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CAPÍTULO 1. Pteridófitas do Parque Estadual do Itacolomi, Minas Gerais, Brasil:

4. Anemiaceae

A família Anemiaceae compreende aproximadamente 100 espécies em um único gênero (Anemia Sw.), com distribuição Neotropical, exceto poucas espécies que ocorrem na África, na Índia e nas Ilhas do Oceano Indico (Smith et al., 2006a).

1. Anemia Sw., Syn. Fil. 6, 155. 1806.

O Brasil é o centro primário de diversidade do gênero e engloba aproximadamente 70 espécies, seguido pelo México, com 20 espécies (Mickel & Beitel, 1988; Moran & Mickel, 1995). No PEI, está representado por sete espécies.

Caracteriza-se pelo rizoma ascendente ou reptante (curto ou longo), com tricomas. Frondes subdimorfas (com o par de pinas proximais ou os lobos basais portando os soros) ou raro dimorfas; lâmina estéril pinatífida a 1-3-pinada; pinas férteis normalmente eretas, ou raramente horizontais ou formando ângulos; nervuras livres ou

anastomosadas, sem vênulas livres inclusas; esporângios restritos às pinas proximais (esporóforo).

Literatura consultada: Mickel (1962), Tryon & Stolze (1989a) e Moran & Mickel (1995).

Chave para as espécies de Anemia do PEI

1a. Lâmina pinatífida a 1-pinado-pinatífida

2a. Frondes prostradas, dispostas em roseta... 1. A. elegans 2b. Frondes eretas

3a. Lâmina 1-pinado-pinatífida; ápice pinatífido; rizoma curto-reptante

4a. Lâmina oblonga a deltóide; pinas ovadas...2. A. imbricata 4b. Lâmina linear; pinas oblongas...7. A. villosa 3b. Lâmina 1-pinada; ápice pinado; rizoma ereto a ascendente

5a. Nervuras livres; pina apical flabeliforme e não conforme

...3. A. oblongifolia

5b. Nervuras anastomosadas; pina apical ovada a lanceolada e conforme ...4. A. phyllitidis

1b. Lâmina 2-pinada a 2-pinado-pinatífida

6a. Rizoma curto-reptante, ascendente na região de onde partem as frondes; ápice dos últimos segmentos arredondados; porção fértil da pina fértil (18-20cm compr.) e ca. 3-4-vezes maiores que o peciólulo...5. A. raddiana 6b. Rizoma curto a longo-reptante, horizontal na região de onde partem as frondes;

ápice dos últimos segmentos agudo; porção fértil da pina fértil (6-8 cm compr) e ca. 2- vezes maiores que o peciólulo...6. A. tomentosa

1.1. Anemia elegans (Gardner) C. Presl, Suppl. Tent. Pteri. 81. 1845.

Nos materiais examinados constam que as plantas foram encontradas como rupícolas.

Distribuição geográfica: Cuba e Brasil (Sehnem, 1974). Brasil: Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais (Sehnem, 1974).

Anemia elegans difere das demais espécies congenéricas do PEI pelo rizoma

lâmina obovada, séssil, na porção proximal pinatífida e com os esporângios nos lobos mais basais, e também pelas nervuras flabeladas. Apresenta o rizoma, mesmo que inconspícuo, densamente coberto por tricomas alaranjados.

Segundo Mickel (1962), a margem da lâmina levemente incisa, os esporângios nos lobos e o rizoma praticamente ausente refletem no pequeno tamanho da espécie e na sua aparência em roseta.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Morro do Baú, s.d., Dr.

Godoy s.n. (OUPR); Alto do Itacolomi, 1905, L. Damazio s.n. (OUPR).

1.2. Anemia imbricata Sturm, Fl. Bras. 1 (2): 205. 1958.

Terrestres em áreas abertas nos campos ferruginosos, a ca. 1.200 m alt.

Distribuição geográfica: Brasil: Minas Gerais (Mickel, 1962).

Anemia imbricata difere das demais espécies do gênero no PEI pelas pinas

férteis mais desenvolvidas e congestas nas pinas estéreis.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, PEI, Estrada de Cima, 22/XI/2001, M. C. T. B. Messsias & V. F. Dutra 538 (OUPR); Idem, Estrada do Calais, 22/I/2002, M. C. T. B. Messias et al. 620 (OUPR); Idem, Estrada de Baixo, 05/I/2006,

L. B. Rolim & J. L. Silva 147 (BHCB); Idem, Torre, 14/II/2006, L. B. Rolim & V. F. Dutra 276 (UB); Mariana, PEI, Sertão, 07/II/2006, L. B. Rolim, J. L. Silva & J. Custódio 241

(UB).

1.3. Anemia oblongifolia (Cav.) Sw., Syn. Fil. 156. 1806. (Figura 9A).

Rupícolas ou terrestres nos barrancos em beira de estradas ou de trilhas, nas bordas de matas ou em formações quartzíticas, entre 1.100 e 1.500 m alt.

Distribuição geográfica: Neotropical (Moran & Mickel, 1995). Brasil: Acre, Amazonas, Pará, Tocantins, Piauí, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Sehnem, 1974).

Os espécimes de Anemia oblongifolia do PEI apresentam uma grande variação na morfologia nas frondes, que são desde linear até ovadas. Segundo Tryon & Stolze

(1989a), algumas frondes são densamente cespitosas com os pecíolos bastante curtos, dando uma aparência de roseta. Tal aspecto foi constatado em alguns dos materiais examinados.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, PEI, Morro do Cachorro, 30/XI/1992, H. C. Sousa s.n. (OUPR); Idem, Estrada de Baixo, 05/I/2006, L. B. Rolim &

J. L. Silva 126 (BHCB, UB); Mariana, PEI, entre Ouro Preto e Passagem de Mariana,

s.d., J. L. Silva & M. B. Roschel s.n. (OUPR); Idem, Sertão, 07/II/2006, L. B. Rolim, J.

L. Silva & J. Custódio 216 (BHCB); Idem, id. 218 (UB); Idem, id. 249 (UB).

1.4. Anemia phyllitidis (L.) Sw., Syn. Fil. 155. 1806.

Terrestres no interior de matas próximas a cursos d’água ou em áreas abertas como beiras de estradas e trilhas, entre 680 e 1.330 m alt.

Distribuição geográfica: Neotropical (Tryon & Stolze, 1989a; Moran & Mickel, 1995). Brasil: Amazonas, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Sehnem, 1974; Silva & Barros, 2005).

Anemia phyllitidis difere das demais espécies congenéricas do PEI pelas

nervuras anastomosadas e pela pina apical conforme.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, PEI, Trilha do Forno, 09/IV/2003, L. B. Rolim & J. L. Silva 19 (OUPR, BHCB); Idem, Fazenda do Manso, 31/ V/2003, L. B. Rolim & J. L. Silva 123 (OUPR, BHCB); Idem, 05/I/2006, L. B. Rolim & J.

L. Silva 124 (UB); Mariana, PEI, Cibrão, 08/II/2006, L. B. Rolim & J. L. Silva 250

(BHCB); Idem, id. 251 (UB); Idem, id. 253 (UB); Idem, 13/II/2006, id. 271 (BHCB).

1.5. Anemia raddiana Link, Hort. Berol. 2: 144. 1833. (Figura 9B).

Terrestres em barrancos nos campos ferruginosos ou em trilhas na beira de mata, a ca. 1.300 m alt.

Distribuição geográfica: Sudeste e Sul do Brasil: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Mickel, 1962; Sehnem, 1974).

Anemia raddiana apresenta a base das pínulas truncadas e adnatas a ráquila

acroscopicamente e cuneadas basiscopicamente.

Em Sehnem (1974), este material seria identificado como Anemia flexuosa (Savigny) Sw. Observou-se que tal nome foi utilizado na identificação de alguns espécimes do PEI depositados no herbário OUPR. Porém, segundo Mickel (1962), A.

flexuosa não ocorre no Brasil e possui suas pinas férteis nunca ultrapassando a altura

da lâmina estéril. Ao contrário, em A. raddiana, freqüentemente, as pinas férteis ultrapassam a altura da lâmina estéril, sendo que nos materiais examinados esta altura ultrapassou ca. 3-6 cm compr.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Mariana, PEI, 19/I/1994, M. B. Roschel

& J. L. Silva s.n. (OUPR); Ouro Preto, PEI, Tesoureiro, 16/VIII/2003, L. B. Rolim & J. L. Silva 73 (OUPR); Idem, Captação d’água, 31/V/2003, L. B. Rolim & J. L. Silva 110

(OUPR, BHCB); Idem, Estrada de Baixo, 05/I/2006, L. B. Rolim & J. L. Silva 130 (UB); Idem, Torre, 14/II/2006, L. B. Rolim & V. F. Dutra 275 (BHCB).

1.6. Anemia tomentosa (Savigny) Sw., Syn. Fil. 157. 1806.

Rupícolas ou terrestres nas áreas ensolaradas em barrancos na beira de trilhas, em clareiras no interior de matas, ou em campos quartzíticos secos, a ca. 1.200 m alt.

Distribuição geográfica: Neotropical (Mickel, 1962). Brasil: Pará, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Sehnem, 1974).

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Mariana, PEI, Sertão, 07/II/2006, L. B.

Rolim, J. L. Silva & J. Custódio 236 (BHCB); Idem, id. 242 (UB); Idem, id. 248 (UB);

Idem, Serrinha, 16/V/2006, L. B. Rolim & J. L. Silva 372 (BHCB); Ouro Preto, PEI, Baú, 14/V/2006, L. B. Rolim & J. L. Silva 366 (BHCB).

1.7. Anemia villosa Humb. & Bonpl. ex Willd., Sp. Pl. 5: 92. 1810.

Rupícolas ou terrestres em locais sombreados ou ensolarados, como em barrancos na beira de estradas ou entre fendas quartzíticas, entre 680 e 1.340 m alt.

Distribuição geográfica: América do Sul: Suriname, Peru e Brasil (Mickel, 1962). Brasil: Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Sehnem, 1974).

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, PEI, Trilha do Forno, 31/V/2003, L. B. Rolim & J. L. Silva 119 (OUPR); Idem, Estrada de Baixo, 05/I/2006, L.

B. Rolim & J. L. Silva 139 (UB); Mariana, PEI, Sertão, 07/II/2006, L. B. Rolim, J. L. Silva & J. Custódio 220 (BHCB); Idem, Cibrão, 08/II/2006, L. B. Rolim & J. L. Silva 254

(UB).