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• Considerações iniciais

A titularidade para o exercício da ação penal pública pertence ao Ministério Público, nos termos do artigo 129, inciso I, da Constituição Federal/88. Todavia, é facultado à vítima ou seu representante legal, ou, na sua falta, qualquer das pessoas mencionadas no artigo 31 do Código de Processo Penal (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão), intervir na ação penal, conforme o disposto no artigo 268 do Código de Processo Penal.

Para intervir na ação penal pública o ofendido deverá, por intermédio de seu advogado, requerer a sua habilitação. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão, conforme artigo 272 do Código de Processo Penal, mas só será indeferido o pedido em caso de ilegitimidade ou falta de procuração. Dessa decisão, não caberá recurso, conforme determina o artigo 273 do Código de Processo Penal, mas admite-se a impetração de Mandado de Segurança, conforme o caso.

O assistente de acusação será admitido até o trânsito em julgado, sendo possível que o assistente venha ao processo só para recorrer, sendo tratado como assistente não habilitado. Em se tratando de processo por crime de competência do tribunal do júri, na 2ª fase do Júri, deve-se atentar para a regra do artigo 430 do Código de Processo Penal, que informa que somente será admitido o assistente que tenha requerido a sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da sessão na qual pretenda atuar.

Destaca-se que não cabe assistência de acusação na fase do inquérito policial, eis que não se tem ação penal, porém nada impede que a vítima ou seu representante constitua um advogado para acompanhar o procedimento, podendo, inclusive, nos termos do artigo 14 do Código de Processo Penal requerer diligências.

A participação do assistente encontra amparo no artigo 271 do Código de Processo Penal, podendo propor meios de provas, requerer perguntas às testemunhas, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos artigos 584, §1º, e 598, ambos do Código de Processo Penal.

No tocante à legitimidade recursal a atuação do assistente de acusação é restrita e subsidiária (supletiva). De acordo com a lei, a legitimação recursal é restrita à impugnação das seguintes decisões: a) impronúncia; b) sentença; c) da decisão que declara extinta a punibilidade (artigos 584, §1º, e 598, ambos do Código de Processo Penal). O STF ampliou

extraordinário e especial. Frise-se: o recurso do assistente de acusação será sempre subsidiário ao do Ministério Público, isso significa que o assistente somente poderá recorrer se a promotoria não fizer.

Por fim, a possibilidade de assistência à acusação é muito criticada por parte da doutrina, por exemplo, para Aury Lopes o sentimento de vingança gera uma contaminação que em nada contribui para o processo, além do interesse na vingança, há nítido interesse na condenação a fim de reforçar o dever de indenizar.

• Procedimento

O assistente de acusação poderá em regra arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público (Art. 271 do CPP).

Caso não seja interposto o recurso pelo Ministério Público, poderá nas hipóteses dos artigos 584, §1º, e 598, ambos do Código de Processo Penal, o assistente recorrer.

No que se refere ao Tribunal do Júri, é possível que, diante da inércia de recurso por parte do Ministério Público, o assistente de acusação recorra nos casos de:

a) Impronúncia

b) Absolvição Sumária1

c) Sentenças da 2ª Fase

Das decisões listadas, o recurso cabível é o de Apelação, nos termos dos artigos 416 e 593, inciso III, ambos do Código de Processo Penal.

Prazo para o Assistente de Acusação interpor Apelação das decisões no Tribunal do Júri: art. 598, CPP

• Prazo de 5 dias para apelar, se já habilitado nos autos.

• Prazo de 15 dias, se não habilitado, contados a partir do escoamento do prazo do MP (artigo 598 do Código de Processo Penal e Súmula 448 do STF).

Embora não se trate de recurso, é importante registrar que o assistente de acusação é legitimado a requerer o Desaforamento no procedimento do Tribunal do Júri, conforme o artigo 427 do Código de Processo Penal.

• Caso o assistente de acusação já tenha se habilitado, deverá ser observada a Súmula 448 do STF - O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público.

Peça de interposição de recurso com pedido de habilitação

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL/TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA ...

Processo nº...

Pai da vítima, nacionalidade, estado civil, profissão, RG..., na qualidade de pai da vítima, por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer a sua HABILITAÇÃO COMO ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO, com base no artigo 268 do Código de Processo Penal, após oitiva do Ministério Público.

Ainda, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal, artigo 416 do Código de Processo Penal, e artigo 598 do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., data... Advogado... OAB...

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – VII Exame (Adaptada)

Apelação do Assistente de Acusação no Procedimento do Júri

Enunciado

Grávida de nove meses, Ana entra em trabalho de parto, vindo dar à luz um menino saudável, o qual é imediatamente colocado em seu colo. Ao ter o recém-nascido em suas mãos, Ana é tomada por extremo furor, bradando aos gritos que seu filho era um “monstro horrível que não saiu de mim” e bate por seguidas vezes a cabeça da criança na parede do quarto do hospital, vitimando-a fatalmente. Após ser dominada pelos funcionários do hospital, Ana é presa em flagrante delito.

Durante a fase de inquérito policial, foi realizado exame médico-legal, o qual atestou que Ana agira sob influência de estado puerperal. Posteriormente, foi denunciada, com base nas provas colhidas na fase inquisitorial, sobretudo o laudo do expert, perante a 1ª Vara Criminal/Tribunal do Júri pela prática do crime de homicídio triplamente qualificado, haja vista ter sustentado o Parquet que Ana fora movida por motivo fútil, empregara meio cruel para a consecução do ato criminoso, além de se utilizar de recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Em sede de Alegações Finais Orais, o Promotor de Justiça reiterou os argumentos da denúncia, sustentando que Ana teria agido impelida por motivo fútil ao decidir matar seu filho em razão de tê-lo achado feio e teria empregado meio cruel ao bater a cabeça do bebê repetidas vezes contra a parede, além de impossibilitar a defesa da vítima, incapaz, em razão da idade, de defender-se.

A Defensoria Pública, por sua vez, alegou que a ré não teria praticado o fato e, alternativamente, se o tivesse feito, não possuiria plena capacidade de autodeterminação, sendo inimputável. Ao proferir a sentença, o magistrado competente entendeu por bem absolver sumariamente a ré em razão de inimputabilidade, pois, ao tempo da ação, não seria ela inteiramente capaz de se autodeterminar em consequência da influência do estado puerperal. Tendo sido intimado o Ministério Público da decisão, em 11 de janeiro de 2011, o prazo recursal transcorreu in albis sem manifestação do Parquet.

Em relação ao caso acima, você, na condição de advogado(a), é procurado pelo pai da vítima, Wilson, em 20 de janeiro de 2011, para habilitar-se como assistente da acusação e impugnar a decisão. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA

CRIMINAL/TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (0,25)

Processo n.

Wilson, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG...,

CPF..., na qualidade de pai da vítima, por seu procurador

infra-assinado, com procuração em anexo, vem respeitosamente, à presença

de Vossa Excelência, requerer a sua HABILITAÇÃO COMO ASSISTENTE DA

ACUSAÇÃO, com base no artigo 268 do Código de Processo Penal, após

oitiva do Ministério Público (0,25).

Ainda, vem, respeitosamente, à presença de Vossa

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