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5. Actividades na sala de aula

5.2. Antevisão de expectativas

Para este trabalho pediu-se aos alunos que elaborassem/imaginassem a história A

Galinha Xadrez. Mostrou-se a capa do livro, que ficou exposta, sem contudo permitir

folhear o livro e desvendar o conteúdo da obra.

Esta sugestão, esteve no seguimento da exploração da obra A Galinha Ruiva. Pretendia-se que os alunos a partir da obra explorada, criassem expectativas e inferissem sobre a obra desconhecida. Para isso, solicitou-se aos alunos que imaginassem uma história com o nome A Galinha Xadrez.

Dos textos produzidos (textos A) resultaram narrativas que se podem analisar nas seguintes categorias:

 Adaptação de outras fábulas. Textos que resultaram da adequação de outras fábulas, mas modificadas em relação à fábula original.

 Fábula imaginada. Narrativas criadas.

 Fábula reescrita. Textos que os alunos, a partir de uma fábula original, (re) construíram.

 Fábula reconhecida. Textos em que há marcas, sinais, símbolos, da narrativa a explorar.

Quadro 1 – Tipo de Produções escritas

Antevisão das expectativasAdaptação de d outras fábulas

Fábula imaginada Fábula reescrita Fábula reconhecida

Efabulação 4 5 6 1

Construção de

personagem 2 5 - -

54O registo da dramatização encontra-se em suporte digital: gravação/DVD e fotografias. 55Este desdobrável encontra-se em anexo.

Ao analisarmos este quadro podemos verificar que nos trabalhos realizados pelos alunos há uma dispersão na antevisão nos resultados. No entanto, há uma concentração de expectativas entre a Fábula imaginada, no que concerne à construção de personagem, e à Fábula reescrita, respeitante à efabulação.

Eis exemplos de algumas produções: Adaptação de outras fábulas

«Essa galinha chamava-se Xadrez porque era ao xadrez. Ela tinha amigos que se chamavam pato, gato e cão. Um dia ela perguntou aos amigos:

-Querem ajudar-me a fazer um bolo?» (texto A- 10)

Fábula imaginada

«Era uma vez, uma Galinha Xadrez. Tinha esse nome porque era axadrezada e

os seus amigos gozavam com ela. Mas a Galinha Xadrez não ligava, gostava de ser o que era» (texto A-7).

Fábula reescrita:

«Eu acho que a galinha chama-se Xadrez porque gosta muito de jogar xadrez e acho que vai acontecer isto: um amigo foi pedir ajuda e ela não quis ajudar, depois pediu o outro amigo dela e ela não quis ajudar o amigo a fazer o que ele pediu. Depois foi a vez da galinha pedir para jogar xadrez e ninguém quis jogar com ela» (texto A-

14).

Fábula reconhecida

«Os seus amigos, o Pato Barato, o Porco Pino e o Rato Rota, começaram a

chamá-la de Galinha Xadrez (…)» (texto A-13).

Relativamente aos temas morais presentes nos textos escritos pelas crianças registamos aqueles que constam do quadro seguinte.

De referir que os valores apresentados resultam de os alunos terem presente nos textos mais do que um tema moral.

Quadro 2 – Temas morais

Amizade Discriminação Preguiça Vaidade Amor Soberba Temas

Da análise deste quadro podemos constatar que há uma certa dispersão nos resultados. Embora amizade se destaque como tema de eleição, preguiça, vaidade e discriminação, temas com resultados equilibrados, também se destacam no quadro. Estes temas encontram-se facilmente nas produções escritas dos alunos, dos quais damos alguns exemplos. Assim, em relação à preguiça os alunos referem:

«A Galinha Xadrez, chama-se assim por gostar e por ser xadrez. Ela era preguiçosa» (texto A-1)56

.

«Pegou nele e foi perguntar aos seus amigos, à galinha, ao pato e ao cão, se o ajudavam a cuidar do feijoeiro. Mas ninguém o ajudou» (texto A- 2).

«Eu acho que a galinha chama-se xadrez porque gosta muito de jogar xadrez e acho que vai acontecer isto: um amigo foi lhe pedir ajuda e ela não quis ajudar» (texto

A – 14).

Num dos textos faz-se a associação entre amizade e brincadeira. Como sabemos, «brincar não é exclusivo das crianças, é próprio do homem e uma das actividades sociais mais significativas. Porém, as crianças brincam, contínua e abnegadamente» (Sarmento, 2004: 15). As partidas são uma maneira de manifestar a predisposição para a brincadeira, geralmente provocam entusiasmo, alegria e boa disposição. Como refere o aluno:

«Ela tinha amigos que se chamavam o gato, cão e o pato. Eles eram brincalhões e um dia eles fizeram uma partida à Galinha Xadrez. A partida foi assustá-la» (texto A-

6).

A vaidade e discriminação surgem nos textos como elementos característicos da aparência física. Por um lado, xadrez é entendido como um elemento exuberante, que distingue dos demais pela excentricidade:

«Era uma vez uma galinha muito vaidosa chamada Galinha Xadrez. Essa

galinha era toda sarapintada ao xadrez de muitas cores e também adorava jogar xadrez» (texto A-9).

Por outro lado, xadrez é um elemento discriminatório que, tal como a cor de pele do ser humano, marca visivelmente alguém:

«Ela chamava-se galinha Xadrez porque tinha o seu corpo ao xadrez» (texto A-

3).

56Sempre que referimos os textos, indica-los-emos por uma letra; assim, Texto A refere-se às narrativas das expectativas da

Achamos que estes alunos ao produzirem os seus textos têm presente a noção do bem e do mal, como características necessárias à boa conduta na sociedade. Além disso, revelaram capacidade de inferirem sobre outros textos, transpondo para o papel marcas

intertextuais.

Referimos ainda que estes textos são ilustrados. Deste modo, analisamos os desenhos, cuja análise consta no quadro 3, nas seguintes categorias57:

 Personagens comuns. Desenhos que correspondem às personagens da narrativa.  Personagens incomuns. Desenhos que não correspondem às personagens da

narrativa.

 Narrativa. Desenhos que ilustram acções da narrativa.

Quadro 3 – Desenhos

Dos desenhos analisados podemos constatar que o resultado converge para as personagens comuns à narrativa. Pensamos que esta ocorrência se deve ao facto da capa do livro estar exposta. Embora não conhecessem a narrativa, os alunos sabiam que as imagens da capa correspondiam à obra A Galinha Xadrez.

Como refere Duborgel, a propósito do percurso artístico da criança:

«O acto plástico depende de um acto cujo vector vai do sujeito ao objecto, passa por projecções, elabora um objecto-sujeito que, por definição, é irredutível a uma coisa exterior e «objectiva» mas que está repleto de onirismo e é concreção produzida na intersecção das coisas e dos devaneios (inconscientes ou não) sobre as coisas.» (Duborgel, 1992: 212)

Exemplos de alguns desenhos:

57Estas categorias foram aplicadas às análises dos desenhos que constam da investigação das actividades desenvolvidas

Comuns 19

Personagens

Incomuns 2

Imagem nº 16: Tipo personagem comum

Fonte: Texto A-13

Imagem nº 17: Tipo personagem incomum Imagem nº 18: Tipo narrativa

Fonte: Texto A-1 Fonte: Texto A-4