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Os reflexos das mudanças ocorridas na indústria automobilística foram significativas sobre o setor de autopeças, formado por empresas bastante diferenciadas em capacitação tecnológica, gestão, padrões de qualidade e produtividade. Com a abertura da economia, propiciada pelo governo no início da década de 90, o impacto foi maior no setor, uma vez que vinha de um período de vendas reduzidas e de práticas de repasse dos custos para preços finais, como também de baixo investimento em tecnologia e em modernização dos métodos de produção, apesar de algumas empresas se destacarem com relação às duas últimas variáveis.

As empresas fornecedoras foram pressionadas pelas montadoras a se inserirem numa política de redução de custos, busca de qualidade, investimentos em P&D e de outras responsabilidades e atribuições dentro da cadeia produtiva, assim como em estratégias complementares de "global sourcing" e montagem de uma rede de fornecedores localizada nas proximidades de suas plantas. Teve impacto direto, as disposições institucionais adotadas pelo Governo Federal no âmbito do regime automotivo.

O setor de autopeças no Brasil, conforme informações do SINDIPEÇAS, tinha até 1989, aproximadamente 2000 empresas fabricantes de autopeças. Em 1997 só existiam cerca de 1300. Uma pesquisa realizada por essa instituição em 1991, junto ao seu quadro associativo, com 461 empresas, e repetida em 1999 com 484 empresas associadas, dá uma visão em termos do tamanho delas, apresentada na tabela 5.

Tabela 5 - Número de empregados por empresas do setor de autopeças filiadas ao SINDIPEÇAS em 1991-1999

Número de Empregados

Número de empresas 1991 1999

Porte das empresas

0 a 125 121 210 Pequeno 126 a 500 218 184 Médio Mais de 500 122 90 Grande Fonte: SINDIPEÇAS.

Com base nos dados mostrados na tabelas acima, verifica-se que o parque fornecedor tinha em 1991, a predominância das médias empresas, entretanto na pesquisa realizada em 1999 constatou-se que as pequenas empresas tiveram um crescimento de 73,55% em relação a 1991,

ou seja, passaram de 121 empresas para 210 nesse período. Outro dado relevante é que muitas dessas empresas possuem uma administração familiar. Esse mix conjuntural demonstra que nem todas as empresas que estão em operação atualmente, possuem condições de acesso à novas tecnologias, seja por falta de capital para investimentos ou falta de visão da nova realidade empresarial.

Tabela 6 - Número de empregos gerados pelas empresas de autopeças filiadas ao SINDIPEÇAS em 1991 e 1999

1999 1991

Local Número % Número %

Cidade de S.Paulo 78.400 30,2 Interior de S.Paulo 61.000 23,5 Região do ABCD 41.000 15,8 Grande São Paulo 51.700 19,9 Outros Estados 27.500 10,6 TOTAL 259.600 100 25.700 15,4 45.400 27,2 23.400 14,0 29.700 17,8 43.100 25,8 167.100 100 Fonte: SINDIPEÇAS, 1991, pesquisa com 506 empresas e 1999 pesquisa com 550 empresas.

Segundo o SINDIPEÇAS, diante das pressões das montadoras e do mercado mundial cada vez mais globalizado, o setor vem sofrendo grandes transformações nos últimos anos, uma vez que dezenas de empresas nacionais partiram para fusões, associações e outras foram adquiridas por concorrentes estrangeiros. Conforme a tabela acima, verifica-se que, em 1991, somente as empresas filiadas a esse sindicato, empregavam 259.600 pessoas e no Estado de São Paulo estavam instaladas 89,4% das empresas de autopeças, com destaque para a localização na cidade de São Paulo e Grande São Paulo de 50,1% dessas empresas. Em 1999, quando foi realizada nova pesquisa, o número de empregos caiu para 167.100, ou seja, teve um redução de 55,3% e locacionalmente o Estado de São Paulo respondeu somente com 74,2% das empresas do setor. A cidade de São Paulo e Grande São Paulo tiveram uma queda significativa no número de empresas no setor, representando somente 33,2% do total. O parque fornecedor de peças e componentes concentra-se ainda no Estado de São Paulo

A tabela 7, mostra a origem do capital e o faturamento das empresas de autopeças associadas ao SINDIPEÇAS no Brasil. Em 1994, 51,9% da empresas eram nacionais e em 1999,

somente 31%, o que demonstra que nesse período, as empresas brasileiras, sem condições atender as necessidades das montadoras, foram absorvidas ou tiveram suas atividades encerradas.

Tabela 7 - Origem do capital e faturamento da empresas de autopeças filiadas ao SINDIPEÇAS de São Paulo em 1994/99

ANOS ORIGEM DO CAPITAL FATURAMENTO

1994 1999 Nacional 51,9 31,0 Estrangeiro 48,1 69,0 Nacional 52,4 31,1 Estrangeiro 47,6 68,9 Fonte: SINDIPEÇAS.

O Presidente do SINDIPEÇAS, Sr. BUTORI, em 1995 já alertava que "... é necessário que as empresas do setor reestruturem suas formas de gestão. Muitas empresas de autopeças chegaram a um impasse: ou partem definitivamente para a profissionalização, abandonando de vez as características familiares, ou vão sucumbir diante da modernização, das mudanças estruturais vigentes e das exigências mais acentuadas do mercado".

As mudanças em curso, são indispensáveis para o enfrentamento dos problemas causados pelas pressões para a redução de custos e de preços, aumento da produtividade com sensível melhoria da qualidade, além é claro, da abertura de mercado e conseqüente aumento da concorrência internacional.

Para o equacionamento desses fatores, as empresas de autopeças precisarão realizar uma ampla reestruturação organizacional, para conseguir elevar o nível de sua competitividade. BUTORI, prevê que nem todas as empresas conseguirão adequar-se à nova realidade competitiva: “[...] apenas 40% das empresas brasileiras estão em condições de competir no exterior, enquanto que outras 45% podem atingir o binômio produtividade-competitividade. O restante estão com os dias contados".

O setor continua a passar por modificações na sua estrutura, com a consolidação de alguns segmentos e empresas de atuação mundial ampliando sua ação no país. Houve um aumento significativo de participação de mercado de determinadas empresas o que não pode mais ser visto só em termos de um componente, mas da capacidade de fornecer um sistema.

Algumas modificações derivaram do processo de desverticalização das montadoras como empresas, passando a executar atividades antes praticadas internamente. Com a expectativa de

crescimento da produção, verificou-se a entrada de novos fabricantes, seja por meio da compra ou do investimento direto, seja com a ampliação das faixas de produtos.

Nesse processo, quase todas as grandes empresas nacionais foram adquiridas, sendo que grande parte situava-se entre as maiores exportadoras. A quase totalidade dos fornecedores de primeira camada é de estrangeiros e a participação de empresas nacionais, quando ocorre, é através de joint ventures. A concorrência é muito grande para o fornecimento de sistemas e não conta só a tecnologia, como também, a capacidade financeira necessária para acompanhar a montadora a outros países quando selecionada como sua sistemista.

III - SISTEMAS DE PRODUÇÃO