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5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: CADERNO DE ATIVIDADES

5.1 ATIVIDADES APLICADAS EM SALA DE AULA

5.1.2 Aplicação da Proposta II

O enunciado da segunda proposta de atividade do caderno é:

PROPOSTA II. Observem os dois textos a seguir: o primeiro, trata-se de um texto oral que representa uma conversação espontânea entre dois amigos. O segundo texto, trata-se da transformação da conversação espontânea em texto escrito.

Vocês devem observar as condições de produção que permeiam as representações da língua nos dois casos:

L1 escuta... vai pintar um show com Chitãozinho e Xororó amanhã na PRAia cara... vamos? ((animado))

L2 onde? ((sem muito interesse)) L1 lá no Boqueirão...

L2 amanhã? ((já com ar de impossibilidade)) L1 é: vamos embora logo cedo?

L2 não dá cara... tô cheio de serviço até a cabe::ça... L1 ah::: faz o possível pra dar conta pelo menos até a hora do almo::ço... ((meio indignado))

L2 mas tá choven::do... ((eles iriam de moto))

L1 qual é cara? No Ano Novo eu desci na maior CHUva

e lá fez um sol legal... deu pra aproveitar a praia... e:: chuva faz bem... chuva dá SO::Rte cara... vamos lá...

L2 vou pensar...

L1 tá bom mas ó... dá um je::ito... vamos lá:: pô você só traba::lha... qual é::?...

Convidei um amigo para ir à praia do Boqueirão, de moto, assistir ao show de Chitãozinho e Xororó que iria acontecer durante as comemorações do aniversário de São Paulo. Ele não aceitou o convite de imediato, alegando que estava com muito serviço. Fiquei indignado e pedi que ele fizesse o possível para dar conta até a hora do almoço, mas ele arrumou outra desculpa: a de que estava chovendo. Comentei com ele que no ano Novo eu tinha ido com chuva e que lá estava um sol tão bom que até deu para aproveitar a praia; além disso, disse-lhe que chuva fazia bem e que dava sorte, mas ele ainda assim disse que iria pensar. Tem gente que é complicada.

1. A partir da observação dos dois textos, respondam às seguintes questões:

a) No primeiro texto, como é caracterizada a troca de turno de fala entre os interlocutores? b) No primeiro texto, as perguntas feitas são respondidas de forma imediata. Por que isso é

possível?

c) No primeiro texto o que representa as expressões entre parênteses?

d) Veja que no primeiro texto aparecem reticências em alguns trechos, como em “não dá cara... tô cheio de serviço até a cabe::ça...”. O que esse sinal de pontuação representa nessa situação de fala?

e) Outro sinal bastante utilizado na transcrição de uma conversa espontânea são os dois pontos duplos (::). Observando os trechos em que eles aparecem o que eles representam na transcrição da fala?

f) Algumas palavras são transcritas com pedaços em caixa alta: PRAai, CHUva. O que isso representa na transcrição da fala?

g) A partir da transformação que foi realizada no texto 2, é possível perceber que o narrador se tornou personagem. De quem seria a voz que o narrador do segundo texto assumiu ao transformá-lo em um texto escrito?

h) Ao realizar a transformação do texto falado em texto escrito, foram eliminadas algumas marcas que encontramos no texto falado. O que o autor do texto escrito eliminou?

i) Além de eliminar, o autor também fez acréscimos que não haviam aparecido no texto falado? Quais?

j) Em relação à organização/estrutura dos sois textos, houve diferença na forma de construção? Comente.

Para a realização da proposta II, entregamos aos alunos uma cópia dos textos e também uma cópia das perguntas. Primeiramente, discutimos um pouco a respeito dos textos para que eles pudessem compreender que o primeiro se tratava de uma transcrição de uma conversação espontânea entre dois amigos e que o segundo era uma retextualização do texto I, na qual o texto falado foi transformado em texto escrito.

Após os comentários inicias, realizamos a leitura compartilhada dos dois textos, chamando a atenção dos alunos para se atentarem para as suas especificidades.

Para que respondessem às perguntas, fizemos também a leitura de uma a uma e eles foram respondendo, primeiro oralmente, e depois registraram as suas respostas para cada uma das perguntas. Assim, foi possível uma maior interação entre os alunos, que tiveram a oportunidade de opinar e refletir sobre cada uma das perguntas, de modo que todos ajudaram a responder as possíveis dúvidas.

Os alunos não apresentaram grandes dificuldades na realização da atividade, apenas com alguns termos contidos nos enunciados das questões que não são de uso rotineiro, mesmo assim respondiam prontamente aos questionamentos.

Em relação às duas primeiras perguntas (a; b), os alunos perceberam de imediato como são realizadas as trocas de turno de fala e como a interação face a face se dá de maneira mais imediata, devido à proximidade dos interlocutores, pois responderam que a troca de turno de fala é percebida com as notações “L1 e L2”; disseram, sobre a letra b: “porque estão frente a frente”, ou ainda, “porque é um diálogo e são amigos”.

Também foram bastante satisfatórias as respostas para as três questões finais ( h; i; j ), pois os alunos perceberam os traços suprimidos na transformação de texto falado em texto escrito, apontando a supressão dos sinais gráficos, dos apagamentos na grafia e o acréscimo de informações adicionais e de sinais de pontuação. Também conseguiram compreender a diferença estrutural, ao responderem que “o texto I tem L1 E L2 e é um diálogo e o texto dois é um texto normal”, ou “o texto II é parágrafo e o texto I, não” e “o texto 1 é informal e o texto 2 é formal.”

Após a realização da proposta II, discutimos sobre o contínuo de formalidade e informalidade. Também achamos necessário esclarecer que não é porque o texto está na modalidade escrita que será formal e nem porque um texto na modalidade falada será informal, esclarecendo que esses fatores dependem da situação comunicativa de produção, como o grau de intimidade entre os interlocutores, o ambiente e a intenção.

Também avaliamos coletivamente a proposta e os alunos se mostraram motivados e interessados em discutir mais sobre o assunto.