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CAPÍTULO I: DESPORTO E MODALIDADES DESPORTIVAS

3. As modalidades desportivas colectivas

3.1. Andebol

Iniciou-se em Portugal em 1929 pelo desportista alemão Armando Tschopp que traz do seu país uma modalidade já conhecida no exterior, o andebol. A cidade

do Porto é quem recebe esta nova modalidade, mas rapidamente o seu dinamizador a difunde através da comunicação social da época. A modalidade designava-se hand-ball e cada equipa era constituída por onze jogadores, as regras eram as trazidas da Alemanha pelo seu impulsionador.

Segundo Gonçalves (2003), autor de referência neste resumo da evolução da modalidade, a implantação do andebol foi muito difícil no nosso país, devido às regras pouco definidas, más condições dos campos e falta de treinadores qualificados. Mesmo assim, passado algum tempo, o andebol chega a Lisboa onde se dá a constituição do primeiro agrupamento de clubes e que, mais tarde, se passou a chamar Associação de Andebol de Lisboa. Posteriormente, nasce a Associação de Andebol do Porto. Estavam agora lançados dois pólos principais de andebol nacional e com enorme rivalidade entre os clubes representativos das principais cidades, reduzindo levemente com a terceira associação, em Coimbra, através de uma clara implementação regional.

De acordo com o autor e com a pesquisa efectuada no endereço electrónico da federação1, foi através destas três associações e uma enorme vontade de apurar a melhor equipa portuguesa, através da disputa do título nacional, que nasceu a Federação Portuguesa de Andebol em 1938, corolário do desenvolvimento da modalidade. Depois da fundação da federação, realizou-se o primeiro campeonato nacional ganho pelo FC Porto. Durante duas décadas, e em 22 campeonatos realizados, o FC Porto conquistou 20 títulos e destes os últimos 12 foram consecutivos.

A década de 40 foi marcada pela variante de sete jogadores divulgada por um alemão radicado em Portugal chamado Henrique Feist. Mas, o campeonato de andebol de sete só surgiu no início dos anos 50, pois nos primeiros anos foi tido como actividade secundária.

Desde muito cedo o andebol português sonhou internacionalizar-se. Em 1945 foi registado um jogo internacional em Portugal, mas só em 1948 é que a selecção nacional esteve pronta para competir com andebol de onze.

Posicionamento das Modalidades Desportivas Federadas

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Na década de 50, o andebol de sete dá os primeiros passos, mas com muitas dúvidas do seu sucesso, pois o andebol de onze ainda está muito enraizado na cultura desportiva portuguesa e só se extingue em meados dos anos 70. Mas, o andebol sete veio para ficar e designou-se de “andebol de salão”.

Ao contrário do andebol de onze, e tendo como impulsionador Henrique Feist, foi em Lisboa que o andebol de sete vingou. Contribuíram para o desenvolvimento desta modalidade o jogo extremamente rápido, a emoção que provoca grande atracção dos espectadores, a possibilidade de criação de equipas femininas, o aproveitamento de pequenos campos, o facto de ser considerado um dos exercícios físicos mais completos e o exemplo de outros países da Europa. Reforçado o incentivo a esta nova variante, os atletas começaram a jogar as duas variantes sem se conseguirem especializar pois, como alguém da época referiu “Um bom jogador de onze poderá não ser um bom jogador de sete, mas um bom jogador de sete será sempre um bom jogador de onze” (Gonçalves, 2002). Aos poucos, o andebol de sete começa a atrair mais pessoas que o andebol de onze e impõe-se no nosso país.

O andebol começa agora a expandir-se a nível regional mais do que nunca, mas só em andebol de sete. Embora o arranque tenha sido em Lisboa, o norte não se deteve. E, tal como aconteceu no “onze”, também aqui por algum tempo o Futebol Clube Porto (FC Porto) domina nos campeonatos, embora a primeira grande equipa da especialidade “sete” seja o Sporting. Por esta altura, a nível internacional, a selecção também já não parava, tendo entrado quase em trinta jogos internacionais.

Gonçalves (2002) realça que a década de 70 é considerada como fundamental para o desenvolvimento do andebol, não só pela passagem de onze para sete mas também pela força de uma nova geração de professores de Educação Física, mais capazes e habilitados em termos técnicos, bem como um enorme crescimento do interesse do público, dos jornais, rádios e televisão que transformam os andebolistas em figuras nacionais. Os apoios financeiros a esta modalidade, neste período, permitiram maior desenvolvimento do amadorismo que estava há muito instalado. Esta evolução foi um pouco abatida pela revolução de 74, mas rapidamente ultrapassada pelo andebol nacional já bem implementado.

O final desta época foi também marcado pelo andebol jogado no feminino. Conquista difícil de alcançar em Portugal, mas finalmente implementado de norte a sul, nas escolas e nos clubes. As pioneiras deste processo foram as jogadoras do Belenenses que conquistaram a Taça de Portugal na época de 75/76. Embora a internacionalização só se dê em 79, esta é, sem dúvida, mais facilmente conquistada do que a do andebol masculino, aproveitando os passos já dados por este.

“Se a década de 70 e metade da de 80 foram completamente dominadas por Sporting, Belenenses e Benfica, sem outro emblema a conseguir atingir o título de campeão nacional, a última parte dos anos 80 desenvolveria um período histórico completamente diverso. Poder-se-á mesmo afirmar que despontava nova alvorada no andebol português, nas cores dominantes, nos rostos das jovens e recentes vedetas, mais relevante que tudo isso, na qualidade intrínseca do jogo praticado.” (Gonçalves, 2003, p. 90)

Uma nova era para o andebol começa no início dos anos 90 com a presença do treinador Donner que contribuiu para a mudança, para melhor, do andebol português. O final da década de 80 e os anos 90 trouxeram igualmente uma federação e um movimento associativo mais capaz, mais dinâmico e melhor organizado.

O andebol expandiu-se nomeadamente através de mais vinte e quatro associações regionais implantadas, abrangendo todo o país e aumentando o número de praticantes. O número de praticantes da sua federação em 2003 era já de vinte e sete mil duzentos e noventa e quatro (Tenreiro, 2005), apresentando hoje valores que ultrapassam já os trinta mil praticantes e agentes desportivos dos quais quatro mil são femininos, segundo a FAP.

Da constante evolução do andebol e das suas regras chegou-se à modalidade como hoje se encontra, descrita como um jogo de equipa em que tomam parte duas equipas de sete jogadores, tendo como objectivo introduzir a bola na baliza adversária, jogando-a com as mãos.

O terreno de jogo deve ter uma superfície rectangular, plana, dura e sem obstáculos, com dimensão de 40 m de comprimento por 20 m de largura e repartida por duas áreas de baliza e uma de jogo.

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Com a liderança de Luís Santos na Federação de Andebol de Portugal, a modalidade cresce muito a partir do final dos anos 80 até aos nossos dias, e muitas foram já as organizações de eventos levados a cabo no nosso país durante estes mandatos, onde se pode constatar confiança e constante renovação no desenvolvimento da modalidade e, consequentemente, do desporto em geral.