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PROCESSO SELETIVO E CONTRATAÇÕES

2. PROCESSO SELETIVO: CONTRATAÇÕES E O CURSO DE FORMAÇÃO DE MEDIADORES

2.1 PROCESSO SELETIVO E CONTRATAÇÕES

Em 2015, o Curso de Formação de Mediadores foi o foco das ações do Educativo95 da Bienal de Curitiba. O Curso de Formação de Mediadores aconteceu de 21 de setembro a 2 de outubro de 2015, num total de duas semanas e cerca de quarenta horas de duração. O curso aconteceu em três espaços: A aula inaugural ocorreu na Escola Anjo da Guarda, a primeira semana no MuMA e a segunda semana no MON.

O curso surgiu da necessidade de preparar profissionais e estagiários(as) de artes visuais ou de áreas afins para trabalhar como mediadores(as) nos espaços ocupados pela Mostra da Bienal de Curitiba de 2015. Os temas principais do curso foram os assuntos da própria Bienal: curadores, artistas e exposições; e também a mediação cultural, o exercício de mediar as obras de arte nos espaços expositivos.

Os cursos de Formação são habituais em outras bienais de arte do Brasil, como por exemplo, a Bienal de São Paulo96 e a Bienal do Mercosul97 que acontece em Porto Alegre. Mas foi a primeira vez que ele aconteceu neste formato pela Bienal de Curitiba. Neste capítulo vou relatar o processo da

95 Nas outras edições o foco das ações prévias ao evento da Bienal de Curitiba foi a formação

de professores, com bate-papos e apresentação do material didático direcionado ao educativo. Porém, 2015 foi um ano em que o Governo de Beto Richa estava buscando aprovar mudanças na Paraná Previdência, o que, segundo os professores traria prejuízo à categoria. Isso resultou na greve dos professores(as) e funcionários(as) das Escolas Estaduais com duração de 29 dias, e que se estendeu por mais 14 dias, totalizando 44 dias. Essa greve seguiu-se de um episódio muito violento de repressão policial aos professores(as) e funcionários(as) que se manifestavam na frente do Palácio do Governo, ocorrido no dia 29 de abril de 2015. O contato com o setor responsável pelas semanas formativas dos professores estaduais e qualquer definição prévia de datas para Formação Continuada foram prejudicados. Fonte: http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/06/professores-aceitam-reajuste-e-encerram-greve-apos-mais- de-40-dias.html Acesso em 16/11/2019

96 A chamada para contratação de mediadores para a Bienal de São Paulo traz informações

sobre o curso de formação, que tem duração de aproximadamente 6 meses. Mais em http://www.bienal.org.br/post/2391 Acesso em 29/10/2019.

97 O curso de formação também acontece na Bienal do Mercosul. Mais em:

contratação e seleção de mediadores(as), e também o Curso de Formação de Mediadores.

Nem todos os espaços ocupados pela Mostra da Bienal de Curitiba foram atendidos na demanda de contratação de mediadores(as). A Bienal de Curitiba optou por não enviar mediadores(as) para a Galeria Interatividade do Pátio Batel e para a Rodoferroviária de Curitiba. Nos outros espaços da Mostra, foi feito um acordo entre as instituições e a Bienal de Curitiba no qual a Bienal se responsabilizou pela contratação, treinamento e gerenciamento dos(as) mediadores(as) no período em que as mostras ocuparam os espaços expositivos. Os espaços que a demanda foi cumprida foram: Museu Oscar Niemeyer, MuMA, MusA, Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões, Centro Cultural FIEP e Catedral de Curitiba. Além disso, foi preciso contratar um(a) mediador(a) para o projeto Bienal a pé98.

O número de pessoas contratadas foi definido inicialmente pela quantidade de salas expositivas ocupadas pela Bienal de Curitiba em cada espaço. Por exemplo, no Museu Oscar Niemeyer a Bienal ocupou as salas 1 e 3, a Torre e o Olho precisava de pelo menos quatro mediadores(as) trabalhando no espaço. No MuMA havia duas salas ocupadas, mais a cafeteria (que só era aberta quando tinha atendimento especializado); e mais uma pequena sala com uma instalação de vídeo, três mediadores(as). No Centro Cultural FIEP, na Catedral, no MusA e também no Palacete dos Leões foi programada a oferta de uma vaga para cada espaço.

Não foi possível somente se guiar pelo número de salas para definir a necessidade de contratação de mediadores(as). O segundo critério para a definição de vagas para os mediadores(as) foi entender os horários de funcionamento dos espaços ocupados e o perfil de trabalho de acordo com a Lei do Estágio99 e a Lei trabalhista100. Cada espaço ocupado pela Bienal

98 Mais informações em: http://bienaldecuritiba.com.br/visitasguiadas/bienal-a-peAcesso em

10/11/2019.

99 A lei trabalhista nº 11.788/2008 afirma no item 2 do artigo 10 que: “A jornada de atividade em

estágio será definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou seu representante legal, devendo constar do termo de compromisso ser compatível com as atividades escolares e não ultrapassar: II – 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular.” Mais informações em http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/menu/acesso_informacao/servidores/estagios/3-

possuía um horário de funcionamento diferente, isso foi um dos fatores que exigiu a criação de perfis diferentes de vagas. Foi necessário contratar pessoas que trabalhassem oito horas por dia, seis horas por dia e quatro horas por dia. Outro fator são as leis trabalhistas e as questões relativas a orientação de estagiários, eles só poderiam ser das áreas de artes visuais, de design gráfico e de publicidade e propaganda, já que é essa minha formação e eu iria orientá- los. Portanto, os(as) mediadores(as) podiam estar em três categorias: estagiários(as), profissionais contratados(as), ou voluntários(as).

O perfil dos estagiários(as) desejado para a contratação era de universitários que estivessem inscritos em cursos de artes visuais, design gráfico e publicidade

Os(as) estagiários(as) deveriam trabalhar de três a seis horas por dia no período da manhã ou da tarde. Alguns lugares como o Espaço Cultural Fiep e o MUSA da UFPR, a contratação seria de dois(duas) estagiários(as), um(a) para o período da manhã, outro(a) para o período da tarde. No caso do MON, foi necessário abrir a vaga de estágio para uma vaga de 6 horas por dia, 12h às 18h com intervalo de 20 minutos. Pois, devido ao acordo que foi feito entre o MON e a Bienal, os intervalos deveriam ser cobertos, as salas de exposição não poderiam ficar sem mediadores(as). Então no MON o Educativo do MON atendia os grupos marcados e o Educativo da Bienal de Curitiba atendia os(as) visitantes espontâneos, grupos sem agendamento prévio e também os grupos que eram atendidos pelos mediadores do MON.

Os(as) mediadores(as) já formados(as) poderiam assumir vagas de 6, 7 ou 8 horas trabalhadas por dia, com 5 dias ou 6 dias semanais trabalhados de terça-feira a sábado e domingos intercalados.

Também foi criado um outro perfil chamado(a) orientador(a). As vagas para orientador(a) foram criadas para os espaços do Museu Oscar Niemeyer e do Museu Municipal de Arte que tinham mais salas de exposição ocupadas pela Bienal, e, também para o projeto Bienal a pé. Essas vagas tinham um perfil diferente, foi criada para pessoas com alguma experiência em produção cultural e organização de eventos e/ou equipes. Os(as) orientadores(as) deveriam auxiliar na escala de trabalho e organização dos(as) mediadores(as),

fazer contato com as coordenações dos espaços, às vezes com instituições que queriam fazer visitações, além de realizarem o trabalho de mediador(a). Os(as) orientadores(as) não poderiam ser estagiários, era uma vaga para para mais de 6 horas por dia de trabalho para profissionais formados. A criação de um outro perfil de trabalho, do perfil de orientador(a) foi sugerida pela direção da Bienal de Curitiba e se manteve nas edições da Bienal, de 2017, de 2018 e em 2019.

No Museu Oscar Niemeyer o(a) orientador(a) foi importante para informar o que se passava no espaço, se havia tido faltas e precisava de alguma substituição, se tinha acontecido algo com alguma obra exposta, se havia algum grupo maior para visitação etc. No MuMA a questão da distância do museu do centro da cidade e dos outros espaços ocupados pela Mostra da Bienal, tornava o acesso mais difícil e por consequência mais raro. O papel do orientador(a) fazia sentido, pois a intenção era ter alguém com maior responsabilidade. Enfim, o orientador apoiava a coordenação do Educativo e foi uma função sugerida pela direção da Bienal devido a experiência anterior de ter muitas dificuldades em administrar essas questões sem ter nenhum coordenador(a) trabalhando no espaço.

A quantidade de vagas previstas antes do início do processo de seleção e a quantidade que foi realmente preenchida após a inauguração da Bienal não foi a mesma, pois aconteceram ajustes ao longo do processo de contratação e formação. Muitas informações foram sendo coletadas conforme o curso acontecia nos espaços do MuMA e do MON, e fui compreendendo melhor o funcionamento e movimentação desses espaços. Além disso, as demandas foram se modificando conforme aconteceu a montagem das obras nos espaços e novas informações foram trazidas pelos(as) curadores(as) e artistas e equipes do Educativo dos dois espaços.

No MuMA a previsão era de contratar três mediadores(as) e depois que a exposição foi montada, foi reduzida para duas vagas, pois a sala de vídeo não necessitava de um(a) mediador(a) presente somente para a obra. No MuMA o movimento de pessoas é pequeno em relação ao tamanho do espaço expositivo. Além disso, há a equipe da FCC de mediadores que atende o local

mediante visitação. O número que foi definido para o espaço, foi modificado levando em conta essas informações de atendimento e de visitação.

Espaços como o Palacete dos Leões BRDE, o MUSA, a Catedral e o Centro Cultural FIEP, necessitavam de um(a) mediador(a) por período. A Catedral e o Espaço Cultural BRDE ficaram com um(a) mediador(a) somente trabalhando por quatro e seis horas por dia respectivamente. Isso porque a Catedral tinha uma sala de exposição somente, em um local com acesso restrito da igreja, portanto, o espaço só era disponibilizado ao público com alguém da Bienal de Curitiba presente. Além disso, as visitações deveriam acontecer fora dos horários de missas e festividades da igreja, portanto, o horário de visitação da obra de Bill Viola instalada na Catedral era reduzido. O Palacete dos Leões BRDE tinha o funcionamento somente no período da tarde a partir do meio dia e trinta, e o(a) mediador(a) desse espaço trabalhava seis horas diárias.

Foi necessário criar uma vaga de mediador(a) para o projeto de visitação “Bienal a pé”101(TABELA 2). Esse projeto que começou na edição de 2013, foi criado para promover a visitação das obras de arte que foram instaladas no centro da cidade de Curitiba. Essas obras eram instalações ou intervenções e a visita guiada tinha papel importante na identificação dos(as) autores(as) e na contextualização dos trabalhos. A Bienal a pé também era voltada para a visitação dos museus e espaços expositivos localizado no centro da cidade e áreas próximas. Na edição de 2015, criamos uma vaga de mediador(a) cultural especialmente para esse projeto que tinha uma carga horária prevista de oito horas diárias. Em função da desistência de uma orientadora, resolvi mudar o perfil da vaga, que passou a ser de estágio com quatro horas diárias de trabalho.

Após a definição do número de vagas necessárias inicialmente, o próximo passo foi elaborar como seria a divulgação das vagas. Foi criada uma chamada pela página da Bienal de Curitiba na rede social Facebook. O flyer eletrônico continha orientações sobre o perfil do(a) candidato(a) com solicitação de envio do currículo e da carta de intenção. As vagas foram destinadas para estudantes e também profissionais de artes visuais e áreas

101 Mais informações em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/bienal-de-curitiba-vai-ocupar-

afins tais como: arquitetura, design, teatro, música, sociologia, publicidade, etc. Na carta de intenção pedia-se que o(a) candidato(a) respondesse: “O que é arte para você?” e explicasse sua relação com a arte. Os principais motivos de solicitação da carta de intenção era identificar se havia conhecimento sobre a área e se o(a) candidato(a) já tinha tido alguma relação de trabalho com as artes visuais. A coordenação recebeu e analisou mais de cem currículos levando em conta a área de atuação, a experiência prévia e o perfil identificado na carta de intenção.

No total, foram cerca de quarenta participantes para a segunda etapa, na qual foi elaborada uma dinâmica de grupo, de dez pessoas cada, para um exercício de mediação. O exercício constituiu em cada candidato(a) receber uma imagem de obra de arte da Bienal de Curitiba de 2013, anterior ao evento, e elaborar uma fala individual a partir dessa imagem. Houve um tempo para elaborar a fala, e cada um apresentou sua imagem na sua vez para o restante do grupo. Essa etapa aconteceu numa sala do Sesc da Esquina, que era apoiador do evento. Alguns candidatos(as) foram selecionados(as) para o trabalho após a dinâmica. Porém, ainda restavam vagas que não foram preenchidas. Diante dessa situação, optei por colocar o Curso de Formação de Mediadores como uma etapa do processo seletivo. Ao invés de todos(as) serem selecionados(as) depois da dinâmica, o Curso de Formação de Mediadores passou a ser a terceira etapa do processo seletivo. Convoquei por e-mail todas as pessoas que se inscreveram para a seleção e não passaram nas etapas anteriores, oferecendo a elas a oportunidade de participar do curso. Essa chamada foi feita pois houve a percepção de que se mais pessoas interessadas tivessem acesso ao curso, haveria mais chances de preencher o restante das vagas que ainda não estavam ocupadas e ter opções no caso de desistências.

Após a inauguração das exposições, ainda era necessário a contratação de mais mediadores(as) principalmente para trabalhar aos sábados e domingos que são dias de muito movimento no MON. No período de contratações foram recebidas algumas mensagens de pessoas que não passaram na seleção das etapas anteriores, e também de pessoas que gostariam de participar, mas perderam o prazo de inscrição do processo seletivo, ou não eram das áreas de

formação solicitadas. Foi mantido um diálogo com essas pessoas e elas também foram convidadas para participar do Curso de Formação de Mediadores gratuitamente. Os(as) voluntários(as) trabalhavam de forma diferente, atuavam uma ou duas vezes por semana, isso era pré-definido com eles dependendo de seus interesses e pessoais. O voluntariado aconteceu no MON e na FIEP, normalmente aos sábados e domingos, com a carga horária de cerca de quatro horas. Eles(as) atendiam o público auxiliando e encaminhando os(as) visitantes para outros(as) mediadores(as) fazerem a mediação. Ao todo, tivemos quatro voluntários(as) que trabalharam nos espaços expositivos no período da Bienal de Curitiba.