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4 Resultados

4.5 Análises de Expressão

A partir dos dados do RNAseq, foram selecionados dentre os genes diferencialmente expressos, genes quinases das famílias não receptoras, quinases receptoras de parede da família WAK e fatores de transcrição para análise por agrupamento hierárquico com os genes da via de biossíntese da lignina, em busca do mesmo padrão de expressão. O objetivo foi relacionar estes grupos de genes.

Foram identificados 18 genes envolvidos na via de biossíntese da lignina em E. globulus: CCR1, 4CL1, 4CL2, C3'H3, C3'H4, C4H1, C4H2, CAD2, CCoAOMT1,

CCoAOMT2, COMT1, CSE, F5H1, HCT4, HCT5, PAL3, PAL8 e PAL9. Nos grupos de

genes pertencentes às famílias de quinases foram identificados 165 genes, as famílias mais representativas nas análises foram CAMK com 48 genes, 33 TKL, 29 CMGC, 20 STE e 10 CK1, os vinte e cinco genes restantes se dividiram entre os demais grupos. Para os FTs encontramos 10 NAC, 31 MYB, 5 KNAT, 5 LIM, 35 WRKY e 18 Dof, além de 15 lacases e 20 peroxidases. As identificações dos genes, o número de acesso (ID) e os valores de expressão (fold change) estão na tabela S1 (anexo I).

Nos genes diferencialmente expressos de E. grandis identificamos 21 envolvidos na via de biossíntese da lignina: CCR1, 4CL1, 4CL2, C3'H2, C3'H3, C3'H4,

C4H1, C4H2, CAD2, CCoAOMT1, CCoAOMT2, COMT1, COMT4, CSE, F5H1, HCT2, HCT5, PAL2, PAL3, PAL8 e PAL9. Os genes quinases somam 195 genes com a

seguinte distribuição nos grupos: 46 CMGC, 45 CAMK, 33 TKL, 18 STE, 9 CK1 e quarenta e quatro genes distribuídos em outros grupos menores. Em relação aos FTs, foram identificados 8 NAC, 22 MYB, 7 KNAT, 5 LIM, 24 WRKY e 20 Dof além de 14 lacases e 9 peroxidases (tabela S1).

4.5.1 RNAseq de E. globulus

Os genes diferencialmente expressos para as espécies de E. globulus foram agrupados hierarquicamente (figura 14A), formando dois grupos bem definidos com genes induzidos pela OW e os genes induzidos pela TW (figura AS1).

A maioria dos genes da via de biossíntese da lignina está localizada no grupo com expressão induzida pelo tensionamento do caule (TW): EglC4H1, Egl4CL2,

EglCOMT1, EglCAD2, EglPAL3, EglPAL8, EglPAL9, EglCCR1 e EglHCT5

apresentaram padrão de expressão similar. No entanto, os genes EglC3’H4 e

De maneira geral, podemos observar em relação aos FTs que as famílias WRKY, Dof e LIM foram mais induzidas pela OW, ao passo que as famílias NAC, MYB e KNAT, em sua maioria, responderam positivamente ao tratamento de tensão (TW).

Os FTs da família LIM (figura AS2), EglLIM2, EglLIM3 e EglLIM5, identificados para E. globulus, foram induzidos em resposta a OW. Na família Dof (figura AS3), sete genes tiveram aumento de expressão na OW, EglDOF2, EglDOF9,

EglDOF14, EglDOF16, EglDOF18 e EglDOF25.

A família mais numerosa de FTs identificados, WRKY (figura AS4), teve valores médios de fold change maiores que os demais FTs e um número expressivo de genes ativados pela OW, total de 16 genes: EglWRKY9, EglWRKY14,

EglWRKY18, EglWRKY21, EglWRKY28, EglWRKY39, EglWRKY40, EglWRKY41, EglWRKY45, EglWRKY46, EglWRKY47, EglWRKY50, EglWRKY58, EglWRKY60, EglWRKY68 e EglWRKY70. No grupo de genes induzidos pela TW, EglWRKY11, EglWRKY17, EglWRKY29 e EglWRKY67, se destacaram.

Na família MYB (figura AS5), a maioria dos genes aumentou a expressão na TW, EglMYB20, EglMYB36, EglMYB41, EglMYB62, EglMYB64, EglMYB82 e

EglMYB105 apresentaram as maiores variações de fold change. Em contrapartida, os

genes EglMYB1, EglMYB2, EglMYB23, EglMYB37, EglMYB88, EglMYB95 e

EglMYB132, foram induzidos na região oposta (OW).

A variação na expressão dos FTs da família KNAT (figura AS2) foi significativa apenas para o gene EglKNAT1, sendo positivamente regulado pela TW. Os FTs da família NAC (figura AS6) não apresentaram valores significativos de fold

change.

Analisando os grupos de genes lacases e peroxidases (figura AS7-8), podemos observar que lacases são mais induzidas pela OW e peroxidases respondem mais a TW. As lacases mais expressas na OW foram EglLAC22,

EglLAC24, EglLAC30, EglLAC33, EglLAC38 e EglLAC44, e na TW, EglLAC1, EglLAC28 e EglLAC36. No grupo das peroxidases, os genes que se destacaram por

maior expressão na OW foram EglPRX11 e EglPRX12, e na TW mais genes foram induzidos, EglPRX1, EglPRX2, EglPRX3, EglPRX4 e EglPRX18.

Podemos observar pelos dados de expressão que em E. globulus a maioria dos grupos de quinases está sendo induzido na região oposta a tensão. Os grupos que foram induzidos na OW foram CAMK, CAMK_CHK, CMGC_MPK, CMGC_CDK,

STE, WAK, Others e NDPK. À medida que os grupos CAMK_CDPK, TKL, CMGC_Outras, CK1 e AGC, são mais responsivos a TW.

O grupo CAMK tem muitos membros e divide-se em seis subgrupos, que demonstram ser responsivos ao tratamento de tensão. CAMK_CHK reúne os membros do grupo CAMK_like Checkpoint; o grupo CAMK_CDPK, reúne os genes da família de proteínas quinases dependentes de cálcio (CDPK); e o grupo CAMK engloba OST1L - open stomata-like kinase (ou família SnRK2); proteína quinase ativada por AMP (ou família SnRK1); e CAMK-Like, liver kinase B1.

O grupo CAMK (figura AS9) teve a maioria dos genes induzidos pela OW,

EglCAMK1, EglCAMK2 e EglCAMK4 tiveram aumento da expressão. Os genes EglCAMK3 e EglCAMK7 responderam positivamente ao tensionamento do caule

(TW). A maioria dos genes do grupo CAMK_CHK (figura AS10) foi induzido pela OW, os genes EglCAMK_CHK2, EglCAMK_CHK3, EglCAMK_CHK5, EglCAMK_CHK6,

EglCAMK_CHK17, EglCAMK_CHK18 e EglCAMK_CHK20 tiveram aumento da

expressão na OW. Em contrapartida, EglCAMK_CHK9, EglCAMK_CHK10,

EglCAMK_CHK12 e EglCAMK_CHK11, foram induzidos na TW.

Em contraponto aos grupos citados, o padrão de expressão de CAMK_CDPK (figura AS11) mostrou maior quantidade de genes induzidos na TW:

EglCAMK_CDPK3, EglCAMK_CDPK8 e EglCAMK_CDPK9. Por outro lado, EglCAMK_CDPK12 e EglCAMK_CDPK15, foram mais responsivos a OW. As

quinases CMGC reúne as famílias CDK, MPK, GSK3 e CLK. CMGC_MPK agrupa os membros das proteínas quinases ativadas por mitógeno; o grupo CMGC compreende as quinases dependentes de ciclina (cdc2-related kinase 7-Cyclin-dependent kinase 9) e CMGC_out apresenta as demais famílias.

No geral, o grupo de quinases CMGC (figura AS12) está mais ativado na OW, apenas os genes EglCMGC5 e EglCMGC7 exibem valores de fold change relevantes. No grupo de MPK (figura AS13) os genes EglMPK3 e EglMPK9-1 estão induzidos pela OW, no entanto, na TW o gene EglMPK9-2 tem maior expressão. Os genes EglCMGC_out8 e EglCMGC_out28 apresentaram padrões opostos de expressão (figura AS14).

B

A

TW ↑

OW ↑

TW ↑ e OW↑

C ↑

Figura 14: Agrupamento hierárquico dos genes diferencialmente expressos em (A) E.

globulus e (B) E. grandis submetidos ao tratamento de tensionamento do caule. A cor

vermelha representa valores positivos e a cor verde representa valores negativos de

fold change. As comparações analisadas foram TWxC, OWxC e TWxOW.

O grupo de quinases receptoras de parede apresentou dois genes mais expressos na OW: EglWAK _LR1 e EglWAK _LR7. Ao passo que EglWAK_LR3 e

EglWAK_LR8 foram induzidos pela TW (figura AS15). O grupo de quinases Others

(figura AS16) apresenta valores significativos apenas nos genes induzidos pela OW,

EglOthers_3 e EglOthers_8. O grupo STE (figura AS17) teve três genes, EglSTE2, EglSTE4 e EglSTE5, induzidos pela OW. Na região de tensão, somente EglSTE1 e EglSTE11 responderam a TW.

Dois grupos de quinases se destacaram por seus membros apresentarem apenas indução na região de TW: AGC e CK1. Os genes que tiveram aumento de expressão foram: EglAGC5, EglCK1_2 e EglCK1_10 (figura AS18-19). No grupo TKL muitos genes foram responsivos aos tratamentos (figura AS20). Os genes EglTKL10,

EglTKL24, EglTKL32 e EglTKL37 foram induzidos pelo tensionamento do caule (TW),

por outro lado, os genes EglTKL2, EglTKL8, EglTKL19, EglTKL33 e EglTKL34 foram induzidos na região oposta.

Por fim, os dois representantes do grupo PI (Plant-specific), identificados em E. globulus, apresentaram perfis de expressão contrários. O gene EglPI_1 foi induzido pela OW, enquanto EglPI_2 foi induzido na TW (figura AS21).

O grupo de NDPK apesar de não ser uma típica proteína quinase foi incluído nas análises devido a seu papel na tolerância a estresse e sinalização por MPK em resposta ao estresse oxidativo (Moon et al., 2002; Kim et al., 2011). A maioria destes genes respondeu positivamente a OW, sendo induzidos EglNDPK1, EglNDPK3

e EglNDPK5 (figura AS22).

Em busca do mesmo perfil de expressão dos genes relacionados a via de biossíntese da lignina e das quinases, desenvolvemos a análise de correlação. Podemos observar na figura 15 que os genes EglHCT4, EglC3’H4, EglMYB1,

EglMYB2 e EglMYB132 que apresentaram aumento de expressão na OW se

correlacionam positivamente com as quinases EglCAMK1, EglNDPK5, EglOthers8,

EglCMGC_MPK9-1, EglWAK_LR1, EglMPK3 e EglCAMK_CDPK12, compartilhando

Figura 15: Correlação positiva de Pearson entre quinases, fatores de transcrição MYB e genes da via de biossíntese da lignina de E. globulus.

4.5.1.1 Expressão gênica por qRT-PCR em E. globulus

Para validar a expressão dos genes estudados no RNAseq, escolhemos 3 enzimas do “toolbox” da via de biossíntese da lignina, 2 enzimas CAD-like com alta expressão no xilema e tecidos meristemáticos e dois FTs com funções antagônicas no controle da formação da parede celular secundária além de grande parte dos genes do grupo de MAPKs identificadas em eucalipto, verificando a reprodutibilidade e precisão destes resultados.

A figura 16 apresenta o resultado da análise de expressão gênica para os genes quinases da família MPK, dois representantes da família CMGC_out (MPKK), STE (MPKKK), além de EglNPK5, genes da via de biossíntese da lignina (EglCAD2,

EglCAD-like21, EglCAD-like42, Egl4CL1, Egl4CL2 e EglCOMT1) e fatores de

transcrição (EglMYB1 e EglMYB2) que são “masters” reguladores da via em eucalipto (Goicoechea et al., 2005; Legay et al., 2010; Endo et al., 2014).

Os genes EglMPK19 e EglCMGC_out24 tiveram o mesmo padrão de expressão, ambos reduziram a expressão na OW, embora a redução seja mais pronunciada em EglCMGC_out24. A maior variação ocorreu em EglMPK3, pois os tratamentos inibiram a expressão deste gene tanto na TW quanto na OW. Os tratamentos influenciaram de modo antagônico a expressão de EglMPK4-1 e

EglMPK4-2, pois EglMPK4-1 foi induzido na TW enquanto EglMPK4-2 aumentou na

OW, em comparação ao controle. O tratamento TW foi mais efetivo induzindo a expressão do gene EglMPK13, enquanto na OW houve inibição. Os genes EglMPK1,

EglMPK6-1, EglMPK9-1, EglMPK9-2, EglMPK16, EglMPK17, EglMPK20, EglCMGC_out7, EglSTE3, EglSTE2 e EglNPK5 não apresentaram diferenças

significativas de expressão.

Figura 16: Validação da expressão gênica por qRT-PCR em E. globulus. Em A: genes da família MPK, em B: genes CMGC_out, STE e NPK5. Em C: genes da via de biossíntese da lignina e fatores de transcrição MYB e NAC. As barras correspondem ao desvio padrão.

Os genes EglCOMT1, EglCAD2, EglCAD-like42 tiveram o mesmo padrão de expressão, com maior expressão na TW comparativamente ao controle e ao

tratamento OW, e dentre estes EglCAD-like42 foi o mais expresso, praticamente dobrando a expressão na TW. A exceção foi o gene EglCAD-like21, que apresentou aumento de expressão apenas na OW. Os fatores de transcrição EglMYB1 e EglMYB2 tiveram o padrão de expressão similar, ambos tiveram maior expressão no tratamento OW comparados a TW. Os genes Egr4CL1 e Egr4CL2 não tiveram alterações. 4.5.2 RNAseq de E. grandis

Os dados de expressão gênica de E. grandis mostram que esta espécie responde ao tratamento de forma distinta de E. globulus (figura 14B). A comparação TW x C apresentou dados com mais genes diferencialmente expressos, ao passo que em E. globulus observamos maior contraste na comparação TW x OW. Esta situação afetou o padrão de formação dos agrupamentos nas diferentes espécies. No geral, em E. globulus, as comparações TW x OW se aproximavam mais da comparação TW x C. Em E. grandis, a comparação TW x C se agrupa com a comparação OW x C para a maiorias das famílias gênicas.

A expressão dos genes da via de biossíntese da lignina reflete este padrão (figura 17), verificamos que o tratamento alterou a expressão dos genes da lignina em

E. globulus mais do que E. grandis. A maioria dos genes está agrupada com maiores

valores de fold change no controle (figura AS1). Deste modo, submeter esta espécie ao tratamento de tensionamento do caule reprimiu a maioria dos genes. Podemos verificar também que o grupo de genes EgrC3’H4, EgrCOMT4 e EgrPAL2 foram alterados pelo tratamento, mas EgrC3’H4 foi induzido pela TW, enquanto EgrCOMT4 e EgrPAL2 foram induzidos pela OW.

Os FTs analisados tiveram a maioria dos representantes sendo induzidos pela TW, porém os agrupamentos de genes com maior expressão nos controles se destacam.

Os FTs EgrLIM2, EgrLIM3 e EgrKNAT5, foram induzidos pela TW, ao passo que EgrLIM1 e EgrKNAT7 foram nos controles (figura AS2). Os FTs da família Dof induzidos pela TW foram: EgrDOF7, EgrDOF14, EgrDOF18 e EgrDOF25, contrastando com EgrDOF23, mais expresso na OW (figura AS3).

Os FTs da família WRKY induzidos pela OW foram: EgrWRKY9 e

EgrWRKY47. No outro extremo temos EgrWRKY3, EgrWRKY40, EgrWRKY58 e EgrWRKY67, estimulados pela TW (figura AS4).

A família NAC apresentou a maioria dos genes reprimidos ao serem submetidos ao tratamento; os genes EgrNAC49, EgrNAC137 e EgrNAC146 têm valores de fold change maiores para os controles (figura AS6). A família MYB também apresentou grande número de genes reprimidos pelo tratamento. Apenas o gene

EgrMYB130 foi ativado pela OW, e EgrMYB68, EgrMYB21 e EgrMYB95 sendo

induzidos pela TW (figura AS5).

As lacases analisadas tiveram os genes EgrLAC42 e EgrLAC24 ativados na OW, e EgrLAC28 e EgrLAC33 respondem a TW. No grupo de lacases que são mais ativas no controle fazem parte: EgrLAC12, EgrLAC14, EgrLAC34 e EgrLAC47 (figura AS7). As peroxidases tem apenas um gene responsivo ao tratamento de OW,

EgrPRX22, enquanto, EgrPRX2 e EgrPRX17 são mais ativos nos controles (figura

AS8).

Dentre os grupos de quinases, muitas formaram dois clusters de genes, responsivos e não responsivos ao tratamento. Os grupos que respondem ao tratamento de OW foram STE e CAMK_CDPK, as demais tiveram a maioria dos transcritos alterados pela ação da TW.

No grupo STE (figura AS17), apenas EgrSTE5 foi regulado positivamente pela OW e EgrSTE6 não respondeu ao tratamento. No grupo TKL, três genes

EgrTKL10, EgrTKL18 e EgrTKL28 não responderam ao tratamento, enquanto EgrTKL13, EgrTKL15, EgrTKL19, EgrTKL26, EgrTKL27 e EgrTKL29 foram

estimulados pela TW (figura AS20).

O grupo CAMK teve os genes EgrCAMK1 e EgrCAMK4 induzidos pela TW. No grupo CAMK_CHK (figura AS10) os genes que foram reprimidos pelo tratamento são: EgrCAMK_CHK2, EgrCAMK_CHK7, EgrCAMK_CHK10, EgrCAMK_CHK13 e

EgrCAMK_CHK15 com maiores valores de fold change. Enquanto, EgrCAMK_CHK3, EgrCAMK_CHK5, EgrCAMK_CHK6 e EgrCAMK_CHK12 foram induzidos pela TW. O

EgrCAMK_CHK9, EgrCAMK_CHK16 e EgrCAMK_CHK20. Do lado tensionado do

Figura 17: Visão geral dos genes diferencialmente expressos por análise de RNAseq para a via de biossíntese da lignina nas espécies E. globulus e E. grandis. A cor vermelha indica aumento de expressão e a cor verde indica redução da expressão na comparação dos tratamentos de acordo com os valores de log2 do fold change representados na escala. Os genes que pertencem ao toolbox da lignina estão em negrito. A sequência de comparações está representada na legenda (TWxC, OWxC e TWxOW).

No grupo de quinases CMGC, a maioria dos genes foram reprimidos pelo tratamento. Apenas EgrCMGC8 apresentou aumento de expressão na OW. Os genes

EgrCMGC7 e EgrCMGC_out20 foram induzidos pela TW, no entanto, EgrCMGC9, EgrCMGC10, EgrCMGC_MPK9-2, EgrCMGC_out7, EgrCMGC_out 15, EgrCMGC_out 18 e EgrCMGC_out 19 foram reprimidos pelo tratamento (figura AS14).

Os genes EgrAGC3 e EgrPI2 não sofreram alterações em resposta ao tratamento (figura AS18 e AS21). E foram induzidos pela TW, EgrOthers_IRE2 e

EgrNDPK2 (figura AS16 e AS22).

Na família WAK (figura AS15), muitos genes responderam ao tratamento. Os genes EgrWAK1, EgrWAK2, EgrWAK3, EgrWAK4 e EgrWAK6 apresentaram valores mais altos de fold change na TW, enquanto EgrWAK5, EgrWAK8 e

EgrWAK_LR4 foram induzidas pela OW. Esta família também se destaca na análise

de correlação pois os genes da via de biossíntese da lignina que foram positivamente alterados na OW apresentaram o mesmo perfil de expressão, representadas na figura 18. O gene EgrCOMT4 se correlaciona com as quinases EgrWAK5 e EgrWAK8. O gene EgrPAL2 tem apenas uma correlação significativa com a quinase EgrWAK2.

Figura 18: Correlação positiva de pearson entre quinases associadas a parede e genes da via de biossíntese da lignina em E. grandis.

4.6 Proteômica de E. grandis

O sequenciamento das proteínas foi realizado na plataforma Waters e a identificação de proteínas na plataforma Thermo (item 3.10 dos materiais e métodos). Esta mudança de plataformas ocasionou perdas no processo de identificação. Com isto, houve baixa quantidade de proteínas e peptídeos gerados.

Foram identificadas após o processamento de dados um total de 104 proteínas (tabela S4). Considerou-se para a identificação as proteínas presentes nas três réplicas biológicas de cada tratamento. Identificamos 53 proteínas em comum para ambos os tratamentos; 19 e 85 proteínas exclusivas na TW e OW, respectivamente (figura 19A).

A abundância de cinco proteínas identificadas em comum (figura 19B) foi significativa e todas demonstraram aumento da expressão na madeira de tensão (TW): ácido cafeico O-metiltransferase (COMT1), GDP-mannose 3,5-epimerase (GME), sacarose sintase 4 (SUSY4), chaperonin 20 (CPN20) e serine hydroxymethyltransferase 4 (SHMT4).

Na análise por enriquecimento (GO), as categorias representadas na OW superam as verificadas na TW e no grupo de proteínas em comum (figura S2). As categorias fermentação, manipulação de metal, DNA e desenvolvimento foram exclusivas na OW. A categoria RNA apresentou proteínas exclusivas na TW que não foram identificadas na OW.

A quantidade de proteínas identificadas na OW foi mais representativa, destacaram-se as categorias: proteínas, transformação de ácidos orgânicos (TCA), proteínas diversas (misc), glicólise, metabolismo de aminoácidos, redox e estresse.

Figura 19: Quantificação das proteínas identificadas. Em A: diagrama de Venn para

E. grandis, representando o total de proteínas identificadas nos tratamentos de TW e

OW. Em B: proteínas com abundância diferencial em E. grandis. As barras representam o desvio padrão. Análise estatística por teste Tukey 5%.

5 DISCUSSÃO

Em relação à anatomia do caule dos eucaliptos, os dados da literatura confirmam o padrão das estruturas modificadas após o tensionamento do caule em nossas análises (Baba et al., 1996; Paux et al., 2006; Qiu et al., 2008; Lu et al., 2008; Aguayo et al., 2010; Mizrachi et al., 2015). Há formação da camada celulósica, espessamento da parede celular e aumento da razão fibras: vasos em todas as espécies na TW. As fibras formadas na TW são ricas em lignina tipo S e acredita-se que o aumento nestas fibras leve a maior resistência, neutralizando a força gravitacional que atua no caule (Paux et al., 2006). Na região da OW podemos observar maior deposição da lignina nas estruturas evidenciadas pela coloração por floroglucinol e Maüle.

Os resultados de dosagem da lignina insolúvel e razão S/G sugerem que em resposta ao tensionamento do caule, as espécies de eucalipto estudadas seguem o mesmo padrão de deposição da lignina, assim como verificado em estudos anteriores com eucaliptos que mostram a deposição da lignina intensificada na OW. A região de tensionamento, apesar de menor teor de lignina, apresenta maior quantidade de siringil, devido ao enriquecimento das fibras (Aguayo et al., 2010; Mizrachi et al., 2015; Barros et al., 2015).

Os oligômeros detectados e quantificados revelaram alterações na composição da lignina após o tratamento de tensão da madeira. Estas alterações surgiram na região da OW, onde houve maiores quantidades destes compostos, principalmente na espécie E. camaldulensis, com aumento do monômero coniferil aldeído (m/z = 177) e dos trímeros identificados (m/z = 583 e 643).

E. globulus apresentou aumento da razão S/G, porém não teve alteração

na quantidade de sinapil aldeído e sinapil álcool. Os dados sugerem que o tratamento aumenta a quantidade de monômero coniferil aldeído (m/z = 177) e do trímero m/z = 555, porém não há diferenças entre a TW e a OW. O trímero que apresenta m/z = 643, é formado por três unidades siringil, deste modo, a princípio a formação do polímero enriquecido com unidades S não está relacionada diretamente com a produção de sinapil aldeído e sinapil álcool, mas o trímero poderia ser uma evidência da reprogramação da biossíntese de lignina em resposta ao tratamento, provavelmente exista algum controle durante a polimerização dos monômeros que priorize a ligação do monolignol tipo S durante a formação do polímero da lignina.

Estudos anteriores demonstraram que eucaliptos submetidos à tensão de madeira tem uma forte correlação entre as ligações 8-O-4 e a presença de siringil na TW (Pilate et al., 2004; Aguayo et al., 2010). A frequência do dímero m/z = 357 que contém apenas ligações do tipo 8-5 chama atenção pela sua baixa frequência nos tratamentos, provavelmente as ligações que envolvem S e G são mais frequentes do que as ligações entre G.

Neste trabalho focamos nos grupos gênicos relacionados à lignificação e incluímos genes de proteínas quinases que poderiam ter função na regulação da via de biossíntese da lignina. A mudança do perfil de expressão gênica durante o tensionamento do caule em diferentes espécies e clones foi reportada em trabalhos anteriores (Paux et al., 2006; Aguayo et al., 2010; Mizrachi et al., 2015).

Os genes que tiveram aumento de expressão na OW foram EglHCT4 e

EglC3’H4 na espécie E. globulus. As avaliações de expressão dos genes da via da

lignina demonstram a complexidade e a dependência que os diferentes tempos na coleta de dados influenciam o resultado. Paux et al. (2005) verificaram que diferentes

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