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APÊNDICE C – ENTREVISTA COM RENAN ARCHER

Entrevista com Renan Archer que atuou como mediador no Museu de Arte da UFPR

(MusA) durante o período da Bienal de Curitiba de 2015. A entrevista aconteceu numa cafeteria do Shopping Curitiba, dia 14 de março de 2018, no horário das 19h, em Curitiba, Paraná.

SA: Bom, Renan a gente vai começar rememorando um pouco, gostaria de saber mais sobre a experiência nesse curso, como você vivenciou alguns temas que eu coloco aqui que são as palestras, os bate-papos e as práticas. Dentro do tema palestras, eu coloco, só para você já ir pensando, as palestras dos curadores, outras que aconteceram mais paralelas, uma relacionada a mediação e outra ao tema da Bienal, os bate-papos eu cito os bate-papos com os artistas nos espaços. E as atividades são tanto as atividades em grupo como as atividades no espaço de mediação que a gente fez. Tem uma “variaçãozinha”. Vamos começar agora, pelo processo seletivo. Você sabe como foi o processo de seleção de mediadores?

RA: Sim, pelo que eu me lembro teve a primeira etapa, que foi a produção de uma carta de intenção, currículos e tudo o mais, a segunda, que…, que foi uma chamada, pessoalmente a gente compareceu e tivemos algumas dinâmicas de grupo e… Teve uma terceira? Eu lembro da segunda e eu creio que teve uma… Acho que foi por aí.

SA: Você consegue descrever onde e como foi o primeiro dia de curso de Formação de Mediadores?

RA: Pelo que me recordo… Acho que foi no MuMA?

SA: Não, foi no Colégio Anjo da Guarda, na Escola Anjo da Guarda. RA: Acho que eu não compareci nesse dia.

SA: A primeira semana foi no MuMA. Você consegue lembrar de algumas das atividades que ocorreram na primeira semana?

RA: Eu lembro que, na ocasião do MuMA que eu lembro foram mais palestras, eu lembro mais especificamente com a Ana Rocha e com o Goura, que eram curadores, Jovens curadores, lembro de palestras com eles. Lembro das palestras do MON também. Teve a palestra do Teixeira Coelho, teve algumas pequenas conversas com os artistas, né? Com a … Como é o nome dela? dos trabalhos com os pequenos tubos de ensaio?

SA: Helga Griffiths.

RA: Helga Griffiths. Lembro das atividades de uma mediação prática mesmo também que nós nos dividimos e… e fizemos uma espécie de mediação que já

acontecia no MON. a…. Lembro de outras palestras que… Lembro de mais duas. Lembro de especificamente uma palestra com um doutor em literatura, que tratava bastante sobre o tema da escuridão da luz e tal, mas puxando mais para o lado da literatura que existia, que existe sobre isso. Pelo que lembro foi isso, não estou lembrado se houve mais coisas.

AS: Eu estou com a programação aqui para te ajudar! (risos) RA: Ah, faz tempo.

SA: É! Então primeiro dia foi a Escola Anjo da Guarda, a gente teve a apresentação e você não participou no MuMA a gente teve conversa com os Jovens Curadores, realmente foi a primeira atividade. E depois com a Carol, a gente fez uma atividade em uma sala paralela. No outro dia a gente não teve essa atividade com o curador Daniel Rangel, foi cancelada, mas a gente teve essa conversa com o Rômulo sobre Arte e Religião.

RA: Está certo, é verdade.

SA: E daí tivemos um outro exercício de Laboratório de Mediação, esse eu não lembro direito.

RA: Eu também não me lembro, eu lembro da conversa com o Goura.

SA: Ah eu lembro qual que é! Foi aquele que a gente fez lá dentro, a gente fez umas apresentações em grupinhos para se conhecer...

RA: Lembro dessa que eu vi do MON. Lembro do Laboratório de Mediação do MON.

SA: O primeiro a gente a gente apresentou em trios.

RA: Lembro que eu não compareci em todas essas as atividades, mas acho que a maior parte dela sim. Na verdade, acho que só nessa primeira que não, mas enfim.

SA: Daí a do Leonardo Ferrari que você falou, que é um “psicanalista da arte”, e depois teve um Laboratório de Mediação que foi um estudo que a gente fez nesse dia.

RA: Eu lembro que teve um, é, foram dois momentos. Pelo que eu lembro na prática, foi mediando aquelas fotografias

SA: Russas

RA: Da União Soviética, foi bem interessante. A da Ana Paula eu lembro também.

SA: Foi nesse dia! Foi nesse dia que a gente fez essa mediação dessa exposição da União Soviética, Rússia hoje. E depois, ela tava junto, e depois ela fez a fala dela, inverteu a ordem.

RA: Lembro que no dia do Teixeira Coelho foi só ele.

SA: Foi só ele. Aí depois a gente estudou o texto. Aí depois foi em outro dia a gente teve o workshop com a Jeogmoon Choi que ela apresentou, foi o Cônsul da Coréia. E depois a gente viu a exposição dela pela primeira vez.

RA: Foi bem legal.

SA: Acho que eu estava do teu lado quando a gente entrou assim.

RA: Sim, estava, eu lembrava por cima dela e eu não lembrava se era ela ou se era a Helga.

SA: Ah sim, tinha isso, que a programação aumentou, no dia da Ana Paula a gente também teve a palestra com a Leonor Amarante. Que ela falou sobre a exposição da FIEP, Curto Circuito. E no dia da conversa com o Teixeira Coelho a gente também teve a conversa com a Helga. Foi assim, modificou a programação foi melhorando. Acho que aqui não tinha ainda a conversa com o Lars Nilsson que você participou.

RA: Participei, participei, só que foi meio que uma visita.

SA: Eu lembro de ser bem completo, foi bem legal o que ele disse e tal.

RA: Lembro de ter visto ele lá perto dos trabalhos conversando. Eram uns artistas de… Era meio dificultado o contato. A Helga falava inglês.

SA: Então vamos lá, houve alguma palestra que te marcou? Dessas todas? Se sim, não os bate-papos, lembrar das palestras do Teixeira Coelho, da Leonor e tal. Houve alguma palestra que te marcou, se sim, qual? E o porquê.

RA: Acho que foram a da Ana Paula, e a com o Leonardo Ferrari, foram superinteressantes. Mas acho que a da Ana Paula ainda mais porque acho que ela pareceu assim super solicita, super acessível a conversar e o tema que ela explorou foi bastante pertinente para o que a gente estava estudando. Ela usou um termo que não esqueço até hoje, colonização do olhar, uma coisa assim. Que essa… É uma tentativa de guiar o olhar do outro. Que às vezes pode ser violenta, ou mais acessível. A palestra com o Leonardo foi menos marcante porque foi subjetiva demais, tratava do tema da Luz, da escuridão, mas meio que explorando todo um repertório disso na psicanálise, na literatura eu acho. Agora o Teixeira Coelho eu achei legal mas parecia realmente que ele não queria estar ali, sabe? Parecia que ele estava se vendo como se fizesse um favor, não sei se pela figura dele ou pelo que ele é, pela figura dele pareceu bastante inacessível, uma pessoa complicada de acessar, né? Só que foi super útil para gente compreender e entender a compreensão dele sobre o próprio

tema, sendo ele o curador geral… Mas, enfim, a conversa com ele foi útil, mas ele como palestrante não foi um personagem muito, muito interessante assim. SA: Você falou com o Teixeira Coelho, no sentido assim dos desdobramentos das falas do que aconteceu nas palestras depois das falas, no campo de ação. Você acha que teve isso ou não? Isso aconteceu ou não aconteceu? Depois isso foi ponto de partida, influenciou positivamente ou não?

RA: Deixa eu tentar lembrar um pouco [...]. Eu acho que não, assim. Acho na mediação na verdade, o que eu tentei construir enquanto estava no MusA, foi muito a partir do próprio espaço, do próprio ambiente que tinha no espaço. A Bienal tinha trabalhos muito diversos, exploravam a luz, em si uma coisa vaga de explorar, mas cada um fazia isso de uma forma. Acho que eu enquanto mediador procurei construir, ou ajudar a construir essas relações, facilitar a compreensão das pessoas a partir delas próprias ou do contato dela com esse trabalho, ou com o que o trabalho evocava. Então isso, claro, tendo de apoio os textos que foram super úteis, e discutir com o educativo sobre os artistas e tal. Mas acho que a conversa com o Teixeira Coelho foi mais para compreender o próprio evento do que a minha prática lá. Eu enquanto mediador lá. Até porque lembro que na fala dele era uma coisa muito mais voltada ao próprio texto base dele do que aos vários artistas, vários trabalhos, vários lugares. Acho que foi mais útil a fala dele para entender o universo onde ele queria colocar essas coisas mas não exatamente para facilitar a minha prática. Acho que é isso. SA: Bom, agora a gente vai falar sobre as atividades práticas, você esteve presente nas atividades práticas? Acho que você já respondeu que sim. Se você se recorda de alguma e você disse essa da União Soviética. Como você avalia essa da união Soviética que você se recorda bem?

RA: Essa especificamente, eu lembro que a gente se dividiu entre grupos e cada grupo ficou responsável por um certo número de trabalhos, criar a mediação. Eu achei bastante positivo porque nos deu a chance primeiro de se confrontar com algo que a gente não estava, não se preparou tanto para isso, eu lembro que a gente viu a exposição lá, teve um tempo para absorver, e para observar e logo teve que construir algo em cima daquilo. Esse desafio foi bem legal, e eu acho que os diálogos que surgiram a partir daquilo, nós enquanto mediadores e depois enquanto avaliados pela equipe e o retorno que vocês, o educativo teve, foi bem legal, eu lembro que foi bastante sincero. Eu lembro que foi algo bastante direto, foi bastante importante as dicas que vocês do educativo deram naquele sentido.

SA: Era eu e a Ana Paula.

RA: Era sincero no sentido de deixar aquilo o mais impessoal possível, não é nossa opinião, nosso olhar e sim a gente é uma ponte, um facilitador, não alguém que está explicando com as próprias opiniões. Acho que foi bastante positivo nesse sentido e também por poder acompanhar a experiência dos próprios colegas, foi bastante legal, não foi um aprendizado só enquanto a gente estava fazendo com o grupo e no nosso grupo em particular, mas quando os outros faziam a gente conseguia absorver algo, foi interessante.

SA: Então essa atividade em particular te trouxe alguma inspiração para a prática no espaço expositivo?

RA: Eu acho que algumas coisas sim, acho que principalmente o ato de partir de alguma referência da pessoa para a visita no espaço. Porque eu tinha uma visão muito pequena, rasa, do que era ser um mediador e minhas próprias referências da minha prática de mediar. Nessa atividade principalmente, ou nas atividades, na verdade todas os contatos que a gente teve com isso, os laboratórios e as conversas o mais importante disso foi tentar partir do que já é familiar e do que for mais confortável da pessoa, fazer bastante perguntas, muito mais perguntas do que só iniciar alguma coisa que já está ali. Isso foi algo que sempre fiz e criei uma espécie de hábito mesmo na mediação. Perguntar o que a pessoa vê, o que ela sente, o que ela achou, o que ela conhece e já ouviu falar sobre aquele assunto, aquela referência. Acho que isso foi o mais importante, partir da própria experiência do outro.

SA: A gente vai para o bate-papo agora. Você se recorda de algum artista em especial? Você já falou que sim. Teve algum que para a sua vivência depois na sua vivência da mediação foi mais relevante? Te trouxe[...] é, eu queria colocar mais uma coisa aqui, depois você falou com o Davide Boriane, eu me lembro disso, você teve uma conversa com o Julio Le Parc.

RA: O Julio Le Parc apareceu lá, mas nem foi uma conversa, ele estava lá só para visitar os trabalhos do Boriane, e ele não deu a mínima para o fato de eu estar lá.

SA: Não, mas ele é uma pessoa de idade avançada. Acho que nesse sentido ele fica meio ali.

RA: Numa situação meio chata para ele.

SA: Mas não teve uma coisa com o Davide Boriane ou com a esposa dele, uma coisa assim?

RA: Não.

SA: Fechando esse parágrafo, vamos voltar, teve algum que para sua experiência foi mais relevante?

RA: Para ser sincero acho que não muito, talvez se eu tivesse mediado no MON eu teria achado que sim, porque todos os artistas estavam lá. E todos pareciam bastante solícitos e dispostos a falar do trabalho, mas em relação ao meu trabalho de mediação não, porque foram conversas sobre os próprios trabalhos deles.