto e é estudada como inovação no mercado de produtos, Andrew e Smith (1996) atrelam a inovação do mercado a inovações relacionadas a pesquisa de mercado, publicidade e promoção, e Ali et al., (1995) conectam a identificação de novas oportunidades de mercado e entrada em novos mercados.

Neste estudo o conceito de capacidade inovativa de mercado será o que as empresas podem identificar um novo nicho de mercado e lançar produtos para atender a lacuna existente, geralmente com tecnologia de ponta, ou adotam novos programas de marketing para promover produtos ou serviços já existentes. Assim, as inovações do produto mantem o foco na novidade do produto, enquanto a capacidade inovativa de mercado enfatiza as novas abordagens da empresa, orientadas para o mercado (ALI et al., 1995; WANG; AHMED, 2004).

A capacidade inovativa de processo, segundo Wang e Ahmed (2004) são a introdução de novos métodos de produção, novas, novas abordagens de gestão e novas tecnologia que podem ser usadas para melhorar a produção e os processos de gestão. Na capacidade inovativa, é imperativo as inovações de processos, pois na medida que as organizações exploram seus recursos e capacidades, tornam se fundamentais reconfigurações e recombinações para atender as exigências de produção criativa, fundamentais para o sucesso organizacional.

A capacidade inovativa comportamental, segundo (WANG; AHMED, 2004), deve refletir um compromisso de toda organização. A nível individual é uma vontade de mudar, como uma personalidade subjacente construindo (HURT et al., 1977), a nível de grupo, não é uma soma de pessoas inovadoras, mas uma sinergia de grupo inovadoras e a nível gerencial é uma disposição de administrar e incentivar a mudança, novas formas de fazer as coisas e novas ideias (RAINEY, 1999).

Wang e Ahmed (2004) afirmam que para mensurar a capacidade inovativa comportamental de uma organização é necessário considerar os três níveis, individual, de equipes e gerencial, pois resultados inovadores dependem de toda uma cultura inovadora da empresa.

A capacidade inovativa estratégicas para Miller e Friesen (1983) são representadas pelas capacidades de os executivos tomar decisões de riscos e explorar oportunidade de crescimento, enquanto para Capon et al. (1992) são os planejamentos estratégicos. Wang e Ahmed (2004) ampliam o conceito de capacidade inovativa estratégica para a competência de uma organização de gerenciar e identificar, entre o desenvolvimento e a validação da construção inovadora organizacional, oportunidades de utilizando recursos existentes de forma criativa.

Neste sentido, Cohen e Levinthal (1990) defendem que a criatividade é estimulada quando a compreensão é exercitada adquirindo conhecimentos assimilados juntamente com parte diferente, esta parte diferente estimula a criatividade na resolução de problemas e o conhecimento próximo facilita a compreensão ressaltando a discussão da importância da diversidade e da comunicação do conhecimento na relação entre empresa e a fonte externa.

Para empresas consolidadas e de sucesso, a inovação estratégica encontra um cenário cheio de obstáculos para a mudança, pois não possui necessidade de inserir novos conhecimentos. Outra circunstância que dificulta a capacidade inovativa estratégicas é, mesmo quando há necessidade de mudar, a empresa não possuir capacidade de gerenciar a mudança, ou os gestores hesitarem devido a riscos e incertezas (MARKIDES, 1998).

2.3 RELAÇÃO ENTRE ESPIRITUALIDADE NO TRABALHO E CAPACIDADE

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