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O lócus da pesquisa, o hospital, é para além de uma instituição com grande complexidade administrativa e de serviços de saúde prestados, mas de grande alcance populacional e de extrema relevância técnico-científica e social. De Carlo; Bartalotti; Palm (2004, p. 8) afirmam que “Nela, transitam saberes e tecnologias diferenciados e são discutidos temas significativos para os que lá trabalham e para os que são assistidos [...]”. E ainda, destacam aspectos significativos para esse estudo, que são comuns aos ambientes hospitalares, como: indagações sobre a fragilidade da vida e eminência da morte; a dor (física e emocional) e outras consequências físicas e cognitivas do adoecimento; a perda da qualidade de vida e da rotina habitual decorrente da ruptura do cotidiano; reestruturação e preparação para o retorno a casa, escola e ambientes sociais de costume (DE CARLO; BARTALLOTI; PALM, 2004).

O conhecimento da dimensão da relação entre saúde e educação, nesse sentido, é fundamental para compreensão do contexto que está inserido a classe hospitalar. O atendimento educacional hospitalar da classe hospitalar da Policlínica da Liga Norteriograndense Contra o Câncer, situado no bairro Alecrim e administrado pela Casa de Apoio a Criança com Câncer Durval Paiva (CAAC), iniciou suas atividades em 2010, quando foi assinado o primeiro termo de cooperação técnica com a Secretaria Estadual de Educação, e a partir daí o Estado cedeu as professoras para atendimento escolar nesse espaço, e o serviço de atendimento educacional hospitalar foi instituído de fato e de direito.

Dessa maneira, Silva e Chagas (2018) colocam que esse atendimento oferecido pela Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte (SEEC/RN) é:

[...] um serviço da Subcoordenadoria de Educação Especial (SUESP) realizado pelo Núcleo de Atendimento Educacional Hospitalar e Domiciliar (NAHD-RN), criado em 2010, que tem por objetivo: acompanhar a implementação da classe hospitalar e atendimento

domiciliar, oferecer formação continuada aos professores e realizar visitas de assessoramento através do suporte pedagógico itinerante (SILVA; CHAGAS, 2018. p. 309).

Atualmente, essa classe possui quatro professoras regulares, cedidas pelas secretarias estadual e municipal de educação, dessas, duas atuam no período matutino e duas no período vespertino (P1; P2), além da coordenadora (C1), que fica na sede da CAAC e uma professora itinerante. Sobre a formação das professoras, duas são pedagogas e três possuem outras licenciaturas.

Fonseca (2011), alerta que parte dos professores da classe hospitalar tem formação em pedagogia e outros, em outras licenciaturas como matemática, geografia, ciências, inglês, história e outras disciplinas, o que permite contemplar desde crianças da educação infantil, até adolescentes no ensino médio, conforme ocorre na classe em estudo. A orientação da formação do professor para atuar na classe hospitalar e domiciliar, respaldada pelo documento orientador da Secretaria de Educação Especial (BRASIL, 2002, p. 21), intitulado “Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações”, é que a formação pedagógica deverá ser “[...] preferencialmente em Educação Especial ou em cursos de Pedagogia ou licenciaturas, ter noções sobre as doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes [...]”.

O mesmo documento, do ponto de vista administrativo e das ações políticas de organização, acrescenta que o papel do professor coordenador, além de dirigir a proposta pedagógica em classe hospitalar ou em atendimento pedagógico domiciliar, deve dominar a dinâmica de funcionamento desses ambientes (BRASIL, 2002). Conforme relato e observação da C1 e das P1 e P2, em consonância com essa orientação, o papel da coordenação também consiste em articular-se com a equipe de saúde, humanização e profissionais de apoio (profissionais de nível médio, estagiários de áreas afins e/ou estudantes universitários das áreas da saúde e educação), com a Secretaria de Educação e com a escola de origem do educando, buscando obter histórico escolar, provas e atividades, para a continuidade educacional curricular. Portanto, é primordial que a criança e/ou adolescente esteja matriculado na escola, e nesse sentido, os familiares e/ou acompanhantes recebem essa orientação dos profissionais da classe. (BRASIL, 2002).

Dessa forma, a atuação dos professores no ambiente escolar hospitalar busca acompanhar os processos de desenvolvimento e de aprendizagem das crianças e dos

jovens hospitalizados. A sala de atendimento das professoras, que também funciona como brinquedoteca, é utilizada pelos voluntários da humanização e outros profissionais do hospital, o que torna o espaço em alguns momentos, insuficiente para a demanda, contudo, a área infantil da Policlínica se encontra em reforma e processo de expansão.

Conforme preconiza Silva; Chagas (2018), a sala é composta por mesas com cadeiras, quadro branco, armários, televisão, brinquedos, jogos, livros, computador e impressora. É importante ressaltar que mesmo dividindo o espaço físico com profissionais da humanização, dentre outros voluntariados e funcionários da instituição, de acordo com a fala das professoras na entrevista aberta, a sala da classe hospitalar deve priorizar o atendimento pedagógicoeducacional embasado nas propostas educativo-escolares, sendo assim, é necessária e emergente a conscientização dessa concepção por parte de todos os atores sociais desse ambiente. Ceccim (1999) enfatiza que:

Esse embasamento em uma proposta educativo-escolar não torna a classe hospitalar uma escola formal, mas implica que possua uma regularidade e uma responsabilidade com as aprendizagens formais da criança, um atendimento obrigatoriamente inclusivo dos pais e das escolas de origem de cada criança, a formulação de um diagnóstico para o atendimento e a formulação de um prognóstico à alta, com recomendações para a casa e a escola ao final de cada internação (CECCIM, 1999, p.43).

Contudo, mesmo com objetivos diferenciados, a classe hospitalar e a brinquedoteca convergem no aspecto humanizado do atendimento às crianças e adolescentes hospitalizados e seus familiares. Ela estimula e favorece as interações pessoais e minimiza os impactos causados pelo contexto da enfermidade (ASSIS, 2009). Para Castro (1999, p.102), a integração entre o professor hospitalar e a humanização é uma possibilidade de atendimento que auxilia no tratamento e permite que os alunos vivenciem situações que retomam a sua vida fora do hospital, e se dá “[...] na presença de projetos de leitura, de jogos, do lúdico e da escolarização hospitalar nas enfermarias (CASTRO, 1999, p.102)”.

A classe hospitalar em estudo atende as crianças e os adolescentes hospitalizados, que tem entre quatro a dezoito anos de idade, que perpassam a educação infantil, ensino fundamental 1, ensino fundamental 2 e ensino médio. As professoras P1 e P2 explicam que o trabalho escolar realizado é menos sistematizado que uma escola comum, e adaptado à logística do hospital e condição de saúde de cada paciente. Barros (2007) explica que na enfermaria pediátrica, uma turma escolar é um grupo

heterogêneo, aberto e possui uma estrutura dinâmica, que apresenta entrada e saída de crianças e adolescentes com relativa frequência e muitas vezes de maneira imprevisível. Desse modo:

[...] a constituição da classe hospitalar é sempre variável ao longo de um período. Para cada jovem paciente o tempo de permanência no hospital é diferente e, por conseguinte, a duração, extensão e natureza do investimento pedagógico/terapêutico recebido também. O perfil do grupo é igualmente variável, no sentido de que os pacientes são diferentes também em suas demandas acadêmicas, além do que têm origens socioeconômicas diversas. A classe hospitalar é, assim, uma “turma” multisseriada (BARROS, 2007, p.260).

Os atendimentos da classe hospitalar da Policlínica são realizados na sala de atendimento da classe hospitalar, na recepção (atendendo os alunos que estão em consulta), no ambulatório (especialmente atendendo as crianças e os adolescentes em processo de manutenção do tratamento), e em dez leitos, desses um leito é o isolamento, local que necessita de uma maior proteção na paramentação do professor e cuidados especiais na realização desse atendimento e nas escolhas de materiais didáticos descartáveis ou que permita fácil desinfecção (CASTRO, 1999). São realizados aproximadamente cinquenta atendimentos por mês. É válido sinalizar que cada criança é diferente, assim como o são também os ambientes nos quais e com os quais ela interage, da mesma forma que suas experiências vivenciadas e a maneira como elas reagem (FONSECA, 2008).

Para Silva; Chagas (2018), esse alunado tem diferentes faixas etárias, com enorme diversidade cultural, social, curricular e emocional, com diferentes patologias, com ou sem deficiências, que caracterizam especificidades que devem ser respeitadas no desenvolvimento de uma práxis que envolve a escuta e o fazer pedagógico. Essas considerações implicam em perceber as peculiaridades da realização desse atendimento, como: compreender quando a criança se sente cansada ou enfraquecida; perceber quando a criança está com dor; observar quando uma situação social pontual está acontecendo e é prioridade; conhecer os efeitos colaterais que os procedimentos e medicações provocam e de que maneira são realizados, bem como quando a criança e o adolescente necessitam de maior estímulo e novas convocações ao desejo de saber, de criar, de aprender.

Em uma das observações para registro de campo e no processo de conhecer o trabalho da P2, as considerações supracitadas foram evidenciadas em um dos seus

atendimentos, durante a realização da atividade, a criança recebeu inesperadamente a visita de sua irmã, elas não se viam há alguns meses, e a paciente se emocionou muito, a abraçou e começou a chorar. P2, de maneira calma e discreta, retirou a mesa de atendimento e saiu em silêncio apenas sorrindo. Ao sair ela explicou que seu comportamento se deu em respeito ao momento vivenciado pela criança, que naquele momento era mais importante que qualquer atendimento ou procedimento hospitalar.

Nessa perspectiva de atenção integral, Ceccim (1997) afirma que:

[...] como escuta à vida, o desenvolvimento da escuta se dirige à promoção da saúde (produção de vida e de sentidos), e não só ao tratamento, por isso, se volta aos processos interativos de percepção e sensibilidade as condutas infantis e sintomas somáticos, quanto ao acompanhamento dos processos assistenciais (CECCIM, 1997, p. 31). A realização do trabalho na classe hospitalar, segundo C1, P1, P2 tem como foco principal cumprir o currículo escolar, reduzindo as perdas de conteúdos e atividades, realizar adaptações no currículo, nos livros, nas atividades e nas provas da escola de origem da criança. O lúdico é citado como um aspecto do atendimento, porém, não se trata do principal. Paralelamente a esse trabalho, são realizados projetos semestrais, com temas pertinentes as questões sociais, ambientais, culturais, entre outras, onde as crianças e os adolescentes, ao longo do semestre desenvolvem trabalhos e atividades criativas e expressivas, cujas produções geram materiais para uma exposição na semana pedagógica, realizada na culminância do período letivo, para os próprios alunos, seus familiares e amigos e ainda, as demais especialistas do hospital.

Sobre o desenvolvimento dos projetos pedagógicos, Silva; Chagas (2018) em conformidade com os relatos das professoras, afirmam que eles surgem:

[...] a partir de um tema gerador, conforme necessidade e interesse dos professores e alunos, bem como da equipe multidisciplinar do hospital. As atividades do projeto são realizadas, de acordo com o grupo de faixa etária e escolaridade das crianças e/ou adolescentes, através de um banco de atividades. As diferentes faixas etárias e níveis de conhecimento tornam o ambiente rico e solidário, em que um complementa o conhecido adquirido pelo outro, tornando-se, assim, os alunos colaboradores desse processo (SILVA; CHAGAS, 2018, p. 314).

Nesse contexto, a partir das observações e relatos de P1 e P2 sobre o desenvolvimento do trabalho pedagógico hospitalar, com base nas demandas

apresentadas, foram ofertados materiais e adaptações de baixo custo, bem como mobiliário para realização das atividades pedagógicas no leito. As atividades da classe hospitalar estudada eram desenvolvidas no leito pelas professoras, sem apoio resistente para escrita, direto na cama, ou em cima de uma tampa de caixa de isopor, que gerava uma má postura do educando e do professor, assim, o mobiliário disponibilizado foi uma mesa articulável e funcional, para ser utilizada em qualquer situação de atendimento, mas especialmente, nos leitos das enfermarias. Conforme o documento orientador da efetivação das classes hospitalares (2002, p.17) recomenda em adaptações, a sugestão de “[...] mobiliário e/ou equipamentos adaptados de acordo com a necessidade dos educandos, como: cama especial, cadeiras e mesas adaptadas [...]”.

Os recursos pedagógicos disponibilizados são utilizados na rotina da classe de apenas de maneira convencional, portanto eles foram adaptados, de acordo com as necessidades dos educandos verificadas na observação. São eles: um lápis com adaptador de escrita (com apoio ergonômico, de silicone colorido) e uma tesoura escolar adaptada (substitui o encaixe dos dedos por uma mola plástica, semirrígida). Os materiais pedagógicos foram confeccionados, de baixo custo, limpável (plastificados), para auxiliar no processo de alfabetização de maneira lúdica. São eles: um jogo de formação de sílabas correspondente a sua figura; um disco com números e quantidades correspondentes para usar com o pregador; jogo de discos com letras iniciais de palavras; e pranchas com figuras para identificação da letra inicial; livro com passador de páginas de palitos de picolé.

A sugestão dos materiais disponibilizados foi preconizada pelas orientações e estratégias apresentadas no único documento publicado com diretrizes para Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar (BRASIL, 2002). Essas adaptações de recursos e instrumentos didático-pedagógicos envolvem jogos e materiais de apoio pedagógico, disponibilizados ao educando pelo professor e que possam ser manuseados e transportados com facilidade; utilização de pranchas com presilhas e suporte para lápis e papel (BRASIL, 2002).

A terapia ocupacional é uma profissão da área de saúde, que deve compor a equipe multidisciplinar no atendimento à criança e/ou adolescente com câncer possui como objetivos terapêuticos a aplicação de procedimentos terapêuticos para restaurar, manter ou evitar perdas motoras, sensoriais e/ou cognitivas, que possam resultar da doença ou tratamentos necessários no processo de internação (PENGO; SANTOS, 2004).

Ainda conforme as mesmas autoras, o processo de adoecimento representa para crianças e adolescentes o rompimento com seu cotidiano, o que pode gerar na mesma rebeldia, agressividade, ou até mesmo silêncio e hipoatividade, e nesse sentido, a terapia ocupacional trabalha com quatro componentes na reabilitação: físico, psicológico, social e educacional (PENGO; SANTOS, 2004).

Vasconcelos (2006) corrobora com essa mesma perspectiva, porém na visão educacional, afirmando que:

A intervenção faz com que a criança mantenha rastros que a ajudem a recuperar seu caminho e garantir o reconhecimento de sua identidade. O contato com sua escolarização faz do hospital uma agência educacional para a criança hospitalizada desenvolver atividades que a ajudem a construir um percurso cognitivo, emocional e social para manter uma ligação com a vida familiar e social e a realidade no hospital (VASCONCELOS, 2004, p. 2006).

O professor da classe hospitalar deve considerar em sua atuação profissional esses aspectos e operar com os processos afetivos de construção da aprendizagem cognitiva, considerando as aquisições escolares das crianças e dos adolescentes.

Ceccim (1999) reverbera que para esse alunado:

O contato com o professor e com uma “escola no hospital” funciona, de modo importante, como uma ligação com os padrões de vida cotidiana do comum das crianças, como ligação com a vida em casa e na escola. A educação no hospital integraliza o atendimento pediátrico pelo reconhecimento e pelo respeito às necessidades intelectuais e sócio-interativas que tornam peculiar o desenvolvimento da criança (CECCIM, 1999, p.43).

Nessa perspectiva, o atendimento multidisciplinar é um tipo de proposta de intervenção, pois, para Turk; Stieg (1987) apud Cohn (2002, p. 740) a equipe que compõe esse tipo de atendimento deve se tornar uma unidade funcional no hospital “[...] cujos membros estejam dispostos a aprender com os outros membros, e modificar, quando necessário, suas próprias condutas, com base nas observações e na experiência de todo o grupo”.

As professoras P1 e P2 utilizaram os materiais em seus atendimentos e após as experiências vivenciadas, relataram sobre o atendimento multidisciplinar com a terapia ocupacional e a experiência vivenciada nesse projeto:

Eu nunca realizei atendimento multidisciplinar com a terapia ocupacional, nem com nenhum outro profissional dessa área. Minha experiência nesse projeto foi positiva. Acho que todo profissional que chega com objetivo de contribuir para o trabalho pedagógico, para a melhoria do trabalho pedagógico, acho que só vem a somar. Quem ganha são nossos alunos e por isso foi válido e muito significativo porque você trouxe novos conhecimentos e materiais para melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos. Os jogos são muito bons, assim como a mesa e a tesoura adaptada, e todos contribuem para o ensino dos alunos da classe hospitalar (P1, 2019). A duração do período do estudo para coleta de dados, registro do diário de campo e contato com as professoras se mostrou insuficiente, o que pode ser percebido na fala de P2:

Eu nunca fiz atendimento multidisciplinar na classe hospitalar. Apesar do tempo ter sido insuficiente para que pudéssemos utilizar os materiais adaptados recebidos, com essa experiência, foi possível perceber a importância de se ter um profissional de terapia ocupacional na classe hospitalar para nos ajudar e nos orientar, tanto na nossa postura correta, quanto a postura correta dos estudantes durante o atendimento educacional, bem como nos auxiliar na busca de materiais e recursos pedagógicos adaptados como a tesoura, o lápis, a mesa, dentro outros, que possam facilitar o desenvolvimento das atividades realizadas com nossos alunos, seja no leito, na classe ou no ambulatório, ou seja, em todos os espaços que a gente atende ( P2, 2019).

Por meio das interações das interações profissionais, na presente pesquisa, com enfoque na terapia ocupacional e na pedagogia hospitalar, observa-se a relação de complementaridade para desenvolvimento de maneira integral das crianças e dos adolescentes. É por meio dos enfoques pedagógicos e terapêuticos que as intervenções possibilitam o atendimento integral à criança e ao adolescente hospitalizado, com realce à sua saúde física e mental, visando proporcionar apoio e estímulo para desenvolvimento de seu potencial de saúde e outros aspectos de evolução da sua aprendizagem (MATOS; MUGGIATI, 2011).

Fonseca (2015) enfatiza que o professor no ambiente hospitalar, precisa considerar o valor de investir no potencial do aluno, e isso significa, dinamizar e adaptar as atividades escolares de forma criativa e adequada à realidade, interesses e necessidades de cada aluno e, assim, contribuir para a inclusão e aprendizagem efetiva, buscando soluções e/ou alternativas para as dificuldades que se apresentam no dia a dia dessa escola.

A tecnologia assistiva (TA), nessa perspectiva trata-se de adaptações terapêuticas, dispositivos de auxílio ou equipamentos que possam modificar estruturalmente um ambiente físico, para auxiliar no melhor desempenho das atividades de vida diária, de lazer, escolares, dentre outras. A indicação de TA por meio das adaptações visa facilitar a função manual para o agarre, preensão e manipulação de objetos, facilitando e ampliando a participação do paciente em suas atividades rotineiras (LUZO, MELO, CAPANEMA, 2004; CAVALCANTI; GALVÃO, 2007).

O conhecimento das participantes sobre a TA no contexto educacional, e os recursos que podem ser utilizados no atendimento pedagógico hospitalar, bem como a utilidade dos materiais disponibilizados na pesquisa, foram explicitados da seguinte forma:

Eu já conhecia os recursos de tecnologia assistiva, já tinha visto alguns, e sabia informações dessa área da educação especial, bem como em pesquisas pessoais que fiz na internet, como os materiais que tínhamos produzido na classe, que você pôde ver (jogos matemáticos). Porém, os materiais viabilizados na pesquisa são bastante uteis para se usar na classe, tanto os jogos de alfabetização, que são de um material plastificado e limpável, adequado para se utilizar nos atendimentos no leito, ambulatório, podendo ser utilizado por vários alunos. A tesoura adaptada ajuda bastante, especialmente com os alunos pequenos, que estão desenvolvendo a coordenação motora, e até mesmo os alunos maiores, que estejam com déficit de coordenação motora. Eu levei as duas opções, a tesoura adaptada e a tesoura convencional, para um atendimento grupal e as crianças preferiram a tesoura adaptada pro que referiram ser mais fácil para cortar. No caso dos alunos que estão no leito, que geralmente apresentam fraqueza muscular, também se torna uma ótima opção para poderem realizar as atividades porque elas facilitam o corte para as atividades funcionais. Quanto ao lápis adaptado para o aluno com dificuldade de escrita, como é o caso de um aluno específico que nós temos aqui, ele não segura o lápis da forma adequada na sua pega e nesse sentido, o lápis ajuda ele a aprender a escrever da maneira adequada. A mesa, apesar de ter usado pouco, ela melhora a postura, deixando-a mais reta tanto do aluno quanto do professor durante a realização da atividade no leito. Isso é muito bom porque geralmente não conseguimos manter uma posição confortável durante o atendimento no leito, quando estamos ensinando ao aluno as atividades (P1, 2019).

E ainda foi mais específica, trazendo as falas dos alunos durante a utilização dos materiais:

Hoje utilizamos a tesoura adaptada na produção da maquete para amostra pedagógica, usamos com as crianças pequenas e com os adolescentes. Perguntei a eles o que eles acharam da tesoura e todos os 3 alunos (A1 – 5anos; A2 – 9 anos; A3 – 14 anos) foram unânimes na escolha, preferiram a tesoura adaptada, as meninas disseram que porque era mais molinha para cortar e o adolescente relatou que a

tesoura normal utiliza os dedos e a adaptada é mais fácil porque utiliza a mão toda (P1, 2019).

A professora consegue estabelecer a relação dos materiais pedagógicos adaptados, de acordo com a necessidade do aluno, referindo que:

Hoje, para nossa felicidade, nosso ex aluno, que está em manutenção do tratamento, que apresenta dificuldade na escrita, devido a pega no

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