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Como diversos reis e grão-duques tentaram retirar a espada da bigorna e como falharam. E também como Arthur tentou e conseguiu

NTÃO, quando a manhã do dia de Natal chegou, muitos milhares de pessoas de todo tipo, tanto nobres quanto plebeus, reuniram-se diante da catedral para assistir à tentativa de retirada da espada.

Pois bem, havia um dossel de pano bordado de muitas cores cobrindo a espada e a bigorna, e uma plataforma tinha sido construída em torno do bloco de mármore. E perto dali fora colocado um trono para o Arcebispo, pois cabia a ele supervisionar a tentativa para garantir que todos os detalhes fossem cumpridos com a justiça e a seriedade esperadas.

Então, metade da manhã já tendo passado, o próprio Arcebispo chegou com grandes pompas e tomou seu lugar no alto trono que lhe tinha sido erguido, e todo o seu séquito de clérigos e cavaleiros reuniu-se à sua volta, de modo que ele ostentava uma elegante e gloriosa aparência de realeza.

Para aquela tentativa haviam-se reunido dezenove reis e dezesseis duques, e cada um deles era de tal nobre e elevada estirpe que nutria grandes esperanças de naquele dia ser confirmado diante de todos como legítimo rei e soberano de toda a Bretanha. Assim, depois que o Arcebispo tinha se acomodado em seu trono, vários deles vieram e pediram para passar imediatamente à prova. Então o Arcebispo ordenou que seu arauto soasse a trombeta e pedisse a todos os que tinham o direito de tentar retirar a espada que viessem para o desafio, e o arauto fez conforme o Arcebispo ordenou.

Logo que o arauto soou a trombeta apareceu o primeiro dos reis a tentar retirar a espada, e quem veio foi o Rei Lot de Orkney e das Ilhas. Com o Rei Lot vieram onze cavaleiros e cinco escudeiros, o que lhe fez parecer muito nobre e poderoso aos olhos de todos. E quando o Rei Lot chegou ali, subiu na plataforma. E primeiro cumprimentou o Arcebispo, então colocou as mãos no punho da espada à vista de todos. E dobrou seu corpo, puxando-a com enorme força, porém a lâmina dentro da bigorna não se moveu nem um fio de cabelo, mas continuou firme como o ferro onde estava enfiada. E depois daquela primeira tentativa, tentou três vezes mais, mas ainda assim foi completamente incapaz de mover a lâmina dentro do ferro. Então, depois de quatro tentativas, desistiu e desceu da plataforma. E encheu-se de grande raiva e indignação por nada ter logrado com seus esforços.

E depois do Rei Lot veio seu concunhado, o Rei Urien de Gore, e ele também tentou da mesma forma como o Rei Lot havia feito. Mas não teve melhor sorte do que o outro rei. E depois do Rei Urien veio o Rei Fion da Escócia, e depois do Rei Fion veio o Rei Mark da Cornualha, e depois do Rei Mark veio o Rei Ryence de Gales do Norte, e depois do Rei Ryence veio o Rei Leodegrance de Cameliard, e depois dele vieram todos os outros reis e duques antes mencionados, mas nenhum deles foi capaz de mover a lâmina. E alguns desses altos e poderosos cavaleiros encheram-se de raiva e indignação por não terem conseguido, e outros ficaram envergonhados por terem falhado naquela empresa diante de todos os que lhes assistiam. Mas nem raiva nem vergonha pôde ajudá-los naquela situação.

Pois bem, quando todos os reis e duques tinham falhado assim no desafio, o povo que estava ali ficou bastante surpreso, e uns diziam aos outros:

– Como pode ser? Se todos esses reis e duques de tão alta estirpe falharam nesse desafio, quem então pode esperar conseguir? Pois por aqui já passaram todos os mais dignos de tal alta honra, e todos tentaram retirar a espada e todos falharam. Quem, então, haverá agora que virá depois deles e esperará conseguir?

E também os próprios reis e duques falavam entre si do mesmo modo. Até que, passado um tempo, vieram seis dos homens mais notáveis – o Rei Lot, o Rei Urien, o Rei Pellinore, o Rei Ban, o Rei Ryence e o Duque Clarence da Nortúmbria – e se postaram diante do trono do Arcebispo e lhe disseram assim:

– Senhor, aqui se esforçaram diante do senhor todos os reis e duques deste reino para retirar aquela espada, e, veja!, nem um só de todos os que tentaram foi bem-sucedido. O que, portanto, podemos compreender senão que o mago Merlin propôs este desafio para envergonhar e desacreditar a todos que vieram aqui e ao senhor, que é o chefe da Igreja neste reino? Pois quem no mundo todo pode esperar arrancar do ferro sólido uma lâmina de espada?

Veja! Está além do poder de qualquer homem. Então não está claro que Merlin nos fez todos de tolos? Pois então, para que todos aqui reunidos não tenham vindo em vão, pedimos ao senhor que, em sua sabedoria, escolha agora um dentre os reis aqui reunidos que seja o mais adequado para ser soberano deste reino. E quando o tiver escolhido, prometemos obedecer-lhe em tudo o que ordenar. Na verdade, tal escolha será melhor do que passar o tempo nessa tarefa tola de lutar para retirar uma espada de uma bigorna, o que nenhum homem no mundo todo poderá fazer.

O arcebispo então viu-se muito confuso, pois dizia a si mesmo: “Será possível que Merlin tenha me enganado e feito a mim e a todos estes reis e nobres de tolos? Certamente isto não pode ser. Pois Merlin é por demais sábio, e não faria pouco de todo o reino por uma piada de tão mau gosto como esta seria. Com certeza ele tem com isso alguma intenção da qual nada quinhentos ninguém aparecer que possa realizar essa tarefa, então irei, conforme pediram, escolher um dentre os senhores e o proclamarei Rei e Soberano de todos.

Pois o Arcebispo tinha fé que Merlin estava prestes a declarar um rei perante todos.

VAMOS AGORA DEIXÁ-LOS e voltemos para Arthur, seu pai e seu irmão.

Pois Merlin tinha mandado que os três ficassem em sua tenda até o momento que ele achasse propício para que de lá saíssem. E chegado este momento, Merlin e Sir Ulfius vieram até a tenda de Sir Ector, e Merlin disse:

– Arthur, ergue-te e vem, pois chegou a hora de tentares perante todos aquele milagre que realizaste há pouco sozinho.

Então Arthur fez como Merlin mandou e saiu da tenda com seu pai e seu irmão e – ora vejam! – era como se estivesse sonhando.

Os cinco desceram de lá até a catedral e até o lugar da prova. E quando chegaram aonde a multidão estava reunida, as pessoas abriram caminho para eles, espantadas e dizendo umas para as outras:

– Quem são esses com o Mago Merlin e Sir Ulfius, e de onde vêm? – pois todos conheciam Merlin e Sir Ulfius, e percebiam que algo muito extraordinário estava para acontecer. E Arthur estava vestido com um traje cor de fogo e bordado com linha prateada, de modo que outra gente do povo dizia:

– Que rapaz bonito de se ver, mas quem será?

Mas Merlin nada disse a ninguém, simplesmente trouxe Arthur pela multidão até onde o Arcebispo estava sentado. E a multidão abria espaço para ele sem atrapalhar seu caminho. E quando o Arcebispo viu Merlin vindo com os outros, levantou-se e disse:

– Merlin, quem são estes que trazes aqui, e o que fazem aqui?

E Merlin disse:

– Senhor, um deles veio tentar retirar a espada.

E o Arcebispo disse:

– Qual deles?

E Merlin disse:

– Este aqui – e pousou a mão sobre Arthur.

Então o Arcebispo olhou Arthur e viu que o jovem tinha um rosto muito gracioso, de modo que ficou torcendo por ele e teve por ele bastante simpatia. E o Arcebispo disse:

– Merlin, com que direito esse jovem vem aqui?

E Merlin respondeu:

– Senhor, ele vem pelo melhor direito que há neste mundo, pois esse que está diante do senhor coberto de vermelho é o verdadeiro filho de Uther-Pendragon e de sua legítima esposa, a Rainha Igraine.

Então o Arcebispo soltou um grito de espanto, e aqueles que estavam perto e escutaram o que Merlin tinha dito ficaram tão perplexos que não sabiam o que pensar. E o Arcebispo disse:

– Merlin, o que é isso que me dizes? Pois quem até hoje no mundo todo jamais soube que Uther-Pendragon tinha um filho?

A isso Merlin respondeu:

– Ninguém jamais soube disso até agora, somente alguns poucos. Pois foi assim: quando essa criança nasceu, o espírito profético me tomou e previ que Uther-Pendragon morreria dali a algum tempo. De modo que temi que os inimigos do Rei usassem de violência contra a jovem criança por causa de sua herança. Então, a pedido do Rei, eu e um outro tomamos a jovem criança de sua mãe e a demos para um outro, e aquele homem recebeu a criança real e criou-a desde então como se fosse sua. E quanto à verdade desses fatos há outros aqui que podem confirmá-la, pois aquele que estava comigo quando a criança foi tirada de sua mãe era Sir Ulfius, e aquele a quem a entregamos era Sir Ector de Bonmaison, e essas duas testemunhas, que estão acima de qualquer suspeita, confirmarão a veracidade do que acabei de contar, pois estão aqui diante do senhor para garantir o que eu disse.

E Sir Ulfius e Sir Ector falaram:

– Tudo o que Merlin disse é verdadeiro, juramos com a nossa palavra de honra mais fiel e

sagrada.

Então o Arcebispo disse:

– Quem poderia duvidar da palavra de testemunhas tão honradas? – e olhou para Arthur e sorriu para ele.

Então Arthur disse:

– Tenho então sua permissão, senhor, para empunhar a espada que ali está?

E o Arcebispo disse:

– Tens minha permissão, e que a graça de Deus te acompanhe nessa tua tentativa.

Então Arthur foi até o bloco de mármore e colocou as mãos no cabo da espada que estava enfiada na bigorna. Em seguida dobrou o corpo e puxou com força e – ora vejam! – a espada deslizou com grande facilidade. E quando estava com a espada nas mãos, agitou-a sobre a cabeça fazendo-a brilhar como um raio. E depois de tê-la agitado assim três vezes sobre a cabeça, firmou a ponta sobre a superfície da bigorna, empurrou-a com força, e – vejam! – a espada deslizou suavemente de volta para o lugar onde tinha estado até então, e enfiada assim até o meio, ficou presa. Assim Arthur conseguiu realizar aquele maravilhoso milagre da espada diante de todos.

Como Arthur retirou a espada.

E quando as pessoas que estavam ali reunidas viram esse milagre sendo realizado na sua frente, todas juntas ergueram a voz, gritando com tanta veemência e causando um estardalhaço tão grande, que era como se a terra toda sacudisse e tremesse com o som daqueles gritos.

E enquanto gritavam, Arthur tomou a espada novamente e retirou-a e balançou-a de novo, e de novo a recolocou na bigorna. E tendo feito isso, retirou-a uma terceira vez e fez o mesmo

que antes. Assim foi que todos aqueles que lá estavam viram aquele milagre realizado três vezes.

E todos os reis e duques que lá estavam ficaram cheios de espanto, e não sabiam o que pensar ou dizer ao verem alguém que não era mais que um menino realizando um feito que nem o melhor deles tinha conseguido. E alguns deles, vendo aquele milagre, queriam reconhecer Arthur por causa disso, mas outros não queriam aceitá-lo. Esses se afastaram e ficaram à distância. E estando assim separados, falavam entre si:

– O que é isso e quem pode garantir uma coisa dessas, que um menino imberbe deva ser colocado perante nós todos e feito Rei e soberano deste reino para nos governar. Não! Não!

Não o queremos de modo algum como nosso Rei.

E outros diziam:

– Não é óbvio que Merlin e Sir Ulfius estão enaltecendo este garoto desconhecido para que possam com ele também se promover? Assim esses reis descontentes falavam entre si, e os mais amargos eram o Rei Lot e o Rei Urien, ambos cunhados de Arthur por casamento.

Mas quando o Arcebispo percebeu o descontentamento desses reis e duques, disse a eles:

– Ora, ora, senhores! Não estão satisfeitos?

– Queremos um rei para a Bretanha que não seja um menino imberbe que ninguém conhece e cujo direito de nascença só três homens podem garantir.

E o Arcebispo disse:

– E que mal há nisso? Por acaso ele não realizou o milagre que vocês próprios tentaram e não conseguiram?

Mas esses nobres importantes e poderosos não se contentavam, então saíram dali desviando os rostos zangados, cheios de raiva e indignação.

No entanto, outros reis e duques vieram e saudaram Arthur e prestaram reverências, enchendo-o de alegria com o que tinha feito. E o principal entre aqueles que foram até ele com amizade foi o Rei Leodegrance de Cameliard. E toda a multidão o reconheceu e se aglomerou ali gritando tão alto como se fosse um trovão.

Pois bem, durante todo esse tempo Sir Ector e Sir Kay tinham ficado ali ao lado. E estavam assaz tristes e cabisbaixos, pois parecia-lhes que Arthur, de repente, tinha sido alçado a um nível tão mais alto que o deles que nunca mais conseguiriam se aproximar dele novamente.

Pois agora ele era de linhagem real e eles, simples cavaleiros. E depois de algum tempo, Arthur os avistou em seu canto, cabisbaixos, e imediatamente foi até eles e tomou primeiro um e depois o outro pela mão e beijou cada um no rosto. De modo que ficaram de novo felizes por ele os ter trazido para perto de si.

E quando Arthur saiu dali, grandes aglomerações de gente o seguiram, de modo que as ruas ficaram cheias daquela multidão. E o povo o tempo todo o aclamava como o Rei escolhido da Inglaterra, e os que estavam mais perto dele tentavam tocar a bainha de suas roupas. Assim o coração de Arthur se iluminou de tanta alegria e satisfação, e sua alma tomou asas, voando

como um pássaro até o céu.

ASSIM NAQUELE DIA Arthur venceu a prova da espada e assumiu seu direito de nascença à realeza. Portanto, que Deus conceda Sua graça a todos vocês, para que igualmente tenham sucesso nos seus propósitos. Pois qualquer homem pode ser um rei na vida em que foi colocado desde que seja ele que retire a espada do sucesso do ferro das circunstâncias. De modo que, quando vier a sua vez de tentar, espero que aconteça com vocês como aconteceu com Arthur naquele dia, e que vocês também tenham sucesso, ficando totalmente satisfeitos consigo mesmos, para sua grande glória e completa felicidade. Amém.

P

C

ONCLUSÃO

OIS BEM, depois que isso tudo aconteceu, começaram a circular rumores entre os homens causando grande confusão e tumulto. Pois enquanto alguns dos reis e quase toda a multidão diziam “Vejam! Eis aqui um rei que veio a nós, por assim dizer, caído dos céus, para trazer paz a esta nossa terra atormentada”, outros reis (e eles eram em maior número) diziam “Quem é este menino imberbe que chega dizendo-se Poderoso Rei da Bretanha? Quem já ouviu falar dele antes? Não o aceitaremos, a menos que haja mais provas e garantias melhores”. Assim, em nome da paz, o Arcebispo ordenou que uma outra tentativa com a espada fosse feita no Dia da Purificação. Mas também daquela vez todos os que tentaram retirar a espada fracassaram, enquanto Arthur a retirou várias vezes com muita facilidade, à vista de todos. Depois disso uma terceira tentativa foi feita na Páscoa, e uma quarta foi feita em Pentecostes.24 E em todas essas tentativas Arthur retirou a espada repetidas vezes da bigorna, e ninguém fora ele conseguiu fazê-lo.

Assim, depois da quarta tentativa, muitos dos reis e muitos dos pequenos nobres e cavaleiros e todos os comuns gritaram que já bastava de provas, e que Arthur tinha seguramente provado ser o Rei legítimo. Portanto demandaram que ele fosse feito Rei de fato para que pudesse governá-los. Pois acontecia que, aonde quer que Arthur fosse, multidões enormes o seguiam aclamando-o como verdadeiro filho de Uther-Pendragon, e legítimo soberano da Bretanha. Assim, o Arcebispo (vendo como todos amavam Arthur e como desejavam que ele fosse seu Rei) ordenou que ele fosse ungido25 e coroado com pompas reais, o que foi feito na grande Catedral, que alguns creem ser a Catedral de São Paulo26 e outros não.

Mas depois que Arthur foi coroado, todos aqueles que se opunham ao seu reinado foram embora com muita raiva, e imediatamente começaram a armar uma guerra contra ele, embora o povo estivesse do lado de Arthur, bem como vários Reis e muitos da baixa nobreza e dos cavaleiros. E, seguindo o conselho de Merlin, Arthur fez amizade e aliança com vários outros reis, de modo que juntos lutaram duas grandes guerras contra seus inimigos e venceram-nas ambas. E na segunda guerra travou-se uma batalha muito famosa perto da Floresta de Bedegraine (donde foi chamada de a Batalha de Bedegraine), na qual Arthur derrotou seus inimigos de tal forma que não puderam nem mesmo tentar se unir contra ele novamente.

E, do Rei Lot, seu cunhado, Arthur trouxe dois filhos para a Corte, para dali por diante lá viverem e servirem de reféns de paz. Esses dois eram Gawaine e Gaheris, que se tornaram, depois de algum tempo, cavaleiros de imenso renome e sucesso. E, do Rei Urien, seu outro cunhado, trouxe também para a Corte como refém de paz seu filho único, Ewaine. Ele também com o tempo se tornou um cavaleiro de imenso renome e sucesso. E por causa desses reféns dali em diante houve sempre paz entre os três cunhados reais. E um certo rei e cavaleiro muito famoso chamado Rei Pellinore (que era um dos seus inimigos) Arthur expulsou de seus domínios, mandando-o viver na floresta e longe da convivência dos homens. E expulsou o Rei Ryence (que era outros dos seus inimigos) para as montanhas de Gales do Norte. E subjugou outros reis que eram seus inimigos, de modo que houve paz em toda aquela terra como não

havia desde os dias de Uther-Pendragon.

E o Rei Arthur fez de Sir Kay seu senescal como tinha prometido; e fez de Sir Ulfius seu camareiro real; de Merlin, seu conselheiro; e de Sir Bodwain da Bretanha ele fez seu condestável.27 Eram homens de tal grandeza que somaram à glória e ao renome do seu reinado e garantiram-no em segurança no trono.

Pois bem, quando o reinado de Arthur estava assim completamente estabelecido e a fama de sua grandeza começou a se espalhar pelo mundo, muitos bravos cavaleiros de alma nobre, espírito elevado e autores de grandes proezas – homens que desejavam acima de tudo obter glória em armas nas Cortes de Cavalaria – perceberam que poderiam alcançar prestígio e promoção a serviço de um rei desses. Foi assim que, aos poucos, uma Corte de cavaleiros nobres e honrados, vindos de todos os cantos, foi se formando em torno do Rei Arthur como nunca se tinha visto antes, e dificilmente se verá um dia.

Pois até hoje a história desses nobres cavaleiros é conhecida pela maioria dos homens.

Sim, embora os nomes de muitos reis e imperadores tenham se perdido no tempo e sido esquecidos, ainda são lembrados os nomes de Sir Galahad, Sir Lancelot do Lago, Sir Tristam de Lyonesse, Sir Percival de Gales, Sir Gawaine, Sir Ewaine, Sir Bors de Ganis e muitos outros daquele nobre grupo de companheiros tão valorosos e até hoje memoráveis. Portanto, acredito ser bem provável que, enquanto houver escrita, os feitos destes grandes homens serão lembrados.

Então nesta história que ainda será escrita, coloquei-me a tarefa de contar aos leitores deste livro sobre muitas dessas aventuras, e também as inúmeras circunstâncias que acredito não serem conhecidas de todos. Mais adiante, quando contar como foi criada a Távola Redonda, incluirei uma lista de vários desses homens notáveis que naquela época se reuniram na Corte de Arthur, escolhidos para fundar a ordem da Távola Redonda e que, por esse motivo, terá o título de “Os Primeiros e Honrosos Companheiros da Távola Redonda”.

Pois, embora esta seja uma história sobre o Rei Arthur, o renome desses grandes cavaleiros foi também o seu, e o seu renome foi também o deles. Portanto não se pode contar dos feitos do Rei Arthur sem também contar dos feitos dos nobres cavalheiros já mencionados.

PARTE II