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3. WebGIS e os Softwares Geoespaciais

3.5. Interoperabilidade e OGC

No contexto actual, com o desenvolvimento e maior uso da Internet, aumentando significativamente o número de aplicações que interagem através das redes de comunicação e com a necessidade de partilha de dados independentemente do ambiente operacional ou da plataforma do utilizador, o conceito de interoperabilidade tem assumido particular relevância (Furtado, 2006).

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Contudo, segundo Moreno-Sanchez et al. (2007), as diferenças económicas, culturais, financeiras, políticas e tecnológicas entre as sociedades actuais não têm sido favoráveis à criação de sistemas com interoperabilidade, ou seja, sistemas capazes de lidar com dados heterogéneos e distribuídos, e de reunir partes diferentes e operarem em colaboração, através de um entendimento comum de dados e pedidos (Doyle et al., 2005).

Em geral, a Interoperabilidade refere-se à capacidade de comunicação e partilha eficiente da informação entre diversos sistemas heterogéneos, permitindo compartilhar dados ou compatibilizar procedimentos, independentemente da plataforma, arquitectura, linguagem de programação ou sistema operativo (Campos, 2004). De acordo com Rocha (2005) o conceito de interoperabilidade não se refere somente ao nível da comunicação entre os diferentes componentes de software, mas também na capacidade de partilha e conjugação de conhecimento entre as diversas áreas que contribuem para as Ciências da Informação Geográfica (CIG). O termo pode ser definido de várias outras formas mas basicamente o que se pretende é o estabelecimento da integração de várias soluções tecnológicas.

Para Goodchild et al. (1999) a aplicação dos conceitos de interoperabilidade no âmbito dos sistemas de informação tem como objectivos:

Possibilitar o acesso à estrutura dos formatos de dados e do software

Permitir que se desenvolva aplicações constituídas por componentes de software de diversos fabricantes, conforma as necessidades e os objectivos dos utilizadores • Viabilizar a capacidade de conversão e compatibilização de diferentes formatos de

dados, sem perda de informação

• Contribuir para o desenvolvimento de interfaces uniformizados, facilitando a sua utilização pelos utilizadores

Relativamente aos SIG a problemática da interoperabilidade, não é recente. Os projectos SIG dos anos 70 e 80 recolhiam os seus próprios dados a partir de fontes analógicas de dados (mapas e levantamentos de campo) tornando a fase de recolha de dados e sua manutenção longa e a mais cara do projecto. Esta abordagem foi sendo substituída pela da compra, venda e troca de conjuntos de dados, levando à necessidade de sistemas abertos e interoperáveis. (Vckovski, 1998). No entanto, somente nos últimos anos é que a questão tem assumido maior relevância, devido ao aumento significativo do volume e variedade da informação geográfica disponível, à grande capacidade de circulação dessa informação e ao crescimento exponencial de novos sistemas e aplicações (Furtado, 2006; Simplício, 2010).

As aplicações de SIG para a Internet, segundo Cabral (2001), devem garantir a independência das plataformas em que operam, e que funcionar em qualquer rede baseada

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em protocolos TCP/IP31, ou seja, qualquer computador que esteja ligado à Internet através de um browser. Porém, um dos principais obstáculos para a construção de verdadeiros sistemas de informação geográfica distribuídos e com interoperabilidade é a falta de qualquer mecanismo ou padrão de troca entre os diversos SIG conectados através da Web (Vatsavai et al., 2006).

Com a finalidade de responder a essas limitações, surgiu o Open Geospatial Consortium (OGC), uma organização que tem por objectivo criar e disponibilizar padrões abertos para permitir a interoperabilidade dos sistemas voltados para área dos SIG (Uchoa et al., 2007).

De acordo com Furtado (2006), só se pode falar de facto em interoperabilidade quando os vários SIG forem capazes de trocar livremente todos os tipos de informação espacial sem envolver processos de conversão que possam resultar na perda de conteúdo e integridade dos dados e conseguirem, uma vez interligados por uma rede, executar aplicações que permitam manipular essa informação.

As trocas de dados digitais que aconteceram com o aumento do uso e desenvolvimento da Internet têm como principais barreiras as incompatibilidades ao nível de ambiente operacional e de plataforma(Brandão et al., 2007). A necessidade de aumentar e de facilitar a interoperabilidade entre as tecnologias e sistemas de dados que envolvem informação espacial georreferenciada é essencial, para se poder incrementar a partilha de informação através das redes de comunicação (Silva, 2008).

Assim, foi criado em Agosto de 1994 o OpenGIS Consortium, designação alterada em 2004 para Open Geospatial Consortium, uma organização internacional, voluntária e sem fins lucrativos, responsável pelo desenvolvimento de especificações de padrões para dados geoespaciais e serviços baseados em localização, disponibilizadas de forma aberta e publica para o uso global (Pericivall, 2003) com detalhes suficientes que permitam aos

desenvolvedores realizarem implementações de acordo com essas normas,

interagindo sem qualquer dificuldade (Luaces et al., 2005).

A estratégia do OGC passa por três grandes áreas de acção (OGC, 2011), O Desenvolvimento de especificações, Programas de interoperabilidade e Promoção da utilização das especificações. O trabalho desenvolvido pelo consórcio, que conta actualmente com 424 membros (organizações) distribuídos por diversos países, tem garantido a normalização das tecnologias de informação geográfica, possibilitando a criação de ambientes com sistemas totalmente interoperáveis.

31 Com o nome proveniente dos protocolos TCP (Transmission Control Protocol e IP (Internet Protocol), TCP/IP é um conjunto de protocolos de comunicação entre computadores em rede com a

função de controlar como a informação é passada de uma rede a outra, e manipular o endereçamento contido nos pacotes, a fragmentação dos dados e a verificação de erros.

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Como organização, considera-se altamente representativa do actual empenho de universidades, organizações governamentais e empresas, incluindo as principais produtoras de software SIG, na obtenção de standards na área da informação espacial e dos Serviços Web para Informação Geográfica (Ramos, 2009).