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3. WebGIS e os Softwares Geoespaciais

3.3. Aplicações Geoespaciais Livres, de Código Aberto e Proprietários

Existem diversos factores a serem considerados antes da escolha do software para a criação e implementação de um WebGIS e essa escolha deve ter sempre em conta as especificidades do WebGIS que se quer implementar (Silva, 2008). Segundo Cabral (2001) deve-se garantir que as aplicações SIG para a Internet sejam independentes das plataformas em que operam, podendo funcionar em qualquer computador que esteja ligado à Internet através de um browser. Isto refere-se à interoperabilidade, ou seja, a possibilidade de partilha de dados entre diversos modelos de informação bem como o desenvolvimento de interfaces uniformizados para os utilizadores.

Outras questões importantes a se terem em conta são o custo e a facilidade de utilização do software. Encontram-se disponíveis diversas soluções no mercado com funcionalidades de publicação, consulta e partilha de dados geográficos na Internet, desenvolvidos por grupos de pesquisa ou empresas comerciais (Miranda, 2003). Desses aplicativos, uma parte significativa é fornecida aos utilizadores de forma gratuita e com uma taxa elevada de utilização. Ainda de acordo com Miranda (2003) a escolha entre software de domínio público e comercial é de facto uma das primeiras a serem feitas, aquando da implementação de um WebGIS.

Devido à complexidade técnica e elevado custo das licenças de software, os SIG têm estado disponíveis em maior número para utilizadores com poder de compra, como por exemplo instituições do governo e empresas, onde desempenham um papel fundamental no seu funcionamento diário (Caldeweyher et al., 2006). Logo, o acesso à tecnologia SIG tem sido limitado aos grupos de utilizadores com poucos recursos económicos e conhecimento.

Por outro lado, há cada vez mais suporte ao desenvolvimento de softwares livres e gratuitos tanto por parte do sector público quanto do privado, mas também por organizações internacionais, cientistas e a sociedade civil. Consequentemente o número de

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programadores e comunidades de utilizadores e de Projectos Open Source vem aumentando consideravelmente nos últimos anos (Martins, 2010). Igualmente no sector dos SIG experimentou-se recentemente um grande desenvolvimento no mundo Open Source, causado também pela crescente popularidade dos mapas distribuídos pela Internet e a redução do custo dos computadores, proporcionando assim, o acesso à tecnologia SIG ao público em geral a baixo ou mesmo custo zero (Caldeweyher et al., 2006).

Neste contexto, a criação da Open Source Geospatial Foundation (OSGeo) em 2006 foi de extrema importância para estabelecer uma abordagem coordenada entre os diversos actores envolvidos (Martins, 2010). O OSGeo é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é o de apoiar e promover o desenvolvimento colaborativo de tecnologias e dados geoespaciais abertos (OSGeo, 2011). Já existem várias aplicações de software certificadas pela OSGeo e outros sob o processo de incubação. O desenvolvimento de softwares livres geoespaciais tem vindo a apostar tanto a nível de cliente quanto de servidor.

Todavia, o conceito de software livre já existe desde 1984 com a criação do Projecto GNU por Richard M. Stallman, cujo objectivo era desenvolver uma versão do Unix com código fonte aberto, acompanhada de aplicativos e ferramentas compatíveis e igualmente livres (GNU, 2011). Para garantir a liberdade dos sistemas desenvolvidos, o autor do projecto estabeleceu as liberdades que um software livre deveria possuir e garantiu-as com a criação da licença GNU/GPL24 (GNU, 2011). As quatros liberdades são (Steiniger e Bocher, 2009):

• Executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº 0).

• Estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas necessidades (liberdade nº 1) sendo que o acesso ao código fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

• Redistribuir cópias de modo a ajudar a comunidade (liberdade nº 2).

• Aperfeiçoar o programa e disponibilizar as melhorias, de modo que toda a comunidade beneficie (liberdade nº 3) sendo o acesso ao código fonte um pré-requisito para esta liberdade.

Desta forma, o software livre pode ser definido como um software disponível com permissão de uso para qualquer finalidade, modificação (o que implica acesso ao código fonte), cópia e livre redistribuição, quer seja na sua forma original ou modificada, sem limitações ou remuneração de direitos (Moreno-Sanchez et al., 2007).

É de realçar a diferença entre software livre (Open Source) e software gratuito (Freeware), pois as possibilidades de copiar, modificar e redistribuir associada ao software livre, são independentes de ser gratuito ou não. Existem softwares Freeware que podem ser obtidos

24 GNU General Public License (Licença Pública Geral) é uma licença para software livre idealizada

por Richard Matthew Stallman em 1989, no âmbito do projecto GNU da Free Software Foundation (FSF). Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/GNU_General_Public_License

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gratuitamente mas não podem ser modificados, nem redistribuídos. Existe também o software proprietário, cuja possibilidade de cópia, redistribuição ou modificação são limitadas pelo proprietário, pois não existe acesso ao código fonte, contudo com solicitação ou mediante pagamento essas operações poderão ser permitidas. Na tabela 2 a seguir pode-se verificar as vantagens e desvantagens de cada um dos tipos de software acima referidos:

Software Livre e Gratuito Software Proprietário

Vantagens

• Sem taxa de licença

• Uso irrestrito (por exemplo, sem limites para o número de instalações)

• Sem obrigatoriedade de actualização

• Suporte aos padrões abertos • Suporte geralmente disponível a

partir de vários fornecedores • Personalização a nível de API • Contributo para uma

mentalidade de partilha • Menores necessidades de

hardware;

• Aumento do conhecimento interno na organização;

• Garantia dada pela empresa desenvolvedora do produto • Os diferentes componentes

devem funcionar juntos

Software geralmente bem

documentado • Novos produtos e/ou

serviços

Desvantagens

Necessário Know-how de Instalação

• Custos de formação • Pouca oferta formativa

Preço do software e custos de manutenção • Custos de formação • Manutenção dependente de empresas licenciadas específicas • O desenvolvimento personalizado pode ser difícil devido aos poucos recursos disponíveis dos vendedores

• Suporte apenas enquanto a empresa do software existir

Tabela 2 - Vantagens e desvantagens de software Livre, Gratuito e Proprietário, apresentado por Steiniger e Bocher (2009) adaptado de Weis (2006)

Segundo Miranda (2004) os softwares livres e gratuitos são cada vez mais utilizados por empresas de diferentes dimensões pois apesar de algumas limitações, apresentam os requisitos necessários para a execução de tarefas consideradas mais simples.