3.2 NA JURISPRUDÊNCIA
3.2.3 APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE
Em relação ao princípio da retroatividade, aplicado à Lei as
jurisprudências seguem o mesmo entendimento do que já exposto. Ou seja, em se
tratando de casos já condenados na vigência da Lei antiga, quando o agente
praticou em concurso material o crime de estupro e atentado violento ao pudor, a
nova Lei 12.015/09 retroagirá para beneficiar o réu, pois é mais benéfica.
Da corte catarinense tira-se a explicação:
[...] com a edição da Lei n. 12.015/2009, houve a revogação do
aludido preceito incriminador ("atentado violento ao pudor" CP, Art.
nº 214), cuja previsão fática deixou de constituir uma variante
autônoma (delictum sui generis) e passou a integrar o mesmo tipo do
delito de estupro (CP, Art. nº . 213), criando-se, por corolário, a
figura de um único ilícito penal, decomposto em duas condutas
fungíveis (dois núcleos), de ordem a configurar um tipo penal misto
alternativo, hipótese em que a prática de ambas numa mesma
situação fática importa na condenação por apenas um delito
(Apelação criminal n° 2009.056706-4, Relator Carlos Alberto Civinsk,
publicado em 30/03/2010, grifo meu).
Apelação criminal. Crime contra a dignidade sexual. Estupro e
atentado violento ao pudor contra vítima menor de catorze anos
em concurso material (CP, Art. nº 213 c/c Art. nº 214, “a” na
forma do Art. nº 69). Superveniência da Lei n° 12.0 15/2009.
Migração da conduta típica (“Outro ato libidinoso”) para a
previsão legal do delito de estupro (CP Art. nº 213). Fenômeno da
“continuidade normativo-típica”. Proibição da conduta subsistida.
Nova redação que configura o tipo penal misto alternativo.
Inviabilidade de condenação em concurso de crimes.
Retroatividade da Lei Penal benéfica. Novatio legis in mellius
(CF Art. nº 5º, inc. XL e CP, Art. nº . 2º, par. un.). Abolitio criminis
peculiar. Reconhecimento, ex oficio, da extinção da punibilidade
quanto ao crime de atentado violento ao pudor (CP, Art. nº 107, III;
e, CPP, Art. nº . 61) (Apelação Criminal n°2009.036 179-2, Relator:
Salete Silva Sommariva, publicado em 05/04/2010, grifo meu)
E ainda:
Toda Lei Penal, seja de natureza processual, seja de natureza
material, que, de alguma forma, amplie as garantias de liberdade do
indivíduo, reduza as proibições e, por extensão, as conseqüências
negativas do crime, seja ampliando o campo da licitude penal, seja
abolindo tipos penais, seja refletindo nas excludentes de
criminalidade ou mesmo nas dirimentes de culpabilidade, é
considerada Lei mais benigna, digna de receber, quando for o caso,
os atributos da retroatividade e da própria ultratividade penal. (Cezar
Roberto Bitencourt). (Ap. Crim. n. 2006.044599-6, de Içara, rel. Des.
José Carlos Carstens Köhler, grifo meu).
No que se refere à condenação do réu nos crimes de estupro e
atentado violento ao pudor, cabe reparar. sentença monocrática, mas
não nos moldes pretendidos pelo Ministério Público, pois não há que
se falar em concurso material. Cediço que com a alteração trazida
pela Lei nº 12.015/2009, as condutas previstas nos Artigos 213 e 214
foram aglutinadas em um único tipo, tendo sido revogado o Art. nº
214 e mantido o Art. nº . 213, que passou a vigorar com a seguinte
redação: estupro “constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele
se pratique outro ato libidinoso”. In casu, verifica-se a prática em um
mesmo contexto fático (tempo e lugar) dos delitos de estupro e
atentado violento ao pudor, razão pela qual há que ser tido como
crime único, de acordo com a nova legislação, que neste
aspecto se caracteriza como sendo uma novatio legis in mellius,
pois que condensa os crimes, impondo a sua aplicação em
consonância com o princípio constitucional da retroatividade da
Lei Penal mais benéfica, havendo de alcançar os delitos
cometidos antes da Lei nº. 12.015/2009. (Apelação n°
0055843-50.2008.8.19.0038, Relator: Siro Darlan de Oliveira – Julgamento
em 17/08/2010, grifo meu).
Diante da nova redação dada pela Lei 12.015/09, o crime de
atentado violento ao pudor foi absorvido pelo Art. nº igo 213, o qual
teve seu conceito legal ampliado, não havendo se falar em abolitio
criminis. Tal conduta passou a integrar o crime de estupro, ocorrendo
a modificação do nome da infração penal. Logo, com a edição da
nova Lei , o agente que pratica ato libidinoso e conjunção carnal
em um único contexto, deve responder por um só crime
(estupro). A unificação das condutas criminosas é evidente. O
atentado violento ao pudor se tornou uma modalidade de estupro.
Portanto, diante do disposto no parágrafo único do Art. nº . 2º do
CP, deve-se aplicar o princípio da retroatividade da Lei Penal
mais benéfica em favor daquele que já foi condenado pela regra
do concurso material, para ter sua pena abrandada.(RJ Apelação
n° 2009.050.07773, Relator: Sandra Kayat Direito, julgado em
19/01/2010, grifo meu).
O que está se levando em consideração nos julgamentos já
expostos, é o fato de o crime de estupro e atentado violento ao pudor, após a
elaboração da Lei 12.015, se tornar um crime único, ou seja, apesar de apresentar
várias condutas, o agente que pratica apenas uma, ou todas ela pratica um único
crime. Passando a análise desta Lei pode-se então conceituá-la como sendo uma
novatio legis in mellius, devendo, portanto em razão do princípio em comento,
retroagir.
O Superior Tribunal de Justiça tem o mesmo entendimento
conforme jurisprudência destacada abaixo. Nota-se também que como já explicado
quando o condenado já estiver cumprindo a pena, competirá ao juiz da execução
ajustar a condenação, conforme disposto no Art. nº 66, I da Lei de Execuções
Penais:
HABEAS CORPUS. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO
PUDOR. MODIFICAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI Nº 12.015/09. LEI
PENAL MAIS BENÉFICA. RETROATIVIDADE. CONDUTAS
PRATICADAS CONTRA A MESMA VÍTIMA E NO MESMO
CONTEXTO. CRIME ÚNICO. ORDEM CONCEDIDA.
1. A Sexta Turma desta Corte, no julgamento do HC nº 144.870/DF,
da relatoria do eminente Ministro Og Fernandes, firmou compreensão
no sentido de que, com a superveniência da Lei nº 12.015/2009, a
conduta do crime de atentado violento ao pudor, anteriormente
prevista no Art. nº igo 214 do Código Penal, foi inserida àquela do
Art. nº . 213, constituindo, assim, quando praticadas contra a mesma
vítima e num mesmo contexto fático, crime único de estupro.
2. Tendo em vista que o paciente foi condenado por ter praticado,
mediante grave ameaça, conjunção carnal e coito anal contra a
mesma vítima e no mesmo contexto, é de rigor, pelo princípio da
retroatividade da Lei Penal mais benéfica, o afastamento da
condenação pelo atentado violento ao pudor.
3. Habeas corpus concedido para determinar que o Juízo das
Execuções proceda à nova dosimetria da pena, nos termos da Lei nº
12.015/2009, destacando que deverá ser refeita a análise das
circunstâncias judiciais previstas no Art. nº igo 59 do Código
Penal.(HABEAS CORPUS n°2010/0057558-8 Relator Minis tro
Haroldo Rodrigues, publicado em 06/09 de 2010, grifo meu).
Sobre o mesmo tema, já decidiu o Supremo
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIMES DE ESTUPRO E
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. CONCURSO MATERIAL.
JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STF E DO STJ.
ALTERAÇÃO DOS ART. Nº S. 213 E 214 DO CÓDIGO PENAL, NOS
TERMOS DA LEI 12.015/09. PEDIDO DE IMEDIATA APLICAÇÃO
RETROATIVA DE EVENTUAL LEI PENAL MAIS BENÉFICA.
MATÉRIA QUE NÃO FOI APRECIADA PELAS INSTÂNCIAS
JUDICANTES COMPETENTES. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO. SÚMULA 611 DO STF. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO (Habeas Corpus n° 102355
Relator: Min. Ayres Britto, julgado em 04/05/2010, grifo meu).
AÇÃO PENAL. Estupro e atentado violento ao pudor. Mesmas
circunstâncias de tempo, modo e local. Crimes da mesma espécie.
Continuidade delitiva. Reconhecimento. Possibilidade.
Superveniência da Lei n. 12.015/09. Retroatividade da Lei Penal
mais benéfica. Art. nº . 5º, XL, da Constituição Federal. HC
concedido. Concessão de ordem de ofício para fins de progressão de
regime. A edição da Lei n. 12.015/09 torna possível o
reconhecimento da continuidade delitiva dos antigos delitos de
estupro e atentado violento ao pudor, quando praticados nas
mesmas circunstâncias de tempo, modo e local e contra a mesma
vítima (Habeas Corpus n. 86110/SP, rel. Min. Cezar Peluso,
Segunda Turma, j. 2/3/2010 - grifo meu).
É notório que os tribunais têm o entendimento bem pacífico
sobre os benefícios que o crime de estupro sofreu com a Lei 12.015, ao tornar os
crimes definidos nos Art. nº 213 e 214 como sendo crimes únicos e afastando a
possibilidade do concurso material, houve a caracterização da novatio legis in
mellius, ora necessário se faz a aplicação do princípio constitucional penal da
retroatividade.
3.2.4 APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
É cediço que o princípio da irretroatividade, diferente do
princípio acima estudado, só é aplicado quando uma nova Lei comparada à outra
tiver elementos que forem de qualquer maneira prejudiciais ao agente. A expressão
“qualquer maneira” deve ser considerada de forma ampla, como exemplo um
aumento de pena, a criação de uma qualificadora, de uma agravante. Sendo assim,
a nova Lei só atingirá aos fatos cometidos após a sua vigência.
A discussão inicialmente proposta trata-se apenas dos casos já
condenados em concurso material do Art. nº 213 e 214 da Lei revogada, essa
mesma situação comparada à nova Lei é benéfica por isso que a análise foi feita
perante a retroatividade da Lei. Ora, não há como deixar de lado a forma qualificada
de cometer o crime em discussão, disposta no parágrafo segundo do novo Art. nº
i213, anteriormente disposto no parágrafo único do Art. nº 223 do mesmo diploma
legal.
O Art. nº anterior dispunha: “Art. nº. 223 – parágrafo único: se
do fato resulta morte. Pena – reclusão de 12 (doze) a 25 (vinte e cinco) anos”. Esta
pena determinada pela Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990
Com a edição desta nova Lei essa forma qualificada de crime
passou a fazer pArt. nº e do próprio Art. nº igo 213, em seu parágrafo segundo que
assim classifica: “Art. nº . 213 - §2°: Se da condu ta resulta morte. Pena – reclusão,
de 12 (doze) a 30 (trinta) anos”.
Pode-se então considerar que a qualificadora acima descrita é
prejudicial ao agente, sendo mais grave esta Lei terá aplicação apenas aos fatos
cometidos após a sua entrada em vigor.
Neste mesmo contexto é que os tribunais têm julgado,
conforme jurisprudências do Tribunal de Santa Catarina abaixo relacionadas:
Apelação Criminal - Crime Contra a Liberdade Sexual - Preliminar -
Nulidade por Ausência de Laudo Técnico - Inocorrência - Supressão
por outros meios de Prova - Exame de Corpo de Delito Indireto -
Atentado Violento ao Pudor (Cp Art. nº . 214) - Migração da Conduta
Típica para a Previsão Legal de Estupro (Cp, Art. nº . 213) - Nova
Redação que Configura tipo penal misto alternativo - Subsistência da
Tipificação da Conduta Ilícita "Outro Ato Libidinoso" - Delito cometido
contra vítima menor de catorze anos (Cp, Art. nº . 224, "A") -
Deslocamento para o Art. nº . 217-A - Irretroatividade - Pena
prevista atualmente mais severa que a anterior - Materialidade e
Autoria Comprovadas - Declarações Firmes e Uníssonas da vítima e
testemunhas - Absolvição - Inviabilidade - Desclassificação para
Tentativa - Inviabilidade - Atos Libidinosos que buscavam a
Satisfação da lascívia - crime consumado (Apelação Criminal n.
2008.072872-4, Relator: Salete Silva Sommariva, julgado em
06/10/2010).
A regra no Direito Penal é a da irretroatividade da Lei mais
severa. Portanto, os fatos ocorridos anteriormente a sua vigência,
não estão subjugados ao seu império, somente os que daquela data,
adiante, se sucederem (Recurso de Agravo nº 1988.044323-5,
Relator Ernani Ribeiro, julgado em 13/05/1991, grifo meu).
Apelação Criminal - crime contra a liberdade sexual - atentado
violento ao pudor (cp Art. nº . 214) - migração da conduta típica para
a previsão legal de estupro (cp, Art. nº . 213) - nova redação que
configura tipo penal misto alternativo - subsistência da tipificação da
conduta ilícita "outro ato libidinoso" - delito cometido contra vítima
menor de catorze anos (cp, Art. nº . 224, "a") - deslocamento para o
Art. nº . 217-a - irretroatividade - pena prevista atualmente mais
severa que a anterior - materialidade atestada - laudo pericial
inconclusivo - exame de corpo de delito indireto - autoria -
declarações firmes e uníssonas da vítima e testemunhas condizentes
com a realidade dos autos - absolvição – inviabilidade (Apelação
Criminal n. 2008.005377-5, Relator Salete Silva Sommariva, julgado
em 03/02/2010, grifo meu).
PENAL - LEI ANTERIOR BENÉFICA - APLICABILIDADE - PENA
PECUNIÁRIA CUMULADA COM PRIVATIVA DE LIBERDADE -
SURSIS - INDEFERIMENTO DE REQUERIMENTO DE CERTIDÃO
PARA EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA (LEP, ART. Nº . 164) -
CRIME COMETIDO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI N. 9.268/96 -
IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MALÉFICA - PRESCRIÇÃO
DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA - TERMO INICIAL - INTELIGÊNCIA
DO ART. Nº . 112, INC. I, DO CP, NA REDAÇÃO ANTERIOR -
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE - EXAME DO MÉRITO RECURSAL
PREJUDICADO.
O agente tem direito à prescrição pela Lei vigente ao tempo do
crime; a Lei posterior mais severa, inclusive ao tratar da
contagem do lapso prescricional, não se aplica aos fatos
anteriores à sua vigência, que ficam sob proteção da
ultratividade da Lei benéfica anterior.
A prescrição da pretensão executória tem como termo inicial a data
do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação.
O período de prova do sursis não é causa suspensiva nem
interruptiva da prescrição. Extingue-se a punibilidade do agente pela
prescrição da pretensão executória se imposta pena pecuniária, por
crime cometido antes da vigência da Lei n. 9.268/96, que deu nova
redação ao Art. nº . 114, do CP, já transcorreu lapso temporal
superior a dois 02 anos, contado do transitado em julgado da
sentença condenatória para a acusação. Inteligência do inc I, do Art.
nº 112, do Código PENAL (Apelação Criminal n. 1999.000908-4,
Relator Nilton Macedo Machado, julgado em 09/03/1999, grifo meu)
Do Superior Tribunal de Justiça colhe-se o mesmo
entendimento:
EMENTA: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL.
CONSTITUCIONAL. CRIME HEDIONDO. PROGRESSÃO DE
REGIME. TEMPO DE CUMPRIMENTO DA PENA AMPLIADO EM
LEI POSTERIOR. OFENSA AO PRINCÍPIO DA
IRRETROATIVIDADE DA LEI GRAVOSA. ART. Nº 5º, INCISO XL
DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. EXCEÇÃO À SUMÚLA N.
691/STF. 1. Paciente condenada por crime hediondo praticado
anteriormente à vigência da Lei n. 11.464, que passou a exigir, para
a progressão de regime, o cumprimento de 2/5 da pena, se o réu for
primário, e de 3/5, se reincidente, em lugar de 1/6 previsto no Art. nº .
112 da Lei de Execução Penal. 2. Aplicação, para negar o benefício,
da Lei n. 11.464. Ofensa ao princípio da irretroatividade da Lei,
determinado no Art. nº 5, inciso XL da Constituição do Brasil. 3.
Situação de flagrante constrangimento ilegal a ensejar exceção à
Súmula 691/STF. Ordem deferida (HC n° 100328, Relat or Eros Grau,
julgado em 27/10/2009, grifo meu).
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.
PROGRESSÃO DE REGIME. LEI 11.464/07. IRRETROATIVIDADE
DE LEI PENAL MAIS GRAVOSA. CONTAGEM DE PRAZO PARA
O BENEFÍCIO. ART. Nº. 112 DA LEP. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO. I - Em matéria de progressão de regime em delito
considerado como hediondo cometido anteriormente à entrada em
vigor da Lei 11.464/07, deve prevalecer o entendimento da
inconstitucionalidade do então vigente Art. nº. 2º, § 1º, da Lei
8.072/90, conforme precedente desta Corte. II - Para evitar-se a
retroatividade da Lei mais gravosa, o prazo a ser considerado é o do
Art. nº . 112, original da LEP. III - Determinação ao Juízo da Vara das
Execuções para que aprecie a possibilidade de concessão da
progressão pLei teada, à vista dos requisitos objetivos e subjetivos.
IV - Ordem concedida de ofício (HC n° 93669, Relato r Ricardo
Lewandowski, julgado em 22/04/2008, grifo meu).
Resumindo, com a edição da nova Lei o parágrafo segundo do
Art. nº 213 se tornou prejudicial ao agente, pela razão de ter aumentado a pena de
vinte e cinco para trinta conforme disposto, ora será aplicada somente aos casos
posteriores a sua edição, conforme entendimento dos tribunais.
Deste modo, fica evidente que a disciplina defendida pelo
princípio da irretroatividade nas doutrinas são aplicáveis também nas
jurisprudências. Por fim este terceiro capítulo evidenciou como os princípios que
foram estudados no capítulo anterior são aplicáveis ou pode ser aplicável perante a
nova Lei dos crimes contra a dignidade sexual, mais precisamente ao Art. nº 213.
Tornar-se claro que a mesma posição da doutrina é também a das jurisprudências.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho monográfico teve como objeto de investigação a
Lei 12.015/09 relacionada ao novo conceito de estupro e sua aplicabilidade prática.
No capítulo 1 tratou-se do conceito de crime, do fato típico, da
tipicidade, da antijuridicidade e da culpabilidade para fornecer uma noção geral do
que é o crime, como expressão maior da violência e de quem por ele pode ser
responsabilizado.
Quanto ao conceito de crime fixou-se a pesquisa nas
formulações formais, materiais e analíticas elaboradas pela doutrina penal, por tanto,
apenas no âmbito das ciências criminais.
Ao abordar o fato típico e seus requisitos constatou-se que,
embora tenha essência eminentemente jurídica é ele uma realidade do cotidiano das
pessoas, inclusive, no que se refere ao aspecto da sexualidade das pessoas.
Procurou-se definir antijuridicidade e culpabilidade no intuito de
propiciar conhecimentos que possibilitem aplicação da Lei Penal a pessoa
responsável pela pratica do fato típico, em especial, neste trabalho relacionado a
violência sexual.
No capítulo 2 a investigação dirigiu-se aos princípios da
igualdade, também denominado de principio da isonomia, da proporcionalidade
como instrumento de medida justa que norteia o legislador no momento da criação
da norma penal e aos juízes na correta aplicação da Lei, o da especialidade como
critério de solução de conflitos aparentes de norma neste caso relacionado à
violência sexual, ao principio da fragmentariedade como pressuposto de que o
Direito Penal deve ser utilizado como medida excepcional para o tratamento de bens
jurídicos de extrema relevância, e os princípios da retroatividade e da irretroatividade
para a aplicação pratica da Lei 12.015/09 em razão da nova tipificação para o crime
de estupro.
No capítulo 3 o estudo ocupou-se da aplicação dos princípios
estudados no capítulo anterior a nova tipificação do delito de estupro como proteção
da dignidade sexual das pessoas, primeiramente no entendimento doutrinário e
posteriormente no entendimento jurisprudencial.
O ponto principal, no entanto, fixou-se na aplicação dos
princípios da retroatividade e irretroatividade da Lei aferindo-se a sua maior
benignidade ou malignidade ao agente que pratica o crime em analise.
Por fim viu-se confirmar a hipótese levantada na introdução
deste trabalho, pois, é unânime o entendimento doutrinário e jurisprudencial no
sentido de que a Lei que disciplina a proteção a dignidade sexual das pessoas por
ser mais benéfica ao réu deve retroagir mesmo quando em matéria já julgada com
transito em julgado em relação ao concurso material de estupro e de atentado
violento ao pudor.
No que diz respeito à variável não restou ela confirmada pois a
Lei mais benéfica, em termos penais deve retroagir para reparar ações já julgadas
com trânsito em julgado quando em beneficio do réu.
Assim conclui-se esse trabalho monográfico na perspectiva de
prosseguir com seus estudos para aperfeiçoar sempre mais os conhecimentos sobre
o tema.
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