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Conceito

Conceitua-se o recurso especial como o recurso destinado a devolver ao Superior Tribunal de Justiça a competência para conhecer e julgar questão federal de natureza infraconstitucional, suscitada e decidida perante os Tribunais Federais e pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal.

Daí o enunciado corrente na doutrina de que o recurso especial, a exemplo do recurso extraordinário, não devolve ao STJ o conhecimento de questões de fato, mas tão-só de direito. Perfeita adequação possui, nessa sede, o enunciado da Súmula 279 do STF: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário”.

Identificação

Enquanto couber algum recurso, não cabe recurso especial. Esse pressupõe o exaurimento das vias recursais. Essa regra inclui, também, os embargos infringentes. Em síntese, somente depois de esgotados os recursos perante o Tribunal dos Estados e do Tribunal Regional Federal terá cabimento o recurso especial, quando, basicamente, envolver matéria de direito prevista em lei federal.

Peça de interposição Razões de Recurso Apelação Esgotados os recursos no Tribunal Recurso Especial Lei Federal Recurso em Sentido Estrito Agravo em Execução para todos verem: esquema

Base legal

Com a vigência do novo Código de Processo Civil, os artigos 26 a 29 da Lei nº 8.038/90, que disciplinavam o processamento do recurso especial e extraordinário, foram revogados, passando a ser conduzida a matéria no contexto do novo Código de Processo Civil, especificamente nos artigos 1029 a 1041.

Cabimento/conteúdo

Conforme dispõe o artigo 105, inciso III, da Constituição Federal/88, o recurso especial será cabível contra as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal.

Art. 1°, Decisão contrária é aquela que viola a lei federal, enquanto a que nega vigência é a que deixa de aplicar a lei federal ou aplica outra norma. Entende-se por lei federal aquela emanada do Congresso Nacional (Art. 22 da CF/88). Assim, não cabe recurso especial contra decisões que tenham violado resoluções administrativas, portarias, resoluções, ainda que editadas por órgãos federais.

Também não cabe recurso especial quando a norma violada decorrer do legislativo estadual ou municipal.

Ex: Se o acórdão do Tribunal de Justiça considerar válida a perícia realizada por apenas um perito não oficial em processo por crime de lesões corporais graves, estará contrariando o disposto no artigo 159, § 1º, do Código de Processo Penal.

Art. 105, inciso III, da CF/88

Há, nessa hipótese, um conflito entre uma lei federal e um ato editado por autoridade municipal ou estadual. Trata-se de hipótese rara no âmbito penal, uma vez que compete à União legislar sobre direito penal e processual penal.

Conforme exemplifica Avena (2013, p. 1229), há alguns anos, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul editou portaria estabelecendo que desenvolver velocidade superior a 96 km/h (20% da máxima permitida no País à época) importava em prática de direção perigosa. A condenação do motorista com base nessa portaria estadual, quando mantida em grau de recurso, ensejou dezenas de recursos especiais sob o fundamento de que, ao assim proceder, estava o tribunal validando um ato de governo local contestado em face da Lei das Contravenções Penais (à época, direção perigosa não era crime, mas contravenção), lei esta que estabelecia o critério velocidade como elemento ou circunstância do tipo penal.

Trata-se da hipótese de recurso especial fundado na divergência jurisprudencial entre tribunais diversos. Não cabe recurso especial se a divergência ocorrer entre órgãos do mesmo tribunal, conforme a Súmula 13 do STJ: “A divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial”.

B) Decisão que julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal

C) Decisão que der à lei federal interpretação divergente da que lhe tenha atribuído outro tribunal

Prazo, interposição e processamento

O prazo para a interposição é de 15 dias, a partir da publicação do acórdão.

A petição, que deve ser dirigida ao presidente do tribunal que proferiu a decisão recorrida, deve ser fundamentada e conter a exposição do fato e do direito, a demonstração do cabimento do recurso e as razões do pedido de reforma da decisão. Simultaneamente com a petição de interposição, apresentam-se as razões, que devem ser dirigidas ao Superior Tribunal de Justiça.

Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal, o recorrido será intimado para apresentar as contrarrazões no prazo de 15 dias, nos termos do artigo 1030 do Código de Processo Civil.

Com as contrarrazões, os autos serão conclusos ao presidente do tribunal a quo para a realização do juízo de admissibilidade (juízo de prelibação), destinado à verificação do cabimento do recurso, que deverá ser feito dentro do prazo de 5 dias. No juízo de prelibação, o julgador deve conhecer de todos os fundamentos do recurso, sendo que a admissão por apenas um deles não prejudica o seu conhecimento por qualquer outros (Súmula 292 do STF).

Nos termos da Súmula 83 do STJ, também não cabe recurso especial com base no dissídio jurisprudencial se, apesar da divergência na interpretação da lei federal por tribunais diferentes, já tiver o Superior Tribunal de Justiça se firmado no sentido da decisão recorrida, ainda que não haja súmula a respeito.

Prequestionamento

O prequestionamento também é requisito de admissibilidade do recurso especial, ou seja, é indispensável que o acórdão recorrido tenha apreciado a questão que constitui objeto do recurso.

Se o Tribunal que proferiu a decisão recorrida se omitiu na apreciação da matéria, cabe à parte interessada opor embargos de declaração sob pena de não conhecimento do recurso especial (Súmula 211 do STJ).

Acerca do prequestionamento, afigura-se interessante o disposto no artigo 1025 do Código de Processo Civil, segundo o qual se consideram incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de prequestionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

Estruturação do Recurso Especial

A) INTERPOSIÇÃO

a) Endereçamento: Ao Presidente do Tribunal que proferiu a decisão recorrida

a) Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado (se crime da competência da Justiça Estadual)

c) Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Federal Presidente do Egrégio Tribunal Regional Federal da ... Região (se crime da competência da Justiça Federal)

b) Preâmbulo: nome (desnecessário qualificar, pois já qualificado nos autos), capacidade postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (Art. 105, inciso III, alínea – indicar a alínea, da Constituição Federal), nome da peça (Recurso Especial), frase final (pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);

B) RAZÕES

a) Endereçamento: para o Superior Tribunal de Justiça b) identificação: recorrente, recorrido, nº recurso recorrido c) saudação:

Colendo Superior Tribunal de Justiça – Douta Turma – Eméritos Ministros

d) corpo da peça (breve relato, expor a admissibilidade do recurso extraordinário e a repercussão geral e o mérito propriamente dito)

e) pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico f) parte final: termos em que pede deferimento, local, data e OAB

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