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Em busca da compreensão da democracia antiga poderíamos ser levados a caminhos que dão conta de toda história, porém o caminho percorrido neste trabalho é somente um recorte daquilo que nos dará base para compreendermos a complexidade dos fatos que se refletem em muito na contemporaneidade.

E, para seguirmos é importante entendermos, mesmo que de forma sucinta, a importância histórica do Império Romano, em especial a República Romana, que de acordo com Dahal (2001) foi introduzida mais ou menos na mesma época em que surgiu na Grécia o Governo Democrático. E da mesma maneira, é importante a compreensão dos principais fatos que levaram ao declínio da civilização grega e, portanto, ao fim dos ideais democráticos fundados em Atenas.

O declínio da civilização grega ocorreu após as continuas guerras ocorridas na Grécia. Os gregos e suas cidades-estados, em muitas guerras, lutaram lado a lado, como por exemplo, contra os Persas, quando os seus interesses eram comuns. Como nas Guerras Médicas ou Guerras Greco-Pérsicas18, período este onde foi formada a Liga de Delos, o que de acordo com Arruda (1976) foi uma liga militar organizada por Atenas durante as Guerras Médicas que tinha como objetivo defender as cidades gregas do ataque persa.

Apesar da rivalidade entre Atenas e Esparta, alimentada por fatores políticos e culturais, ambas se aliaram durante as Guerras Médicas com o objetivo de resistirem à tentativa do imperador Dario de invadir a Grécia. Esta guerra foi motivada pela disputa para se ter o controle do comércio marítimo no mar Egeu e pela revolta das cidades gregas da Ásia contra o domínio do Império Persa na região (PEDRO; LIMA; CARVALHO, 2005).

Contudo, foram os próprios conflitos internos que levaram a Grécia a sucumbir, no período clássico por meio das lutas fratricidas19. A razão para os enfrentamentos entre Atenas e Esparta, de gregos contra gregos, ao que nos parece, foi motivada em decorrência do crescimento de Atenas, uma vez que, este poder despertou o temor entre os espartanos e das demais cidades que eram suas aliadas (liga do Peloponeso).

Atenas havia se tornado a cidade mais rica, mais bela e mais poderosa de toda Grécia, um verdadeiro império. Num período conhecido como o “século de ouro” ou “século de Péricles” 20 em V a.C.. No conflito entre ambas as cidades estava em jogo, de um lado, “o império marítimo de Atenas e, de outro, o interesse de Esparta em diminuir a força do império ateniense” (PEDRO; LIMA; CARVALHO, 2005, p.60).

18 Pedro, Lima e Carvalho (2005), em a “História do Mundo Ocidental” contam em detalhes sobre as Guerras

Médicas.

19 Lutas ou guerras entre compatriotas. Fonte: Disponível em Dicionário Online de Português

<https://www.dicio.com.br/fratricida/>. Acesso em: 11 de Jun. 2017.

20 Péricles esteve a frente do governo de Atenas por quinze anos (444-429 a.C), realizou obras de reconstrução

e modernização da cidade, além de melhorar suas condições de segurança. Ampliou a participação política dos cidadãos, aperfeiçoando o regime democrático. Construiu templos e teatros e estimulou a literatura e a artes (FIGUEIRA, 2008, p. 46).

O resultado desse conflito foi o início em 431 a.C. da maior batalha em solo grego, conhecida como a Guerra do Peloponeso21 que teve duração até o ano 404 a.C. Ano este em que Atenas foi cercada por Esparta e rendeu-se. A Confederação de Delos (liga de Delos) foi dissolvida, as esquadras que restaram foram entregues aos espartanos. “A ordem democrática foi destruída em Atenas e nas cidades aliadas” (CÁCERES, 1996, p. 77).

Durante esses difíceis anos, Atenas sofreu graves revezes: uma terrível peste assolou a cidade, matando inúmeras pessoas (430 a.C.); seu comércio desestruturou-se, devido a guerra; as ideias democráticas encontravam sérios opositores na aristocracia. Ao final do desgastante conflito, Atenas teve que se submeter à hegemonia de Esparta. A frota marítima ateniense foi, em grande parte, aniquilada e a cidade foi obrigada a abrir mão de suas colônias fora da Ática e a aceitar um governo aristocrático apoiado pelos espartanos (COTRIM, 1999, p. 76).

De acordo com Cáceres (1996) os aristocratas que viviam nas cidades dominadas por Atenas se uniram aos espartanos, se rebelaram e tomaram o poder dos democratas atenienses. O governo formado por estes aristocratas ficou conhecido como a Tirania dos Trinta ou segundo os autores Pedro, Lima e Carvalho (2005) Governo dos Trinta Tiranos. A hegemonia ateniense foi substituída pela a de Esparta que veio a se transformar na potência militar de todo o mundo grego. Os regimes políticos tornaram-se predominantemente oligárquicos em toda Grécia (CÁCERES, 1996).

A pólis grega desgastou-se profundamente com essas sucessivas batalhas. O comércio com o exterior, responsável por grande parte da riqueza das cidades- estados, ficou paralisado, assim como o artesanato e agricultura. A pirataria voltou a aparecer nos mares, e a Pérsia tornou a dominar a costa da Ásia Menor. O homem do campo, obrigado a combater constantemente, ficou empobrecido, e a agricultura tornou-se inativa. Valendo-se dessa organização, grandes levas de escravos fugiram, destruindo assim uma das mais importantes fontes de produção da Grécia Clássica (PEDRO; LIMA; CARVALHO, 2005, p. 77).

As cidades gregas, enfraquecidas, pelas sucessões de guerras, caíram sob o domínio macedônio, em 338 a.C. na Batalha de Queronéia (CÁCERES, 1996). Civilização localizada ao noroeste da Grécia continental, a Macedônia22 era governada pelo rei Filipe II desde 356 a.C., e não apresentava os mesmos recursos econômicos e culturais das cidades gregas.

21

Tucídides em A História da Guerra do Peloponeso (2001) conta sobre os detalhes da guerra de gregos contra gregos. Fonte: História da Guerra do Peloponeso em: <http://funag.gov.br/loja/download/0041- historia_da_guerra_do_peloponeso.pdf>. Acesso em: 05 de Jul.2017.

22 De acordo com Pedro, Lima e Carvalho (2005, p. 62) na Macedônia o monarca era o chefe militar, religioso e

judiciário. A terra lhe pertencia, mas ele a distribuía aos nobres, que lhe juravam fidelidade. Tinha na agricultura a base principal de sua economia. Esse trabalho era executado por camponeses livres que arrendavam a terra da nobreza. Na Macedônia quase não havia escravos.

Entretanto, mesmo sendo inferior a Grécia, ao perceber o enfraquecimento das cidades gregas e por nutrir ambições expansionistas o rei macedônio organizou a formação de um poderoso exercito com objetivo de conquistar o território grego (FIGUEIRA, 2008).

De acordo com Figueira (2008) Filipe II conquistou a Grécia em 338 a.C. ainda que Atenas e Tebas tenham oferecido resistência a esta invasão, impôs a sua hegemonia e posteriormente declarou guerra ao império persa que também havia se enfraquecido devido às revoltas internas.

Para atingir o objetivo de derrotar os persas Filipe II formou com as cidades gregas a Liga de Corinto, a qual foi formada por meio das alianças com os gregos que tinham tido as suas cidades tomadas, visto que àquela altura estes já não tinham mais forças para enfrentar a Macedônia. E, aliadas a Filipe II enfrentaram a Pérsia. Contudo, antes de efetuar qualquer ataque, Filipe II foi assassinado em 336 a.C. e seu plano “seria executado pelo filho e sucessor, Alexandre, então com 20 anos de idade”. (FIGUEIRA, 2008, p. 46).

Dando continuidade à política expansionista de Filipe, Alexandre sufocou revoltas em Tebas, Atenas e na região do Peloponeso, impondo totalmente entre os gregos a dominação macedônica. Incansável, partiu com um exército de mais de 40 mil homens em direção ao oriente, obtendo fulminantes vitórias na Ásia Menor, no Egito, na Mesopotâmia e nas regiões da Índia, até o vale do Indo. Em dez anos de lutas, Alexandre expandiu de forma extraordinária o Império Macedônio, que se tornou um dos maiores de toda a Antiguidade (COTRIM, 1999, p. 77).

De acordo com Cotrim (1999) Alexandre morreu na Babilônia, no ano de 323 a.C., vitimado pela malária. Sua morte desencadeou uma grave crise, a inexistência de um sucessor causou disputas entre os generais pelo controle do poder. O Império foi, portanto, partilhado entre os generais de Alexandre, dando início a “quarenta anos de combates, intrigas e assassinatos”, uma vez que foi impossível manter a unidade do Império (FIGUEIRA, 2008, p. 47).

Os combates, intrigas e assassinatos levaram a formação de três reinos: o da Macedônia (incluindo a Grécia antiga), o do Egito e o da Ásia. Esses reinos de acordo com Figueira (2008) foram chamados de reinos helenísticos que foram pouco a pouco conquistados pelos romanos no decorrer dos séculos II a I a.C.