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Gestão de Catástrofes e Gestão da Informação – “State of Art”

No documento Dissertação Gestão da Informação (páginas 48-50)

3. A Comunicação e Informação na Era da Informação

3.1. Gestão de Catástrofes e Gestão da Informação – “State of Art”

A elaboração de qualquer trabalho científico impõe que se realize a análise do “estado da arte” relativamente à área científica a estudar. Primeiramente, Portugal, como membro da UE, não o faz país de referência em matéria de planeamento e socorro. Todavia, por sinal, também não está inabilitado relativamente a estes assuntos. Pensamos, porém, que existe um longo caminho a percorrer para alcançar melhores índices de segurança, de planeamento e de resposta nesta tipologia de eventos32.

Impende sobre Portugal uma condição de permanente ameaça de sismo, facto, infelizmente conferido pela ocorrência no passado de sismos extremamente destrutivos. Perante esta ameaça quantos de nós já nos questionámos se estaríamos minimamente preparados para lidar com a ocorrência de um sismo severo e destrutivo (principalmente durante a noite). Quantos indivíduos têm em casa um Kit de Emergência? Cuidamos, como é normal, que a maioria das pessoas não está minimamente preparada para um evento desta natureza. E o Estado, estará preparado para actuar, principalmente, na fase do Ciclo da Catástrofe mais intensa (reacção), a qual reclama uma participação mais concertada e eficaz por parte de todos os organismos actuantes, onde se destaca, neste particular a ANPC, os APC, as FSS e as equipas de emergência?

Em certa medida os desastres graves e as catástrofes integram um macro sistema inter- dinâmico, denominado por Ciclo da Catástrofe. O FEMA estabelece dois momentos

32 António Tavares, Cor Tirocinado e co-Orientador neste trabalho, referiu num contexto de boa-fé em processo de coorientação no âmbito deste estudo, que a sociedade só estará devidamente segura e preparada quando esta não necessitar dos bombeiros. Tal premissa é possível de alcançar através da evolução tecnológica e de comportamentos humanos adequados e preventivos. Porém, a evolução tecnológica concorre igualmente com novos riscos, multidimensionais e de elevada complexidade. Ou seja, o efeito que se gera é o de “pescadinha de rabo- na-boca”.

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distintos. O primeiro momento compreende o planeamento e a preparação e o segundo momento corresponde à resposta e recuperação. Em Portugal existem igualmente autores que advogam também dois momentos para o Ciclo da Catástrofe. Por exemplo, o glossário da ANPC distingue dois grandes tempos de actuação. O primeiro corresponde a uma fase de “quietação” e o segundo engloba a “acção”. Contudo, conforme verificámos, resolvemos centrar e manter a nossa análise em três momentos.

No enquadramento deste trabalho, apraz salientar que o primeiro momento é caracterizado por fluxos de informação pouco intensos devido ao facto de condizer com ambientes estáticos (MEISSNER et al., 2002). Todavia, deve-se referir que as fases subsequentes correspondem a fluxos de informação intensos e de elevada criticidade. Segundo MEISSNER et al. (2002) a fase de reacção exige que se pratique, por parte das entidades envolvidas nas operações, uma transferência constante e rápida de dados e de informação entre os locais de emergência (jusante) e os diferentes locais que as entidades têm para recolha e tratamento da informação (montante) e consequentes tomadas de decisão.

Se o sector empresarial e industrial, na sua grande maioria, já se apercebeu da importância da informação no contexto geral da “Era da Informação” um sector onde o emprego das TIC pouco progrediu foi, sem dúvida, o ramo de actividade relativo ao socorro e à emergência (MEISSNER et al., 2006). Este sector evidencia ainda alguma relutância em apostar nas novas TIC e em SI nos seus serviços e equipamentos. Contudo, as entidades e organismos que o têm feito ainda não coincidiram as potencialidades das TIC, em termos de operacionalidade e efeito prático, com os objectivos ambicionados à priori na medida em que, geralmente, no âmbito das operações de socorro e de emergência, a desordem e o caos é ainda uma imagem de marca (MEISSNER et al., 2006; BARNES et al., 2006).

Em plena massificação na sociedade pelas novas TIC, é ainda muito comum verificar métodos algo tradicionais na passagem de informação por parte das equipas de socorro (por exemplo, a base da comunicação nos bombeiros para transmissão de dados e de informação é feita ainda em grande escala através da utilização de rádios portáteis, com as consequentes comunicações de voz). No terreno o quadro de emergência é geralmente muito complexo, dinâmico, volátil e intenso sendo vital, nesse sentido, transmitir o mais rapidamente possível a informação precisa e fiável para os postos de comando (nível

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táctico) no sentido dos responsáveis transmitirem a informação mais relevante aos decisores (nível político-estratégico). É fundamental ter a informação fiável na hora certa e no lugar certo (MEISSNER et al., 2006) e se isto for possível fazer com alguma rapidez e de forma eficiente, é mais fácil superar, por parte das entidades intervenientes, a "fase do caos" (MEISSNER et al., 2002) que caracteriza os grandes desastres e catástrofes.

É importante fazer ainda uma referência no enquadramento sobre o “estado da arte” relativamente à gestão da Informação e sequentes comunicações em contextos de emergência. FRAUNHOFER, citado por MEISSNER et al. (2002), realizou um estudo sobre desastres e consequentes sistemas de gestão de emergência. Na referida investigação concluíram-se algumas lacunas relativamente aos principais requisitos, imprescindíveis para uma eficaz e eficiente Gestão da Informação. As principais falhas residiam nos seguintes aspectos: i) falta de integração e articulação da informação; ii) disponibilidade da comunicação; iii) acesso rápido aos dados; iv) pontualidade na actualização da informação; v) padronização da informação.

Conforme referido, a Gestão da Informação está intimamente relacionada e dependente do modelo de Gestão de uma Crise. É neste pressuposto que tentaremos perceber que tipo de doutrina está subjacente relativamente aos processos de Gestão de Catástrofes e, consequentemente, de Gestão da Informação, aplicados nos EUA e em França.

No documento Dissertação Gestão da Informação (páginas 48-50)