• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 2 FUNDAMENTOS CONCEITUAIS

2.4 Analítica

Analítica não é um conceito novo e tem suas origens na inteligência de negócios e mineração de dados (SHUM e FERGUSON, 2012). No primeiro caso, empresas utilizam ferramenta de monitoramento web (analítica da web) e análise preditiva há anos para melhorar o desempenho organizacional, prever tendências de consumo e o rumo em que os negócios podem tomar a fim de apoiar estratégias de

marketing (LUAN, 2004). Norris, Baer e Offerman (2009) definem analítica como o

conjunto de “processos de avaliação e análises de dados que possibilitam medir, melhorar e comparar o desempenho de indivíduos, programas, departamentos, instituições ou empresas, grupos de organizações e/ou toda a indústria”. Segundo Ravishanker (2011), analítica é a tomada de decisão dirigida a dados empregada para informar decisões sobre todos os níveis da empresa.

A mineração de dados é o campo da computação preocupado com grandes quantidades de dados para apoiar a descoberta de novas informações potencialmente úteis (PIATETSKY-SHAPIRO, 1995). Em educação, a mineração de dados se preocupa com o desenvolvimento de métodos para explorar dados em contextos educacionais a fim de entender melhor os estudantes e como eles aprendem (BAKER e YACEF, 2009).

Com isso, instituições de ensino estão voltando suas pesquisas para exploração de dados educacionais com diferentes objetivos, que buscam oferecer suporte às decisões de negócios e melhoramento do ensino e aprendizagem.

Particularmente em educação, há uma grande variedade de terminologias em torno de analítica. Nos trabalhos atuais o termo é definido conceitualmente (o que é) ou funcionalmente (o que faz) e possui diversas variações, tais como Academic

Analytics (AA), Learning Analytics (LA), Predictive Analytics (PA) e Action Analytics

(AcA). Não há consenso na definição e adoção desses termos. A rápida e crescente proliferação de trabalhos na área de analítica em educação incentivada pela explosão de dados disponíveis para análise possibilitou, e continua permitindo, o uso de diferentes definições para processos semelhantes. Esta Seção apresenta alguns desses termos.

Academic analytics possui definições que variam seu foco no nível de

(CAMPBELL, DEBLOIS e OBLINGER, 2007; FRITZ, 2009 e BAEPLER e MURDOCH, 2010); instrutor – a fim de apoiar professores e tutores a determinarem necessidades de intervenções (CAMPBELL e OBLINGER , 2007 e CAMPBELL, 2007) ou instituição – com a finalidade de munir gestores de informações para apoiar a tomada de decisão frente aos desafios da universidade contemporânea (LUAN, 2004, GOLDSTEIN, 2005, DAWSON, MCWILLIAM e TAN, 2008 e RAVISHANKER, 2011). Apesar das diferentes definições e usos da terminologia academic analytics, o entendimento mais comum na comunidade acadêmica a relaciona com os negócios da instituição e pode ser compreendida como um processo para prover instituições de ensino com dados necessários para suporte à decisão operacional e financeira conforme apresenta Goldstein (2005).

Action analytics é definida por Norris, Baer e Offerman (2009) como um termo

mais abrangente que AA e empregada para análises acadêmicas focadas na produtividade, desempenho acadêmico e administrativo. Para o autor, analítica da ação é mais sobre liderança e disseminação de mudanças culturais do que tecnologias.

Predictive analytics é compreendida como um processo de negócios e um

conjunto de tecnologias que lidam com extração de informações para descobrir relacionamentos e padrões a partir de grandes volumes de dados - o passado - que pode ser usada para prever comportamentos e eventos – e o futuro (ECKERSEN, 2007; IBM, 2010a e IBM, 2010b).

Learning Analytics é o termo mais encontrado nos trabalhos relacionados à

análise de dados educacionais e usualmente adotado como sinônimo de analítica. Na Subseção seguinte são apresentadas algumas definições para LA encontradas na literatura.

2.4.1 Análise da Aprendizagem

A definição mais utilizada nos trabalhos atuais foi apresentada na 1ª Conferência Internacional sobre Aprendizagem Analítica e Conhecimento em 2011

(LAK1111) e define LA como “a medição, coleta, análise e divulgação de dados sobre aprendizes em seus contextos, para propósitos de entender e aperfeiçoar a aprendizagem e os ambientes nos quais ela ocorre”, citado por Siemens e Long (2011, p. 32).

Johnson et al. (2011) descrevem LA como a “interpretação de uma ampla gama de dados produzidos e coletados a partir dos estudantes, a fim de avaliar o progresso acadêmico, prever o desempenho futuro e identificar possíveis problemas.” Elias (2011) considera LA como “um campo emergente no qual ferramentas analíticas sofisticadas são usadas para melhorar a aprendizagem e educação”. Para Siemens (2010), LA é “o uso de dados inteligentes, dados produzidos por aprendizes e modelos de análises para descobrir informações e conexões sociais a fim de prever e informar sobre aprendizagem”. Em Bach (2010) LA é vista como “o uso de modelagem preditiva e outras técnicas analíticas avançadas para ajudar a canalizar os recursos instrucionais, curriculares e de suporte para alcançar os objetivos de aprendizagem específicos”. Brown (2011) define LA como a “coleta e análise de dados associados com a aprendizagem de estudantes; para observar e entender comportamentos a fim de possibilitar intervenção apropriada”. Para Gilfus (2011), LA “é o uso de dados e modelos para prever o progresso e desempenho do estudante, e a possibilidade de agir sobre as informações”.

Apesar das diferentes definições, é possível afirmar que todas elas têm ênfase na compreensão de dados educacionais para o sucesso na aprendizagem. Além disso, as definições apresentadas não limitam sua admissão para os diferentes níveis da tomada de decisão, apesar de não terem sido criadas, diretamente, com essa finalidade.

Neste trabalho, LA é entendida como uma área da análise de dados que coleta e processa dados sobre aprendizes, tutores e professores, suas ações e interações em atividades de aprendizagem, dentro e fora do SGA, a fim de gerar conhecimento para auxiliar a decisão nos níveis individual, de curso e instituição.

11 https://tekri.athabascau.ca/analytics/ - 1st International Conference on Learning Analytics and Knowledge (LAK) 2011