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Ana Telma da Silva Pereira Leal, abril de 2019 2.1.OPAPEL DO FARMACÊUTICO

Numa área com uma equipa tão vasta como se encontra nos serviços hospitalares, o farmacêutico desempenha um pouco de todas as competências adquiridas ao longo da sua formação académica. Estando integrado numa equipa multidisciplinar de profissionais de saúde e, sendo o farmacêutico o especialista do medicamento, assume, assim, um papel de elevada responsabilidade.

Além de assumir sempre a direção dos SF do hospital, o Farmacêutico Hospitalar (FH) desempenha muitas outras funções, estando envolvido na aquisição e gestão dos medicamentos, na sua preparação e distribuição pelas enfermarias e blocos, bem como garantir a qualidade dos produtos farmacêuticos nestes locais.

O FH efetua a manipulação de citostáticos e prepara, desde manipulados estéreis e não- estéreis, para os diversos serviços do hospital, até produtos de nutrição parentérica.

O regime de ambulatório pode ainda ser outra vertente de intervenção farmacêutica, na medida em que são dispensados medicamentos de elevado custo e representam na maioria dos casos, medicação para doenças crónicas. É indispensável a existência de um aconselhamento adequado quanto ao uso do medicamento, uma vez que, nesta etapa, o farmacêutico estabelece o último contato com o doente.

Passa também pela responsabilidade do farmacêutico, transmitir informação correta de natureza científica e clínica, tanto aos utentes, como aos outros profissionais de saúde, por exemplo, no que diz respeito à monitorização de ensaios clínicos ou na avaliação de inovações terapêuticas.

Contudo, o destaque da atividade do FH vai, sobretudo, para o doente, onde o FH intervém validando prescrições médicas, fazendo a retificação das doses e confirmando as indicações terapêuticas. Assim, reforça-se mais uma vez o facto de ser fundamental o diálogo com médicos e enfermeiros, de forma a que os tratamentos sejam mais eficazes e garantindo qualidade e a segurança dos utentes.

O FH deve, portanto, “Contribuir, (...), para que o uso dos medicamentos e produtos de saúde permita obter os melhores resultados em saúde com qualidade, segurança, eficácia, e uso eficiente dos recursos disponíveis”.3

2.2.CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO EHORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

A farmácia do HPAV, juntamente com a FC do GTS e o armazém de aprovisionamento, localizam-se no piso -1 do HPAV. Os SFH funcionam de segunda a sexta-feira das 9:00h às 18:00h, encerrando para almoço entre as 13:00h e as 14:00h. A farmácia encontra-se também encerrada ao sábado (dia de descanso complementar) e ao domingo (dia de descanso semanal), mas para casos de emergência ou outras necessidades fora do horário normal de funcionamento, os profissionais de saúde têm disponíveis os contactos das farmacêuticas da FC e dos SF. Além disto, no caso de não ser necessário o auxílio por parte das diretoras técnicas, os profissionais de saúde do HPAV têm acesso aos SFH, mediante o preenchimento da sua identificação, data

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e hora do levantamento, quantidade e identificação produto farmacêutico adquirido, bem como a identificação do doente ao qual o produto é destinado, segundo a folha de registo afixada no local (Anexo I). Desta forma, o farmacêutico toma conhecimento do levantamento da medicação.

2.3.FARMÁCIA CENTRAL

A FC ou G.H.T. – Serviços, é o armazém de distribuição central do GTS que garante o aprovisionamento da farmácia do HPAV, tal como de todas as farmácias do GTS. Neste local são feitas as encomendas aos laboratórios fornecedor e é de onde partem os medicamentos pedidos pelos diferentes SF do grupo, depois de devidamente separados. Além disto, é na FC que se encontra a câmara de fluxo laminar vertical (Anexo II) utilizada para a preparação dos manipulados estéreis, incluindo os quimioterápicos, igualmente para todos os SF.

2.4.SISTEMA INFORMÁTICO

A elevada quantidade e complexidade de informação gerada diariamente nos SF leva à necessidade de utilização de uma plataforma única que reúna todos os processos associados aos produtos farmacêuticos no contexto hospitalar. Assim, no GTS, todos os SF utilizam o software CPC/HS (Companhia Portuguesa de Computadores – Healthcare Solutions) da Glintt®. Este Sistema Informático (SI) proporciona ferramentas que permitem efetuar funções como a gestão de stock, os pedidos semanais, realização e satisfação de pedidos dos serviços, consulta de prescrições médicas, criação dos mapas de dose unitária, permitindo ainda o desenvolvimento de muitas outras.

Na FC é utilizado o Intranet, onde a Dra. Patrícia Moura realiza as compras necessárias para a satisfação dos pedidos das diversas unidades hospitalares. O PHC® é o software utilizado também na FC, onde se realiza a receção de encomendas e se emitem as guias de transporte.

Com estas ferramentas informáticas torna-se possível um melhor desempenho dos SF que se traduz numa maior facilidade de comunicação, tanto a nível interno do GTS, como com os restantes profissionais hospitalares.

3.CIRCUITO DO MEDICAMENTO EDOS PRODUTOS FARMACÊUTICOS

3.1.SELEÇÃO

A seleção de medicamentos é dos primeiros processos que visa assegurar o acesso aos fármacos necessários no ambiente hospitalar, tendo em conta critérios de eficácia, segurança, qualidade e as suas relações com o custo20, promovendo sempre o uso racional desses medicamentos. Este processo é da responsabilidade da Coordenadora dos SF e do Diretor Clínico do HPAV, tendo por base o Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM), bem como as necessidades terapêuticas dos doentes do hospital.

Assim, realiza-se um concurso anual, no qual todos os laboratórios fornecedores de medicamentos podem concorrer, enviando um e-mail com informações acerca das condições

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que oferecem. É depois realizada uma avaliação por parte da coordenadora do grupo que agrupa os laboratórios por ordem de preferência, sendo assim escolhido o principal fornecedor de cada medicamento que vigora durante um determinado ano de contrato.

3.2.AQUISIÇÃO

3.2.1.PEDIDO DE ENCOMENDA SEMANAL

O processo de aquisição dos produtos farmacêuticos pelo GTS depende essencialmente de uma gestão do stock dos SF de cada unidade hospitalar, de forma a serem evitadas situações como a existência de produtos farmacêuticos sem rotação ou com rutura de stock que originam falhas e atrasos na distribuição do medicamento.

Através desse stock ideal, previamente estabelecido pela administração, cada Diretor Técnico gera informaticamente um pedido semanal automático onde consta o produto, o seu preço unitário e stock ideal. Esta proposta de encomenda é realizada todas as sextas-feiras para poder ser analisada e alterada, se necessário, tendo em conta as necessidades do hospital nessa semana. Posteriormente, o pedido semanal de cada uma das farmácias satélite é rececionado e analisado pela farmacêutica coordenadora, na FC, que faz um único pedido via Intranet, até às 15 horas do mesmo dia. Este pedido é enviado para o departamento de compras que, por sua vez, efetua a encomenda ao fornecedor correspondente.21 Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos e os soros, constituem exceções a este procedimento, sendo que estes últimos são encomendados quinzenalmente.

3.2.2.PEDIDO DE ESTUPEFACIENTES EPSICOTRÓPICOS

Existem alguns medicamentos cuja aquisição é feita de forma ligeiramente diferente, como por exemplo, os estupefacientes e psicotrópicos, que são encomendados mensalmente. Uma vez reunidos os pedidos de todas as unidades hospitalares, é feito um pedido único na FC para o laboratório, via e-mail, paralelamente acompanhado de carta registada, contendo uma requisição designada por Anexo VII da Portaria n.º 981/98, de 8 de junho (Anexo III) devidamente preenchido, assinado e carimbado pelo Diretor Técnico. Aquando da receção da encomenda, é devolvido o documento original assinado pelo fornecedor, que fica com o duplicado. O documento original deve permanecer arquivado nos SF, na pasta de Pedidos de Estupefacientes, durante pelo menos 5 anos. Deste modo, o HPAV guia-se pelas normas que visam o controlo rigoroso do circuito dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, desde a encomenda, transporte, dispensa e administração.

3.3.RECEÇÃO

Após a realização do pedido, chegam à Farmácia Central os produtos pedidos por cada uma das unidades do GTS, no período de 24 a 48 horas. A encomenda é rececionada por assistentes técnicos da FC que dão entrada da mesma no SI através das faturas/guias de

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transporte e verificam o número de volumes entregues, as suas condições de integridade e refrigeração e prazos de validade. É também na FC que os diferentes pedidos são separados para os locais correspondentes aos diferentes SF do GTS para, posteriormente, serem enviados. Após a receção da encomenda todos os SF ficam responsáveis por proceder à confirmação dos produtos rececionados e, nesse momento, registar o lote e o prazo de validade dos produtos, para serem armazenados de seguida.

3.4.ARMAZENAMENTO DOS PRODUTOS

A farmácia do HPAV encontra-se dividida segundo áreas de arrumação bem definidas (Anexo IV) e suficientemente amplas, de modo a permitir a instalação de suportes que acondicionem todos os medicamentos no armazém principal, para que nenhum produto contacte diretamente com o chão. Para além disso, também garante as condições apropriadas de luminosidade, humidade (inferior a 60%) e temperatura (inferior a 25ºC) para o armazenamento ideal de medicamentos. Aquando da chegada da encomenda semanal, é dada prioridade no armazenamento dos produtos que carecem de condições especiais de armazenamento (Tabela 2), como é o caso dos produtos farmacêuticos refrigerados, armazenando-se imediatamente no frigorifico com temperaturas entre os 2ºC e os 8ºC (Anexo V). O armazenamento dos restantes produtos é realizado de acordo com a sua forma farmacêutica, ordem alfabética e prazo de validade (Anexos VI-XI), sendo que no GTS os SF seguem o princípio FEFO, “First expired, first

out”, ou seja, os lotes com prazo de validade mais longo são colocados atrás para que os medicamentos com menor prazo de validade sejam dispensados em primeiro lugar.22 O stock remanescente é armazenado no armazém secundário, onde se encontram também os produtos inflamáveis e embalagens vazias (Anexo XII).

Tabela 2 - Produtos com condições especiais de armazenamento