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4. Contornos para a Gestão de Emergência em Portugal

4.1. ANPC

A ANPC está sob a jurisdição do Ministério da Administração Interna (MAI) e resulta do quadro das orientações definidas pelo Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE) substituindo o antigo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil. A entrada em vigor da Lei de Bases de Protecção Civil redefiniu o sistema de protecção civil e, de acordo com a referida lei, foram imputadas à ANPC funções determinantes ficando esta com poderes de “autoridade, regulação e fiscalização” no âmbito do “planeamento, coordenação e execução” de políticas de protecção civil com enfoque na segurança das populações e a salvaguarda do património, com vista a “prevenir a ocorrência de acidentes graves e catástrofes”, assegurar a gestão dos sinistros e dos danos e apoiar a reposição das funções que reconduzam à normalidade nas áreas afectadas.

A ANPC detém também um conjunto de atribuições extensíveis a todo o território nacional, sem prejuízo das competências próprias dos órgãos relevantes das regiões autónomas e das autarquias locais, onde se insere, conforme a supra referida lei, a “previsão e gestão de riscos, o planeamento de emergência, a protecção e o socorro” reunindo ainda o dever de “orientar, coordenar e fiscalizar a actividade dos corpos de bombeiros”. Importa ainda referir que a ANPC e demais Agentes de Protecção Civil (APC) pertencem, no âmbito de um conceito alargado segurança, à componente de defesa não- militar (dimensão safety). A implementação do SIOPS (Decreto-Lei n.º 134/2006, de 25 de

34 No âmbito das instituições de cariz militar encontramos as FA e GNR. Estas instituições, além das suas missões específicas, têm ainda agregado um conjunto de tarefas de interesse público relacionadas com protecção civil. De cariz não-militar encontramos a ANPC, PSP, PJ, CVP, INEM, entre outras (PINHEIRO e PARADELO, 2005, p.172-245).

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Julho) em 2006 revelou-se igualmente uma medida estruturante e significante para funções operacionais de âmbito local, regional e nacional.

Assim, importa neste contexto definir em termos estruturais o SNPC. O SPC corresponde à estrutura nacional de protecção civil e é caracterizado pelas seguintes estruturas: 1) Decisão Política; 2) Coordenação Política; 3) Coordenação Institucional e; 4) Comando.

1. Estruturas de Decisão Política – As Estruturas de Decisão Política encontram-se organizadas em diferentes níveis. Numa análise Bottom-up, verificamos:

i. Em primeiro lugar e num âmbito municipal, o presidente da Câmara Municipal (principal figura de decisão política).

ii. Em segundo lugar e de âmbito distrital, encontra-se o Governador Civil (entretanto extinto) e;

iii. No topo da pirâmide, ou seja, a um nível nacional de decisão o Primeiro- ministro (ou elemento por ele designado).

Cada uma destas entidades (consoante o nível de administração) é “responsável por desencadear, na eminência ou na ocorrência de acidente grave ou catástrofe, as acções de protecção, socorro, assistência e reabilitação adequadas a cada caso” (PEERS-AML-CL, 2009, p.15).

2. Estruturas de Coordenação Política – A um nível inferior estão as Estruturas de Coordenação Política que são asseguradas através das Comissões de Protecção Civil (CPC). Tal como na Estrutura de Direcção, encontramos assim, no âmbito da Coordenação Política, diferentes níveis. Baseemos agora a nossa análise num raciocínio Top-Down:

i. Comissão Nacional de Protecção Civil35 (CNPC). Esta Comissão é presidida pelo Secretário de Estado da Protecção Civil (ou o seu substituto legal);

ii. Comissões Distritais de Protecção Civil36 (CDPC) que são presididas pelos Governadores Civis (entretanto extintos)37;

35A CNPC é um “órgão de Coordenação Política em matéria de protecção civil e tem, como principal

competências e composição as que constam no n.º 2 e 3 dos art.º 36 e 37 da Lei de Bases de Protecção Civil” (PEERS-AML-CL, 2009, p.16).

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iii. Em terceiro lugar, ou seja, a um nível municipal encontra-se a Comissão Municipal de Protecção Civil (CMPC) presidida pelo Presidente da Câmara Municipal38.

3. Estruturas de Coordenação Institucional – Nas estruturas de Coordenação Institucional estão os Centros de Coordenação Operacional Nacional (CCON) e Distrital (CCOD), seguidamente vertidos na caracterização operacional.

4. Estruturas de Comando

a) Centro Táctico de Comando (CETAC) – Esta estrutura corresponde ao Posto de

Comando responsável pelo acionamento de todos os meios nacionais, pela proposta de acionamento de meios complementares de nível nacional e pela gestão de todas as operações de protecção e socorro decorrentes do evento sísmico (ou outro tipo de evento enquadrado na esfera de comando operacional da ANPC). O CETAC é o centro nevrálgico das operações, “articula-se permanentemente com o CCON e coordena operacionalmente os PCDis” (PEERS-AML-CL, 2009, p. 21);

b) Os PCDis (Posto de Comando Distrital) e PCMun (Posto de Comando Municipal)

Em termos operacionais, a nível nacional e de acordo com o n.º 2 do art.º 13 do Decreto- Lei n.º 75/2007 de 29 de Março, a ANPC está estruturada e organizada da seguinte forma:

 Comando Nacional de Operações de Socorro (CNOS). O CNOS é dirigido pelo comandante operacional nacional (CONAC) e compreende as seguintes células de apoio previstas no SIOPS:

36 As CDPC “assumem-se como órgãos de Coordenação Política em matéria de protecção civil nos

respectivos distritos e têm como principais competências e composição as que constam no n.º 2 dos art.º 38 e

39 da Lei de Bases de Protecção Civil” (PEERS-AML-CL, 2009, p.17).

37 A exoneração dos Governos Civis e Governadores Civis está vertida na Resolução n.º 13/2011 da Presidência do Conselho de Ministros e no Decreto-Lei n.º 114/2011 de 30 de Novembro concernente ao Ministério da Administração Interna. Com esta exoneração muitas das competências dos Governadores Civis foram transpostas para outras entidades da Administração Pública, importando, para efeitos deste estudo, as que se encontram no âmbito das actividades de protecção civil, assistência e reabilitação. De referir que a transversalidade desta exoneração encontra igualmente relevância na Lei Orgânica da Assembleia da República (n.º 1/2011 de 30 de Novembro) que transfere competências dos governos civis e dos governadores civis para outras entidades da Administração Pública em matérias de reserva de competência legislativa da Assembleia da República e no Decreto-Lei n.º 86-A/2011 de 12 de Julho da Presidência do Conselho de Ministros que promulga a orgânica do XIX Governo Constitucional.

38 A CMPC tem como “principais competências e composição as que constam no n.º 2 do art.º 40 e do art.º 41 da Lei de Bases de Protecção Civil e do art.º 3 da Lei n.º 65/2007 (protecção civil de âmbito municipal) ” (PEERS-AML-CL, 2009, p.17).

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o Célula de Planeamento, Operações e Informações; o Célula de Logística;

o Célula de Gestão de Meios Aéreos; o Célula de Comunicações.

 Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS). O CDOS compreende a existência de uma comandante para cada distrito (18 comandos distritais), dirigem as operações relativas a cada distrito e devem articular as operações com o comandante operacional municipal reportando hierarquicamente ao comandante operacional nacional;

 A um nível inferior encontra-se o Comando Municipal de Protecção Civil (CMPC). Este é dirigido pelo Presidente da Câmara Municipal, pelo Vereador do Pelouro correspondente e pelo Comandante Operacional Municipal (COM).

No documento Dissertação Gestão da Informação (páginas 54-57)