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CAPÍTULO 1 A Internet

1.2 Aparecimento da Internet

Pode dizer-se que a Internet teve a sua origem precisamente em 1969, quando a ARPA3,

criada pelo Presidente Eisenhower e subsidiada pelo Departamento de Defesa do Governo dos Estados Unidos da América, criou uma rede experimental, designada

ARPAnet. Por esta altura era apenas formada por quatro computadores, com a pretensão

de trocar informação (Almeida, 1997; Pedersen & Moss, 1997; Hudson, 1997).

Castells (2004), refere que a Internet resulta de uma combinação entre a ciência, a investigação universitária, os programas de investigação militar nos Estados Unidos e a contracultura radical libertária. Assim, neste contexto, Castells diz ainda que o programa da Internet resulta como programa de investigação sem ter tido alguma aplicação militar. Segundo a opinião deste autor, não existiu rigorosamente nenhuma aplicação militar da Internet, o que houve, foi financiamento militar, que foi aplicado pelos cientistas nas suas investigações e nos seus estudos informáticos e na criação de redes tecnológicas.

14 No início da história desta rede complexa, os investigadores que na altura tinham ajudado os militares norte-americanos a traçarem a primeira rede, colocaram a hipótese de a utilizarem sem fins militares. Como afirma Hudson (1997), “a lot of the traffic

flowing along the tiny Net soon had less to do with the research the military was interested in and more to do with whatever it was the researchers themselves were working on at the time”. (p.18) Foi então que o Pentágono teve de ceder parte da

infraestrutura desta primeira rede e, assim construiu-se uma rede mais ampla, que dava a oportunidade aos cientistas e investigadores de poderem efetuar comunicação entre si, partindo de um grande número de computadores instalados em várias universidades. Foi exatamente a partir desta altura, que esta rede desenvolve a sua parte civil e passa assim a ser utilizada para fins de investigação científica, tecnológica, etc. Depois de algumas instituições de ensino superior terem aderido a este projeto, o sucesso é de tal forma que segundo Kennedy (1996), em 1973, a rede incluiu o University College de Londres e o Royal Radar Establishment da Noruega.

Segundo Castells, (2004), quando os investigadores entenderam que conseguiam ter uma capacidade de processamento informático superior àquele que efetivamente era preciso, ambicionaram descobrir mais aplicações. Foi com esta intenção que trocaram diversas mensagens entre si, tomando consciência que tinham criado aquilo que procuravam, ou seja, o chamado correio eletrónico, definido por Hudson (1997) como “the most personal form of human communication” (p. 21), e o intercâmbio de programas FTP4, Sempre com o objetivo de se conseguir retirar o benefício máximo desta nova tecnologia. Segundo Kennedy (1996), “os anos 70 assistiram à introdução

do correio eletrónico, do FTP, da Telnet e do que, mais tarde, viria a transformar-se nos newsgroups da Usenet”(p.270). Segundo Almeida (1997), foi, pois, através da ARPAnet5 que se deu origem à Internet. Pode-se dizer que o correio eletrónico é uma aplicação que foi descoberta praticamente por acaso e que a partir dos anos 70 se converteu naquela que era a principal utilização da Internet. (Castells, 2004b)

4 File Transfer Protocol

15 Nos primeiros anos da década 80 surgiu o conceito protocolo TCP/IP6, que é o nome

do protocolo que designa um agregado de mais de 100 protocolos, usados para ligar entre si várias tipologias de computadores e redes (Kennedy, 1996; Almeida, 1997; Silva & Remoaldo, 1995). Foi 1983 que surgiu a verdadeira Internet já com a introdução dos protocolos TCP/IP, na ARPAnet, da qual se separou a componente militar, formando a MILnet (Pedersen & Moss, 1997) e com a fundação da CSnet7 que

se ligou à ARPAnet.

Ainda, nos anos 80, o número de redes aumentou consideravelmente e, entre 1984 a 1988, o número de computadores existentes na Internet passou, segundo Kennedy (1996), de 1000 para 60000, tendo a NSFnet aumentado a sua capacidade de 56kbps para 1544kbps: “a NSFnet tornou-se muito popular. Como toda a gente, nas escolas e

na administração pública, queria entrar para a rede, tornou-se necessário acrescentar mais computadores e mais cabos de ligação. Simplesmente, em vez de se aumentar o número de computadores ligados à rede de supercomputadores, foram criadas outras redes e estas, ligadas entre si. A todas estas redes interligadas chamou-se uma INTER- NET-NETWORK”.(Almeida, 1997, p.28-29).

De acordo com Almeida (1997), “a banalização da Internet só veio a acontecer depois

de Tim Berners Lee, um investigador nuclear do CERN8, ter apresentado, em 1989, um projeto provisório de um sistema de acesso a informação a nível mundial, baseado em hipertexto e assente sobre a Internet. Estava criada a World Wide Web”(p.4-5). Este

investigador inglês, inventou a World Wide Web (WWW) e o primeiro browser, um programa que tinha a capacidade de poder descodificar a linguagem de hipertexto

HTML9.

A Internet, tal como a conhecemos atualmente, tornou-se possível com o protocolo de transferência de ficheiros criado por Lee, o célebre HTTP10, baseado na linguagem

HTML, que dá a possibilidade de cada documento possuir hiperlinks, para poder ter

acesso a mais informação sobre o conteúdo em questão. No fundo, trata-se de ligações de hipertexto a outros documentos, também estes no formato HTML. A definição de

6Transmission Control Protocol/Internet Protocol

7 Computer Science Network

8 Centre Européen de Recherche Nucléaire 9 Hypertext Markup Language

16 hipertexto está patente na base da World Wide Web. Trata-se de permitir a passagem de um documento para outra secção desse documento, ou para outro, através de links. No caso dos links, ou hiperligações, esta ideia é baseada no mesmo conceito, mas desta vez com o objetivo de permitir o acesso a documentos exteriores ao computador, localizados numa rede, através do seu URL11 correspondente. Desta forma, ao ler um documento, podemos eventualmente encontrar hiperligações que nos encaminham para outros documentos.

Os computadores tornaram-se omnipresentes no nosso dia-a-dia e permitem-nos, nas palavras de Postman (1992), “bloquear o mundo real e movermo-nos através de um

mundo simulado, tridimensional” (p.106).