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A primeira indústria, na área ervateira, surgiu em 1820. Inicialmente, os ervateiros situaram-se nos municípios de Morretes e Antonina, litoral do Estado e utilizavam os engenhos de beneficiamento da erva, à tração hidráulica (normalmente moinhos artesanais, fabricados pelos próprios ervateiros, utilizando madeira local e pequenos cursos d'água).

Na metade do século, em 1856, o vapor substituiu a tração hidráulica e os engenhos começaram a se transferir do litoral para Curitiba. Em 1879, o engenheiro Francisco da Costa Pinto inventou máquinas que revolucionaram a feitura do mate, alterando os índices de produção.

Uma particularidade dessa indústria nascente é que ela se comportava diferente das indústrias caseiras do resto do país, pois usava somente mão-de-obra livre, ao contrário de outros estados em que a mão-de-obra era escrava.

Na década de 1920, começou o declínio da indústria ervateira, tendo como causa principal as medidas protecionistas adotadas pela Argentina, principal importador. Com esse destino, o panorama industrial passou a ser dominado pela indústria madeireira, que inicialmente, atendia os países da Bacia do Prata para depois de aprimorar-se, passar a abastecer o mercado interno.

A partir de 1930, o Paraná ingressou num intenso processo de expansão agropecuária. O desenvolvimento das lavouras de café no norte do Estado marcou um novo ciclo na economia paranaense. Foi também a partir dessa década, por ocasião dos grandes movimentos ocupacionais da região norte, que o Paraná teve um crescimento populacional de elevada proporção.

Com o aumento da produtividade do setor cafeeiro, na década de 40, a indústria madeireira perdeu o peso relativo que detinha no mercado. Segundo PADIS, 1981, p.194)

... a cafeicultura paranaense, no mesmo tempo em que foi a maior responsável pela rápida transformação econômica registrada no Estado, em razão da forma como se desenvolveu e se

95 estruturou, criou barreiras e limitações no aparecimento de outras atividades econômicas, especialmente industriais. Foi assim que pelos condicionantes históricos criados, os efeitos multiplicadores dos investimentos realizados fizeram-se sentir num sentido: ampliaram-se ou criaram condições de desenvolvimento às atividades ligadas ou decorrentes de cafeicultura.

Assim, a principal causa da transferência de parte da renda interna gerada no Estado para outras regiões do país foi a vantagem dos investimentos propiciados pelo setor cafeeiro. Nenhuma outra atividade seria suficientemente rentá vel para atrair investimentos e por isso, não houve condições para a diversificação da estrutura produtiva.

que era dada ao excedente gerado pela produção cafeeira adicionado à crise no mercado internacional do principal produto da economia paranaense, fez com que a opção pela industrialização fosse prioritária.

Assim, a preocupação do governo estadual num projeto de desenvolvimento paranaense emerge com alguns estudos na década de 50 e culmina com a criação da comissão de coordenação com atuação a nível Estadual para elaborar o "Plano de Desenvolvimento Econômico - Pladep" criada pela Lei Estadual n 2.431 de 03 de setembro de 1955, com os seguintes objetivos, estabelecidos no artigo 1:

a) fixar tecnicamente os empreendimentos públicos de maior interesse para a economia regional, em futuro próximo, de forma a possibilitar a adoção de critérios de prioridade na sua execução, em face da disponibilidade de recursos aplicáveis;

b) estabelecer as tendências de expansão da atividade da economia regional, em período mais dilatado, para orientação técnica das aplicações de recursos públicos e dos empreendimentos privados encorajados ou assistidos pelo governo estadual.

Na constatação da comissão de coordenação, a posição agrícola do Paraná em relação à produção brasileira, era uma das causas de seu subdesenvolvimento e

...evidenciou-se a instabilidade da economia paranaense, fundamentada sobre o setor primário e esse dependendo da cultura cafeeira. Chegou-se à conclusão de que é imprescindível uma maior expansão industrial no Paraná, aproveitando-se suas ótimas condições para a agricultura e a pecuária. A industrialização só será possível (...) se os poderes públicos criarem o clima propício à expansão e instalação de novas industriais). No Paraná, [..] o papel do poder público é fundamental na criação da infra-estrutura necessária a sua industrialização. A iniciativa privada se desenvolverá paralelamente e as economias proporcionadas pela alta produtividade do setor agrícola (café) serão aproveitados dentro do território estadual quando o Governo estabelecer o clima favorável à industrialização paranaense... (PLADEP vol 1 estudo n 23 fev., 1959, p. 148).

96 Nesse sentido, industrialização intensiva e extensiva passou a ser a opção que o governo do Estado via para alavancar a economia estadual. Entretanto, para realizar essa tarefa o governo necessitava de uma atuação direta do aparelho estatal, em uma ação modernizante, racional e dinâmica.

Ao mesmo tempo, essa atuação não se restringia somente à "criação da infra-estrutura necessária à industrialização", ou seja, a uma ação indireta, propiciadora de um clima favorável à instalação de indústrias no Estado, mas da intervenção do Estado diretamente na promoção da

Estado, Ney Braga, encaminhou à Assembléia Legislativa um projeto de Lei criando a Companhia de Desenvolvimento Econômico do Paraná - CODEPAR como gestora do Fundo de Desenvolvimento Econômico – FDE, em que previa um acréscimo de 1% sobre o IVC Imposto sobre Venda e Consignações, para a constituição do FDE, durante 5 (cinco) anos, contados da vigência da Lei de sua criação n 4.529 de 12 de janeiro de 1962. Assim, o empréstimo se faria até 12.01.1967. Ao final desse prazo, o montante deveria ser resgatado mediante títulos emitidos, mais os juros de 4% ao ano. A alíquota do IVC, no Estado do Paraná era de 4,95% passando para 5,95% a partir da sanção da Lei.

O artigo primeiro da Lei 4.529/67, dispõe o seguinte: “É instituído o Fundo de Desenvolvimento Econômico, cujos recursos se aplicarão [...] aos objetivos [...] seguintes: a) produção e distribuição de energia elétrica...; b) investimentos do Estado do Paraná..., c) desenvolvimento industrial e agrícola ...".

Posteriormente, em 1964, agregou-se ao FDE um Empréstimo Compulsório Especial - ECE de mais 1% sobre o IVC, com prazo até 12.01.67, passando assim, o IVC para 6,95% conforme Lei nº 4826/64, artigo 15. Parcela desse fundo seria utilizada para empréstimos a empreendimentos industriais privados que viessem a se instalar no Paraná e uma outra parcela, maior, seria utilizada para implantar a infra-estrutura necessária ao desenvolvimento estadual, como usinas de hidroelétrica e rodovias.

Com o objetivo de alterar a base da organização espacial do Estado, o governo procedeu à preparação institucional e de infra-estrutura para o projeto de industrialização. A construção da malha viária para o interior do Estado fez com que a posição econômica de Curitiba fosse centro de decisões políticas, financeira e comercial. O governo tomou algumas providências para a criação e revitalização de algumas empresas estatais destinadas a atuarem em diversos setores como telecomunicações, energia elétrica, economia, finanças e serviços públicos, além da criação da CODEPAR, depois transformada em Banco de Desenvolvimento do Paraná BADEP,

97 Companhia Paranaense de Silos e Armazéns - COPASA, Companhia Agropecuária de Fomento Econômico - CAFÉ DO PARANÁ, SANEPAR, CELEPAR TELEPAR, FUNDEPAR e COHAPAR, como também no município de Curitiba a URBS e o IPPUC dedicado a atender às exigências de uma política de desenvolvimento, ou, mais especificamente, a uma política de industrialização.

Na década de 70, a economia paranaense ingressou numa etapa de expressiva expansão, oportunizada pelo quadro nacional favorável, uma vez que se elevou a taxa de inversão,

existência de mecanismos institucionais de estímulo à atividade produtiva e a existência de uma agricultura dinâmica, capaz de responder rapidamente à política de incentivo, à associação indústria/agricultura.

Assim, a estrutura industrial paranaense experimentou significativas mudanças. Os ramos tradicionais mais voltados ao processamento de produtos alimentares e têxteis reduziram sua participação no produto industrial em favor dos gêneros mais modernos como metal mecânico, químico e fumo. A indústria passou a ter maior peso relativo na geração de renda interna, mesmo assim, destacando-se pela agroindústria.

Como característica histórica, o Paraná sempre teve seus mais importantes ciclos econômicos intimamente ligados à agricultura, o que nem sempre representou garantia de uma economia estável, com um desenvolvimento harmônico e integrado em todos os seus setores.

No Paraná, a política de industrialização adotada pelo governo estadual, veio impulsionar o estabelecimento de vários setores industriais, mas sem dúvida os mais expressivos foram os agro-industriais. O setor agrícola, que era o sustentáculo da economia paranaense, foi progressivamente perdendo sua importância relativa. Assim, a integração agricultura-indústria dar-se-ia necessaria mente. A criação de um moderno setor industrial produtor de máquinas e equipamentos agrícolas, defensivos e adubos químicos, rações, etc., foram evidentemente condições para determinado tipo de modernização da agricultura e pecuária.