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4.1 Introdução

A Companhia de Transporte e Tráfego é uma empresa pública municipal de direito privado com patrimônio próprio, capital exclusivo do Município e autonomia administrativa, técnica e financeira sob forma de sociedade civil de fins econômicos, regularmente autorizada a constituir-se pela Lei Municipal nº 2.360 de 08 de março de 1993, com nova redação dada pela lei nº 3.261/2001.

O número total de funcionários da CTT é de 207, sendo distribuídos nos diversos setores da empresa. Para operacionalizar suas finalidades e manter sua autonomia, a instituição tem como sua principal fonte de recursos financeiros o recolhimento de taxas referentes ao transporte público municipal, transporte escolar, serviço de táxi e de aeroporto e o estacionamento regulamentado.

4.2 Etapas da Pesquisa

Atualmente observam-se inúmeros levantamentos referentes à dimensão da doença ocupacional nas mais variadas categorias profissionais.

De acordo com esta perspectiva é que se pode destacar a importância da AET, onde se busca evidenciar os problemas relacionados ao trabalho e de que forma estes problemas poderão repercutir na saúde do trabalhador, para a posteriori viabilizar adaptações do trabalho ao homem, visando a melhoria das condições de trabalho e consequentemente de saúde do trabalhador e de produtividade no setor.

4.2.1 Análise da demanda

Nesta etapa da pesquisa ocorre o levantamento inicial referente a situação de trabalho analisada. Para melhor caracterização da etapa, encontra-se subdividida em: origem da demanda, caracterização da Companhia de transporte e tráfego e caracterização do Estacionamento regulamentado.

4.2.1.1 Origem da demanda

A presente demanda parte de uma problemática existente há anos e confirmada através do expressivo número de trabalhadores com história de doença ocupacional confirmada por meio de diagnóstico clínico ou não. Na última categoria enquadram-se os trabalhadores com sintomatologia de DORT, mas sem diagnóstico definido, ou seja, os trabalhadores com “quase” DORT.

Para que se possa compreender a natureza e a dimensão dos problemas apresentados e definir as hipóteses preliminares referentes a situação de trabalho a ser analisada, se fará uso de questionários fechados; entrevistas semi-estruturadas e observações aberta e armada do ambiente de trabalho, como já foi descrito no capítulo anterior.

Será realizada pesquisa nos documentos da empresa referentes ao setor analisado, com respeito a Lei de criação, dos Estatutos da Companhia, das disposições preliminares e gerais, das normas de operação, da administração do Estacionamento Regulamentado e do organograma, objetivando caracterizar e descrever o trabalho desenvolvido pelos orientadores de tráfego, bem como, os direitos e deveres pertinentes a função.

A coleta de dados foi realizada nos meses de novembro e dezembro de 2001 e janeiro e fevereiro de 2002.

4.2.1.2 Caracterização da Companhia de Transporte e Tráfego

Compete à Companhia de Transporte e Tráfego fiscalizar o trânsito através de seus agentes próprios ou, indiretamente, através de convênios que poderão ser firmados com os órgãos Federais, Estaduais e Municipais, autuando, aplicando penalidades e arrecadando as multas correspondentes.

É responsabilidade da CTT a implantação de estrutura necessária para a integração do município no Sistema Nacional de Trânsito, conforme dispõe o artigo 24 da Lei nº 9.503/97, que instituiu o Código Nacional de Trânsito, com atribuições nas áreas de engenharia de tráfego, fiscalização, educação, levantamento, análise e o controle dos dados estatísticos do trânsito, bem como a criação da Junta Administrativa de Recursos de Infrações- JARI- sendo este o órgão responsável pelo julgamento dos recursos interpostos contra penalidades aplicadas pela autoridade (agente) de trânsito, no âmbito de sua competência.

A CTT fica subordinada diretamente a Prefeitura municipal, com administração própria composta por uma diretoria executiva com atribuições executivas e por um Conselho Fiscal.

Figura 03: Organograma do EstaR

4.2.1.3 Caracterização do Estacionamento Regulamentado- EstaR

A CTT é o órgão responsável pela contratação e capacitação de pessoal para atuar como “agentes municipais de trânsito”.

O Estacionamento Regulamentado- Estar, compreende o perímetro central urbano, ficando sujeito ao pagamento de preço o estacionamento de veículos nas vias e logradouros públicos municipais nas áreas delimitadas pela CTT.

O objetivo do EstaR é proporcionar maior rotatividade de veículos nas áreas de estacionamento público, com permanência de máxima de duas horas na mesma vaga.

O estacionamento remunerado de veículos nas áreas delimitadas far-se-á de segunda a sexta-feira no período compreendido entre 09:00h e 18:00h, e aos sábados entre as 09:00h e 13:00h.

Os valores dos cartões e regularização são definidos da seguinte forma: cartão de 01:00h, valor de R$ 60,00; cartão de 02:00h, valor de R$ 1,50; regularização aviso A-

CHEFE DIVISÃO ASS. TÉCNICO SETOR ADMINISTRATIVO ATENDIMENTO AO PÚBLICO DIGITADORES ARRECADAÇÃO SETOR OPERACIONAL SUPERVISOR ORIENTADOR DE TRÁFEGO

até 60 minutos, valor de R$ 3,00; regularização aviso B- de 61 minutos a 120 minutos valor de R$ 6,00; regularização aviso C- acima de 121 minutos valor de R$ 9,00.

Aplicar-se-á o aviso A nas seguintes irregularidades: 1- veículo sem cartão;

2- cartão incompleto; 3- cartão em branco;

4- cartão de outros municípios; 5- cartão com horário vencido;

6- renovação de cartão na mesma vaga; 7- cartão apagado;

8- cartão com marcação a lápis; 9- cartão com dupla marcação; 10- cartão com horário adiantado; 11- cartão ilegível ou rasurado;

12- permanência na mesma face da rua; 13- sem visibilidade.

Aplicar-se-á o aviso B nas irregularidades a seguir: 1- nas seqüências do aviso A;

2- na passagem pelo veículo já notificado pelo aviso A e não regularizado, emitir o aviso B, colocando o horário de emissão do aviso na 1ª e 2ª via do mesmo;

O aviso C será aplicado quando: 1- na seqüência do aviso A e B;

2- na passagem pelo veículo, já notificado A e B e não regularizado, deve-se emitir o aviso C colocando o horário do aviso na 1ª e 2ª via do mesmo.

As regularizações podem ser efetuadas até dois dias úteis após a notificação. Expirando tal prazo, a CTT encaminhará a notificação ao DETRAN para expedição de multa conforme tabela do CTB- Código de Trânsito Brasileiro.

4.3 Análise da tarefa

Compreende uma análise aprofundada referente as condições de trabalho colocados a disposição do indivíduo. A seguir o Estacionamento Regulamentado será descrito, baseado na análise das condições técnicas, físico-ambientais e organizacionais do trabalho.

4.3.1 Condições técnicas

Os agentes de tráfego dispõe de um uniforme composto por: um colete de identificação, boné de identificação, camiseta, prancheta, calça jeans, jaqueta de frio e bolsa para cintura pélvica.

São permitidos componentes extra uniforme como cintos e sapatos na cor preta e azul marinho; bota de cano longo na cor preta ou azul marinho; cachecol; luvas e meias de lã.

A empresa fornece protetor solar e orienta os trabalhadores quanto o uso do mesmo.

Os veículos estacionados nos locais de EstaR, são o objeto de trabalho, uma vez que os orientadores procedem a notificação e fiscalização dos mesmos

4.3.2 Condições físico-ambientais:

Os trabalhadores do EstaR, dispõe para a organização e planejamento de suas atividades a sede da empresa, onde os mesmos dispõem de uma sala ampla mobiliada com mesas e cadeiras para que todos os trabalhadores possam proceder a organização e a conferência do material, bem como receber instruções a respeito do trabalho, realizar a ginástica laboral e trocar idéias com os colegas.

No centro da cidade, junto com a área de estacionamento regulamentado, os trabalhadores contam com uma outra sede pequena, onde os mesmos devem se dirigir antes de se direcionarem às áreas de atuação para assinarem a folha ponto e guardar o material de uso pessoal. A sala do EstaR localizada próxima das áreas de atuação, atua como suporte, frente a qualquer intercorrência que possa ocorrer, bem como para fornecer um local onde os trabalhadores possam direcionar-se no caso de necessitar de qualquer auxilio. Neste local, também são efetuadas as regularizações do EstaR pelo usuário.

O trabalho é realizado ao ar livre, em áreas pré-determinadas e seguindo um esquema de rodízio, principalmente no centro da cidade e em locais mais movimentados, como a estação rodoviária municipal (Anexo 7.5).

A atividade é desenvolvida em pé e o trabalhador deve ficar circulando dentro de sua área de atuação. Para desenvolver sua tarefa os agentes de tráfego ficam expostos à condições ambientais como: sol, ruído, calor, poluição e chuva. O fator mais agravante e que demostrou maior preocupação por parte dos trabalhadores durante as entrevistas e em resposta ao questionário foi com relação a exposição ao sol, com 90,9% dos entrevistados referiram que o trabalho não apresentava condições ambientais agradáveis devido ao sol, 27,27% citaram o ruído; 18,18% referiram o

trabalho em postura em pé; 18,18% referiram a chuva; 9,09% a poluição e 9,09% citaram o frio.

4.3.3 Condições organizacionais:

• Características dos trabalhadores:

O setor do EstaR (Estacionamento Regularizado), conta com 32 trabalhadores, sendo que destes, 07 foram transferidos para outro setor, sendo que 02 devido gravidez; 02 por apresentarem diagnóstico clínico de DORT; 02 devido câncer de pele; 01 por lesão no joelho e um encontrava-se afastado com abertura de CAT (comunicação de acidente de trabalho), devido queda; não participando da pesquisa. Portanto, no momento da pesquisa, o EstaR contava com 25 trabalhadores, sendo que 24 participaram da pesquisa voluntariamente.

A média de idade dos trabalhadores é de 27 anos (de 18 anos a 41 anos); com relação ao sexo à prevalência é do sexo feminino com 79,16% sobre o sexo masculino com 20,83% dos pesquisados. O tempo médio de serviço encontrado foi de 2,41 anos (variando de 2 meses há 8 anos).

Com relação ao nível de instrução, 8,34% concluíram apenas o 1º grau, e 79,16% concluíram o 2ª grau e destes, apenas 8,4% estão cursando nível superior. Atualmente a empresa exige, para fins de contratação como Orientador de Tráfego I o 1º grau e para Orientador de Tráfego II o 2º grau.

Com relação ao estado civil, 54,16% são solteiros; 29,17% são casados; 4,17% são divorciados e !2,5% responderam vivenciar outro tipo de situação conjugal. Dos entrevistados 50% tem filhos, com uma média de 0,86 filhos por pessoa.

A idade média em que os trabalhadores começaram a trabalhar foi de 17,9 anos (de 12 à 34 anos). Destes 33,33% começaram a trabalhar desempenhando a função de auxiliar de escritório; 29,16% como doméstica; 20,83 % com o trabalho de secretária; 16,66% como balconista; 12,5% como vendedor(a); 12,5% como babá; 8,3% como telefonista; 8,3% como repositor ; 4,16% como agricultor; 4,16% como agente censutário e 4,16% como professora.

O tempo de serviço no setor variou de 01 mês a 96 meses ou 08 anos. A média de tempo de serviço foi de 28,95 meses ou 2,41 anos.

A grande maioria dos trabalhadores não exerce atividade fora deste serviço, perfazendo 91,67% dos entrevistados, os dois casos (8,33%) que referiram desempenhar atividades fora do trabalho não relataram a mesma.

Quando indagados se a empresa fornecia treinamento no momento da admissão, 41,67% dos entrevistados relataram que sim, que a empresa preocupava-se com treinamento e 58,33% responderam que a empresa não oferecia treinamento. É importante ressaltar que a maioria dos entrevistados que responderam que a empresa oferecia treinamento, referiam-se ao acompanhamento do trabalho de um colega, durante 3 ou 4 dias antes de iniciarem suas atividades na empresa. O treinamento era feito pelo colega que tinha a incumbência de lhe passar o ofício.

• Característica do trabalho

Os orientadores de tráfego são classificados em níveis diferentes. Os orientadores I, que apresentam o 1º grau; orientadores II com o 2º grau completo e os seletistas, contratados por meio de teste seletivo, realizado recentemente. O salário

varia conforme o nível que o funcionário se encontra, o orientador II recebe um salário maior, seguido pelo orientador I e por último o seletista.

Após contratação, os orientadores de tráfego permanecem alguns dias acompanhando o serviço de um colega, encarregado de lhe passar o ofício. O orientador também é instruído pelo chefe do departamento em como proceder em diversas situações e incidentes, principalmente com relação ao trato com o usuário. Esporadicamente, acontecem palestras com psicólogos, no sentido de trabalhar questões como agressões de usuários, doença ocupacional, relações humanas no trabalho, entre outros temas. Os trabalhadores são orientados quanto a prevenção de incidentes, sendo orientados a utilizar protetor solar, óculos de sol, sapatos e vestimenta apropriada.

A jornada de trabalho é de 44 horas semanais, os trabalhadores desenvolvem suas atividades do período de 8:30 horas até 12:00 horas e do período entre 13:30 horas até 18:00 horas. Sendo que o primeiro horário da manhã é destinado a atividades de recebimento e conferência de talões, bem como de recebimento de uma pequena quantia de dinheiro para troco da venda dos referidos talões (R$ 20,00). O último horário de trabalho da tarde é destinado a entrega das notificações efetuadas no dia, entrega dos talões remanescentes e do dinheiro recebido pela venda dos mesmos, para a prestação de contas elas utilizam um documento próprio denominado “ficha de documentos”.

As tarefas do orientador de tráfego compreendem a orientação, fiscalização, notificação e venda de talões de estacionamento dentro de uma área pré-determinada. A troca de área é diária, respeitando um esquema de rodízio (Anexo 7.5). É importante ressaltar que até a data de 14/01/2002 os orientadores de tráfego realizavam também a atividade de regularização das notificações, nesta época o

preço da regularização era de R$ 0,60 e os usuários tinham uma semana para regularizar a situação. Após esta data o valor da notificação e o prazo de regularização foram alterados, bem como o local para efetuar a regularização.

O orientador de tráfego, também deve, verificar diariamente, no primeiro percurso das vias do seu setor de atuação as condições da sinalização do EstaR, se houver extravio ou vandalismo nas placas do EstaR ou se houve implantação ou desativação de vagas.

Durante a fiscalização do veículo, o trabalhador deve manter a devida distância do mesmo, objetivando a preservação do uniforme e da propriedade particular do usuário e manter distância adequada do usuário para garantir sua segurança e do material de trabalho. O cartão de estacionamento deverá estar pendurado no espelho, no painel do veículo ou vidro lateral do veículo com parte frontal voltada para fora, permitindo sua leitura.

Com relação ao índice de produção, ele está associado indiretamente ao número de notificações diárias, quanto mais notificação maior o lucro da empresa. Foi observada certa preocupação do orientador com relação ao número de notificações, durante uma entrevista um indivíduo relatou o seguinte: “no ano passado fui a pessoa que mais fez notificações e recebi um elogio por parte da chefia, mas agora eu me arrependo pois pensei na empresa e quando fiquei doente ela não pensou em mim.” Este indivíduo encontrava-se com quadro característico de DORT.

4.3.4 Avaliação do conforto corporal

Durante as entrevistas individuais, foi aplicado um questionário de conforto corporal, com o objetivo de avaliar o grau de desconforto ou de dor percebida nas

diferentes partes do corpo humano, durante a atividade de trabalho (Anexo 7.4). A intensidade do desconforto corporal foi dividida e categorizada da seguinte forma: confortável (verde); leve desconforto (amarelo) e desconfortável (vermelho). O entrevistado deveria assinalar a cor correspondente nas diversas regiões do corpo a serem analisadas.

Os dados colhidos com a aplicação do questionário de conforto corporal encontra-se estratificado à seguir.

Verificamos que com relação ao conforto corporal, durante a atividade de trabalho, as regiões corporais que não causam desconforto (verde), mais assinaladas pelos trabalhadores foram a coxa direita e esquerda, quadril e nádegas, cotovelo direito e demais dedos da mão esquerda. As principais regiões corporais assinaladas como leve desconforto (amarelo) foram tornozelos e pés direito, punho direito, tornozelo e

Figura 4 - Percepção de desconforto corporal

0 102 0 304 0 cabeça Coluna vertebral Cotovelos Coxas Demais dedos Joelhos Ombros

Palma da mão direita Palma da mão esquerda

Pescoço Polegares Punho direito

Punho esquerdo Punho, mãos e dedos

Quadril e nádegasTornozelos e pés

Regiões do corpo hum ano

População

pé esquerdo, ombro direito, cabeça e o conjunto de punho, mão e dedos. O desconforto corporal (vermelho) foi evidenciado no conjunto de punho, mão e dedos, punho direito, punho esquerdo e coluna superior e inferior.

Os orientadores de tráfego relataram que o desconforto corporal, aumenta no final do dia, durante as últimas horas de trabalho, devido ao cansaço físico e mental.

Com relação ao quadro clínico referido durante atividade de trabalho, 6 entrevistados caracterizaram o problema como dor aguda; 17 com sensação de dor local; 9 com sensação de formigamento; 6 com Cãibra; 5 com inchaço; 5 com dormência; 4 com enfraquecimento .

Os entrevistados, também foram questionados com relação ao tempo de percepção do problema, sendo que 06 responderam que sentem o problema a meses; 10 à dias e 08 referiram que a anos sentem o problema. Com relação a intensidade da dor ou desconforto, 08 referiram o mesmo como leve, 08 como moderada e 08 como intensa.

Apenas um trabalhador entrevistado referiu mudança do posto de trabalho devido ao problema e apenas dois referiram que já se ausentaram do trabalho devido ao mesmo.

Quando questionados quanto a freqüência que o problema levantado se manifesta, 08 entrevistados responderam que sentem desconforto diariamente; 10 responderam uma ou mais vezes por semana; 04 uma ou mais vezes por mês; 01 uma ou mais vezes por ano e 01 uma única vez.

Com relação à saúde ocupacional, foi questionado se estavam tomando algum medicamento, sendo que 20 dos entrevistados referiram não estar fazendo uso de nenhum medicamento para o referido problema. Dos 24 entrevistados, 10 mencionaram já terem realizado algum tipo de tratamento médico na tentativa de

melhorar o desconforto e 14 referiram não terem realizado nenhum tipo de tratamento médico.

Dos trabalhadores que já realizaram tratamento médico, a maioria dos diagnósticos foram de tendinite, seguido por lombalgia, epicondilite, LER/DORT, bursite, tenossinovite, cervicalgia, escoliose e problema vascular em membros inferiores. Evidenciou-se a questão da “quase” DORT entre os trabalhadores pesquisados, através da caracterização da doença, com sintomatologia típica de DORT, mas sem diagnóstico definido como doença ocupacional.

4.4 Análise da atividade

Etapa mais importante da AET, onde será observada a atividade do trabalhador e como ele reage frente a tarefa que lhe foi prescrita. Desta forma pode-se entender o trabalho e relacioná-lo com as condições e com os resultados do trabalho.

Procedeu-se a observação da atividade do orientador de tráfego de maneira indireta, confrontando os dados coletados nas entrevistas referentes a TIC, com os dados observados na AET.

4.4.1 Condicionantes cognitivas

A atividade desenvolvida pelo orientador de tráfego, é pertinente com as hipóteses levantadas com base no questionário e nas entrevistas individuais. A questão referente a trato com o usuário está presente de forma rotineira e inserida no dia-a-dia do trabalho. As reclamações dos usuários são freqüentes, sendo observado que a justificativa geralmente diz respeito ao tempo em que o usuário encontra-se

estacionado sem cartão. Questionam como o orientador não dá um tempo de tolerância ou se não observou que o carro acabou de ser estacionado. Os orientadores justificam que caso o motorista explique que ficará pouco tempo estacionado, ele não notificará o veículo, caso contrário não tem como ele saber a quanto tempo o automóvel encontra-se estacionado, uma vez que o mesmo deve ficar circulando em sua área de atuação. Infelizmente, este tipo de incidente virou rotina na atividade do trabalhador analisado, bem como, agressões verbais de motoristas mais exaltados.

O trabalhador é orientado a não discutir com o usuário, explicando sua função e justificando a notificação, caso isso não seja suficiente o orientador deverá solicitar a presença do fiscal para resolver o problema.

Foi verificado que no momento em que o usuário questiona a notificação é de extrema tensão para o trabalhador, pois ele fica na expectativa quanto ao entendimento e a reação do motorista frente à notificação. O estresse dos trabalhadores torna-se evidente em casos de agressões verbais por parte do usuário, evidenciando comportamento de frustração frente à situação vivenciada.

4.4.2 Condicionantes físicas e gestuais

O trabalhador permanece em pé durante todo tempo que se encontra na sua área de atuação, circulando entre a mesma, fazendo uso da prancheta com o bloco de notificação para efetuar as notificações. Na cintura pélvica, o trabalhador carrega uma bolsa, onde ficam guardados os blocos de estacionamento e o dinheiro referente a venda dos mesmos.

O orientador verifica junto ao painel dos automóveis se os mesmos apresentam cartão de estacionamento, se está preenchido corretamente à caneta e com o dia e hora

correta. Caso não esteja o orientador vai à frente do veículo, onde anota o número da placa do mesmo, com o dia, a hora e o motivo da notificação. Após preencher a notificação, a mesma é colocada no limpador dianteiro do veículo.

Para preencher o formulário de notificação, o orientador permanece em pé, com a cabeça flexionada, segurando a prancheta com uma mão e escrevendo com a outra, de maneira improvisada e desconfortável. Além de fazer a fiscalização e a notificação dos veículos, o orientador ainda efetua a venda de talões de estacionamento, tendo que

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